EFEMÉRIDE
– François Maspero, escritor, tradutor, livreiro e editor francês, nasceu em
Paris no dia 19 de Janeiro de 1932. Morreu na mesma cidade em 11 de Abril
de 2015.
A
sua adolescência foi marcada pelo engajamento da família na Resistência
aos nazis. O pai, professor do Collège de France, foi preso em 1944 e
morreu no campo de concentração de Buchenwald. O irmão morreu em combate e a
mãe, autora de estudos sobre a Revolução Francesa, foi deportada para o
campo de Ravensbrück, mas sobreviveu.
Abandonou
os estudos de etnologia, para começar a trabalhar numa livraria. Depois
de aí ter encontrado vários militantes revolucionários africanos, como Mário de
Andrade e Amílcar Cabral, decidiu – em 1955 – endividar-se para tomar em
trespasse uma livraria situada no Quartier Latin e chamada La Joie de Lire.
Em
1959, em plena Guerra
da Argélia, fundou uma editora com o seu nome, que ficou conhecida por
publicar trabalhos de Che Guevara, Louis Althusser, Yves Lacoste, Yannis
Ritsos, Nazim Hikmet e de muitos opositores a regimes ditatoriais ou coloniais.
Em 1982, a
editora foi vendida simbolicamente por um franco, passando a ter uma nova
denominação – La
Découverte – e a ser dirigida por François Gèze. Maspero
tinha sido objecto de 17 condenações policiais por conteúdos publicados.
Depois
de 1968, a
livraria La Joie
de Lire teve de enfrentar um perigo inesperado – o “roubo revolucionário”
praticado por alguns esquerdistas. Mais tarde, em 1969/70, sofreu assaltos de
grupos de extrema-direita, que acusavam François Maspero de ser um “comerciante
das revoluções”. Estes roubos foram uma das causas que o levou a fechar a
livraria em 1974/75. Quando a FNAC abriu as suas portas em 1974, La Joie de Lire
era a livraria parisiense mais importante.
Em
1978, fundou a revista “L'Alternative”, que dirigiu até 1984, ano em que
passou a consagrar o seu tempo inteiramente à escrita. Publicou então várias
obras – de carácter auto-biográfico, sobre a Guerra da Argélia, sobre os
movimentos de libertação da América Latina, etc.
Foi
também tradutor para francês de inúmeros autores estrangeiros, como Luis
Sepúlveda, César Vallejo e John Reed. Realizou igualmente várias reportagens
para a “Radio France” e para o jornal “Le Monde” (a partir de
1990).
Recebeu,
em 2006, o Prémio Édouard-Glissant, pelo conjunto da sua obra. Foi encontrado morto no seu domicílio.
Tinha 83 anos.
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