domingo, 23 de janeiro de 2022

23 DE JANEIRO - GUIDA MARIA

EFEMÉRIDE - Guida Maria, actriz portuguesa, nasceu em Lisboa no dia 23 de Janeiro de 1950. Morreu na mesma cidade em 2 de Janeiro de 2018. Teve uma carreira com cerca de seis décadas, principalmente no teatro, mas também com passagem pelo cinema e televisão, tendo ficado conhecida principalmente pela peça “Monólogos da Vagina”. Eras filha do actor Luís Cerqueira.

Fez a sua formação teatral na Escola de Teatro do Conservatório Nacional, tendo ao mesmo tempo participado em peças de Vasco Morgado. Foi igualmente bolseira na American Academy of Dramatic Arts de Nova Iorque durante uma pausa da carreira, na década de 1980, e participou em vários workshops no Actors Studio.

A sua carreira artística incluiu televisão, cinema e teatro, tendo sido nesta modalidade que se destacou, com participação em cerca de quarenta peças.

Estreou-se em 1957, com sete anos, na peça “Fogo de Vista”, de Amílcar Ramada Curto. Aos dez anos, fez parte da peça A sapateira prodigiosa”, levada à cena pela companhia de teatro Rey Colaço-Robles Monteiro, e onde também participou Eunice Muñoz. O seu primeiro sucesso aconteceu com a peça O Milagre de Anne Sullivan”, encenada por Luís de Sttau Monteiro.

No cinema, salienta-se “A Promessa” (1972), de António de Macedo, baseado uma peça de Bernardo Santareno, tendo protagonizado o primeiro nu integral no cinema nacional. Este filme passou por vários festivais de cinema, incluído o de Cannes, e foi premiado no Festival de Belgrado e Cartagena. No cineasta, participou ainda em “O Princípio da Sabedoria” (1975) e “A Bicha de Sete Cabeças” (1978).

Foi, a partir de 1978 até à sua extinção (em 1998), actriz da Companhia Residente do Teatro Nacional D. Maria II, tendo aí representado, em peças como “Auto da Geração Humana”, “O Alfageme de Santarém”, As Alegres Comadres de Windsor”, “A Bisbilhoteira”, “A Casa de Bernarda Alba”, “Romance de Lobos”, “Bodas de Fígaro”, Slag, Maria Stuart”, ou “O Leque de Lady Windermere”.

Começa a fazer televisão com a série “Uma Cidade Como a Nossa” (1981). Participou no especial da série brasileira “O Bem Amado”, da TV Globo, gravado em Lisboa. Participou nas películas “O Barão de Altamira” (1986), de Artur Semedo, “O Vestido Cor de Fogo” (1986), de Lauro António, Os Emissários de Khalom(1988) e “Serenidade” (1989) de Rosa Coutinho Cabral.

Na televisão, participou em séries e novelas como “Cobardias” (1987), “Passerelle” (1988), “A Grande Mentira” (1990), “Quem Manda Sou Eu” (1991), a aclamada telenovela Na Paz dos Anjos” (1994), “Nico D'Obra” (1993), “Nós os Ricos” (1996), “Super Pai”, “Olhos de Água”, “Tudo por Amor”, “Morangos com Açúcar”, “Bem-Vindos a Beirais”, “A Única Mulher”, “Filhos do Vento” (1996) e “Esquadra de Polícia” (1998).

Participou no filme “No Dia dos Meus Anos” (1992), de João Botelho. Salienta-se ainda o seu monólogo na peça Shirley Valentine”, exibida na Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II, em Janeiro de 1996. Outros monólogos seus que se destacaram foram os das peças “Andy & Melissa” (2001), “Zelda” (2004), “Stôra Margarida” (2006) e “Sexo? Sim, mas com orgasmo” (2010).

Participou nas séries da RTPNão és Homem não és Nada” (1999), “O Crime...” (2001) e nas novelas da TVIOlhos de Água” (2001), “Tudo por Amor” (2002) e “Baía das Mulheres” (2004).

Em 2006, interpretou no teatro a peça Stôra Margarida”, de Roberto Athayde, no Casino Estoril. A partir de certa altura, a actriz começou a aparecer com menos regularidade (no Teatro, Televisão e Cinema) devido à falta de convites para trabalhar.

Em 1997, representou com grande sucesso na peça Casa de nha Bernardano Centro Cultural Português do Mindelo, uma adaptação da obra “A Casa de Bernarda Alba”, de García Lorca, que teve igualmente grande êxito.

Estreou Os Monólogos da Vagina”, de Eve Ensler, no Teatro Auditório do Casino Estoril, em 20 de Outubro de 2000. De forma a organizar a peça, Guida Maria teve de enfrentar várias dificuldades, incluindo de ordem financeira, e um teatro que estivesse disponível. Segundo a actriz, a administração do Estoril Sol também esteve inicialmente contra a organização da peça no seu nome original, tendo depois dado autorização para avançar.

Apesar de ter sido um fracasso no dia de estreia, acabou por ser depois um grande sucesso, tendo a peça ficado vários meses em cena, com diversas reposições, apesar de ter sofrido os efeitos do clima de insegurança gerado após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001. Para o sucesso da peça contribuiu decisivamente a cobertura por parte da comunicação social, que publicou vários artigos sobre a mesma.

Posteriormente, lançou a peça “Zelda”, que também financiou, e que foi novamente um fracasso, por estar a decorrer naquele momento o Campeonato Europeu de Futebol de 2004 em Portugal.

Finalmente, apresentou a peça “Stôra Margarida” no Teatro do Casino do Estoril, que também falhou, apesar de ter tido um grande sucesso originalmente no Brasil.

Em 2009, foi editada a biografia “Guida Maria - Uma vida”, da autoria de Rui Costa Pinto.

Em 2017, interpretou no Auditório da Biblioteca do Espaço Cultural Cinema Europa a peça “Os Malefícios do Tabaco”, um monólogo escrito por Anton Tchekhov com encenação de Paulo Ferreira, produzido pela Junta de Freguesia de Campo de Ourique e com o Apoio da AMA - Academia Mundo das Artes.

Faleceu em 2018, aos 67 anos, no Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa. Estava internada naquela unidade de saúde devido a um cancro no pâncreas, doença do qual já padecia há vários meses. O velório teve lugar na Basílica da Estrela, tendo o corpo sido inumado no Cemitério dos Prazeres.

Esteve relacionada com o músico Mike Sergeant, tendo o casal tido uma filha, a actriz Julie Sargeant.

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