Listopad era doutor em Filosofia
pela Universidade Carolinum (Praga), estando há várias décadas a residir
em Portugal.
Encenou cerca de 60 peças e
óperas na Checoslováquia, França, Alemanha, Suíça e Portugal. Colaborador da ORTF
(Paris) e da RTP, realizou algumas centenas de programas dramáticos,
sociológicos e antropológicos. Foi também autor de cerca de 40 livros de prosa,
poesia e ensaio, escritos em português, checo, francês, sueco, italiano,
lituano e servo-croata.
Pertenceu à resistência e obteve
pelos serviços prestados à causa da liberdade a Medalha do Presidente
Tito.
Foi membro da Associação
Portuguesa de Escritores, do Pen-Club Internacional, da Sociedade
Portuguesa de Autores e da Associação Internacional de Críticos de
Teatro.
Sobre a sua vida e obra foram
realizados e projectados dois filmes: um da autoria do cineasta checo Jan Nemec
(2000), e outro da autoria do cineasta português Pedro Sena Nunes - “Quatro
estações e Outono” (2018).
Em Paris, onde permaneceu durante
dez anos, escreveu no “Parallele 50” ao mesmo tempo que trabalhava na televisão.
Na capital francesa, conheceu pessoalmente Aragon, Beckett, Camus, Céline,
Cocteau, Ionesco, Malraux, Marcel Marceau, Marguerite Duras, Mitterrand, Romain
Rolland, Sartre e Tristan Tzara, entre outros. Em 1958, deixou de trabalhar
para a ORTF e passou a residir em Portugal.
Funda a RTP Porto, no
Monte da Virgem, e entrou para os quadros da RTP como realizador de
televisão. No Porto, encontrar-se com a intelectualidade portuense - Agustina
Bessa-Luís, Ângelo de Sousa, António-Pedro Vasconcelos, Fernando Echevarría,
Eugénio de Andrade, Marcela Torres, Óscar Lopes, Sophia de Mello Breyner
Andresen, etc.
A convite do antropólogo Jorge
Dias, Jorge Listopad veio para Lisboa leccionar Antropologia do
Quotidiano no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Foi director da Sala
Experimental do Teatro Nacional D. Maria II e vogal da Comissão
Consultiva do mesmo teatro, de 1983 a 1986.
Em 1981, criou o Grupo de
Teatro da Universidade Técnica de Lisboa e dirigiu-o até 2008.
Foi presidente da Comissão
Instaladora da Escola Superior de Teatro e Cinema. Criou um novo edifício
para a Escola Superior de Teatro e Cinema, na Amadora, com projecto do
arquitecto Manuel Salgado.
Foi membro da Comissão
Cultural da Universidade Técnica de Lisboa.
Depois da segunda guerra
mundial, fundou com colegas o jornal “Mladá Fronta”, que ainda hoje
se publica em Praga.
Colaborou nos principais jornais
portugueses e checos, nomeadamente “O Comércio do Porto”, “Diário de
Notícias”, “Diário de Lisboa” e “Expresso”, mantendo, à data
da sua morte, as rubricas “Segunda Via” e “Coelhinho” no “Jornal
de Letras, Artes e Ideias”.
Jorge Listopad faleceu a 2017, em
Lisboa, aos 95 anos de idade.
Em Portugal, como encenador, recebeu
quatro Prémios da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.
Jorge Listopad recebeu o Prémio
Bordalo (1969), ou Prémio da Imprensa, como encenador na categoria Teatro,
pela peça “A Dança da Morte”, partilhado com o encenador Norberto
Barroca (“Fando e Lis”). Em cerimónia realizada em 1970, a Casa da
Imprensa distinguiu na mesma categoria (Teatro) os actores Cármen
Dolores e João Perry e o autor Alves Redol a título póstumo. O Prémio
Revelação foi para a actriz Manuela de Freitas e dois Prémios Especiais
de Mérito foram atribuídos aos Grupos Cénicos das Faculdades de Direito
e de Letras da Universidade de Lisboa.
Como encenador da peça “O Fim”,
partilhou o Prémio Bordalo (1971), ou Prémio da Imprensa,
entregue pela Casa da Imprensa em 1972, na categoria Teatro, com
o encenador Carlos Avilez (“Ivone, Princesa da Borgonha”). Nesta
categoria foram também distinguidos os actores Manuela de Freitas, Glória de
Matos, Rui de Carvalho, António Montez e Maria Vitória (Revelação) e o
cenógrafo Rui Mesquita.
Em 8 de Janeiro de2015, foi feito
grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Fora de Portugal, Listopad foi
distinguido com: Medalha Militar Checoslovaca da Resistência (1945); nomeado
Companheiro do Marechal Tito (1946); Prémio da Academia de Artes e
Ciências de Praga, pelo conjunto da sua obra; 1º Prémio do Conselho
Cultural de Estocolmo (1952); 1º Prémio da Rádio Europa Livre de
Poesia (1954); Prémio Academia Cristã em Roma pelo ensaio “Tristão
ou a Traição de um Intelectual”, com versão portuguesa de Eugénio de
Andrade; Prémio Itália (1977); Medalha de Ouro do Prémio Europeu
Franz Kafka (2000); Medalha de Mérito Nacional da República Checa
(2001); Prémio Gratias Agit (Praga, 2004); Man
of the Year pelo International Biographical Centre (2005); Prémio
Jaroslav Seifert (Praga, 2007); e doutor honoris causa pela Universidade
de Brno (República Checa, 1992) e pela Universidade Carolina (Praga,
2002).
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