quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDERita Lee Jones Carvalho, cantora, compositora e instrumentista brasileira, nasceu em São Paulo no dia 31 de Dezembro de 1947.
Tem origem norte-americana por parte do pai e italiana por parte da mãe. Estudou no colégio francês “Liceu Pasteur”, falando fluentemente português, inglês, francês, espanhol e italiano. Chegou a cursar Comunicação Social na Universidade de São Paulo em 1967, na mesma turma da actriz Regina Duarte, mas deixou a universidade durante o primeiro período.
Durante a infância teve aulas de piano e, na adolescência, começou a apresentar-se em colégios como componente do “Tulio's trio”. Em 1963, formou um conjunto com duas amigas, as “Teenage Singers”, que participavam em shows e festas colegiais. No ano seguinte conheceram o trio masculino “Wooden faces”. Os dois grupos juntaram-se, formando a “Six Sided Rockers”, banda que depois se chamaria “O'Seis”, chegando a gravar um disco. Com a saída de três componentes, sobraram Rita, Arnaldo e Sérgio que passaram a chamar-se “O Konjunto” e, mais tarde, “Os Mutantes” (1966/72). Em 1967, a banda acompanhou Gilberto Gil no III Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), na apresentação da canção antológica “Domingo no Parque”.
Rita gravou dois discos a solo, acompanhada dos componentes de “Os Mutantes”. A música “Build up” (1970) foi a banda sonora de um show, que Rita fez exclusivamente para uma edição da “Fenit” (Feira da Moda de São Paulo).
Após abandonar a banda por motivos nunca bem esclarecidos, Rita Lee teve um curto período depressivo. Formou depois uma dupla com Lúcia Turnbull, “As Cilibrinas do Éden”, cuja única gravação, ao vivo, no festival “Phono 73”, foi publicada somente 35 anos depois. Rita e Lúcia desistiram da dupla e formaram a banda “Tutti-frutti”. Rita, além de cantar, tocava piano, sintetizador, gaita e violão. Conseguiram um contrato com a gravadora “Somlivre”, mas durante a gravação do primeiro disco, Lúcia Turnbull deixou o grupo.
Foi com o álbum “Fruto Proibido”, de 1975, que Rita alcançou verdadeiramente a consagração nacional. Fruto Proibido tornou-se quase um manual de “como fazer rock em português”.
Em 1976, conheceu o músico carioca Roberto de Carvalho, iniciando uma parceria musical/amorosa de sucesso, que continua até hoje.
Rita Lee participou no especial “Mulher 80” (Rede Globo, 1979), um momento marcante da televisão brasileira.
No fim da década de 1970 e durante todos os anos 1980, Rita e Roberto conquistaram êxitos atrás de êxitos. Contudo, Rita passou por duas delicadas intervenções cirúrgicas naquela época: uma devido a problemas nas cordas vocais e outra na face devido a um acidente de carro.
A partir de 1986 dedicou-se, com a parceria do escritor António Bívar, ao programa “Rádio Amador”, que escreveu e apresentou, adoptando o nome Lita Ri e interpretando vários personagens.
Em 1991 separou-se profissionalmente de Roberto de Carvalho e iniciou uma bem-sucedida tournée (“Voz-e-violão Bossa 'n' Roll”). O casal só viria a partilhar o palco em 1995, contraindo matrimónio no ano seguinte.
Atravessou um penoso período ligada a drogas, que abandonou definitivamente em 2006, segundo declaração feita ao programa “Fantástico” da Rede Globo.
Participou nas telenovelas “Top Model” e “Vamp” e em diversos programas televisivos. Entre 1986 e 1992, escreveu quatro livros infantis. É vegetariana e militante dos direitos dos animais.
No fim de 2007 fez uma tournée para comemorar os seus quarenta anos de carreira.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEEldrick "Tiger" Woods, jogador de golfe norte-americano, nasceu em Cypress, Califórnia, no dia 30 de Dezembro de 1975. É considerado um dos melhores golfistas de todos os tempos, tendo atingido em 2005, com 29 anos, a marca de dez grandes títulos de golfe profissional, colocando-o em terceiro lugar atrás de Jack Nicklaus e Walter Hagen. Incluindo os seus três Campeonatos Amadores dos EUA, ele e Bobby Jones foram os únicos golfistas a ganhar treze títulos importantes antes dos 30 anos de idade.
A Woods, que é filho de pais mestiços (descendentes de asiáticos, de afro-americanos, de americanos e de alemães), se deve o incremento do interesse pelo jogo de golfe, especialmente entre as minorias raciais e nos jovens americanos.
Em 2009, a revista “Forbes” anunciou que Tiger Woods se tornara o primeiro bilionário da história do desporto mundial.
A alcunha “Tigre” provém de um amigo do pai, soldado vietnamita que combateu com ele na guerra. Aos 21 anos, Woods decidiu mesmo mudar o seu nome oficialmente de Eldrick para Tiger.
É casado desde 2004 com a modelo sueca Elin Nordegren, que conheceu em Londres em 2001 e de quem tem dois filhos.
Dá a sua imagem a numerosas marcas muito populares, entre as quais a Nike e a Gillette. É amigo do campeão de ténis Roger Federer e do lendário basquetebolista Michael Jordan.
Em 12 de Dezembro de 2009 anunciou a sua retirada do “circuito de golfe profissional” durante um período indeterminado.
Woods foi uma criança prodígio, pois começou a jogar com dois anos de idade. Em 1984, com oito anos, ganhou o Campeonato do Mundo de Juniores na categoria de “Rapazes 9/10 anos”, campeonato que venceu por mais cinco vezes.
