terça-feira, 30 de abril de 2019

30 DE ABRIL - ALFRED EDWARD HOUSMAN


EFEMÉRIDE - Alfred Edward Housman, professor, filósofo e poeta inglês, morreu em Cambridge no dia 30 de Abril de 1936. Nascera em Bromsgrove, em 26 de Março de 1859. Nas suas obras líricas, aliou a pureza do classicismo a uma inspiração romântica, triste e quase fatalista.
Depois dos estudos, trabalhou dez anos (1882/1892) num escritório de brevets, em Londres. Ocupava os seus tempos livres no estudo de clássicos.
A seguir, foi professor de Latim no University College, em Londres, passando depois para a Universidade de Cambridge (1911). Publicou uma grandiosa edição de Manílio (poeta) e textos críticos dos também poetas Juvenal e Lucano.
A sua primeira colectânea de versos tornou-o famoso: “A Shropshire Lad”, em 1896. Escreveu também, entre outros: “Últimos poemas”, em 1922; “Ainda alguns poemas”; e dois ensaios, dos quais o mais interessante e discutido foi “O nome e a natureza da poesia” (1933).
Morreu em Cambridge, mas as suas cinzas foram levadas para perto da sua terra natal, sendo sepultadas na Igreja St Laurence, em Ludlow. 

segunda-feira, 29 de abril de 2019

29 DE ABRIL - MARCELINO SAMBÉ


EFEMÉRIDE - Marcelino Sambé, bailarino clássico português, nasceu em Lisboa no dia 29 de Abril de 1994.
É amigo de infância do bailarino Telmo Moreira, tendo sido criados no bairro do Alto da Loba em Paço de Arcos e tendo tido aulas na mesma escola, a Escola de Dança do Conservatório Nacional, naquela altura dirigida pelo professor José Luís Vieira. Este, cinco meses após Marcelino ter ingressado na escola, levou-o ao concurso de dança do “Algarve Dançar-te”, onde obteve o primeiro lugar.
Marcelino nasceu Dia Mundial da Dança. filho de mãe portuguesa e pai guineense. Apesar do copo franzino, o seu destino estava traçado.
Ainda adolescente e já desenhava no espaço, em cada gesto, uma melodia musical que era interior e se expandia no ar, cheio de vida. A energia era muita. Marcelino não parava. Estava sempre em movimento, sempre a correr de um lado para outro. Dentro e fora das aulas.
Ele ria, dançava e fazia a festa nas aulas. A professora chamava a atenção. Exigia empenho. No final, deixava transparecer a doçura na voz que, poucos instantes antes, parecia zangada. Era um grupo de adolescentes, a maioria raparigas. O ambiente correspondia à alegria das suas idades. Mesmo num dia de distracção, via-se que a dança fazia parte dele.
O celular tocara, certa vez, a meio da aula. A professora ralhou. Ele foi a correr desligar. Corria a sorrir e a olhar para trás. Era miúdo, mas já conhecia as artimanhas da sedução. Pediu desculpas, ainda a correr, e disse: «Podia ser um jornalista...».
Marcelino somava prémios. Primeiro foram os nacionais. Em 2008, na China, venceu na categoria de Interpretação no Beijing International Ballet Invitation for Dance Schools. Conseguiu uma distinção do Youth American Grand Prix Competition, na categoria de júnior, em Nova Iorque.
Começou a actuar no Centro Comunitário do Alto da Loba, no grupo Estrelitas Africanas. Também ia a festas do bairro e a aniversários.
Em 2007, esteve no São Carlos, como parte do elenco do espectáculo “E Dançaram para Sempre”, de Clara Andermatt. Actuo também no CCB, como bailarino da ópera “Crioulo”. Estas foram experiências marcantes, que lhe abriram ainda mais o horizonte da dança.
Actualmente, Marcelino Sambé é solista na Royal Ballet School.

domingo, 28 de abril de 2019

28 DE ABRIL - LEE FALK


EFEMÉRIDE- Lee Falk, de seu verdadeiro nom Leon Harrison Gross, escritor, autor de banda desenhada, director e produtor teatral norte-americano, famoso por ter criado os personagens de BD O Fantasma e Mandrake, o Mágico, nasceu em St. Louis no dia 28 de Abril de 1911. Morreu em Nova Iorque, em 13 de Março de 1999.
Escreveu as suas histórias desde 1934 até aos seus últimos dias de vida. Os seus dois personagens principais estão ainda em actividade e continuam a ser populares.
Passou a infância e a adolescência em Saint Louis e, terminados os estudos universitários, adoptou o pseudónimo “Lee Falk”. Desconhece-se o que o levou a escolher “Falk”, mas “Lee” era a sua alcunha desde criança.
Quando iniciou a carreira como escritor de banda desenhada, a sua biografia oficial apresentava-o como um experimentado viajante que explorara o mundo e que estudara com grandes místicos do Oriente. A verdade, porém, é que inventou estes dados, de modo a tornar mais credíveis as histórias de Mandrake e do Fantasma, ambos aventureiros cosmopolitas. A viagem a Nova Iorque para dar a conhecer Mandrake à editora King Features Syndicate foi, com efeito, a maior viagem que fizera até então. Posteriormente, viajaria à volta do mundo, em parte para evitar o embaraço de ser desmascarado por viajantes e aventureiros autênticos. 
Após se graduar na Universidade de Illinois, trabalhou numa agência de publicidade como redactor e escreveu e produziu programas de rádio para uma emissora da sua cidade natal. Foi então que conheceu um jovem ilustrador chamado Phil Davis. Juntos criaram Mandrake, que venderam ao King Features Syndicate, de Nova Iorque. Esta BD estreou em Junho de 1934 e, no ano seguinte, chegou às páginas coloridas de vários suplementos dominicais.
Mandrake evocava a essência dos mágicos de vaudeville, que faziam espectáculos itinerantes pelo sul dos Estados Unidos, muito populares entre 1880 e 1920. As apresentações combinavam números de dança e acrobacias, música popular, encenações de operas e peças de teatro, adestramento de animais e todo o tipo de «maravilhas exóticas de todas as partes do mundo». Estes elementos marcaram a infância de Falk e tornaram-se a matéria prima das aventuras do mágico e do seu fiel companheiro, o nobre africano Lothar. O rosto do personagem, baseado no do próprio Falk, reunia todos os traços típicos do homem de aventuras exóticas que o cinema da época se tinha encarregado de mitificar: elegante, viril, enigmático, cavalheiresco e pronto para a acção. 
Com o sucesso de Mandrake, Lee Falk tinha encontrado a galinha dos ovos de ouro. Criou, então - em colaboração com o desenhador Ray Moore - O Fantasma, um dos mais célebres e duradouros mitos das histórias aos quadradinhos. Antes dele, já existiam heróis justiceiros, mas aquele mascarado era o justiceiro no sentido mais puro. Ele lutava sempre em defesa dos oprimidos. Os seus combates eram contra piratas e traficantes, a ralé da espécie humana. O herói trazia o rosto coberto com uma máscara, alimentando a aura de mistério que o cercava.
Face a um guião primoroso, o desenhador Ray Moore - criador visual das histórias - caprichou com os seus desenhos, cheios de sombras sugestivas e cenas nocturnas, suaves e mágicas. O Fantasma, que saiu nos jornais em Fevereiro de 1936, teve um sucesso absoluto. 
No teatro, Falk encontrou uma nova paixão a partir dos anos 1950. Produziu pelo menos 300 peças durante toda a sua vida, tendo dirigido mais de 100. Também trabalhou como dramaturgo, escrevendo 12 peças autorais, entre as quais duas foram os musicais “Happy Dollar” e “Mandrake the Magician”.
Lee Falk faleceu aos 87 anos, vítima de um ataque cardíaco. Morava em Nova Iorque, num luxuoso apartamento frente ao Central Park.

