Ian Smith nasceu numa pequena
cidade mineira da antiga Rodésia e foi piloto na Força Aérea Britânica
durante a Segunda Guerra Mundial.
Durante os anos 1960, foi
concedida a independência a todas as colónias britânicas em África. A Rodésia
procurou também a sua independência, mas o governo britânico não a concordou
porque pretendia um governo negro a reger os rumos do país. A alternativa à
independência, seria uma continuação do status-quo, onde os brancos
constituíam a classe dominante.
Contrário à participação da
população negra no poder (uma minoria de 200 mil brancos contra uma população
maioritária de mais de cinco milhões de negros), sancionado na Constituição
de 1961, Ian Smith fundou nesse ano a Frente Rodesiana. Após sua
vitória eleitoral, ascendeu ao cargo de ministro das Finanças (até
1964), passando a chefe de Governo e ministro da Defesa nesse
mesmo ano.
Em 1965, proclamou
unilateralmente a independência da Rodésia, não reconhecida pela Grã-Bretanha,
e provocou de imediato sanções internacionais, incluindo as primeiras sanções
económicas da história das Nações Unidas, conduzidas em grande parte
pela Grã-Bretanha, pela OUA e mesmo o governo da África do Sul do apartheid,
que apoiava clandestinamente, mas não reconhecia o novo Estado.
As sanções das Nações Unidas
eram bastante severas e envolviam todas as transacções comerciais e financeiras
com a Rodésia.
Entretanto, em 1971, a oposição
negra foi ficando mais intensa e surgem os primeiros ataques dos guerrilheiros
rebeldes, em diversas propriedades rurais de brancos. Estava marcado o início
da Guerra Civil da Rodésia. Grande parte das movimentações dos
guerrilheiros possuía estruturas de apoio em países
vizinhos, com destaque para Moçambique.
Durante a longa guerra civil que
se seguiu, Smith teve de combater as guerrilhas de Robert Mugabe e Joshua Nkomo
e a intervenção exterior. O isolamento internacional intensifica-se após a
independência de Moçambique em 1975 e, também, devido a um recuo do apoio sul-africano.
As sanções económicas estrangulavam cada vez mais o país, ao mesmo tempo que as
forças rebeldes começavam a tomar a dianteira na guerra.
Em 1978, viu-se forçado a aceitar
a entrada de membros negros no governo e a minoria branca encara pela primeira
vez um acordo político com alguns partidos negros, mas garantindo 28% dos
assentos do parlamento para os brancos, o controlo das forças armadas e o poder
judicial. Um ano mais tarde, são realizadas as primeiras eleições multirraciais
e o país muda de nome para Zimbabwe-Rodésia. Teria que ceder o seu cargo ao
líder da oposição moderada, Abel Muzorewa (chefe de Governo entre Maio e
Dezembro de 1979). No ano de 1980, ocorrem umas segundas eleições e Robert
Mugabe sobe ao poder.
A sua influência diminuiu consideravelmente
no Zimbabwe independente, ainda que tenha sido ministro sem pasta em 1979/1980,
durante o governo de transição. Ele permaneceu na política activa e no Zimbabué
e membro do parlamento até 1987 quando Robert Mugabe eliminou do parlamento as
vagas reservadas à minoria branca do Zimbabwe.
Nos últimos anos da sua vida, ele
costumava chamar a atenção para o estado do Zimbabwe, com o seu declínio
económico e instabilidade política como prova de que ele estava certo. Ele
tornou público o que pensava nas suas memórias intituladas “A Grande Traição”.
Numa entrevista à BBC em 1998, Ian Smith explicava assim o conflito
sangrento que se seguiu à autoproclamarão da independência em 1965: «A
guerra civil foi causada por indivíduos que
deixaram o país e que foram sujeitos a uma lavagem cerebral na Rússia e na
China. Eram pessoas com sede do poder e que queriam tomar as suas rédeas e que
não quiseram esperar pela evolução normal das coisas».
Ian Smith afirmou em várias
ocasiões que a população da antiga Rodésia, brancos e negros, teriam tido um
futuro melhor sob a sua administração do que sob a de Robert Mugabe e o Partido
Zanu-PF, que ficou no poder. O ex-primeiro-ministro da antiga Rodésia, Ian
Smith, morreu aos 88 anos de idade na sua residência da Cidade do Cabo, na
África do Sul.
A reacção à sua morte foi mista,
com os seus antigos inimigos a descrevê-lo como um racista sem remorsos e os
seus apoiantes a designá-lo como um homem de convicções fortes.
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