Benjamin Netanyahu nasceu numa família
de judeus seculares, filho de uma israelita e de um
polaco. Ele inicialmente foi criado em Jerusalém, mas mudou-se para os Estados
Unidos aos sete anos, morando lá de 1956 a 1958, e depois de 1963 a 1967,
residindo em Cheltenham Township, nos subúrbios de Filadélfia, onde adquiriu
fluência no inglês.
Netanyahu juntou-se às Forças
de Defesa de Israel logo após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e
tornou-se líder de grupo numa unidade de forças especiais da Sayeret Matkal.
Ele participou em várias missões, como as Operações Inferno (1968), Gift
(1968) e Isotope (1972), sendo ferido em acção no ombro. Netanyahu lutou
na linha de frente nas Guerras de Desgaste e do Yom
Kippur, tomando também parte em missões
especiais no Canal de Suez e na Síria. Chegou à patente de capitão antes de ser
dispensado. O seu irmão, Yonatan Netanyahu, também era militar e morreu em
combate durante a chamada Operação Entebe. Benjamin Netanyahu voltou
então para os Estados Unidos e foi estudar no Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT), conseguindo um Bachelor of Science (SB)
e um Master of Science (SM) em 1976. Netanyahu foi logo
contratado como consultor pelo Boston Consulting Group antes de votar
para Israel em 1978.
Em 1978, filiou-se no partido
conservador Likud e foi eleito para o Knesset. Netanyahu serviu
como representante de Israel nas Nações Unidas, de 1984 a 1988. Durante
a Conferência de Madrid de 1991, Netanyahu foi membro da delegação israelita,
liderada pelo primeiro-ministro Yitzhak Shamir. Logo em seguida, foi apontado
para trabalhar directamente no gabinete do chefe de Governo.
Em 1993, Netanyahu tornou-se
líder do Likud e levou o seu partido à vitória nas eleições de 1996,
tornando-se o mais jovem primeiro-ministro, de Junho de 1996 a Julho de 1999.
Diferente de outros líderes israelitas, Netanyahu não buscou inicialmente
consolidar a paz com os palestinos, mostrando aversão a algumas partes dos Acordos
de Oslo, acreditando que deveriam ser os palestinos a fazer concessões a
Israel se quisessem um acordo de paz duradouro. Atentados promovidos pelo Hamas
em meados da década de 1990 só endureceram a suas visões e política
externa. Tomou várias medidas que, segundo ele, aumentariam a segurança dos israelitas,
como a construção de um túnel pelo Bairro Muçulmano de Jerusalém para
que os judeus pudessem atravessar o «Muro Ocidental». Isso gerou protestos por
parte dos palestinos, reprimidos com violência pela polícia israelita. Como
primeiro-ministro, Netanyahu enfatizou a política das “três negativas”: nenhuma
retirada das Colinas de Golã, nenhuma negociação sobre o status
de Jerusalém, nenhuma negociação com pré-condições. Muitos criticaram esta
postura inflexível por parte dele, como um empecilho para a paz. Internamente,
adoptou políticas de liberalização económica e desregulamentação. Considerado
intransigente, não negociava com os partidos de esquerda, mas com o tempo
também foi perdendo a simpatia dos membros da direita moderada. Em 1997,
surgiram as primeiras acusações de corrupção e troca de influência. Dois anos
depois, a polícia israelita novamente tentou indiciar o primeiro-ministro por
corrupção num caso separado, mas - nas duas ocasiões – a falta de provas
impediu que o caso fosse adiante. Contudo, foi o suficiente para arranhar a
imagem política de Netanyahu e, em 1999, perdeu a eleição para Ehud Barak,
de uma coligação de centro-esquerda. Ele foi então
trabalhar novamente no sector privado como consultor, durante dois anos na
empresa de comunicação BATM.
Netanyahu voltou para a política
em 2002 para servir no Ministério das Relações Exteriores (2002/2003) e
no das Finanças (2003/2005) no governo de Ariel Sharon, mas ele deixou o
seu cargo como protesto ao plano de retirada unilateral israelita da Faixa de
Gaza. Quando ele serviu como ministro das Finanças, Netanyahu engajou em
várias reformas económicas, que segundo vários analistas resultaram em
melhorias na economia do país. Em Dezembro de 2005, reassumiu a liderança do Likud
quando Sharon deixou o lugar para fundar o seu próprio partido, o Kadima.
No final de 2006, tornou-se líder da oposição no Knesset. Após as
eleições de 2009, o Likud terminou em 2º lugar, mas os partidos de
direita saíram-se bem e Netanyahu formou um governo de coligação. Quatro anos
depois, nas eleições de 2013, o seu partido torno-seu o mais votado e Netanyahu
tornou-se o segundo político israelita a ser eleito para um terceiro mandato,
atrás apenas de David Ben-Gurion (o fundador de Israel). Então, nas eleições de
2015, conquistou um quarto mandato.