Tornou-se profissional em 1996 assinando um contrato de 40 milhões de dólares com a Nike e outro de 20 milhões com outro anunciante. No fim desse ano foi eleito “Desportista do Ano” pela revista Sports Illustrated.
Em 1997 ganhou o seu primeiro grande torneio (Masters) estabelecendo vinte recordes e igualando seis outros. Em 15 de Junho de 1997 tornou-se “Nº 1 Mundial”, o mais novo da história do golfe.
Atravessou uma crise de forma em 1998, mas regressou com toda a sua pujança em 1999, vencendo inúmeros torneios e batendo recordes sem conta.
Em 2004, nova quebra que foi justificada com a mudança de treinador, com uma lesão e com o casamento. Prometeu voltar “em força” e assim aconteceu em 2005, aparecendo ainda mais dominador do que antes.
Em Maio de 2006 faleceu o seu pai, depois de uma longa batalha contra um cancro na próstata. Tiger Woods parou durante algumas semanas para ficar junto da família. Tem colaborado em numerosas obras de caridade.
No fim da sua 11ª temporada como profissional, com 54 vitórias no “PGA Tour” e doze no grande “Chelem”, foi eleito pela quarta vez “Atleta Masculino do Ano” pela Associated Press.
Em 2008 foi operado pela terceira vez ao joelho esquerdo, afastando-se das competições durante dois meses. Tiger Woods anunciou entretanto que deverá ser operado de novo, para reconstruir um ligamento. Revelou igualmente que jogou durante dez meses com uma ruptura do ligamento cruzado anterior e que disputou o último “US Open” com uma dupla fractura de fadiga na tíbia esquerda. Com a sua ausência baixaram as audiências televisivas.
Recentemente, Tiger Woods tem tido a sua vida devassada pelos media, o que veio pôr um ponto de interrogação sobre o seu casamento e sobre o futuro da sua carreira.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEGrigori Efimovitch Rasputine, figura influente no final do período czarista na Rússia, foi assassinado em Petrogrado, actual São Petersburgo, no dia 29 de Dezembro de 1916. Nascera em Pokrovskoïe, em 23 de Janeiro de 1869 (data não confirmada).
Por volta de 1905, a sua já conhecida reputação de místico introduziu-o no círculo restrito da Corte imperial russa, onde teria curado Alexei Romanov, o filho do czar, doente hemofílico.
Perante este acontecimento, a czarina Alexandra Fedorovna dedicou-lhe uma atenção cega e uma confiança desmedida, considerando-o mesmo um “Mensageiro de Deus”. Com esta protecção, Rasputine influenciou ocultamente a Corte e principalmente a família imperial, colocando homens da sua confiança no topo da hierarquia da poderosa Igreja Nacional Russa.
Todavia, o seu comportamento dissoluto, licencioso e devasso (supostas orgias e envolvimento com mulheres da alta sociedade) justificaria denúncias por parte de políticos atentos, entre os quais se destacavam Stolypine e Kokovtsov. O czar Nicolau II afastou então Rasputine, mas a czarina Alexandra manteve confiança absoluta nele.
A Primeira Guerra Mundial traria novos contornos à vida de Rasputine, já odiado pelo povo, que o acusava de espionagem ao serviço da Alemanha. Escapou a várias tentativas de assassinato, mas acabou por ser vítima de uma trama de aristocratas da grande estirpe russa, entre os quais Yussupov.
Rasputine teve uma morte atribulada: primeiro foi envenenado num jantar, mas a sua úlcera crónica fez com que expelisse todo o veneno antes dele actuar; posteriormente terá sido atingido com três tiros, tendo no entanto sobrevivido; foi então castrado e continuou vivo; foi agredido e atirado ao rio Neva, morrendo finalmente, não pelos hematomas nem por afogamento, mas por hipotermia.
Depois da Revolução Russa de 1917, o governo revolucionário deu ordens para exumar o corpo de Rasputine, incinerá-lo e dispersar as suas cinzas pelas florestas circundantes. Segundo a lenda, porém, somente o caixão ardeu, o corpo ficando intacto, apesar das chamas que o lambiam.
Como ele tinha previsto, a família imperial não sobreviveu muito tempo ao seu assassinato. A revolução bolchevique obrigou o czar Nicolau II a abdicar e, depois, toda a família foi massacrada.
A sua imagem foi largamente utilizada pela propaganda bolchevique para simbolizar a decadência moral do antigo regime. Por curiosidade, diga-se que um pénis mumificado, com 30 cm, que seria o de Rasputine, está conservado e exposto no Museu do Erotismo de São Petersburgo. Stéphane Bern, porém, no seu livro “Segredos da História”, afirma ser pouco provável que ele seja de origem humana.
Com o decorrer dos anos, Rasputine tornou-se num mito (alguns pensam mesmo que ele era uma criatura meio humana e meio demoníaca), servindo de pretexto para ocultar traições e iniquidades cometidas na sua época por outras personalidades.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Chantal - a nova gatinha da minha neta

EFEMÉRIDEFernando Marques Lopes, realizador de cinema português, nasceu em Maçãs de Dona Maria no dia 28 de Dezembro de 1935.
Passou a infância em Ourém, vindo para Lisboa por volta dos dez anos. Pouco depois começou a trabalhar, como paquete, à medida que continuava os seus estudos.