sábado, 27 de abril de 2019

27 DE ABRIL - UMBERTO MAGNANI


EFEMÉRIDE - Umberto Magnani Netto, actor e produtor brasileiro, morreu no Rio de Janeiro em 27 de Abril de 2016. Nascera em Santa Cruz do Rio Pardo no dia 25 de Abril de 1941. Teve uma extensa carreira no teatro, na televisão e no cinema. Muito premiado, ele marcou a dramaturgia brasileiras, como intérprete e, também, como produtor de espectáculos consagrados.
A família era de origem italiana. Aos 13 anos, começou a trabalhar como locutor de um programa infantil na rádio. Casou com a actriz Cecília Maciel Magnani, com quem teve três filhos. Umberto começou a sua carreira após se formar como actor, na Escola de Arte Dramática, em São Paulo, na década de 1960.
Em 1968, entrou para o Teatro de Arena, substituindo Antônio Fagundes na peça “Primeira Feira Paulista de Opinião”, de Lauro César Muniz. Actuou, depois, nas peças “Frank V” (1973), “Concerto nº 1 para Piano e Orquestra” (1976) e destacou-se como actor, em 1977, em “O Santo Inquérito”, de Dias Gomes. A sua primeira produção nos palcos foi a peça “Palhaços”, em 1971. Em muitos dos seus espectáculos como intérprete, actuou também como produtor. Foi o caso de “Mocinhos Bandidos” (1979), “Lua de Cetim” (1981), “Cabeça e Corpo” (1983), “Louco Circo do Desejo” (1985) e “O Jogo” (1994). Em 1996, ao lado do filho Beto Magnani, actuou no espectáculo “Avesso”. Em 2014, participou na montagem da peça “Elza e Fred”, com Suely Franco. No cinema, actuou em “Quanto Vale Ou É Por Quilo?” (2005), “Cristina Quer Casar” (2003), “Cronicamente Inviável” (2000), “Kuarup” (1989) e “A Hora da Estrela” (1985), entre outros filmes.
Estreou-se na televisão em 1973, interpretando o personagem Zé Luís, na primeira versão da novela “Mulheres de Areia”, na extinta TV Tupi. Na Globo, participou em novelas consagradas, como “Felicidade” (1991), “História de Amor” (1996), “Por Amor” (1997), “Mulheres Apaixonadas” (2003), “Cabocla” (2004), “Alma Gémea” (2005) e “Páginas da Vida” (2006). Também participou em mini-séries como “Presença de Anita” (2001) e “Sandy & Júnior” (1999). Na Rede Record, actuou nas novelas “Chamas da Vida” (2008), “Ribeirão do Tempo” (2010), “Máscaras” (2012) e “Balacobaco” (2012). O seu último trabalho na Record foi na elogiada série “Conselho Tutelar” (2015). Em 2016, após 10 anos na Rede Record, voltou à Globo para actuar na novela “Velho Chico”.
Umberto Magnani teve igualmente intensa actividade como professor e nas áreas administrativas e até políticas ligadas ao sector. Foi director da Associação dos Produtores de Espectáculos Teatrais do Estado de São Paulo, entre os anos de 1972 e 1988; director regional em São Paulo da Fundação Nacional de Artes Cénicas, do Ministério da Cultura de 1977 a 1990; presidente da Comissão de Teatro da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, em 1985; membro da Comissão de Reconhecimento dos Cursos de Artes Cénicas do Ministério da Educação em 1987 e 1988; membro do Conselho Director do Laboratório Cénico de Campinas da Prefeitura Municipal de Campinas em 1988 e 1989; coordenador das oficinas de Teatro Comunitário do Programa Universidade Solidária de 1996 e 1999. Foi ainda secretário da Cultura e Turismo em Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, nos anos 2001 e 2002.
Entre os prémios que ganhou, estão o Troféu Mambembe e o Prémio Molière de Melhor Actor em 1981, pela sua actuação no espectáculo “Lua de Cetim”. Em 1988, recebeu o Troféu Mambembe e o Prémio Governador do Estado de Melhor Actor com “Às Margens do Ipiranga”. Ganhou também o Prémio Governador do Estado de Melhor Actor em 1989 pela peça “Nossa Cidade”.
No dia 25 de Abril de 2016, Umberto Magnani foi afastado da novela “Velho Chico” e substituído pelo actor Carlos Vereza, após sofrer um acidente vascular encefálico. Nesse mesmo dia, completava os 75 anos. Foi submetido a uma cirurgia, mas não resistiu e faleceu dois dias depois.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

