Nascido no seio da média
burguesia comerciante portuense, viveu largas temporadas da infância com o pai
ausente, fugindo às perseguições que lhe moveram durante as guerras civis pelas
suas ideias liberais, o que terá marcado o temperamento algo soturno do jovem
António Augusto. Tendo aprendido francês e inglês durante a juventude,
ingressou na Universidade de Coimbra, em 1849, para cursar Direito.
Em Coimbra, conviveu com outros
estudantes do Porto, como Alexandre Braga, Silva Ferraz e Aires de Gouveia, com
quem fundou, em 1851, a revista “Novo Trovador”.
Em 1854, já formado, regressou ao
Porto e, depois de uma passagem pelo Tribunal da Relação do Porto, decidiu
dedicar-se exclusivamente à literatura, colaborando activamente em jornais de
poesia - “O Bardo” (1852/1854), “A Grinalda” (1855/1869) e
preparando a edição em volume das suas “Poesias” (1856).
Para a sua celebridade contribuiu
não apenas a sua imagem de misantropo e a frequência dos salões
portuenses, como também o bom acolhimento dos críticos, nomeadamente de
Alexandre Herculano que, em carta, considerou Soares de Passos como «o
primeiro poeta lírico português deste século» (referindo-se ao século XIX).
A sua qualidade pode ser
creditada ao fato de ter escrito com autenticidade, pois os sentimentos
derramados nos seus textos são os que realmente viveu, já que foi pessoa
extremamente sofrida, por vezes dominada por uma doença que, reza a lenda, o deixou
preso durante anos no seu quarto. Isso explica a proeza de ter trabalhado muito
bem com clichés que, nas mãos dos outros poetas, são extremamente ridículos.
Melhor exemplo disso é “O Noivado no Sepulcro”.
Os seus poemas são fruto de uma
angústia da sensação da proximidade da morte precoce mesclada ao desgosto pela
situação em que se encontrava o seu país. O incrível é que sabe alternar esses
aspectos soturnos a momentos de extrema confiança na mudança das condições
sociais. Essas oposições dramáticas talvez sejam a causa da visão trágica com
que o poeta enxerga o mundo. Quando parte para a religião, enfoca a tragédia de
Deus castigando todos; quando enfoca a História, mostra uma sucessão de
episódios lastimosos; quando olha o quotidiano, enxerga somente a desgraça.
Sendo um poeta muito divulgado no
seu tempo, morreu precocemente aos trinta e três anos, vítima da tuberculose,
deixando um único livro - “Poesias” - onde confluem todas as tendências
do imaginário poético seu contemporâneo. Foi sepultado no Cemitério da Lapa,
no Porto.
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