Em 1957 ingressou como técnico na Rádio Televisão Portuguesa, então inaugurada. Despontou para o cinema através do movimento cineclubista, sendo sócio do Cineclube Imagem. Em 1959 recebeu uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, vindo a obter um diploma em “Realização” da “London Film School” de Inglaterra.
Regressado a Portugal, filmou vários documentários, alguns dos quais para a televisão, neles revelando uma linguagem moderna, longe do que era habitual neste tipo de projectos.
Em 1964 realizou “Belarmino” (1964), uma média-metragem sobre a vida do pugilista Belarmino Fragoso, um antigo campeão em fase de decadência, considerada uma obra chave do movimento do Novo Cinema Português, juntamente com “Dom Roberto” e “Os Verdes Anos”.
Em 1965 faz um estágio de três meses em Hollywood. Ao voltar realizou diversos trabalhos para televisão e alguns documentários.
Em 1970 foi nomeado presidente do Centro Português de Cinema, cooperativa de cineastas apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian. No ano seguinte realizou “Uma Abelha na Chuva”, adaptação de um romance de Carlos de Oliveira, considerado juntamente com “O Delfim” (2002), como as obras mais significativas da sua carreira.
O documentário “Nacionalidade: Português” (1972), com produção do escritor Nuno Bragança, e a direcção da renascida revista “Cinéfilo” (1973-1974) são os seus trabalhos de maior vulto antes da Revolução de 25 de Abril de 1974, cujos desenvolvimentos filmou com outros realizadores, colaborando na autoria colectiva de “As Armas e o Povo” (1975).
Em 1976 realizou a longa-metragem “Nós Por Cá Todos Bem”, em que partiu do percurso de vida da sua própria mãe, para fazer o contraste entre a vida no campo e a na cidade.
Fernando Lopes dirigiu a programação da RTP2 entre 1978 e 1980 imprimindo-lhe uma identidade própria, significativamente diferente do primeiro canal.
Findas as suas funções na RTP2, regressou ao cinema. Em 1984 adaptou o romance “Crónica dos Bons Malandros” de Mário Zambujal, que teve grande êxito junto do público.
A longa-metragem seguinte “Matar Saudades” (1987) suscitou algumas reservas por parte da crítica, mas trouxe aos ecrãs um tema pouco frequente no cinema nacional, ainda que constitua uma constante da vida portuguesa: a emigração. Atravessava-se uma época de grandes dificuldades económicas no campo do cinema. Havia um número relativamente escasso de produções nacionais, embora se intensificasse o regime de co-produção, a que Fernando Lopes também recorreu em 1993 para “O Fio do Horizonte”, adaptação duma obra de Antonio Tabucchi, escritor italiano muito ligado à cultura portuguesa.
Fernando Lopes voltou a obter o reconhecimento unânime da crítica, com a adaptação da obra emblemática de José Cardoso Pires “O Delfim”, retrato dum marialvismo localizado nos anos 1960, mas não completamente erradicado da sociedade portuguesa. Foi nomeado para o “Grande Prémio das Américas” no Festival Internacional de Montreal (2002).
Leccionou durante vários anos o Curso de Cinema da “Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa”.

domingo, 27 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDE Telma Monteiro, judoca portuguesa do Sport Lisboa e Benfica, detentora de um palmarés impressionante apesar da sua pouca idade, nasceu em Almada no dia 27 de Dezembro de 1985.
Participou nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004 e de Pequim em 2008, onde se classificou em 9º lugar.
Em Portugal, em virtude dos resultados obtidos, é considerada a melhor judoca de todos os tempos no sector feminino e uma das melhores em termos globais.
Campeã da Europa e Vice-campeã Mundial, começou a sua carreira com resultados muito significativos em campeonatos internacionais de Juniores (menos de 20 anos) e de Esperanças (menos de 23).
Em 2004 foi Campeã da Europa de Juniores em Sofia e Medalha de Bronze nos Mundiais. Em 2006 foi Campeã da Europa de Seniores (em Tampere) e de Esperanças (em Moscovo). Em 2007 sagrou-se Campeã da Europa em Belgrado e Vice-campeã nos Mundiais do Rio de Janeiro.
Em 2009 mudou de categoria de peso (de -52 para -57 kg), obtendo o Título Europeu em Tbilissi e sendo Vice-campeã nos Mundiais de Roterdão, onde se apresentou como primeira do ranking mundial, sendo batida apenas na final pela francesa Morgane Ribout.

sábado, 26 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEThomas Gray, poeta inglês e professor de História na Universidade de Cambridge, nasceu em Londres no dia 26 de Dezembro de 1716. Faleceu em Cambridge, em 30 de Julho de 1771.
Fez os seus estudos no Eton College, no Colégio São Pedro e depois no Pembroke College de Cambridge. Deixou Cambridge em 1738 e viajou pela Europa no ano seguinte, visitando França e Itália.
Em 1750 concluiu a sua “Elegia escrita num cemitério camponês”, obra iniciada muitos anos antes e que constitui uma peça importante do património literário inglês. É uma das poesias mais citadas da língua inglesa.
Em 1757 recusou a distinção de “poeta laureado”. Após a abertura do Museu Inglês, em 1759, Gray passou a morar em Londres para assim poder estudar as obras expostas. Em 1768 foi nomeado professor de História Moderna em Cambridge.