26 DE ABRIL - JONATHAN DEMME


EFEMÉRIDE - Jonathan Demme, realizador, produtor e cenarista norte-americano, morreu em Nova Iorque no dia 26 de Abril de 2017. Nascera em Baldwin, em 22 de Fevereiro de 1944.
Jonathan descobriu o cinema durante os seus estudos na Universidade da Flórida, ao ocupar-se das relações com a imprensa de vária empresas cinematográficas. Escreveu e produziu “Angels hard as they come” (1971), antes de realizar os seus dois primeiros filmes: “Cinco Mulheres a Abater” (1974) e “Crazy Mama” (1975).
Recebeu o Oscar de Melhor Realização com “Silêncio dos Inocentes”, em 1991. O filme, uma das obras emblemáticas do cinema na década de 1990, protagonizado por Jodie Foster e Anthony Hopkins, ganhou os cinco principais Oscars, algo inédito desde 1975. Antes, havia dirigido Michelle Pfeiffer no original “ViúvaMas Não Muito” (1988) e Jeff Daniels e Melanie Griffith em “Selvagem e Perigosa” (1986).
Jonathan Demme também se envolveu com a música pop. Em 1984, dirigiu “Stop Making Sense”, filme de culto que protagonizava o grupo nova-iorquino Talking Heads tocando ao vivo num dos espectáculos da tournée de promoção do disco “Speaking in Tongues”. No ano seguinte, realizou o vídeo promocional do single “The Perfect Kiss”, da banda inglesa New Order. O vídeo fugia completamente do chamado “padrão MTV”: em vez de mostrar o grupo dobrando a canção em playback, mostrava os elementos da banda a tocar ao vivo num estúdio, com planos quase sempre fechados nos rostos dos músicos (que não olhavam para as câmaras) e nas mãos deles tocando os instrumentos. Demme tornou-se um fã do pop-rock electrónico dançante dos New Order e passou a usar músicas de grupos nas bandas sonoras de alguns dos seus filmes, como Temptation em “Selvagem e Perigosa” e Bizarre Love Triangle em “Viúva… Mas Não Muito”.
Uma das suas características era o modo como as personagens olhavam directamente para a câmara. Outra das suas marcas, eram os créditos finais dos seus filmes: em quatro deles, aparece a frase em português «A Luta Continua», juntamente com o símbolo do MFA (Movimento das Forças Armadas), em memória do 25 de Abril de 1974 em Portugal, também conhecido como a Revolução dos Cravos, uma data histórica que o marcou profundamente.
Jonathan fundou a sua própria produtora de cinema, Clínica Estético, com os produtores Edward Saxon e Peter Saraf. Ela esteve sediada em Nova Iorque durante quinze anos.
Jonathan Demme teve três filhos. Morreu aos 73 anos, devido a complicações relacionadas com um cancro no esófago.
Entre os prémios recebidos, para além do Oscar, foi galardoado com um Globo de Ouro de Melhor Realizador (1991) e nomeado para o BAFTA de Melhor Realizador e para o César de Melhor Filme, ambos também em 1991. Recebeu ainda o Urso de Prata de Melhor Realizador, no Festival de Berlim/1991.
Era um defensor dos Direitos do Homem e fundador da associação Artists for Democracy in Haïti.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

25 DE ABRIL - KAREL APPEL


EFEMÉRIDE - Christiaan Karel Appel, pintor, designer, artista gráfico e escultor holandês, co-fundador do grupo CoBrA em 1948, nasceu em Amesterdão no dia 25 de Abril de 1921. Morreu em Zurique, em 3 de Maio de 2006.
Estudou na Academia Real de Belas-Artes de Amesterdão, entre 1940 e 1943, onde se tornou amigo de Guillaume Corneille, o seu futuro companheiro no CoBrA. Começou a expor os seus trabalhos em 1946 e, depois, foram feitas exposições ao longo da sua carreira, um pouco por todo o mundo e em locais de enorme prestígio.
O grupo CoBrA publicou dois números da revista “Reflex”. No ano seguinte, foi iniciada a publicação da revista “Cobra”, na Dinamarca, Bélgica e Holanda.
Viveu em Paris a partir do início da década de 1950, em Nova Iorque na década seguinte, na Itália e na Suíça, onde faleceu. Viajou pelo México, Jugoslávia e Brasil. Granjeou grande reputação internacional.
Appel pintou retratos de músicos de jazz e executou vários trabalhos públicos, incluindo um mural na sede da UNESCO em Paris.
Os seus primeiros trabalhos lembram a pintura do realista neerlandês George Hendrik Breitner (1857/1923), porém - já na época da Segunda Guerra Mundial - voltou-se para o Expressionismo alemão e principalmente para a obra de van Gogh.
Há um ponto de inflexão no estilo de Appel, por volta de 1945, quando encontrou inspiração na Escola de Paris, particularmente em Matisse, Jean Dubuffet e Picasso. Esta influência, que persistiu até 1948, pode ser observada, por exemplo, numa série de esculturas de gesso dessa época.
A partir de 1947, o seu colorido universo pessoal foi constituído por seres simples, infantis e animais amistosos, que povoam as suas pinturas, desenhos e esculturas de madeira pintada.
Com o seu sentido de humor, elaborou também grotescas montagens, relevos em madeira e pinturas, como “Hip, Hip, Hooray”, que está na Galeria Tate de Londres.
Morreu aos 85 anos, sendo sepultado no cemitério do Père Lachaise, em Paris.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

25 DE ABRIL - MEMÓRIA DE UMA MADRUGADA


MEMÓRIA DE UMA MADRUGADA

Saí de casa às quatro da manhã e dirigi-me para o aeroporto. Destino previsto – Amesterdão. Destino inesperado – Portugal e a Liberdade reconquistada.
- Não pode passar! - Disse amavelmente um soldado. - Mas estou atrasado! E tenho de apanhar um avião! – Ripostou ele. - A tropa justificará tudo!
Assim, sem esperar, fiquei a saber que algo se passava em Lisboa. Regressei a casa, já com a rádio ligada e numa ansiedade extrema. Subi as escadas a correr, acordei a família e liguei a telefonia. Cada notícia, cada marcha, eram por mim escutadas e sorvidas numa tentativa de descodificação. Um golpe? Mas de quem? – O cérebro começou a funcionar como uma roleta e vários nomes começaram a surgir. Kaúlza? Spínola? Um movimento de oficiais? Quem? A informação disponível era escassa. Para cada palavra ouvida na rádio, tentava descobrir o significado real.
Quando me pareceu já não haver dúvidas, contrariando os pedidos feitos pela rádio, fui para a rua. O futuro, há tanto desejado, esperava-me. A luz aparecia ao fundo do túnel.  

