segunda-feira, 26 de setembro de 2022

26 DE SETEMBRO - WINNIE MANDELA

EFEMÉRIDE - Winnie Madikizela-Mandela, de seu verdadeiro nome Nomzamo Winifred Zanyiwe Madikizela, activista e política sul-africana e a segunda esposa de Nelson Mandela, nasceu em Bizana no dia 26 de Setembro de 1936. Morreu em Joanesburgo, em 2 de Abril de 2018.

Foi membro do Parlamento de 1994 a 2003 e de 2009 até à sua morte, tendo sido vice-ministra de Artes e Cultura de 1994 a 1996. Membro do Congresso Nacional Africano (ANC) como membro do Comité Executivo Nacional do ANC e chefiou a Liga das Mulheres. Winnie era conhecida pelos seus apoiantes como a “Mãe da Nação”.

Ficou mundialmente conhecida como esposa de Nelson Mandela durante o período da prisão do líder sul-africano. Com a libertação deste, escândalos do seu envolvimento em crimes e de infidelidade causaram a separação do casal e uma consequente perda de prestígio.

Fez os estudos elementares em Bizana e dali, ingressou na Shawbury High School. Em 1953, mudou-se para Joanesburgo onde foi admitida na Jan Hofmeyr School of Social Work, onde se formou dois anos depois, ocasião em que recusa uma bolsa dos EUA, optando, todavia, por trabalhar num hospital para negros da capital.

Durante o seu trabalho, realizou uma pesquisa de mortalidade infantil no subúrbio de Alexandra, o que a levou a interessar-se pela política, envolvendo-se com o Congresso Nacional Africano; ali, em 1957, conheceu Nelson Mandela, que então respondia a um Julgamento por Traição, e casaram em 19 de Junho de 1958, passando ambos a morar no subúrbio pobre de Soweto.

Teve as suas filhas Zenani (1959) e Zinzi (1960) e, em 1961, Mandela foi absolvido. Contudo, a sua actividade política levou-o a sucessivas prisões, sendo que a última delas foi passada a maior parte do tempo na Ilha de Robben, durou vinte e seis anos; ali, ela podia visitá-lo, mas sem maiores contactos.

Winnie sofreu acções persecutórias do regime racista do Apartheid, a partir de 1962: ordens judiciais de restrição que a impediam de trabalhar e de lutar em causas sociais e a mantinham restrita ao distrito de Orlando, em Soweto. Tudo isso a levou a trabalhar clandestinamente no CNA. Após enviar as duas filhas para um internato na Suazilândia, visando privá-las das perseguições que seus pais sofriam, foi detida em 1969 sob auspícios da Lei Anti-terrorismo, passando dezassete meses na cadeia e, a partir de 1970, em prisão domiciliar - período em que foi alvo de vários processos.

Em 1976, durante as revoltas juvenis, criou a Federação das Mulheres Negras e a Associação dos Pais Negros, ambas afiliadas ao Movimento da Consciência Negra - organização que rejeitava todos os valores brancos e adoptava uma visão positiva da cultura negra; este envolvimento levou-a a nova prisão, em 1977, e o seu banimento para o Estado Livre de Orange. Retornando em 1986, a sua oposição ao regime passou a incluir métodos de castigo aos dissidentes, como o uso do “colar bárbaro”, que consistia em colocar um pneu ao pescoço da vítima e, com gasolina, atear fogo. Criou, ainda, uma milícia particular, travestida de equipa de futebol (o Mandela United Football Club), o que aumentou o seu distanciamento dos demais militantes anti-apartheid, em 1988.

Quando da libertação de Mandela, em 11 de Fevereiro de 1990, Winnie ainda apareceu ao seu lado, como a “mama” da luta contra o regime - mas, dois anos depois. divorciaram-se.

Após isto, ela transformou a sua casa em Orlando num museu, e adoptou o sobrenome de Madikizela-Mandela. Desde 1991, a sua vida enfrentou diversas polémicas, sendo então banida do CNA e doutras instituições, quando foi acusada da morte de um jovem militante, que suspeitava ser informante da polícia. Condenada no ano seguinte, teve a pena de prisão comutada em multa; apesar disso, em 1993 voltou ao cenário político, sendo eleita presidenta da Liga das Mulheres do CNA, cargo que ocupou até 2003. Durante o governo do ex-marido, Winnie ocupou o cargo de ministra das Artes, Cultura, Ciência e Tecnologia (1994), mas foi demitida sob alegação de malversação financeira, em 1994.

Em 2001, foi acusada de dezenas de crimes, sendo considerada culpada por 43 acusações de fraude e 25 de roubo, condenada a cinco anos de prisão; recorrendo, em 2004 foi absolvida das acusações de roubo, mas não das de fraude, e teve suspensa a pena de três anos e seis meses de cadeia.

Em 2003, renunciou à presidência da Liga das Mulheres, mas foi eleita para o Comité Executivo Nacional do CNA, na sua 52ª Conferência (2009).

Faleceu em 2018, após doença prolongada.

Em 1985, o cantor e compositor brasileiro Milton Nascimento, em parceria com Marco Antônio Guimarães, compôs a música “Lágrima do Sul” dedicada a Winnie. A música integrou o disco “Encontros e Despedidas”.

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