Um dos maiores símbolos do fado
castiço, Fernando Maurício nasceu na Rua do Capelão, no coração do
tradicional Bairro da Mouraria. De uma família centenária deste bairro,
com apenas oito anos começou a cantar numa taberna da rua onde morava, O
Chico da Severa.
Em 1947, ficou em 3º lugar no
concurso João Maria dos Anjos, organizado no Café Latino e
participou na Marcha Infantil da Mouraria, interpretando o papel do conde
de Vimioso.
Tendo abandonado a escola antes
de finalizar a instrução primária, o pai mandou-o aprender o ofício de sapateiro,
onde Fernando Maurício passava o tempo a estudar as letras de fado. Seria o seu
próprio patrão a incentivá-lo a dedicar-se à carreira de fadista.
Durante um período de três anos,
aos fins-de-semana, cantou em locais como o Café Latino, o Retiro dos
Marialvas, o Vera Cruz ou o Casablanca, ao Parque Mayer.
Aos 17 anos, interrompeu a
actividade a que voltaria apenas em 1954, no conhecido Café Luso. Actuou
depois noutras casas como a Adega Machado e O Faia.
Nos anos 1960 e 1970,
passou pela Nau Catrineta, a Kaverna, o Poeta, a Taverna
d’El Rey e, novamente, o Café Luso. Estas casas conquistaram novos
públicos com as suas actuações e Fernando Maurício,
reconhecido pela autenticidade com que interpretava o fado, passou a ser apelidado
de “Rei do Fado”.
Em 1969, recebeu o Prémio da
Imprensa. É do mesmo período a sua dupla com Francisco Martinho, com quem
partilhou muitas noites de fado na Adega Mesquita, cantando com êxito à
desgarrada e a solo.
O disco “De
Corpo e Alma sou Fadista” foi editado em 1984 pela Movieplay. Fernando
Maurício recebeu os Prémios Prestígio e de Carreira da Casa da
Imprensa em 1985 e 1986.
A Câmara Municipal de Lisboa
assinalou, em 1994, as bodas de ouro artísticas de Fernando Maurício no Teatro
São Luiz.
Em 2001, foi publicada a sua biografia
“O Fado É o meu Bairro” da autoria de Sara Pereira. Fernando Maurício
faleceu em Julho de 2003.
Em 2004, foi lançada a compilação
“Saudade de Fernando Maurício - Antologia 1961-1995”.
O realizador e produtor Diogo
Varela Silva realizou o documentário “O Rei Sem Coroa”, um trabalho que
também retrata o que foi a Lisboa popular entre os anos 1930 e 1980 do século
XX.
Nas proximidades do local onde
nasceu, foi inaugurado - em 22 de Junho de 2014 - um busto em bronze do
fadista, da autoria do escultor José Carlos Almeida.
Em 10 de Maio de 2001, no Coliseu
dos Recreios, fora agraciado pelo presidente da República, com o grau de comendador
da Ordem do Mérito.
Em Setembro de 2014, a Assembleia
Municipal de Lisboa aprovou por unanimidade e aclamação a atribuição do
nome de Fernando Maurício a um largo da Mouraria, bairro onde o fadista
nasceu e cresceu.
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