A sua obra literária é pouco volumosa, mas a boa qualidade dos seus escritos compensam esse facto. A “Elegia” é a mais popular e, talvez, a melhor das suas obras. Thomas Gray, que foi uma figura proeminente de meados do século XVIII, conseguiu conjugar as formas tradicionais e a dicção poética com os novos temas e modos de expressão, podendo ser considerado um dos precursores do “renascimento romântico”.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEMuhammad Anwar Al Sadat, militar e político egípcio, presidente do seu país de 1970 a 1981, Prémio Nobel da Paz em 1978, nasceu em Al-Minufiyah no dia 25 de Dezembro de 1918. Faleceu no Cairo em 6 de Outubro de 1981.
Nascido numa família egipto-sudanesa pobre, com treze filhos, formou-se na Academia Real Militar do Cairo, diplomando-se em 1938 e sendo afectado ao Serviço de Telecomunicações.
Juntamente com Nasser, foi membro fundador do Movimento dos Oficiais Livres, cuja finalidade era libertar o Egipto do controlo britânico. Comprometido com o nacionalismo egípcio, foi feito prisioneiro pelos britânicos em 1942 e, de novo, em 1946/48 por actos terroristas.
Participou no golpe de 1952, que derrubou o rei Farouk I e levou Nasser ao poder. Sucederia mais tarde a Nasser como Presidente.
Em 1974, após perder militarmente a Guerra do Iom Kippur (1973) com a qual tentara recuperar partes da Península do Sinai, recuperou das mãos de Israel, no acordo de separação de forças, o canal de Suez.
Num esforço para acelerar um acordo no Médio Oriente, visitou Israel em 1977, falando no Knesset em Jerusalém, facto que marcou o primeiro reconhecimento daquele país por um país árabe. Encontrou-se novamente com o primeiro-ministro israelita Begin em Camp David (1978), na presença do então presidente americano Jimmy Carter, e assinou um tratado de paz com Israel no ano seguinte, em Washington. Na sequência deste acordo, recebeu o Prémio Nobel da Paz juntamente com Begin.
Em 6 de Outubro de 1981, foi assassinado durante uma parada militar no Cairo por membros da Jihad Islâmica Egípcia infiltrados no exército e que faziam parte da organização egípcia que se opunha às negociações com Israel. As regras segundo as quais o armamento dos militares em parada devia estar descarregado não foram aplicadas, porque os oficiais que deveriam fazê-lo «estavam numa peregrinação em Meca». Quando da passagem dos aviões de combate “Mirage”, um camião de transporte de tropas, simulando uma avaria, parou em frente da tribuna presidencial e um tenente saiu dirigindo-se na direcção do Presidente. Sadat encontrava-se de pé para receber a sua saudação, quando ele lançou uma granada de fumo - sinal para o ataque. Os conjurados saíram então do camião, lançando granadas com a ajuda de espingardas de assalto. O próprio tenente (Khalid Islambouli) crivou de balas o presidente egípcio, secundado por outros assaltantes, aos gritos de «Morte ao Faraó!». Khalid seria julgado e executado em Abril de 1982.
Durante o tiroteio foram feridas várias personalidades, entre elas o Ministro Irlandês da Defesa, e mortas sete pessoas, entre as quais o Embaixador de Cuba e um bispo ortodoxo.
O Vice-presidente egípcio Hosni Moubarak, ferido numa mão durante o ataque, sucedeu a Sadat. Aos funerais de Sadat assistiram três ex presidentes americanos (Gerald Ford, Jimmy Carter e Richard Nixon). Notadas as ausências do Presidente Americano em exercício (Reagan), por razões de segurança, e da totalidade dos dirigentes árabes e muçulmanos.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDERicky Martin, de seu verdadeiro nome Enrique Martín Morales, actor e cantor porto-riquenho, nasceu em San Juan no dia 24 de Dezembro de 1971.
Os pais separaram-se quando ele tinha apenas dois anos. Iniciou a sua carreira artística aos 6 anos de idade, começando a trabalhar como modelo infantil, além de actuar em peças de teatro, em comerciais de TV e no coro de uma igreja.
O sucesso chegou em 1984, quando conseguiu entrou para o grupo “Menudo”. Em 1985, com este grupo, fez um show no Estádio do Morumbi, em São Paulo, para 120 mil pessoas (há quem diga 200 mil), até hoje a maior enchente deste estádio, para uma actividade não desportiva.
Em 1989 Ricky decidiu estudar em Nova Iorque e abandonou o grupo. Depois foi para o México, onde trabalhou como actor e cantor numa telenovela, num musical e num filme. Aos 19 anos, em 1991, lançou o seu primeiro CD a solo (sem grande sucesso) e mudou-se de novo para os Estados Unidos.
Em 1993 publicou o segundo álbum (“Me Amaras”) que conseguiu destaque no México, onde iniciou verdadeiramente a sua carreira a solo. O sucesso nos países latinos chegou em 1996, com a música “Maria” do seu terceiro disco “A Medio Vivir”. Esta música foi tema da novela “Salsa e Merengue”, da Rede Globo, e o disco vendeu então mais de 600 mil cópias no Brasil. O êxito fez com que, em 1997, fosse contratado para gravar a canção do filme “Hércules” produzido pela Disney. No ano seguinte, foi convidado para ser o intérprete do tema dos Mundiais de Futebol realizados em França: “La Copa de La Vida”.
Em 1999 o álbum "Livin' la Vida Loca" foi um sucesso mundial, que o levou numa tournée pela Ásia, Europa, EUA e América Latina.
Em 2007 realizou um concerto em Lisboa, no Pavilhão Atlântico, para cerca de 13000 pessoas. Falou ao público num português fluente, manifestando a sua satisfação por aqui se encontrar e deixando vários apelos de paz para o mundo e união para os povos.