Sim, saí para a rua como hoje, 40 anos volvidos. Sorriso nos lábios e em breve um cravo no peito. Hoje, no entanto, mal passei a porta, ouviu um «viva Salazar!». Um indivíduo, modestamente vestido, franzino, dava passos apressados, parava, gesticulava, pronunciava palavras que mais pareciam grunhidos e, olhando para as janelas, soltava o seu grito blasfemo. Eu, que me julgava incapaz de tal sentimento, odiei-o e, secretamente, com a serenidade possível, relembrei os tempos do «velho ditador».  

Relembrei os saltos até Paris. As peregrinações à Editora Maspero, onde passava parte dos tempos livres. Lendo títulos, folheando livros, comprando jornais... Todas as oposições do mundo ali estavam representadas. Ali comprou o “Avante” da clandestinidade, publicações chinesas, livros soviéticos, livros cubanos, alguns brasileiros, outros portugueses... A fartura era tanta que me acontecia olhar desconfiado para o cidadão do lado, que também folheava publicações em português. Sempre a sombra da PIDE/DGS omnipresente!
Tomara conhecimento nas décadas 1950/70 com nomes aqui proibidos. Ao acaso, lembrava Jorge Amado, Fidel Castro, Che Guevara, Dolores Ibarruri (a tal que preferia morrer de pé do que viver de joelhos) e Amílcar Cabral; também Mário Soares, Raul Rego, José Magalhães Godinho e Salgado Zenha, homens publicados sobretudo em tempo de eleições (poucas e duvidosas); Aquilino Ribeiro, Soeiro Pereira Gomes, Urbano Tavares Rodrigues e tantos outros. Claro que também ia lendo os clássicos... Marx, Engels, Lenine, Politzer, Cunhal, Sartre, Marcuse…
Relembrei os filmes que via lá fora e que em Lisboa não podia ver. Às vezes, por motivos bem ridículos... Mas sempre «a bem da nação, da moral e dos valores ocidentais». Outros filmes, conseguia ver, mas de tal maneira mutilados, nos diálogos ou nas imagens, que constituíam verdadeiros atentados à cultura.
Relembrei alguns cantores «malditos»: o Luís Cília, o Letria, o José Mário Branco, o Adriano, o Zeca Afonso, o Tordo (e a sua dupla com Ary que nos daria algumas das mais belas canções portuguesas). E tantos, tantos outros. Relembrei as eleições de Humberto Delgado, o sequestro do “Santa Maria” e as Guerras no Ultramar.
Relembrei as notícias que não podia ler ou que eram deturpadas. O suicídio que não passava de um acidente ou de morte natural. Como podia ele ser justificado se tudo era um paraíso? – O desemprego – esse não existia! Pois pudera! – Os desempregados emigravam... Mas porque se emigraria se cá se vivia tão bem? – A Guerra no Ultramar? – Mera propaganda comunista. Não havia problemas! – Os soldados embarcavam a cantar, enviavam mensagens às famílias em todos os Natais e quando regressavam eram recebidos com vivas, beijos e abraços. Tudo normal. Por vezes, até eram recebidos festivamente pelas bandas musicais das suas terras. Não regressavam todos? Não regressavam inteiros? Caluda! Portugal tinha de ignorar. As famílias que sofressem individualmente no recato das suas casas.
Os portugueses eram um povo castigado. Uns sofriam no espírito. Não podiam (ou podiam dificilmente) saber mais do que aquilo que lhes era debitado pelos órgãos de comunicação. Outros sofriam no corpo. Heroicamente resistiam. Hipotecavam as suas próprias vidas. Outros, pior ainda, aliavam as duas espécies de sofrimento – o físico e o moral. Outros ainda, por cá passavam sem dar por isso, ignorantes, distraídos – propositadamente ou sem querer. Eram as raízes criadas pelo próprio sistema. Raízes que se aquietavam na tranquilidade de nada fazer para que tudo ficasse na mesma. Antes assim que pior. Os outros que pensassem por eles. Finalmente, certamente uma minoria – aqueles que seriam os verdadeiros fascistas, os homens do regime, os homens do capital, os homens sem rosto nem pátria. Tanto podiam explorar aqui como noutro sítio, com dinheiro e cúmplices em todo o lado, com todo o tempo para esperar... Anos mais tarde, voltariam à tona de água para pedir as indemnizações «devidas por um Estado Democrático». A palavra Democracia deveria, no entanto, ser considerada ofensiva em semelhantes bocas.  

Todos estes acontecimentos e considerações percorreram em tropel a minha memória, memória de uma madrugada em que tudo mudou, em que a ruptura se consumou. Entretanto, rua abaixo, ouviam-se os tais vivas a Salazar. Em breve, porém, o «ódio» se transformaria em pena. O pobre, segundo disseram algumas pessoas que o conheciam, tivera grandes desgostos familiares, tornara-se alcoólico e chegara a estar internado num hospital psiquiátrico. Agora, vagueava ao acaso, como um náufrago, pelas ruas e avenidas desta cidade, que lhe fora madrasta. Desculpei-o no meu íntimo. Tratava-se afinal de um pobre débil mental.

