EFEMÉRIDE
– Maria Paula Figueiroa Rego, artista plástica portuguesa, nasceu
em Lisboa no dia 26 de Janeiro de 1935. Iniciou os seus estudos no Colégio
Integrado Monte Maior, em Loures, continuando-os depois na St. Julian's
School, em Carcavelos, onde os professores cedo lhe reconheceram talento
para a pintura.
Incentivada
pelo pai a prosseguir o seu desenvolvimento artístico fora do país salazarista
dos anos 1950, partiu para Londres, onde estudou na Slade School of
Fine Art, até 1956. Em Londres, conheceu o pintor Victor Willing, com quem
se casou em 1959.
Ao
longo da década de 1960,
a viver na Ericeira, participou em exposições colectivas
em Inglaterra e, em 1966, entusiasmou a crítica ao expor individualmente, pela
primeira vez, na Galeria de Arte Moderna da Escola de Belas-Artes de
Lisboa.
No
princípio dos anos 1970, com a falência da empresa familiar, vendeu a
quinta da Ericeira e radicou-se em Londres. Tornou-se
bolseira da Fundação Gulbenkian, em 1975, para fazer pesquisas sobre
contos infantis. Figurou – com onze obras – na exposição Arte Portuguesa
desde 1910 (1978), com realce para colagens. Voltou à pintura, mais livre e
mais directa, retratando o mundo intimista e infantil, inspirada em dados reais
ou imaginários. A obra literária de George Orwell inspirou-a para fazer o
painel “Muro dos Proles”, com mais de seis metros de comprimento (1984).
Fez
uma viragem radical na sua obra com a série da “menina e o cão”, onde a figura
feminina assumiu claramente a liderança na acção, enquanto o cão era mimado e
acarinhado. A menina fazia de mãe, de amiga, de enfermeira e de amante, num
jogo de sedução e de dominação que continuou em obras posteriores.
Tecnicamente, as figuras ganharam volume e o espaço ganhou solidez e autonomia.
Em
1987, Paula Rego assinou – com a galeria Marlborough Fine Art – o passo
que lhe faltava para a divulgação internacional da sua obra. A morte do marido,
também ocorrida nesse ano, foi assinalada em obras como “O Cadete e a Irmã”,
“A Partida”, “A Família” e “A Dança”, de 1988. A convite da National
Gallery, em 1990, ocupou um atelier no museu, onde pintou várias obras.
Desse período, destaca-se “Tempo – Passado e Presente” (1990/91).
Em
2006, respondeu afirmativamente ao convite que lhe foi dirigido pelo presidente
da Câmara Municipal de Cascais, para expor em permanência a sua obra no
concelho onde viveu grande parte da infância. Paula Rego indicou o nome do
arquitecto Eduardo Souto Moura para desenvolver o projecto e escolheu um dos
terrenos que lhe foi apresentado, ao lado do Museu do Mar, como lugar do
futuro museu. Foi inaugurada, em Setembro de 2009, a Casa das
Histórias Paula Rego, em Cascais, que nasceu com o intuito de acolher e
promover a divulgação e estudo da sua obra. A entidade responsável é a Fundação
Paula Rego.
A
par de Maria Helena Vieira da Silva, Paula Rego é a pintora portuguesa mais
aclamada a nível internacional, estando colocada entre os quatro maiores
pintores vivos em Inglaterra.
Em
Julho de 2012, apresentou uma série de pinturas novas, numa exposição em
parceria com a artista Adriana Molder, inspirada na narrativa histórica de
Alexandre Herculano e intitulada “A Dama Pé-de-Cabra”, com inauguração
em 7 de Julho na Casa das Histórias em Cascais. Em Agosto
de 2012, foi anunciada a vontade do Governo em encerrar a Fundação com o
seu nome, com a oposição, entre outros, da Câmara Municipal de Cascais.
O
quadro “Looking Back”, pintado em 1987, foi vendido por 861 960 euros em
Junho de 2011, constituindo um recorde para a artista. Quatro anos depois, “The
Cadet and his Sister”, de 1988, foi arrematado num leilão da Sotheby's
por 1 614 795 euros, um novo recorde para Paula Rego.
Das
distinções que recebeu, salienta-se o Prémio Celpa/Vieira da Silva de
Consagração e o Grande Prémio Soquil. Em Junho de 2010, foi
condecorada pela rainha Isabel II de Inglaterra com o oficialato da Ordem do
Império Britânico, pela sua contribuição para as Artes. Em Junho de 1995,
foi feita Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Em
Outubro de 2004, foi elevada a Grã-Cruz da mesma Ordem. Em
Fevereiro de 2011, recebeu o doutoramento Honoris Causa da Universidade
de Lisboa.
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