Em 2008 tornou-se pai de dois gémeos (gerados numa barriga de aluguer). Este ano, assumiu-se como bissexual numa entrevista, dizendo que o seu coração tanto poderia pertencer a um homem como a uma mulher.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEGiuseppe Tomasi di Lampedusa, aristocrata e escritor italiano, nasceu em Palermo no dia 23 de Dezembro de 1896. Faleceu em Roma, em 23 de Julho de 1957, vítima de doença cancerosa pulmonar. Entre as suas obras salienta-se o romance “O Leopardo” (1956), sobre a decadência da aristocracia siciliana durante o “Risorgimento”.
Quando criança, Tomasi estudou com um tutor (que lhe ministrava disciplinas como Literatura e Inglês), com a mãe (que conversava com ele em Francês) e com a avó, que costumava ler-lhe romances de Emilio Salgari.
No início de 1911, cursou o liceu clássico em Roma e posteriormente em Palermo. Mudou-se definitivamente para Roma em 1915 e matriculou-se na Faculdade de Direito. Entretanto, naquele mesmo ano, foi convocado para o serviço militar, lutando na batalha de Caporetto, onde foi feito prisioneiro pelos austríacos. Esteve preso num campo de detidos de guerra na Hungria, conseguindo evadir-se e indo a pé até Itália. Depois de ser promovido a tenente em 1925, demitiu-se do exército e voltou à Sicília, alternando períodos na ilha com viagens com a mãe, retomando os estudos de Literatura estrangeira.
O Leopardo”, que só foi publicado no ano seguinte ao da sua morte, tinha sido mal recebido pelos editores por «combinar realismo com uma estética decadente». No entanto, tornou-se muito popular junto do público, sendo um sucesso literário. Em 1963 foi imortalizado no cinema com uma produção de Luchino Visconti, protagonizada por Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale, que recebeu a Palma de Oiro do Festival de Cannes desse mesmo ano.
Tomasi, que só começou a escrever nos anos 1950, é autor de outros trabalhos menos conhecidos, sobretudo de novelas (agrupadas no livro “O Professor e a Sereia”) e de alguns ensaios consagrados a autores franceses e ingleses e à literatura destes países de um modo geral.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEOctávio Tarquínio de Sousa, advogado, jornalista e escritor brasileiro, morreu no Rio de Janeiro em 22 de Dezembro de 1959. Nascera na mesma cidade em 7 de Setembro de 1889.
A sua obra mais importante é a “História dos Fundadores do Império do Brasil” (1957), que inclui as biografias de Diogo António Feijó, Evaristo da Veiga, José Bonifácio, Bernardo Pereira de Vasconcelos e a vida de D. Pedro I.
Escreveu também: “Monólogo das Coisas” (1914), “A Mentalidade da Constituinte” (1931), “Ernesto Psichari, Neto de Renan” (1934), “História de Dois Golpes de Estado” (1939), “História do Brasil 1500-1822” (1944 - em parceria com Sérgio Buarque de Hollanda), “O Pensamento Vivo de José Bonifácio” (1945), “De Várias Províncias” (1952), “Factos e Personagens em Torno de Um Regime” (1957) e “Três Golpes de Estado” (1957).
Ainda estudante, já colaborava em jornais do interior do estado do Rio de Janeiro. Licenciou-se na Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro, com 18 anos.
Trabalhou na administração dos correios do Rio de Janeiro, como 2.º oficial, até atingir o cargo de Director. Em 1918, foi nomeado procurador do Tribunal de Contas da União. Em 1932, foi eleito “ministro” do mesmo tribunal e, depois, vice-presidente e presidente, reformando-se mais tarde.
Colaborou em vários jornais do Rio de Janeiro, como “O País” e “A Noite”. Desde 1939, foi director da colecção “Documentos Brasileiros” da Livraria José Olympio. Foi crítico literário de “O Jornal” e “Diários Associados”. Dirigiu a “Revista do Brasil” de 1938 a 1943 e a “Revista do Comércio” (1946-1948) com Afonso Arinos de Melo Franco. Colaborou em “O Estado de São Paulo”, “Correio da Manhã” (Rio de Janeiro), “Folha da Manhã" (São Paulo) e “Tribuna da Imprensa” (também do Rio de Janeiro). Em 1934, foi o primeiro presidente da Associação Brasileira de Escritores.
Faleceu com a esposa, a escritora Lúcia Miguel Pereira, num acidente de aviação, há precisamente meio século.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDE - Padre Himalaya, de seu verdadeiro nome Manuel António Gomes, padre católico, cientista e inventor português, faleceu em Viana do Castelo no dia 21 de Dezembro de 1933. Nascera em Santiago de Cendufe, em 9 de Dezembro de 1868.
Tendo por origem uma família de humildes lavradores, estudou no Seminário Conciliar de Braga, completando com distinção o curso de Teologia em 1890. Foi no seminário que modificou o seu nome de baptismo, acrescentando-lhe Himalaya, devido à alcunha por que era conhecido em virtude da sua elevada estatura. Depois da ordenação inscreveu-se na Universidade de Coimbra. Estudou hidroterapia, o tratamento pelas plantas, as medicinas naturais e a energia solar.
Foi professor de Ciências Naturais, Física, Química e Religião em várias escolas do norte e centro do País. Foi também professor particular da família Van Zeller.
