segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

27 DE FEVEREIRO - RUY BELO

EFEMÉRIDE Ruy Belo, de seu nome completo Rui de Moura Ribeiro Belo, poeta, ensaísta e tradutor português, nasceu em São João da Ribeira, Rio Maior, no dia 27 de Fevereiro de 1933. Morreu em Queluz, em 8 de Agosto de 1978.

Frequentou o Liceu de Santarém. Em 1951, entrou para a Universidade de Coimbra, como estudante de Direito, aderindo pouco depois à Opus Dei. Terminou o curso de Direito, já na Faculdade de Direito de Lisboa. No ano de 1956, partiu para Roma, onde estudou na Universidade S. Tomás de Aquino. Em 1958, com uma tese intitulada “Ficção Literária e Censura Eclesiástica (ainda inédita em Livro), obteve o doutoramento em Direito Canónico.

Regressado a Portugal, foi director literário da Editorial Aster. A seguir, foi chefe de redacção da revista “Rumo”. Em 1961, entrou como investigador na Faculdade de Letras de Lisboa, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian.

Em 1966, casou-se com Maria Teresa Carriço Marques, nascendo deste casamento três filhos. Exerceu, ainda que brevemente, um cargo de director-adjunto no então Ministério da Educação Nacional, mas o seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, levaram a que as suas actividades fossem vigiadas e condicionadas.

Entretanto, abandonou a Opus Dei e trocou Lisboa por Madrid, aceitando o cargo de leitor de Português, que desempenhou desde 1971 até 1977. Regressado então a Portugal, foi-lhe recusado pelo regime democrático a possibilidade de leccionar na Faculdade de Letras de Lisboa, virando-se então para a Escola Secundária de Ferreira Dias, onde leccionava no ensino nocturno.

Apesar do curto período de actividade literária, Ruy Belo tornou-se um dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes.

Os seus primeiros livros de poesia foram “Aquele Grande Rio Eufrates” de 1961 e “O Problema da Habitação” de 1962. Às colectâneas de ensaios “Poesia Nova” de 1961 e “Na Senda da Poesia” de 1969, seguiram-se obras cuja temática se prende ao religioso e ao metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. É o caso de “Boca Bilingue” de 1966, “Homem de Palavra(s)” de 1969, “País Possível” de 1973, “Transporte no Tempo” de 1973, “A Margem da Alegria” de 1974, “Toda a Terra” de 1976, “Despeço-me da Terra da Alegria” de 1977 e "Homem de Palavra(s)”, 2ª edição de 1978.

O versilibrismo dos seus poemas conjuga-se com um domínio das técnicas poéticas tradicionais. Destacou-se ainda pela tradução de autores como Antoine de Saint-Exupéry, Blaise Cendrars, Raymond Aron, Montesquieu, Jorge Luís Borges e Federico García Lorca. De Antoine de Saint-Exupéry, traduziu: “Piloto de Guerra” e “Cidadela e Cidadela”; de Blaise Cendrars traduz: “Moravagine”; e de Jorge Luís Borges: “Os Poemas Escolhidos”.  

A sua obra, organizada em três volumes sob o título “Obra Poética de Ruy Belo” - em 1981- foi, entretanto, alvo de revisitação crítica, sendo considerada uma das obras cimeiras, apesar da brevidade da vida do poeta, da poesia portuguesa contemporânea.

Em 1991, foi condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’iago da Espada.

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