Frequentou o Liceu de Santarém. Em 1951,
entrou para a Universidade de Coimbra, como estudante de Direito,
aderindo pouco depois à Opus Dei. Terminou o curso de Direito,
já na Faculdade de Direito de Lisboa. No ano de 1956, partiu para
Roma, onde estudou na Universidade S. Tomás de Aquino. Em 1958, com
uma tese intitulada “Ficção Literária e Censura Eclesiástica” (ainda
inédita em Livro), obteve o doutoramento em Direito
Canónico.
Regressado a Portugal, foi director literário da Editorial
Aster. A seguir, foi chefe de redacção da revista “Rumo”. Em 1961,
entrou como investigador na Faculdade de Letras de Lisboa, com uma
bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 1966, casou-se com Maria Teresa Carriço Marques,
nascendo deste casamento três filhos. Exerceu, ainda que brevemente, um cargo
de director-adjunto no então Ministério da Educação Nacional, mas o
seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve
académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas
da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, levaram a que as suas
actividades fossem vigiadas e condicionadas.
Entretanto, abandonou a Opus Dei e
trocou Lisboa por Madrid, aceitando o cargo de leitor de Português,
que desempenhou desde 1971 até 1977. Regressado então a Portugal, foi-lhe
recusado pelo regime democrático a possibilidade de leccionar na Faculdade
de Letras de Lisboa, virando-se então para a Escola Secundária de
Ferreira Dias, onde leccionava no ensino nocturno.
Apesar do curto período de actividade literária, Ruy
Belo tornou-se um dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século
XX, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes.
Os seus primeiros livros de poesia foram “Aquele
Grande Rio Eufrates” de 1961 e “O Problema da Habitação” de 1962. Às
colectâneas de ensaios “Poesia Nova” de 1961 e “Na Senda da Poesia”
de 1969, seguiram-se obras cuja temática se prende ao religioso e ao
metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. É o caso de “Boca
Bilingue” de 1966, “Homem de Palavra(s)” de 1969, “País Possível”
de 1973, “Transporte no Tempo” de 1973, “A Margem da Alegria” de
1974, “Toda a Terra” de 1976, “Despeço-me da Terra da Alegria” de
1977 e "Homem de Palavra(s)”, 2ª edição de 1978.
O versilibrismo dos seus poemas conjuga-se com um
domínio das técnicas poéticas tradicionais. Destacou-se ainda pela tradução de
autores como Antoine de Saint-Exupéry, Blaise Cendrars, Raymond Aron,
Montesquieu, Jorge Luís Borges e Federico García Lorca. De Antoine de
Saint-Exupéry, traduziu: “Piloto de Guerra” e “Cidadela e Cidadela”;
de Blaise Cendrars traduz: “Moravagine”; e de Jorge Luís Borges: “Os
Poemas Escolhidos”.
A sua obra, organizada em três volumes sob o título “Obra
Poética de Ruy Belo” - em 1981- foi, entretanto, alvo de revisitação
crítica, sendo considerada uma das obras cimeiras, apesar da brevidade da vida
do poeta, da poesia portuguesa contemporânea.
Em 1991, foi condecorado, a título póstumo, com o grau
de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’iago da Espada.
Sem comentários:
Enviar um comentário