Em França, onde esteve beneficiando de uma bolsa, estudou com o físico Berthelot e outros conhecidos professores, enquanto trabalhava nas suas teorias matemáticas e astronómicas para a construção de um aparelho inovador de concentração da radiação solar. Depois de várias tentativas e aparelhos experimentais, os seus esforços culminaram na construção do "Pirelióforo", que significa “eu trago o fogo do sol”. Com este instrumento conseguiu atingir uma temperatura de aproximadamente 3500 ºC com recurso apenas à radiação solar, o que era suficiente para fundir a maior parte dos metais ou rochas. Este aparelho constituiu a grande atracção da Exposição Universal de St. Louis em 1904, ganhando duas medalhas de ouro e uma de prata. No entanto as forças económicas da época não se mostraram interessadas no aproveitamento da energia solar, estando mais empenhadas na exploração petrolífera. Era a hora do petróleo e dos automóveis Ford.
Passou a interessar-se por explosivos, dados os seus conhecimentos químicos e a abertura no mercado para este tipo de produto. Montou na sua casa de Washington um laboratório e nele fabricava a Pólvora Sem Fumo ou Himalayite, patenteada em Maio de 1907 com a designação “Process of Making Smokeless Powder”. Esta pólvora cloratada foi testada primeiro em pedreiras e posteriormente em vários arsenais do exército norte-americano. A Himalayite resiste a grandes choques, fricções e temperaturas sem perigo de explosão, sendo fabricada com produtos de origem vegetal e mineral, de fácil obtenção e baixo custo.
Em 1908 o padre Himalaya aderiu à Academia de Ciências de Portugal, onde proferiu diversas conferências e participou em vários congressos. Nas suas intervenções manifestava a preocupação com o ordenamento territorial de Portugal, expresso nas suas teses de aproveitamento das energias renováveis, com vista a um desenvolvimento sustentado. Prosseguiu os seus estudos, que incluíam mesmo a possibilidade de fazer chover artificialmente.
Esteve na Argentina entre 1927 e 1932, onde escreveu um livro sobre Cosmologia, os seus inventos e as suas visões inovadoras nas várias áreas científicas. Regressou então a Portugal onde viria a falecer com 65 anos.
O Padre Himalaya, que foi um dos pioneiros mundiais no estudo das energias renováveis e da energia solar em particular, morreu no anonimato, vítima de mielite, porventura provocada por envenenamento resultante das experiências com ervas medicinais que efectuava sobre si próprio.

domingo, 20 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDE Carl Edward Sagan, cientista e astrónomo norte-americano, faleceu em Seattle no dia 20 de Dezembro de 1996. Nascera em Nova Iorque, em 9 de Novembro de 1934. Doutorou-se em 1960 na Universidade de Chicago. Dedicou-se não só à pesquisa e divulgação da astronomia, como também ao estudo da chamada exobiologia. Foi considerado por muitos o maior divulgador da ciência que o mundo já conheceu.
Morreu aos 62 anos, de pneumonia, no Centro de Pesquisas do Cancro Fred Hutchinson, depois de uma batalha de dois anos contra uma doença grave e rara na medula óssea (mielodisplasia).
Com uma formação multidisciplinar e um enorme talento para a expressão escrita, Carl Sagan legou-nos um fantástico acervo de obras, dentre as quais figuram clássicos como “Cosmos” (que foi transformado numa premiada série de televisão, apresentada em todo o mundo), “Os Dragões do Éden” (com o qual recebeu o Prémio Pulitzer de Literatura), “O Romance da Ciência”, “Pálido Ponto Azul” e “O Mundo Assombrado pelos Demónios: a Ciência como uma vela no escuro”.
Sem regatear esforços para divulgar a ciência, Carl Sagan escreveu ainda o romance de ficção científica “Contacto” (visando atingir o grande público interessado pelo género), obra que foi adaptada ao cinema após a sua morte. A última obra de Sagan foi publicada postumamente pela esposa e colaboradora Ann Druyan e consiste, fundamentalmente, numa compilação de artigos inéditos, tendo um dos capítulos sido escrito por Sagan quando se encontrava já no hospital.
Fosse pela literatura científica formal ou de divulgação, pela televisão ou pelo cinema, Carl Sagan procurou sempre oferecer ao público - leigo ou especializado - a mais completa e acessível visão da ciência. Foi professor de astronomia e ciências espaciais na Cornell University e professor visitante no Laboratório de Propulsão a Jacto do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Criou também a Sociedade Planetária.
Carl Sagan teve um papel significativo no programa espacial norte-americano desde o seu início. Foi consultor e conselheiro da NASA desde os anos 1950, trabalhou com os astronautas do Projecto Apollo antes das viagens à Lua e chefiou os projectos da Mariner e Viking, pioneiras na exploração do sistema solar, que permitiram obter importantes informações sobre Vénus e Marte. Participou ainda nas missões da Voyager e da sonda Galileu. Foi decisivo na explicação do efeito de estufa em Vénus, na descoberta das altas temperaturas do planeta, na explicação das mudanças sazonais da atmosfera de Marte e na descoberta das moléculas orgânicas em Titã, satélite de Saturno.
Recebeu diversos prémios e homenagens de diversos centros de pesquisas e entidades ligadas à astronomia, inclusive o maior prémio científico das Américas, o Prémio da Academia Nacional de Ciências. Recebeu 22 títulos honoris causa de universidades americanas, medalhas da NASA por “Excepcionais Feitos Científicos”, por “Feitos no Programa Apollo” e duas vezes a “Distinção por Serviços Públicos”. Foi agraciado ainda com o Prémio de Astronáutica John F. Kennedy da Sociedade Astronáutica Norte-Americana; com o Prémio de Beneficência Pública por “distintas contribuições para o bem-estar da humanidade”, com a Medalha Tsiolkovsky da Federação Cosmonáutica Soviética e com o Prémio Emmy, pela série “Cosmos”.

