terça-feira, 25 de janeiro de 2022

25 DE JANEIRO - JUDITH TEIXEIRA

EFEMÉRIDE - Judith Teixeira, de seu nome completo Judite dos Reis Ramos Teixeira, escritora portuguesa, nasce em Viseu no dia 25 de Janeiro de 1880. Morreu em Lisboa, em 17 de Maio de 1959.

Publicou três livros de poesia e um livro de contos, entre outros escritos. Em 1925, lançou a revista “Europa”, de que saíram três números (Abril, Maio e Junho).

Exemplares do seu livro “Decadência” (1923) foram apreendidos, juntamente com os livros de António Botto (Canções”) e Raul Leal (“Sodoma Divinizada”), e mandados queimar pelo Governo Civil de Lisboa na sequência de uma campanha liderada pela conservadora Liga de Acção dos Estudantes de Lisboa, contra «os artistas decadentes, os poetas de Sodoma, os editores, autores e vendedores de livros imorais».

Judith Teixeira (apelido do segundo marido) foi baptizada em 1 de Fevereiro de 1880, na Sé Catedral de Viseu, como filha natural de Maria do Carmo, não constando do assento do baptismo o nome do pai.

Em 1907, foi perfilhada por Francisco dos Reis Ramos, alferes de Infantaria, passando então a usar como nome completo Judith dos Reis Ramos. Era ainda solteira e residia em Lisboana Rua do Arco do Carvalhão.

Algum tempo depois, terá casado com Jaime Levy Azancot, empregado comercial, com quem viveu na Rua Rodrigo da Fonseca. Em 8 de Marco de 1913, o casamento foi dissolvido, a esposa tendo sido acusada de adultério e abandono do domicílio legal. Em 22 de Abril de 1914, no Bussaco, casou com Álvaro Virgílio de Franco Teixeira, de 26 anos, advogado e industrial, neto materno do 1º visconde da Falcarreira.

Foi na década dos seus quarenta anos, entre 1922 e 1927, que publicou todos os seus livros e dirigiu a revista “Europa”. Devido à temática lésbica de alguns dos seus poemas, foi atacada violentamente na imprensa conservadora e moralista, pelas «vergonhas sexuais» e «versalhadas ignóbeis» que escrevia. Na revista pró-fascista “Ordem Nova”, em 1926, Marcello Caetano referiu-se ao seu livro “Decadência” como sendo da autoria «duma desavergonhada chamada Judith Teixeira», regozijando-se que os seus livros tivessem sido apreendidos e queimados em 1923. Em 1927, encontrava-se ausente de Portugal, como se depreende de uma nota inserida no fim do livro “Satânia”, o último que publicou.

Pouco se sabe acerca dos últimos trinta e dois anos da sua vida, em que chegou a ter um negócio de antiguidades. Morreu em 1959, aos 79 anos, residindo então em Lisboa, na Praceta Padre Francisco em Campo de Ourique. Segundo o assento de óbito, morreu viúva, sem deixar filhos nem bens e sem fazer testamento.

Sobre Judith Teixeira pronunciou-se Aquilino Ribeiro, em 1923, considerando-a uma «poetisa de valor». Em 1927, José Régio afirmaria que «todos os livros de Judith Teixeira não valem uma canção escolhida de António Botto». O crítico João Gaspar Simões louvaria em 1937 a «audácia» da poetisa, considerando-a embora «sem talento». António Manuel Couto Viana referiu-se a Judith Teixeira como «a única poetisa modernista» portuguesa, afirmando sobre as suas poesias: «separando muito trigo de muito joio, penso-as merecedoras de melhor sorte do que o silêncio, a ignorância, a que têm estado votadas». 

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