domingo, 13 de novembro de 2022

13 DE NOVEMBRO - JORGE JRDIM

EFEMÉRIDE - Jorge Pereira Jardim, engenheiro agrónomo, empresário, político e agente secreto português, nasceu em Lisboa no dia13 de Novembro de 1919. Morreu em Libreville, em 1 de Dezembro de 1982.

Foi secretário de Estado de Salazar e administrador de várias empresas do grupo Champalimaud, em Moçambique, tendo construído um império económico. 

Licenciado pelo Instituto Superior de Agronomia e elemento activo dos Escuteiros, foi presidente da Associação dos Escuteiros de Portugal e, a seguir, presidente da Juventude Agrária e Rural Católica.

Começou por ser um apoiante incondicional do Estado Novo e da sua política ultramarina, da qual mais tarde se viria a demarcar, já que na década de 1970 admitia a desvinculação de Moçambique de Portugal.

Subsecretário de Estado do Comércio e Indústria aos 29 anos, Jardim parecia talhado para uma carreira governativa no regime salazarista. Apesar de no primeiro contacto com Salazar, este o ter exortado a usar chapéu: «Vá, tenha Juízo, compre um chapéu», contou Baltasar Rebelo de Sousa a Freire Antunes - e do desgaste provocado pelo duelo com o ministro Ulisses Cortez, ele estava bem cotado junto do chefe do Governo e não lhe faltariam oportunidades no quadro do regime.

Mas quando abandonou o Governo, em 1952, com quatro filhos e a mulher grávida do quinto, operou um corte radical na sua vida, aceitando um convite do empresário Raul Abecasis para dirigir a fábrica da Lusalite no Dondo, em Moçambique.

Foi amigo pessoal de Ian Smith, primeiro-ministro da Rodésia (hoje Zimbabwe), e do presidente Hastings Kamuzu Banda, do Malawi. Ainda antes do 25 de Abril de 1974, tentou pela via diplomática resolver a independência de Moçambique, apresentando o seu “Plano de Lusaka”, posteriormente substituído pelo Acordo de Lusaka, a seguir a conversações entre o governo português e a Frelimo, movimento que lutava pela independência.

Originalmente, o “Plano de Lusaka” previa a independência de Moçambique sem a entrega unilateral do poder à Frelimo. Joaquim Chissano, na altura responsável pelos serviços de segurança da Frelimo, soube em Lusaka dos planos de Jardim. Contudo, desconfiava que este estivesse envolvido no massacre de Wiriyamu: Jardim visitara o local para se aperceber da dimensão da tragédia e julga-se que terá sido precisamente devido a posterior contacto com Marcello Caetano que este, na posse de informações de Jardim, terá dado fim à carreira do general Kaúlza de Arriaga, comandante militar das forças coloniais em Moçambique.

Jorge Jardim passaria os seus últimos anos no Gabão como banqueiro associado do presidente Omar Bongo. Já viúvo de Teresa, vivia num apartamento luxuoso no mesmo edifício da sede do Interbanque com Palmira Barral, a sua segunda esposa, que fora candidata a Miss Moçambique e também servira de espia em alguns dos seus esquemas. Num fio que usava ao peito, mantinha a aliança do primeiro casamento e uma medalha de Nossa Senhora de Fátima.

Mas o banco tinha alguns problemas de capitalização e, talvez por isso, o seu médico e amigo Carlos Graça sentia-o angustiado. Um dia, ligaram-lhe: - Jardim estava numa reunião com o filho Carlos Frederico e caiu com a cabeça sobre a mesa. Levaram-no para um hospital a 100 metros de distância, mas não conseguiram reanimá-lo.

Carlos Graça achava que lhe deviam ter feito uma autópsia. O médico, que foi primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, diz que foi uma morte natural, mas não se esquece que este lhe pedia sempre para a investigarem porque tinha receio. «Andava sempre com uma cápsula de cianeto para não cair nas mãos dos inimigos».

Em 15 de Abril de 1952, fora distinguido como grande-oficial da Ordem Militar de Cristo; e, em 26 de Junho de 1962, foi agraciado como grande-oficial da Ordem do Império.

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