Gabriel de Sousa/2014

25 DE ABRIL SEMPRE!


24 DE ABRIL - MAFALDA VILHENA


EFEMÉRIDE - Ana Mafalda Furtado Vilhena, actriz portuguesa, nasceu em Lisboa no dia 24 de Abril de 1973.
É casada, desde 2003, com o também actor Pepê Rapazote, de quem tem duas filhas, Júlia (2005) e Leonor (2009). É irmã do artista plástico e actor Joao Vilhena, sobrinha do jornalista Joaquim Furtado e prima de Catarina Furtado (actriz e apresentadora).
Conhecida sobretudo pelas suas actuações na televisão, protagonizou cerca de 60 séries e telenovelas, transmitidas nos canais RTP, TVI e SIC. Entre estes trabalhos, podem destacar-se “Roseira Brava” e “Morangos com Açúcar”.
Tem os cursos de Formação de Actores do Instituto de Formação, Investigação e Criação Teatral e de Teatro da Escola Superior de Teatro e Cinema.
No teatro, participou em várias peças, como: “Trilhos” (1994), “Os Gladiadores” (1996), “O Crime da Aldeia Velha” (1997), “Hedda Gabler” (1998) e “Orgia” (1999).
No cinema, entrou em diversos filmes: “La Reigne Margot” (1993), “Shejar” (1995), “Vianna da Motta” (1999), “Combat d'Amour en Songe”, “Comboio da Canhoca” (2002) e “L'Homme Ideal” (2002).

terça-feira, 23 de abril de 2019

23 DE ABRIL - BALTASAR LOPES DA SILVA


EFEMÉRIDE - Baltasar Lopes da Silva, professor, escritor e linguista cabo-verdiano, nasceu na aldeia de Caleijão, São Nicolau, em 23 de Abril de 1907. Morreu em Lisboa no dia 28 de Maio de 1989. Em alguns dos seus poemas, usou o pseudónimo ‘Osvaldo Alcântara’. Escrevia em português e em crioulo.
Em 1936, com a colaboração de outros escritores, foi um dos fundadores da revista cabo-verdiana “Claridade”. Era uma revista de ensaios, poemas e contos. Os colaboradores da revista denunciavam os problemas da sua sociedade, como a seca, a fome e a emigração. A revista salientava, assim, a realidade cabo-verdiana, especialmente dos grupos sociais mais carenciados.
Em 1947, publicou o seu primeiro livro, o romance “Chiquinho”. Nele são descritos os costumes, as pessoas, as paisagens e os problemas sociais e familiares que existiam em Cabo Verde na primeira metade do século XX. É considerado o maior romance da literatura cabo-verdiana.
Escreveu também uma descrição dos crioulos de Cabo Verde, “O Dialecto Crioulo de Cabo Verde”, livro publicado pela Imprensa Nacional em Lisboa (1957). Um poema seu, “Ressaca”, encontra-se no CD “Poesia de Cabo Verde e Sete Poemas de Sebastião da Gama”, de Afonso Dias.
Tendo concluído os estudos secundários no Seminário de São Nicolau, viajou para Portugal para estudar na Universidade de Lisboa. Durante o seu tempo em Lisboa, Baltasar Lopes estudou com importantes figuras da cultura portuguesa, como - por exemplo - Vitorino Nemésio e Luís da Câmara Reis. Formou-se em Direito e Filologia Românica, tendo sempre obtido excelentes notas. Depois da universidade, Baltasar Lopes regressou a Cabo Verde, onde exerceu o cargo de professor no Liceu Gil Eanes, em São Vicente. Após alguns anos, foi nomeado reitor deste liceu.
Chegou a deixar a colónia portuguesa para vir ensinar em Leiria (Portugal), mas foi por um período breve. Devido às dificuldades de relacionamento com a política portuguesa de então, regressou a Cabo Verde, onde continuou a ensinar, a escrever e a exercer advocacia.
Os seus últimos dias de vida foram passados em Lisboa, para onde fora transferido a fim de ser submetido a tratamento de uma doença cerebrovascular. Faleceu pouco tempo depois.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

