sexta-feira, 7 de outubro de 2022

7 DE OUTUBRO - AMADA GARCÍA

EFEMÉRIDE - Amada García Rodríguez, militante comunista na vila galega de Mugardos, onde nascera em 7 de Outubro de 1911. Morreu em Ferrol, em 27 de Janeiro de 1938.

Detida quando estava grávida, foi fuzilada logo que teve o seu filho, no Castelo de São Filipe, junto a outras sete pessoas, pelos militares franquistas alçados contra a legalidade republicana.

Amada García era muito activa na sua militância, protagonizava comícios e outras actividades raramente assumidas por mulheres, o que provocava o escândalo dos sectores mais reaccionários da sociedade da época.

O acesso ao poder dos falangistas e militares fascistas que protagonizaram o golpe de estado liderado pelo general Francisco Franco em 1936 deu passagem a uma enorme repressão em toda a Galiza, especialmente dura e extensa na comarca de Ferrol. Centenas de pessoas morreram sem julgamento ou com farsas processuais orientadas para a punição por motivos políticos.

Amada foi detida quando se encontrava grávida, o que fez com que fosse aduada a execução até ao nascimento do seu filho Gabriel. À espera desse momento, esteve presa no Cárcere de Mulheres de Ferrol, até ser conduzida ao Castelo de São Filipe, prisão militar nas margens da ria de Ferrol. Ali foi executada, dois dias depois de ter o filho, por um pelotão de fuzilamento em Janeiro de 1938, no mesmo dia em que também foram assassinados, no mesmo lugar, outras sete pessoas da mesma comarca.

O conselho de guerra que lhe foi imposto esteve cheio de irregularidades, incluídas declarações falsas assinadas sem saber por testemunhas analfabetas e sob ameaças e multas às testemunhas da defesa. Fontes orais afirmaram que houve um movimento de solidariedade entre os presos para evitar o fuzilamento da jovem e que inclusive os soldados tiveram de repetir os disparos, após terem evitado atingi-la na primeira rajada. Ficando só ela em pé, o oficial ordenou, muito zangado, a repetição do fogo contra a mulher, que caiu ferida de morte.

A filha mais velha tornou-se freira, enquanto o recém-nascido, Gabriel, foi entregue primeiro ao pai, sendo finalmente criado por umas tias muito católicas. A irmã de Amada entrou para o mosteiro de Eiris, enquanto uma amiga da mãe, Maria José Leira, abandonou a Galiza após ser-lhe comutada a pena de morte por ter bordado uma bandeira comunista, sendo fuzilado o marido, um mestre-escola da comarca.

Na actualidade, o filho de Amada, Gabriel, visita todos os anos o muro do castelo onde a mãe foi fuzilada, enquanto continua a denunciar e difundir o acontecido a sua mãe, e a falta de reconhecimento das instituições actuais para as vítimas do fascismo na Galiza.

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