quarta-feira, 17 de março de 2021

17 DE MARÇO - LUCHINO VISCONTI

EFEMÉRIDE - Luchino Visconti di Modrone, conde de Lonate Pozzolo, um dos mais importantes realizadores de cinema italianos, morreu em Roma no dia 17 de Março de 1976. Nascera em Milão, em 2 de Novembro de 1906.  Era descendente da nobre família milanesa dos Visconti.

Luchino prestou o serviço militar como suboficial de cavalaria, em 1926, no Piemonte, e viveu os anos de juventude cuidando dos cavalos da sua propriedade. Além disso, frequentou activamente o mundo da lírica e do melodrama, que tanto o influenciou.

Foi para França, onde se tornou amigo de Coco Chanel e, através dela, em 1936, foi apresentado ao cineasta Jean Renoir, com quem trabalhou no filme “Une partie de champagne”. Em 1937, passou por Hollywood, antes de voltar a Roma. Na capital italiana, trabalhou com Renoir na direcção da ópera “Tosca”.

A partir de 1940, ligou-se aos intelectuais que faziam o jornal “Cinema” e vendeu jóias da família para realizar o seu primeiro filme, “Ossessione”, em 1943, com Clara Calamai e Massimo Girotti. No fim da Segunda Guerra Mundial, realizou o segundo filme, o documentário “Giorni di gloria”. Contratado pelo Partido Comunista Italiano para realizar três filmes sobre pescadores, mineiros e camponeses da Sicília, acabou por fazer apenas um, “A Terra Treme”.

Em 1951, filmou “Bellissima”, com a grande actriz italiana Anna Magnani, Walter Chiari e Alessandro Blasetti. O primeiro filme colorido foi em 1954, “Senso “com Alida Valli e Farley Granger. O primeiro grande prémio da crítica chegou em 1957, quando recebe o Leão de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Veneza, pelo filme “Noites Brancas”, uma transposição delicada e poética de uma história de Fiódor Dostoiévski, com Marcello Mastroianni, Maria Schell e Jean Marais.

O primeiro êxito de bilheteira viria em 1960, com “Rocco e Seus Irmãos”, a saga de uma humilde família de calabreses que emigrava para Milão. Foi o filme que consagrou o actor francês Alain Delon, ao lado de Annie Girardot e Renato Salvatori. No ano seguinte, juntou-se a Vittorio De Sica, Federico Fellini e Mario Monicelli, no filme em episódios “Boccaccio 70”. O episódio de Visconti é protagonizado por Tomas Milian, Romy Schneider, Romolo Valli e Paolo Stoppa.

Em 1963, dirigiu o seu maior sucesso comercial e um dos filmes mais elogiados pela crítica, o grandioso “O Leopardo”, com três horas de duração e extraído do romance homónimo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, que conta a história da transição da nobreza para o populismo na Sicília, nos tempos da Unificação Italiana. O filme tem um elenco estelar, onde se destacam Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon.

Vaghe stelle dell'Orsa...”, um mergulho inquieto e melancólico na capacidade dos seres sensíveis para se destruírem amorosamente, com Claudia Cardinale e Jean Sorel, realizado em 1965, foi a obra seguinte. Em 1970, conheceu o fracasso de uma obra sua, com “O Estrangeiro”, extraído do livro homónimo de Albert Camus, e realizou também “La caduta degli dei” que lançou o actor Helmut Berger.

Com o sensível e refinado “Morte em Veneza” (1971), protagonizado por Dirk Bogarde e baseado na obra de Thomas Mann, Visconti voltou a encontrar-se com o sucesso do público e da crítica. O filme conta a história de Gustav Aschenbach, um compositor que vai passar férias em Veneza e acaba por viver uma grande e inesperada paixão, que iniciaria a sua completa destruição. O filme faz uma abordagem do conceito filosófico de beleza, assim como a passagem do tempo e a importância da juventude nas nossas vidas. O filme que se seguiu foi o grandioso, mas decepcionante, “Ludwig”, com Helmut Berger e Romy Schneider. Durante as filmagens de “Ludwig”, Visconti sofreu um ataque cardíaco que o prendeu a uma cadeira de rodas até à sua morte. Mesmo com muita dificuldade, Luchino Visconti ainda fez dois filmes, “Violência e Paixão” e “L’innocente”, a sua derradeira obra, versão do romance de Gabriele d’Annunzio, que regista brilhantes interpretações de Giancarlo Giannini e Laura Antonelli.

Apesar dos casos amorosos vividos, em diferentes períodos, com várias mulheres, como a estilista Coco Chanel, as actrizes Clara Calamai, María Denis, Marlene Dietrich e com a escritora Elsa Morante, Visconti nunca escondeu a sua homossexualidade, explicitamente referida em muitos dos seus filmes e nas montagens teatrais que dirigiu. Segundo Visconti, na sua autobiografia, ele e o rei Humberto II de Itália tiveram um relacionamento amoroso durante a juventude, na década de 1920. Nos anos 1930, em Paris, teve um relacionamento com o fotógrafo Horst P. Horst. Entre o final dos anos 1940 e o início da década de 1950, já consagrado como realizador, manteve uma longa relação afectiva e profissional com o seu então cenógrafo Franco Zeffirelli.

Depois de 1965, Visconti foi ligado ao actor austríaco Helmut Berger, que também actuou em alguns dos seus filmes. Estra relação manteve-se, com altos e baixos, até à morte de Visconti, em 1976. 

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