Foi secretário de Estado de Salazar e administrador de várias empresas do grupo
Champalimaud, em Moçambique, tendo construído um império económico.
Licenciado pelo Instituto
Superior de Agronomia e elemento activo dos Escuteiros, foi
presidente da Associação dos Escuteiros de Portugal e, a seguir,
presidente da Juventude Agrária e Rural Católica.
Começou por ser um apoiante
incondicional do Estado Novo e da sua política ultramarina, da qual mais
tarde se viria a demarcar, já que na década de 1970 admitia a
desvinculação de Moçambique de Portugal.
Subsecretário de Estado do
Comércio e Indústria aos 29 anos, Jardim parecia talhado para uma carreira
governativa no regime salazarista. Apesar de no primeiro contacto com Salazar,
este o ter exortado a usar chapéu: «Vá, tenha Juízo, compre um chapéu»,
contou Baltasar Rebelo de Sousa a Freire Antunes - e do desgaste provocado pelo
duelo com o ministro Ulisses Cortez, ele estava bem cotado junto do chefe do Governo
e não lhe faltariam oportunidades no quadro do regime.
Mas quando abandonou o Governo,
em 1952, com quatro filhos e a mulher grávida do quinto, operou um corte
radical na sua vida, aceitando um convite do empresário Raul Abecasis para
dirigir a fábrica da Lusalite no Dondo, em Moçambique.
Foi amigo pessoal de Ian Smith,
primeiro-ministro da Rodésia (hoje Zimbabwe), e do presidente Hastings Kamuzu
Banda, do Malawi. Ainda antes do 25 de Abril de 1974, tentou pela via
diplomática resolver a independência de Moçambique, apresentando o seu “Plano
de Lusaka”, posteriormente substituído pelo Acordo de Lusaka, a
seguir a conversações entre o governo português e a Frelimo, movimento
que lutava pela independência.
Originalmente, o “Plano de
Lusaka” previa a independência de Moçambique sem a entrega unilateral do poder
à Frelimo. Joaquim Chissano, na altura responsável pelos serviços de
segurança da Frelimo, soube em Lusaka dos planos de Jardim. Contudo,
desconfiava que este estivesse envolvido no massacre de Wiriyamu: Jardim
visitara o local para se aperceber da dimensão da tragédia e julga-se que terá
sido precisamente devido a posterior contacto com Marcello Caetano que este, na
posse de informações de Jardim, terá dado fim à carreira do general Kaúlza de
Arriaga, comandante militar das forças coloniais em Moçambique.
Jorge Jardim passaria os seus
últimos anos no Gabão como banqueiro associado do presidente Omar Bongo. Já
viúvo de Teresa, vivia num apartamento luxuoso no mesmo edifício da sede do Interbanque
com Palmira Barral, a sua segunda esposa, que fora candidata a Miss
Moçambique e também servira de espia em alguns dos seus esquemas. Num fio
que usava ao peito, mantinha a aliança do primeiro casamento e uma medalha de
Nossa Senhora de Fátima.
Mas o banco tinha alguns
problemas de capitalização e, talvez por isso, o seu médico e amigo Carlos
Graça sentia-o angustiado. Um dia, ligaram-lhe: - Jardim
estava numa reunião com o filho Carlos Frederico e caiu com a cabeça sobre a
mesa. Levaram-no para um hospital a 100 metros de distância, mas não
conseguiram reanimá-lo.
Carlos Graça achava que lhe
deviam ter feito uma autópsia. O médico, que foi primeiro-ministro de São Tomé
e Príncipe, diz que foi uma morte natural, mas não se esquece que este lhe
pedia sempre para a investigarem porque tinha receio. «Andava sempre com uma
cápsula de cianeto para não cair nas mãos dos inimigos».
Em 15 de Abril de 1952, fora
distinguido como grande-oficial da Ordem Militar de Cristo; e, em 26 de
Junho de 1962, foi agraciado como grande-oficial da Ordem do Império.
Sem comentários:
Enviar um comentário