sábado, 19 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDERubem Braga, escritor brasileiro, considerado por muitos como o maior cronista do Brasil desde Machado de Assis, faleceu no Rio de Janeiro em 19 de Dezembro de 1990. Nascera em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, no dia 12 de Janeiro de 1913.
Estudou no Colégio Salesiano em Niterói, iniciando-se no jornalismo profissional ainda estudante, com 15 anos, no “Correio do Sul”, jornal da sua terra natal para o qual fazia reportagens. Assinava também crónicas diárias no “Diário da Tarde”. Licenciou-se na Faculdade de Direito de Belo Horizonte em 1932, mas nunca exerceu a profissão. Nesse mesmo ano, cobriu a Revolução Constitucionalista em São Paulo, chegando a ser preso. Transferiu-se para o Recife, dirigindo a página de crónicas policiais no “Diário de Pernambuco”. Nesta cidade, fundou o periódico “Folha do Povo”. Em 1936 publicou o seu primeiro livro de crónicas, “O Conde e o Passarinho”, e fundou em São Paulo a revista “Problemas”.
Rubem Braga fez diversas viagens, tendo sido embaixador do Brasil em Marrocos, nomeado por Jânio Quadros, e correspondente de jornais brasileiros em várias cidades estrangeiras. Após o seu regresso, exerceu o jornalismo em diversas cidades do país, fixando domicílio no Rio de Janeiro, onde escreveu crónicas e críticas literárias para o “Jornal Hoje” da “Rede Globo de Televisão”. A sua vida como jornalista repartiu-se por inúmeros periódicos. Participou igualmente em várias antologias, entre elas a “Antologia dos Poetas Contemporâneos”.
Rubem Braga tinha o dom de imortalizar o quotidiano, conseguindo de maneira inigualável transformar um simples texto jornalístico numa bela crónica. Desde que surgiu para a literatura, na década de 1930, encantou os leitores brasileiros. Retratando com limpidez o complexo quotidiano do país, Rubem Braga dava à crónica brasileira uma nova dimensão, que só os grandes escritores sabem dar: a universalidade. Durante a Segunda Guerra Mundial foi correspondente de guerra (“Diário Carioca”) junto da Força Expedicionária Brasileira em Itália.
Em 1968, juntamente com Fernando Sabino e Otto Lara Resende, fundou a Editora Sabiá, responsável pelo lançamento no Brasil de escritores como Gabriel Garcia Márquez, Pablo Neruda e Jorge Luis Borges.
Na noite de 17 de Dezembro de 1990, reuniu um pequeno grupo de amigos no seu apartamento de Ipanema. Foi um encontro silencioso, mas claramente subentendido por todos. Duas noites depois, sedado num quarto do Hospital Samaritano, Rubem Braga morria, sozinho como desejara e sempre pedira aos seus amigos mais próximos. A causa da morte foi uma paragem respiratória, provocada por um tumor na laringe que ele preferira não fazer operar nem tratar quimicamente.
Deixou uma vasta obra, composta sobretudo por livros de crónicas, que se foram sucessivamente esgotando. Dissera um dia: «O que gosto mesmo é de escrever para ser lido no dia seguinte».

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEJules Dassin, de seu verdadeiro nome Julius Dassin, realizador e actor norte-americano, nasceu em Middletown, no Connecticut, em 18 de Dezembro de 1911. Faleceu em Atenas no dia 31 de Março de 2008.
Jules Dassin era um dos oito filhos de um casal de emigrantes russos, tendo sido criado no Harlem, em Nova Iorque. Frequentou a Morris High School (Bronx). Aderiu ao Partido Comunista nos anos 1930, deixando-o em 1939 quando da assinatura do pacto germano-soviético.
Jules Dassin considerava que tinha tido três carreiras cinematográficas distintas: uma de aprendizagem, quando filmava “séries B” em Hollywood; outra na Europa onde procurou arduamente oportunidades para filmar e, por fim, uma na Grécia, a da maturidade.
Estudou arte dramática na Europa em meados dos anos 1930. De regresso a Nova Iorque entrou no “Yiddish Theatre”. Em 1940 ingressou como estagiário na RKO, depois de ter feito a montagem de uma peça em Nova Iorque. Foi assistente de Alfred Hitchcock no filme “Jogos Matrimoniais”. A técnica e a direcção de actores de Hitchcock impressionaram-no por muito tempo. Fez vários filmes de sucesso para a MGM, ingressando depois nos estúdios Universal, onde realizou dois filmes que foram um fracasso. Foi então para a Fox.
O comité de actividades antiamericanas, presidido pelo senador McCarthy, incluiu o seu nome na “lista negra dos comunistas” de Hollywood, no fim dos anos 1940. A acusação forçou-o a exilar-se na Europa em 1949. Filmou em Londres e em Paris, ganhando o Prémio de Realização no Festival de Cannes de 1955, com “Du rififi chez les hommes”, em que interpretava igualmente o papel de um perito em cofres-fortes.
Encontrara Melina Mercouri durante o Festival de Cannes de 1954 e com ela se viria a casar em 1966. Pela mesma época descobriu a obra literária de Níkos Kazantzákis. Estes dois factos ligaram-no definitivamente à nação grega, onde se fixou.
Realizou vários filmes de sucesso com Melina, entrando em alguns também como actor. Tiveram de deixar a Grécia no seguimento do golpe de estado dos coronéis, indo para Paris. Foram acusados em 1970 de financiar uma tentativa de derrube da ditadura grega.
