terça-feira, 28 de dezembro de 2004

«PARADOXOS»

O homem ergueu-se e falou,
Disse o que sentia e o que pensava
E os outros gritaram: - É doido!
E o homem sorriu e continuou
E os outros não quiseram ouvir a sua razão
E não lhe explicaram a deles
E gritavam sempre: - É doido! É doido!
E o homem parou.
As palavras para as quais se julgava ensurdecido
Começaram a retalhar-lhe os tímpanos
E a amarfanhar-lhe a alma,
Numa obsessão total,
E então gritou mais alto do que todos:
- Sou doido! Sou doido!
Eles, condoídos, acarinharam-no
E internaram-no numa clínica
Para ele deixar de ser doido...
... Mas ele conservou a sua loucura.

António França «Tony»

NB: - ao publicar este poema, a pedido de uma amiga, pretende-se homenagear o seu autor, em fase terminal de uma doença sem retorno... O título é de minha responsabilidade.

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