EFEMÉRIDE –
Djavan Caetano Viana
, cantor, compositor, produtor musical e violonista brasileiro, nasceu em Maceió no dia 27 de Janeiro de 1949.
Djavan combina ritmos tradicionais sul-americanos com música popular dos Estados Unidos, Europa e África. Ele retrata bem, nas suas composições, a riqueza das cores do dia-a-dia e utiliza os seus elementos em construções metafóricas que nenhum outro compositor consegue sequer tentar. As músicas são amplas e confortáveis, chegando a uma perfeição acessível a todos os ouvintes. É conhecido mundialmente pela sua tradição e pelo ritmo da música que canta.
Djavan poderia ter sido jogador de futebol. Pelos onze, doze anos, dividia o seu tempo e as suas paixões entre o jogo da bola nas várzeas de Maceió e o equipamento de som quadrifónico da casa de Dr. Ismar Gatto, pai de um seu amigo da escola.
Aprendeu a tocar violão sozinho. Aos 18 anos, já animava bailes da cidade com o conjunto “
Luz, Som, Dimensão” (
LSD). Não demorou muito tempo a ter uma certeza: precisava de compor. Aos dezanove anos deixou definitivamente o futebol e passou a dedicar-se só à música.
Em 1971, chegou ao Rio de Janeiro para tentar a sorte no mercado musical. Foi
crooner de discotecas famosas. Conheceu João Mello, produtor da “
Som Livre”, que o levou para a
TV Globo. Passou a cantar bandas sonoras de telenovelas, para as quais gravava músicas de compositores consagrados como “
Alegre Menina” (Jorge Amado e Dorival Caymmi), na novela “
Gabriela”, e “
Calmaria e Vendaval” (Toquinho e Vinícius de Moraes), na novela “
Fogo sobre Terra”.
“
A voz, o violão, a música de Djavan”, de 1976, foi um disco de samba sacudido, sincopado e diferente de tudo que se fazia até aí. Ouvido hoje, este trabalho não marca apenas a estreia de Djavan, torna-o uma figura incontornável na história da música brasileira.
Fez shows a solo durante três meses para a “
Discoteca 706”. A sua canção “
Álibi” que, na mesma época seria gravada por Maria Bethânia, tornou-se um enorme sucesso no Brasil. Foi incluída num álbum que ficou na história da música brasileira, por ser a primeira vez que uma intérprete feminina ultrapassava um milhão de cópias.
Em 1978, a
EMI-Odeon, empolgada com o seu novo artista, investiu em força no disco “
Djavan”. Com uma orquestra composta pelos melhores músicos, o álbum, marcado pela descoberta das grandes canções de amor e desamor, consagrou-o como um compositor completo. Dois anos depois, Djavan lançou “
Alumbramento” e demonstrou que, além de completo, sabia dialogar bem com os seus pares. O disco inaugurou parcerias com Aldir Blanc e Chico Buarque.
Talento reconhecido pela crítica e pelo público, Djavan viu algumas das suas músicas cantadas por outras vozes: Nana Caymmi, Maria Bethânia, Roberto Carlos, Gal Costa e Caetano Veloso, entre outros.
A canção “
Meu Bem Querer” foi a banda sonora da telenovela “
Coração Alado”. Esta música tornou-se um dos maiores sucessos da carreira do cantor.
Em 1981 e 1982, conquistou o
Prémio de Melhor Compositor da “
Associação Paulista dos Críticos de Arte”.
Depois de uma viagem à cidade de Luanda, surgiram as primeiras canções a falar de África e o início das tournées pelo Brasil. O álbum “
Seduzir” foi avaliado pela “
Allmusic” com a nota máxima e o crítico Alex Henderson comparou as composições e estilo musical de Djavan aos dos
Beatles e de Stevie Wonder.
Em 1982, a música “
Flor-de-lis” tornou-se o seu primeiro sucesso no disputado mercado americano. Chegou então um convite da editora
CBS, futura “
Sony Music”, e ele embarcou para Los Angeles para gravar “
Luz”, com a participação de Stevie Wonder na canção “
Samurai”. Em 1984, em Los Angeles, gravou ainda um segundo disco, “
Lilás”. Seguiram-se dois anos de viagens numa tournée mundial.
Ainda nessa época, dedicou-se à carreira de actor, no filme “
Para Viver um Grande Amor”, no qual interpretou o papel de um mendigo que se apaixona por uma rapariga rica. Compôs também a parte musical, juntamente com Chico Buarque.
Em 1986, voltou a gravar no Brasil. “
Meu lado”, além do regresso, foi também um recomeço. Uma volta ao samba, já com um estilo musical identificado pelo público, mas também um passeio por baiões, canções e baladas.
Djavan iniciou os anos
1990 com o aclamado álbum “
Coisa de Acender”. Lançado em 1992, é um dos álbuns mais criativos e diversificados do cantor, onde se pode notar uma grande influência de estilos como jazz, soul, blues e
funk norte-americano, aliados ao próprio estilo inconfundível das suas composições.
Aos 45 anos de vida e 20 de carreira, em 1994, lançou “
Novena”, obra que marca a sua maturidade. Inteiramente composto, produzido e arranjado por ele, o disco consolidou o trabalho com a sua banda.
“
Bicho Solto”, em 1998, mostrou um artista festivo e dançante, incendiando as pistas ao ritmo do
funk.
A canção “
Acelerou” foi escolhida como a
Melhor Canção Brasileira de 2000 no “
Grammy Latino”. No mesmo ano, recebeu os “
Prémios Multishow de Melhor Cantor, Melhor Show e Melhor CD”.
Em 2004, o músico comemorou a independência total, com a criação da sua própria editora, a “
Luanda Records”.
Em 2010, “
Ária” foi o primeiro disco em que Djavan exerceu exclusivamente a arte de interpretar canções de outros compositores. Sempre rigoroso na condução da carreira, ele aguardou o auge da sua maturidade vocal para se debruçar sobre um repertório escolhido entre a sua memória afectiva e as suas antenas sempre ligadas para o que é musicalmente interessante.