EFEMÉRIDE
– Sally Clark, solicitadora britânica, morreu em Peverel no dia 15 de Março
de 2007. Nascera em Devizes, Wiltshire, em 15 de Agosto de 1964. Tornou-se
tristemente célebre ao ser vítima de um erro da justiça. Foi condenada, em
Novembro de 1999, pelo assassinado dos seus dois filhos, com poucas semanas de
vida. Foi interposto recurso, mas a condenação foi confirmada, em Outubro de
2000, vindo a ser anulada num segundo apelo, em Janeiro de 2003.
O
caso tornou-se controverso devido ao envolvimento do Professor Sir Roy
Meadow, um pediatra da Universidade de Leeds, que testemunhou no
julgamento de Clark. Segundo ele, «uma morte súbita na infância é uma
tragédia para a família, duas são suspeitas e três são assassínio a menos que
existam provas em contrário». Afirmou ainda que «a hipótese de duas
crianças de uma família abastada de não fumadores sofrerem de “síndrome de
morte súbita” era de 1 em 73 milhões». Nesta questão os dados divergem mas,
de qualquer forma, todos os autores apontam para relações muito inferiores
(dependendo de vários especialistas, há relações que vão de 1/100 a 1/8500).
Apesar disso, se a hipótese de uma dupla morte súbita é relevante para uma
avaliação de culpa, a hipótese de um duplo assassinato também o é. Numa
intervenção invulgar, a Royal Statistical Society escreveu ao “Lord
Chancellor” em Outubro de 2000, afirmando que não havia bases estatísticas para
o cálculo do Prof. Meadow.
Em
2002, a Comissão de Revisão de Casos Criminais remeteu o processo para a
Court of Appeal of England and Wales, depois de terem sido encontradas
evidências de uma infecção com staphylococcus aureus no líquido cefalorraquidiano
de uma das crianças. Esta evidência era alegadamente conhecida pelo patologista
da prossecução, Alan Williams, desde Fevereiro de 1998, mas não fora partilhada
com a defesa. Sally Clark foi então libertada, depois de ter cumprido três anos
de cadeia.
De
acordo com a família, ela nunca foi capaz de recuperar dos efeitos da acusação
e da consequente prisão. Era muitas vezes abordada na rua por pessoas que
queriam mostrar-lhe a sua simpatia, mas isso incomodava-a. Foi encontrada morta
em sua casa, aos 42 anos de idade, possivelmente por suicídio. O seu marido,
Steve, que nunca a abandonou, encontrava-se em viagem de negócios em França.
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