Foi-lhe concedido pelo rei Juan
Carlos I de Espanha o título de “duque de Suárez” em 1981, com grandeza da
Espanha, e foi cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro.
Licenciado em Direito pela
Universidade de Salamanca, desempenhou diferentes cargos no regime
franquista da mão de Fernando Herrero Tejedor, um falangista ligado à Opus
Dei, que foi o seu protector desde que o conheceu, quando era governador
civil de Ávila. Desta forma, em 1958, passa a fazer parte da Secretaría
General del Movimiento ascendendo, em 1961, a chefe do Gabinete Técnico do
vice-secretário Geral, procurador nas Cortes por Ávila em 1967 e
governador civil de Segóvia em 1968. Em 1969, foi designado director geral de Radiotelevisión
Española, onde já desempenhara outros cargos entre 1964 e 1968; permaneceu
neste cargo até 1973.
Em Abril de 1975, novamente da
mão de Herrero Tejedor, foi nomeado vice-secretário Geral do Movimiento,
cargo que ostentaria até à morte do seu mentor em 13 de Junho desse ano.
Em 11 de Dezembro de 1975, entrou
no primeiro gabinete de Carlos Arias Navarro, formado após a morte de Franco;
por sugestão de Torcuato Fernández Miranda, Adolfo Suárez foi nomeado ministro secretário
geral do Movimiento.
A sua projecção para a
titularidade da Presidência do Governo aumentou consideravelmente graças
ao apoio da Coroa e ao apoio popular às suas políticas reformistas. Em 9
de Junho de 1976, num discurso sobre a Lei de Associações Políticas nas
Cortes, antes da sua escolha, citou uns versos de Antonio Machado (exilado
devido ao avanço das tropas franquistas durante a Guerra Civil).
Quando em Julho de 1976 o rei
Juan Carlos I lhe encomendou a formação do segundo governo do seu reinado e a
conseguinte desmontagem das estruturas franquistas, Suárez era um desconhecido
para uma maioria do povo espanhol. Porém, nos seus 43 anos, com dificuldades,
foi capaz de aglutinar um grupo de políticos da sua geração que chegaram às
convicções democráticas por diversos caminhos.
Soube reunir falangistas «convertidos»
como ele, social-democratas, liberais, democratas-cristãos, etc. e, entre 1976
e 1979, desmontar o regime franquista com a cumplicidade das forças
antifranquistas, como o PSOE e, especialmente, do Partido Comunista
de Espanha e do seu líder, Santiago Carrillo, que denominou Suárez como um «anticomunista
inteligente».
Nesta tarefa, contou com a ajuda
de Torcuato Fernández Miranda, entre outros, que conseguiu a autoliquidação das
Cortes franquistas e avançar no Projecto de Reforma Política
diante duma receosa oposição democrática e com a colaboração do tenente-general
Manuel Gutiérrez Mellado, encarregado de tranquilizar e controlar, no possível,
as altas esferas militares, compostas na sua maior parte por militares que
ganharam a guerra civil e, portanto, proclives ao
regime franquista.
Em 15 de Junho de 1977, pela
primeira vez na Espanha desde 1936, realizaram-se eleições gerais livres.
Adolfo Suárez alçava-se como vencedor das mesmas, à
frente de um conglomerado de formações de centro-direita, aglutinadas sob as
siglas UCD (União de Centro Democrático). As Cortes saídas
daquelas eleições, convertidas em constituintes, aprovaram a Constituição,
que o povo espanhol referendou em 6 de Dezembro de 1978.
Em 20 de Agosto de 1978, foi agraciado
com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo de Portugal.
Em 3 de Março de 1979, Adolfo
Suárez ganhava pela segunda vez umas eleições e iniciou o seu terceiro mandato
como presidente do Governo. Talvez o seu primeiro erro neste período tivesse sido o de evitar a
apresentação do seu programa de governo perante o Congresso, o que pôs
contra alguns grupos, como o Partido Socialista Andaluz. Por outro lado, o triunfo nas eleições gerais ficou muito
em segundo plano depois do acesso da esquerda aos principais municípios do país,
após as primeiras eleições municipais de Abril. O acordo entre o PSOE
e o PCE permitiu às grandes cidades espanholas serem governadas por
prefeitos de partidos da oposição.
Foi uma etapa de governo cheia de
dificuldades políticas, sociais e económicas. Em 1980, o PSOE apresentou
uma moção de censura que, embora derrotada de antemão, deteriorou ainda mais a
imagem de um Suárez desprovido de apoios no seu próprio partido. Finalmente, a
falta de sintonia com o rei Juan Carlos e as tensões crescentes no seu próprio
partido, levaram a apresentar a sua demissão em 29 de Janeiro de 1981. Na sua
mensagem ao país afirmou: «Eu não quero que o sistema democrático de
convivência seja, uma vez mais, um parêntese na História da Espanha».
A suposição de que renunciava
pela pressão dos militares pareceu confirmada pela tentativa de golpe de estado
que aconteceu durante a investidura de Leopoldo Calvo-Sotelo. Contudo, alguns
autores, Javier Tusell e Charles Powell entre eles, insistem no cansaço e na
falta de apoio da Coroa como principais factores para a sua demissão.
Em 1981, o rei concedeu-lhe o
título de “duque de Suárez” pelo seu papel no processo da transição espanhola.
Pouco depois da sua demissão,
criou juntamente com outros ex-dirigentes da UCD o partido Centro
Democrático e Social (CDS), com o qual se apresentou às eleições de
28 de Outubro de 1982, sendo eleito deputado por Madrid. Revalidou a sua
cadeira em 1986 e 1989, mas - em 1991- demitiu-se do cargo de presidente do CDS
após os maus resultados da sua formação nas eleições municipais e abandonou
definitivamente a política.
Em 22 de Fevereiro de 1996, foi
agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade de Portugal. Em 1996,
foi-lhe concedido o Prémio Príncipe de Astúrias da Concórdia pela sua
importante contribuição para a transição espanhola para a democracia, da qual é
considerado um dos grandes artífices.
Tanto a sua esposa, Amparo Illana
Elórtegui, como a sua filha maior, Marian Suárez Illana, padeceram e faleceram
de cancro (Amparo em 2001 e a sua filha em 2004). A sua filha Sonsoles Suárez,
apresentadora de televisão, também sofreu de cancro. Suárez tem outros três
filhos.
Foi o seu filho Adolfo que, no
decurso de uma entrevista para o programa “Las cerezas” da Televisão
Espanhola emitido em31 de Maio de 2005, revelou que o ex presidente Suárez
padecia de Alzheimer, havia dois anos, e nem sequer se lembrava de ter sido presidente
do Governo, não reconhecia ninguém, respondendo unicamente a
estímulos afectivos.
Em 8 de Junho de 2007 e por
ocasião do trigésimo aniversário das primeiras eleições democráticas, o rei
Juan Carlos nomeou-o cavaleiro da insigne Ordem do Tosão de Ouro pela
sua importantíssima actuação na Transição espanhola, o qual lhe foi entregue a
16 de Julho de 2008.
Faleceu em 2014, aos 81 anos de
idade.
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