22 DE ABRIL - VIANNA DA MOTTA


EFEMÉRIDE - José Vianna da Motta, pianista, compositor, maestro e musicógrafo português, nasceu em São Tomé e Príncipe no dia 22 de Abril de 1868. Morreu em Lisboa, em 1 de Junho de 1948, aos 80 anos.
Nascido na ex-colónia portuguesa de São Tomé, pouco tempo depois, viajou para Lisboa com os pais. Aqui estudou no Conservatório Nacional de Lisboa, então designado Conservatório Real de Lisboa. Revelou cedo uma grande aptidão para a música, particularmente para o piano, tendo composto a sua primeira peça musical com 5 anos de idade.
Por iniciativa do pai, foi levado à corte em 1874, tendo com isso obtido o patrocínio dos seus estudos pelo rei D. Fernando II e sua esposa, a Condessa de Edla. Até 1882, apresentou-se várias vezes não só em recitais privados, mas também em recitais públicos, nomeadamente no Salão da Trindade. Durante esse período, compôs dezenas de obras - sobretudo para piano a solo - dos mais variados géneros: valsas, mazurcas, polcas, marchas, fantasias, etc.
Após concluir os estudos no Conservatório em 1882, partiu para Berlim, custeado pelo real mecenas, ingressando no Conservatório Scharwenka, onde teve aulas de piano com Xaver Scharwenka e aulas de composição com o irmão Philipp Scharwenka. Estudou paralelamente com Carl Schaeffer, membro da Sociedade Wagneriana, que exerceu grande influência em Vianna da Motta, a julgar pelo conteúdo dos seus diários.
No Verão de 1885, frequentou um estágio de piano de Franz Liszt, em Weimar, tendo por isso sido um dos últimos alunos deste mestre húngaro. Parte dessa experiência é relatada por Vianna da Motta nas suas obras literárias “A Vida de Liszt” e “Música e músicos alemães”. Em 1887, frequentou o curso de interpretação de Hans von Bülow, em Frankfurt am Main, experiência descrita por Vianna da Motta na sua correspondência, posteriormente publicada em livro.
Durante a sua carreira de pianista concertista, que arrancou verdadeiramente em 1887, Vianna da Motta deu mais de mil concertos por todo o mundo - muitos dos quais perante presidentes, reis e imperadores - nomeadamente na Alemanha, em Portugal, em França, em Espanha, em Inglaterra, em Itália, na Dinamarca, no Brasil, na Argentina, no Uruguai, nos Estados Unidos, em Marrocos, na Rússia, etc. Destacou-se no quadro dos distintos pianistas da sua época, sendo particularmente elogiado pela imprensa e pela crítica, nas suas interpretações de Bach, Beethoven e Liszt. Tocou com músicos célebres da época, tais como Pablo de Sarasate, Guilhermina Suggia, Alice Barbi, Tivadar Nachéz, Enrique Fernández Arbós, Bernardo Moreira de Sá, Eugène Ysaÿe, etc. Foi amigo próximo de Ferruccio Busoni e Isidor Philipp e contactou com diversas personalidades do mundo da música.
Com o início da Primeira Guerra Mundial, Vianna da Motta viu-se obrigado a abandonar a sua residência em Berlim e, em 1915, instalou-se em Genebra. Aí dirigiu a classe de virtuosidade da Escola Superior de Música até 1917, ano em que regressou definitivamente a Portugal. À sua chegada a Lisboa, fundou a Sociedade de Concertos da qual foi o primeiro director artístico. Assumiu, em 1919, o cargo de director do Conservatório Nacional de Lisboa, que manteve até 1938. No primeiro ano do exercício dessa função, e com a colaboração de Luís de Freitas Branco, procedeu à reforma do ensino da música aí praticado, modernizando os seus programas e métodos pedagógicos. Exerceu também o cargo de director musical da Orquestra Sinfónica de Lisboa, entre 1918 e 1920.
Realizou inúmeras primeiras audições em Portugal de obras há muito consagradas - como a integral das 32 sonatas de Beethoven, no centenário da sua morte assinalado em 1927 - e de obras de compositores seus contemporâneos. Publicou assiduamente artigos em revistas especializadas alemãs e portuguesas sobre técnica e interpretação pianísticas, assim como estudos acerca da música de Wagner e Liszt. Colaborou nas revistas “A Arte Musical” (1898/1915) e “Lusitânia” (1924/1927).
Entre os seus discípulos, destacam-se os pianistas José Carlos Sequeira Costa, Maria Helena Sá e Costa, Maria Manuela Araújo, Elisa de Sousa Pedroso, Campos Coelho, Maria Cristina Lino Pimentel, Marie Antoinette Aussenac, Nella Maissa, Guilherme Fontainha, Maria da Graça Amado da Cunha, Fernando Corrêa de Oliveira, Luiz Costa, o musicólogo João de Freitas Branco e o compositor Fernando Lopes-Graça.
José Vianna da Motta foi importante para a história da música em Portugal, no âmbito da música de concerto, por lhe caber o mérito da primeira procura e criação consciente de música culta de carácter nacional. São disso testemunho a sua obra mais relevante - a sinfonia “À Pátria”, as suas composições pianísticas e as suas canções para canto e piano.
Na Alemanha, foi-lhe concedido o título de Hofpianist (pianista da Corte) por Carlos Eduardo de Saxe-Coburgo-Gota. Foi grande-oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1920), grande-oficial da Ordem Militar de Cristo (1930) e Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1938).
Casou a primeira vez com Margarethe Lemke, a segunda vez com Irma Harden e a terceira com Berta de Bívar, a única com quem teve filhos.
Passou os últimos anos de vida na residência da sua filha Inês e do seu genro, o psiquiatra Henrique João de Barahona Fernandes. 

domingo, 21 de abril de 2019

21 DE ABRIL - JOSEP PALAU I FABRE


EFEMÉRIDE - Josep Palau i Fabre, escritor e crítico literário espanhol de expressão catalã, nasceu em Barcelona no dia 21 de Abril de 1917. Morreu na mesma cidade em 23 de Fevereiro de 2008.
As suas obras, multifacetadas, atravessaram o século XX. Ele é representativo da literatura catalã do pós-guerra e foi um perito mundial da obra de Pablo Picasso.
Filho de um pintor e decorador, Josep iniciou-se na criação literária, até ao fim dos anos 1930, particularmente no domínio da poesia.
Estuda Letras na Universidade de Barcelona e, durante os anos 1950, trabalhou activamente como colaborador de diversas revistas literárias. Além disso, era editor em La Sirena, tendo editado - por exemplo - as obras de Salvador Espriu.  De 1946 a 1961, residiu em Paris.
Além de poesias, publicou peças de teatro, novelas e ensaios, entre os quais se deve salientar os escritos sobre Picasso.
Palau i Fabre foi também um tradutor muito activo, tendo traduzido em catalão obras de Antonin Artaud, Arthur Rimbaud e Honoré de Balzac, assim como cartas de uma religiosa portuguesa. Os seus próprios livros foram traduzidos em vários idiomas.
Recebeu numerosos prémios e recompensas na Catalunha, o grau de oficial da Ordem das Artes e das Letras de França (2000), o doutoramento honoris causa da Universidade das Ilhas Baleares (2000) e o Prémio da Crítica Serra de Ouro pela sua obra completa (2006). Faleceu com 90 anos.