Netanyahu foi eleito
primeiro-ministro de Israel quatro vezes, empatando com Ben-Gurion na
quantidade de mandatos. Ele também é o único primeiro-ministro israelita a ser
eleito três vezes seguida e o segundo que actuou mais tempo no cargo, atrás de
David Ben-Gurion. Em 2018, frente a uma crise política, convocou novas eleições
para 2019. Caso vencesse, seria o primeiro-ministro com mais anos no cargo.
No seu segundo e terceiro
mandato, Benjamin Netanyahu mostrou-se mais linha dura em questões de
política externa, especialmente lidando com palestinos e com o Hezbollah.
Para o processo de paz na região, mostrava dúvidas com a solução dos dois
Estados, afirmando que um futuro Estado de Israel, ao lado de uma nação
Palestina, não seria concebido nas fronteiras pré-1967. Ele também passou a
apoiar a expansão das colónias israelitas na Cisjordânia. Isso gerou desentendimentos com o governo dos Estados Unidos,
encabeçado pelo então presidente Barack Obama, afirmando que tais assentamentos eram um empecilho para a paz. As
relações dos israelitas com os norte-americanos, que historicamente sempre foi
forte, ficou um tanto atribulada durante a administração Obama, embora a Casa
Branca mantivesse o apoio económico e militar a Israel de forma intocada.
Para um possível acordo de paz, Netanyahu exigiu que os palestinos deixassem de
reivindicar Jerusalém como a sua capital, afirmando ainda que um futuro país
palestino seria desmilitarizado. Na prática, embora mantivesse o bloqueio à
Faixa de Gaza (dominada pelo Hamas), contribuindo para o empobrecimento
da região e agravamento da crise humanitária, ele abriu vários postos de controlo e acabou com algumas
sanções contra a Cisjordânia, levando a uma melhoria da situação económica por
lá, no começo da década de 2010. Travou duas guerras rápidas, mas sangrentas, com os palestinos em Gaza, nas operações Pilar
Defensivo (2012) e Margem Protetora (2014). Netanyahu também
aumentou a retórica agressiva contra o Irã e o seu programa nuclear, não
aceitando qualquer negociação com os iranianos que não envolvesse o completo
desmantelamento da sua infra-estrutura nuclear, ameaçando força militar contra
o Irã, se necessário.
Internamente,
a economia israelita continuou a melhorar, porém no começo da década de 2010,
o custo de vida e o encolhimento da classe média
gerou uma série de protestos anti governo pedindo melhorias no cenário socioeconómico.
Uma vez reeleito em 2013, persistiu nas suas
políticas de liberalização económica, mas também mirou a redução da pobreza e
da desigualdade de renda. Ele reduziu a burocracia
e as regulamentações, especialmente sobre a indústria. Também buscou reduzir a
imigração e, acima de tudo, tomou acções para conter a imigração ilegal,
especialmente de árabes e africanos. Em 2011, com a instabilidade económica,
Netanyahu propôs cortes no orçamento, afirmando que a área de defesa seria
atingida. Após protestos dos militares, ele preferiu cortar gastos sociais e
aumentou o orçamento das forças armadas. Nas eleições de 2013 e 2015, adoptou
uma postura nacionalista e mais conservadora, mantendo a sua linha dura mais
voltada para a área de segurança nacional, porém afirmou ser favorável a
direitos dos homossexuais.
Durante os quatro mandatos de
Netanyahu como primeiro-ministro, as acusações de corrupção acompanharam-no. Numa
das acções possivelmente mais consequentes, em 28 de Fevereiro de 2019, o
procurador-geral israelita anunciou, após uma investigação de dois anos, que
ele iria indiciar formalmente Netanyahu em acusações de suborno e fraude em três casos distintos, fazendo de Netanyahu o
único primeiro-ministro de Israel a responder por um crime enquanto ainda
estava no cargo. Benjamin Netanyahu negou todas as acusações. Em 2020 e 2021,
manifestações e protestos contra o primeiro ministro ganharam força em Israel.
Ainda assim, a sua popularidade manteve-se estável, o suficiente para o seu
partido se manter como o mais votado, mas mesmo assim
não conseguiu formar um governo. O governo de Netanyahu recebeu elogios pela
sua reacção à pandemia COVID-19 em Israel, apostando no distanciamento
social e quarentenas. Quando a vacina contra o coronavírus chegou, o seu
governo foi rápido em trabalhar para distribuir o imunizante, atingindo a maior
marca de vacinações per capita no mundo, num certo
período.
Após as tensões em Jerusalém aumentarem em Maio de 2021, Hamas disparou foguetes contra Israel a partir de Gaza, o que fez com que Netanyahu autorizasse a Operação Guardião das Muralhas, que durou onze dias. Após o breve conflito com os palestinos, políticos israelitas e o líder da aliança Yamina, Naftali Bennett, anunciaram um acordo com o líder da oposição, Yair Lapid, para formar uma coligação e tirar Netanyahu do poder. Em 2 de Junho de 2021, Bennett assinou o acordo com Lapid. Duas semanas depois, em 13 de Junho, Netanyahu oficialmente deixou o cargo de primeiro-ministro, encerrando quatro mandatos consecutivos, totalizando doze anos seguidos.
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