segunda-feira, 20 de março de 2017

20 DE MARÇO - ALICIA KOZAMEH

EFEMÉRIDEAlicia Kozameh, escritora argentina, nasceu em Rosário no dia 20 de Março de 1953. Defensora dos direitos humanos, igualdade e justiça, vive em Los Angeles, onde é professora universitária e escreve os seus romances e contos. O seu primeiro romance “Pasos bajo el agua” foi publicado em 1987.
Em Março de 1976, tanques militares invadiram a Casa Rosada, palácio presidencial em Buenos Aires. O golpe derrubou a então presidente da Argentina Isabel Perón e instalou uma ditadura baseada na violência. Jorge Rafael Videla assumiu a presidência e o comando do auto-denominado Processo de Reorganização Nacional.
Ao assumir o comando, a junta militar derrubou o Congresso Nacional e substituiu membros da Corte Suprema. Devido ao caos político-económico em que a Argentina vivia sob a presidência de Isabel Perón, parte do país não se opôs à junta e apoiou o golpe, principalmente a classe média que acreditou ser o Processo de Reorganização Nacional a saída para o fracasso administrativo da então presidente. Hoje sabemos que esse “processo” foi um período de violência institucionalizada que matou, torturou, sequestrou e apartou milhares de pessoas. Homens, mulheres e crianças viveram o terror, disfarçado de democracia, promovido pelo novo governo argentino.
Para os militares, era uma luta necessária contra a subversão. Para os milhares de pessoas que viveram anos na prisão e sofreram torturas físicas e psicológicas, assim como para as pessoas que até hoje não conhecem o paradeiro dos seus filhos e familiares, os sete anos de ditadura foram porém um pesadelo.
Quando a Argentina ainda vivia sob o comando de Isabel Perón, muitos cidadãos foram também acusados de subversão, presos e torturados. Sabe-se que a história da Argentina é marcada por frequentes actos de brutalidade contra os direitos humanos. Em 1974, Eduardo Kozameh, tio de Alicia e médico amado pelos seus pacientes, foi morto a tiro em plena rua. Em Setembro de 1975, Alicia Kozameh – que estudava Filosofia e Literatura na Universidade Nacional de Rosário – foi detida como presa política e mantida no cárcere até Dezembro de 1978.
Em Novembro de 1976, transferiram-na para Villa Devoto, prisão em Buenos Aires. Foi libertada condicionalmente em Dezembro de 1978 e assim se manteve até Julho de 1979.
Em 1980, exilou-se em Los Angeles e, em 1982/84, na cidade do México. Voltou depois a Los Angeles, onde deu à luz a sua única filha. Em 1984, regressou à Argentina onde viveu quatro anos. Em 1988, por ter sido ameaçada de morte após a publicação de “Pasos bajo el agua”, mudou-se para a Califórnia onde vive actualmente com a filha.
Alicia escreve desde criança, mas a sua experiência como presa política tornou-se um pano de fundo constante na sua obra literária. Apesar da característica biográfica dos seus textos, pode dizer-se que os livros de Alicia contam as histórias de milhares de cidadãos oprimidos e mortos durante a ditadura militar.
Diferente de outros escritores que narraram as suas experiências nas prisões, Alicia Kozameh criou textos que são simultaneamente fictícios e verídicos sobre a sua vida e a de outras pessoas detidas naquela época.
Desde o final dos anos 1980, Alicia tem sido convidada a participar em eventos literários, conferências e encontros sobre direitos humanos, nos Estados Unidos, Europa e América Latina. A sua participação é muitas vezes marcada pela leitura dos seus próprios textos.
As suas obras têm sido traduzidas nos Estados Unidos, na Alemanha e no Brasil, sendo estudadas por críticos literários de vários países.

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