sábado, 20 de abril de 2019

20 DE ABRIL - HERMAN BANG


EFEMÉRIDE - Herman Joachim Bang, escritor e jornalista dinamarquês, nasceu na pequena ilha de Als em 20 de Abril de 1857. Morreu em Ogden, Utah, no dia 29 de Janeiro de 1912, quando se aprestava para fazer uma série de conferências nos Estados-Unidos.
Bang era filho de um pastor evangélico. A mãe morreu quando ele era ainda muito pequeno.
Aos vinte anos, publicou dois volumes de ensaios críticos sobre o movimento realista. Em 1880, publicou o romance “Famílias Sem Esperança”, que despertou uma imediata atenção. O personagem principal era um jovem que tinha um relacionamento com uma mulher mais velha. O livro foi considerado obsceno e foi banido.
Depois de algum tempo em viagens, por Berlim, Viena e Praga, e de uma bem-sucedida tournée de palestras na Noruega e na Suécia, fixou-se em Copenhaga e produziu uma série de romances e colectâneas de contos que o colocaram na linha da frente dos romancistas escandinavos. Entre as suas histórias mais famosas, estão “Fædra” (1883) e “Tine” (1889).
Outras obras a destacar, são: “A Casa Branca” (1898), “Histórias Excêntricas” (1885), “Existências Silenciosas” (1886), “Vida e Morte” (1899), “O Anjo Miguel” (1902), um volume de poemas (1889) e “Dez Anos” (1891).
Influenciado nos seus primeiros livros pelo naturalismo francês, evoluiu para o impressionismo. É considerado um dos mestres da literatura dinamarquesa, no que respeita a retratos psicológicos femininos.  As suas obras descrevem, quase sempre, existências falhadas ou infelizes. Homossexual excluído pelos códigos morais da época, os seus sentimentos transparecem nas relações hétero dos seus personagens. Foi adaptado várias vezes ao cinema.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

19 DE ABRIL - EDWIN VALERO


EFEMÉRIDE - Edwin Valero, pugilista venezuelano, morreu em Valencia, Carabobo, em 19 de Abril de 2010. Nascera em Bolero Alto no dia 3 de Dezembro de 1981.
Conquistou os títulos mundiais de pesos superplumas da Associação Mundial de Boxe e de pesos ligeiros do Conselho Mundial de Boxe. Conseguiu 18 vitórias consecutivas por KO no primeiro round, marca só ultrapassada depois por Tyrone Brunson. Na sua carreira profissional, ganhou um total de 27 combates sem derrotas, sendo um dos poucos atletas que encerraram, invictos, as suas carreiras.
Em 18 de Abril de 2010, quando de uma estadia em companhia da mulher no Hotel Internacional de Valencia, apresentou-se na recepção informando que acabara de assassinar a esposa. Foi preso pela polícia.
Morreu por suicídio, no dia seguinte, nas instalações da Polícia do Estado de Carabobo, onde ficara detido por ter confessado o homicídio.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

18 DE ABRIL - AUGUSTO FREDERICO SCHMIDT


EFEMÉRIDE - Augusto Frederico Schmidt, poeta da segunda geração do Modernismo brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro em 18 de Abril de 1906.  Morreu na mesma cidade em 8 de Fevereiro de 1965. Nos seus poemas, falou sobretudo da morte, de ausências, de perdas e de amor.
Foi assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República do Brasil e embaixador do Brasil na ONU e na então Comunidade Económica Europeia. Foi também editor e dono da Livraria Schmidt Editora, no Rio de Janeiro. Foi casado com Yedda Ovalle Schmidt.
Entre os seus principais livros, estão “O Galo Branco” (1948), “Estrela Solitária” (1940) e “Prelúdio à Revolução. Como editor, publicou livros importantes, como “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freyre e “Caetés”de Graciliano Ramos.
Augusto Frederico Schmidt foi ainda presidente do Club de Regatas Botafogo, entre 1941 e 1942. Um dos últimos actos da sua gestão foi idealizar a fusão do clube que presidia com o homónimo de futebol, Botafogo Football Club, criando assim o Botafogo de Futebol e Regatas. A ideia surgiu em decorrência da morte do atleta de basquetebol Armando Albano, durante uma partida entre os dois clubes. Apesar de idealizador, o cargo de presidente do novo clube não ficou com Schmidt, mas sim com Eduardo Góes Trindade, então presidente da outra agremiação.
Espírito criativo e polivalente, foi também empresário, tendo sido um dos fundadores da cadeia de supermercados DISCO no Rio de Janeiro, além de sócio maioritário da Orquima S.A., indústria precursora da energia nuclear brasileira.
Foi amigo pessoal do presidente da República Juscelino Kubitschek (1902/1976). Escreveu inúmeros discursos para o presidente e várias das suas ideias vieram a ser realizadas, como a criação da Operação Pan-Americana (OPA), uma iniciativa que iria inspirar a Aliança para o Progresso, criada pelos Estados Unidos na administração Kennedy.
Faleceu sem deixar descendentes, sendo sepultado no Cemitério São João Baptista. Tinha duas irmãs, Anitta e Magdalena, esta última sendo sua revisora de textos. Era neto do visconde de Schmidt (Frederico Augusto Schmidt), um dos homens mais ricos do Império, o qual havia amealhado uma imensa fortuna com uma empresa de importação e exportação, a Schmidt & Cia.
A livraria de Schmidt, fundada em 1930, foi igualmente ponto de encontro dos intelectuais modernistas da época. Era ali que se reunia o grupo conhecido como Círculo Católico. Lançou obras de escritores de nomeada, como Raquel de Queirós, Vinícius de Morais e Jorge Amado, entre outros.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

