EFEMÉRIDE
– Alicia Kozameh, escritora argentina, nasceu em Rosário no dia 20 de Março
de 1953. Defensora dos direitos humanos, igualdade e justiça, vive em Los Angeles , onde é
professora universitária e escreve os seus romances e contos. O seu primeiro
romance “Pasos bajo el agua” foi publicado em 1987.
Em Março
de 1976, tanques militares invadiram a Casa Rosada, palácio presidencial
em Buenos Aires. O
golpe derrubou a então presidente da Argentina Isabel Perón e instalou uma
ditadura baseada na violência. Jorge Rafael Videla assumiu a presidência e o
comando do auto-denominado Processo de Reorganização Nacional.
Ao
assumir o comando, a junta militar derrubou o Congresso Nacional e
substituiu membros da Corte Suprema. Devido ao caos político-económico em
que a Argentina vivia sob a presidência de Isabel Perón, parte do país não se
opôs à junta e apoiou o golpe, principalmente a classe média que acreditou ser
o Processo de Reorganização Nacional a saída para o fracasso
administrativo da então presidente. Hoje sabemos que esse “processo” foi um
período de violência institucionalizada que matou, torturou, sequestrou e apartou
milhares de pessoas. Homens, mulheres e crianças viveram o terror, disfarçado de
democracia, promovido pelo novo governo argentino.
Para
os militares, era uma luta necessária contra a subversão. Para os milhares de
pessoas que viveram anos na prisão e sofreram torturas físicas e psicológicas,
assim como para as pessoas que até hoje não conhecem o paradeiro dos seus
filhos e familiares, os sete anos de ditadura foram porém um pesadelo.
Quando
a Argentina ainda vivia sob o comando de Isabel Perón, muitos cidadãos foram também
acusados de subversão, presos e torturados. Sabe-se que a história da Argentina
é marcada por frequentes actos de brutalidade contra os direitos humanos. Em
1974, Eduardo Kozameh, tio de Alicia e médico amado pelos seus pacientes, foi
morto a tiro em plena rua. Em Setembro de 1975, Alicia Kozameh – que estudava Filosofia
e Literatura na Universidade Nacional de Rosário – foi detida
como presa política e mantida no cárcere até Dezembro de 1978.
Em Novembro
de 1976, transferiram-na para Villa Devoto, prisão em Buenos Aires. Foi
libertada condicionalmente em Dezembro de 1978 e assim se manteve até Julho de
1979.
Em
1980, exilou-se em Los
Angeles e, em 1982/84, na cidade do México. Voltou depois a Los
Angeles, onde deu à luz a sua única filha. Em 1984, regressou à Argentina onde
viveu quatro anos. Em 1988, por ter sido ameaçada de morte após a publicação de
“Pasos bajo el agua”, mudou-se para a Califórnia onde vive actualmente
com a filha.
Alicia
escreve desde criança, mas a sua experiência como presa política tornou-se um
pano de fundo constante na sua obra literária. Apesar da característica
biográfica dos seus textos, pode dizer-se que os livros de Alicia contam as histórias
de milhares de cidadãos oprimidos e mortos durante a ditadura militar.
Diferente
de outros escritores que narraram as suas experiências nas prisões, Alicia
Kozameh criou textos que são simultaneamente fictícios e verídicos sobre a sua
vida e a de outras pessoas detidas naquela época.
Desde
o final dos anos 1980, Alicia tem sido convidada a participar em eventos
literários, conferências e encontros sobre direitos humanos, nos Estados
Unidos, Europa e América Latina. A sua participação é muitas vezes marcada pela
leitura dos seus próprios textos.
As suas
obras têm sido traduzidas nos Estados Unidos, na Alemanha e no Brasil, sendo estudadas por críticos
literários de vários países.
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