17 DE ABRIL - BARBARA BUSH


EFEMÉRIDE - Barbara Pierce Bush, esposa do ex-presidente norte-americano George H. W. Bush e primeira-dama dos Estados-Unidos de 1989 a 1993, morreu em Houston no dia 17 de Abril de 2018. Nascera em Nova Iorque, em 8 de Junho de 1925. Era mãe do ex-presidente dos Estados-Unidos George W. Bush (2001/2009) e do ex-governador da Flórida, Jeb Bush (1999/2007).
Barbara cresceu no subúrbio de Rye, perto da cidade de Nova Iorque. Foi num baile. no Natal de 1941, que conheceu George, um jovem formando da Phillips Academy em Andover. Um ano e meio depois, os dois ficaram noivos, pouco antes de George ir para a Segunda Guerra Mundial, como piloto.
Quando regressou, Barbara saiu do Smith College, em Northampton. Duas semanas mais tarde, em Janeiro de 1945, realizou-se o casamento.
Depois da guerra, George formou-se na Universidade Yale e, então, mudou-se para Midland, no Texas, iniciando carreira na indústria petrolífera. Tiveram seis filhos.
Ela cuidava da família, enquanto o marido viajava e assumiu diversos cargos atribuídos pelo governo. Viviam em Houston, mas tinham uma residência de Verão em Kennebunkport, no Maine. Frequentemente, eram convidados de honra na Casa Branca.
Em 1974, George H. W. Bush foi nomeado embaixador na China. Barbara efectuava, aos 50 anos, a sua primeira viagem ao estrangeiro. Um ano mais tarde, foi o regresso a Washington, com a nomeação de G. Bush para a direcção da CIA. Em 1981, foi eleito para vice-presidente de Ronald Reagan. O casal Bush efectuou, então, numerosas viagens através do Mundo.  Barbara Bush contribuíu activamente para as campanhas eleitorais do marido.
Barbara escreveu dois livros: “Millie's Book”, em 1990, e a sua autobiografia, “Barbara Bush: A Memoir”, em 1994. Em 2003, publicou ainda “Reflexões”. Duas escolas no estado do Texas foram baptizadas com o seu nome. Ela administrava a sua própria fundação, a Barbara Bush Foundation.
Barbara Bush tinha uma obstrução pulmonar crónica, que prejudicava a sua capacidade cardíaca. Após vários anos de saúde frágil e diversos internamentos, em 15 de Abril de 2018, foi emitido um comunicado informando da sua decisão de não mais receber cuidados médicos e que desejava passar o resto dos seus dias junto da família. Dois dias depois, Barbara Bush faleceu em sua casa, junto dos familiares, como era seu desejo. Tinha 92 anos. O marido faleceu sete meses mais tarde, em Novembro de 2018, com 94 anos.
Barbara era muito popular e considerada a matriarca do clã Bush. Na Casa-Branca, dedicara-se também à alfabetização de famílias desfavorecidas, o que levou depois à criação da sua Fundação. Em 1990, conseguiu pôr à disposição da Fundação um milhão de dólares, graças à venda do seu primeiro livro.

terça-feira, 16 de abril de 2019

16 DE ABRIL - DONA IVONE LARA


EFEMÉRIDE -  Dona Ivone Lara, de seu verdadeiro nome Yvonne Lara da Costa, cantora e compositora brasileira, conhecida como ‘Rainha do Samba’ e ‘Grande Dama do Samba, morreu no Rio de Janeiro no dia 16 de Abril de 2018. Nascera na mesma cidade em 13 de Abril de 1922.
Dona Ivone Lara foi a primeira filha da união entre a costureira Emerentina Bento da Silva e João da Silva Lara. Paralelamente ao trabalho, os pais tinham uma intensa vida musical: ele era violonista de sete cordas e tocava no Bloco dos Africanos; ela era uma óptima cantora e emprestava a sua voz de soprano a ranchos carnavalescos tradicionais do Rio de Janeiro, como o Flor do Abacate e o Ameno Resedá – nos quais o marido também se apresentava.
Formada em enfermagem e serviço social, com especialização em terapia ocupacional, foi uma profissional nesta área até se aposentar em 1977. Nesta função, trabalhou em diversos hospitais psiquiátricos.
Com a morte do pai, com menos de três anos de idade, e da mãe aos dezasseis, Yvonne foi criada pelos tios com quem aprendeu a tocar cavaquinho e a ouvir sambas. Teve aulas de canto com Lucília Guimarães e recebeu elogios do marido desta, o maestro Villa-Lobos.
Casou-se em Dezembro de 1947, com Oscar Costa (filho de Alfredo Costa, presidente da escola de samba Prazer da Serrinha), com quem teve dois filhos. Foram casados durante 28 anos, até a morte de Oscar. Foi no Prazer da Serrinha que conheceu diversos músicos, que viriam a ser seus parceiros em algumas composições.
Compôs o samba “Nasci para sofrer”, que se tornou o hino da escola. Com a fundação do Império Serrano, em 1947, passou a desfilar na ala das baianas. Compôs também o samba “Não me perguntes”, mas a consagração veio em 1965, com “Os cinco bailes da história do Rio”, tornando-se a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores da escola de samba.
Em 1975, depois do filho Odir sofrer um acidente de carro, com o susto, o seu marido Oscar teve um infarto fulminante e faleceu.
Aposentada em 1977, passou a dedicar-se exclusivamente à carreira artística. Entre os intérpretes que gravaram as suas composições, destacam-se Clara Nunes, Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Beth Carvalho e Marisa Monte. Uma das suas composições mais conhecidas, em parceria com Délcio Carvalho, foi “Sonho Meu”, sucesso na voz de Maria Bethânia e Gal Costa em 1978, cujo álbum ultrapassou um milhão de cópias vendidas.
Dona Ivone também teve trabalhos como actriz, com participação em filmes, e foi a Tia Nastácia em especiais do programa “Sítio do Pica-Pau Amarelo”.
Em 2008, Dona Ivone interpretou a canção “Mas Quem Disse Que Eu Te Esqueço” no projecto “Samba Social Clube”. A faixa foi incluída, no ano seguinte, numa colectânea com as melhores performances do projecto.
Em 2008, perdeu o seu filho Odir, vítima de complicações decorrentes da diabetes.
No ano de 2012, foi homenageada pelo Império Serrano, no grupo de acesso, com   Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba”. Em 2010, foi a homenageada na 21ª edição do Prémio da Música Brasileira. Em Dezembro de 2014, foi homenageada na 19ª edição do “Trem do Samba”. Um mês antes, Dona Ivone havia participado no primeiro dia de gravações do “Sambabook”, mais uma homenagem à sua carreira, então pela gravadora Musickeria. Cantores como Maria Bethânia, Elba Ramalho, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Adriana Calcanhoto e Zélia Duncan fizeram versões de canções de Dona Ivone, enquanto ela própria gravou - com Diogo Nogueira - uma canção inédita, composta com o seu neto, André.
Em 2015, entrou para a lista das Dez Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio. Dona Ivone morreu aos 96 anos, em consequência de um quadro de insuficiência cardiorrespiratória, após permanecer três dias internada. O velório teve lugar na Quadra do Império Serrano, a sua escola do coração, em Madureira, na Zona Norte da cidade. Foi sepultada no Cemitério de Inhaúma, no Rio de Janeiro.

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