Dassin voltou a trabalhar nos Estados Unidos, a primeira vez que o fazia desde que se tinha exilado, realizando sobretudo filmes com temas gregos. Voltou também ao teatro.
Depois da democratização da Grécia, Melina Mercouri foi nomeada Ministra da Cultura. Depois da sua morte, Jules Dassin ficou a presidir a Fundação Melina Mercouri, que continuou a ocupar-se da principal luta da actriz: o regresso à Grécia dos mármores do Partenon. Faleceu aos 96 anos, devido a complicações causadas por uma gripe. Era Cidadão de Honra da Grécia.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDE Liédson da Silva Muniz, futebolista brasileiro naturalizado português, nasceu em Cairu, Bahia, no dia 17 de Dezembro de 1977. Joga actualmente no Sporting e na Selecção Portuguesa.
Em Agosto de 2009, após o processo de naturalização, Liédson foi convocado para a Selecção, jogando ainda algumas eliminatórias para os Mundiais de 2010.
Liédson começou a jogar no “Poções”, passando depois para o Prudentópolis e posteriormente para o Coritiba. Em 2002, jogou o Campeonato Brasileiro pelo Flamengo e deixou boa impressão, marcando golos por quinze vezes nas 29 partidas disputadas. No início de 2003, assinou contrato com o Corinthians mas, no meio desse ano, transferiu-se para o Sporting Clube de Portugal.
É um atacante veloz, de grande mobilidade, boa impulsão, espontaneidade e exímia finalização. Na temporada 2004/05, foi o melhor marcador do Campeonato Português, com 25 golos em 34 partidas, e o segundo melhor marcador da Taça UEFA, com 9 golos. Na temporada 2005/06, foi o segundo melhor marcador no Campeonato de Portugal, com 15 golos em 31 partidas. Na temporada 2006/07, voltou a ser o melhor marcador do Campeonato, com 15 golos em 28 partidas.
Na época 2006/07, conquistou com o Sporting a Super Taça e a Taça de Portugal, bisando esta última na temporada seguinte, embora não tendo jogado a final por estar lesionado.
Em Outubro de 2008, tornou-se o melhor marcador de sempre da história do Sporting nas competições europeias, marcando o seu 19º golo no jogo da “UEFA Champions League” entre o Shakhtar e Sporting. Em Janeiro de 2009, tornou-se o melhor marcador estrangeiro de sempre do Sporting, ao marcar por três vezes num jogo para a Taça da Liga contra o Paços de Ferreira.
Em Setembro de 2009, Liédson marcou o seu golo nº 100 nos campeonatos de Portugal (em 176 jogos), precisamente no 250º jogo oficial com a camisola do Sporting.
Quando jogava pelo Corinthians, era conhecido por Liedshow. No Sporting é carinhosamente chamado “Levezinho” (63 kg para 1,75 de altura).
Em 2006, publicou um livro com a sua autobiografia intitulado “A Minha História”.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDE Philip Kindred Dick, também conhecido pelas iniciais PKD, escritor norte-americano de ficção científica que alterou profundamente este género literário, nasceu em Chicago no dia 16 de Dezembro de 1928. Faleceu, vítima de um AVC, em Santa Ana, Califórnia, em 2 de Março de 1982. Apesar de ter tido pouco reconhecimento em vida, a adaptação de vários dos seus livros ao cinema acabou por tornar a sua obra conhecida em todo o mundo, sendo aclamada tanto pelo público como pela crítica.
Os pais divorciaram-se quando ele tinha apenas quatro anos. Acompanhou a mãe na sua mudança para a Califórnia, onde estudou, ingressando na Escola Secundária de Berkeley, na qual esteve até 1945. Matriculou-se depois na Universidade da Califórnia, onde estudou Filosofia e Alemão. Por ter mantido relações com o Partido Comunista norte-americano, foi alvo de minuciosas investigações por parte do FBI que levaram à sua expulsão da Universidade. Trabalhou então como disc-jockey numa emissora de rádio, mantendo, ao mesmo tempo, uma loja discográfica em Berkeley, numa época em que se preparava já a grande vaga hippy e os diversos movimentos dos anos 1960.
Começou a escrever, publicando o seu primeiro conto de ficção científica na revista “Planet Stories”. O seu primeiro livro publicado foi “Solar Lottery” (1955), cuja acção decorre no século XXIII. Após o aparecimento de outras obras, conseguiu ser reconhecido como escritor, sobretudo com a publicação de “O Homem do Castelo Alto” (1962), romance que recriava um mundo em que a Alemanha e o Japão tinham vencido a Segunda Guerra Mundial.
Inspirando-se em ideias do Budismo, Cabalismo, Gnosticismo e outras doutrinas herméticas, e combinando-as com certos aspectos das novas crenças na parapsicologia, em extraterrestres e na percepção extra-sensorial, o autor criou mundos alternativos nos quais acabou eventualmente por julgar viver.
Entre outros, os filmes “Relatório Minoritário”, “A Nova Lei”, “O Vingador do Futuro”, “Screamers”, “O Pagamento / Pago para Esquecer” e “A Scanner Darkly” são baseados em novelas ou livros de Dick.
Philip tinha uma irmã gémea que morreu algumas semanas depois do seu nascimento. O facto afectou-o para toda a vida, sentindo que lhe faltava um bocado de si mesmo. Muito jovem, sentia vertigens e os médicos diagnosticaram-lhe uma esquizofrenia que seria refutada posteriormente. Aterrorizado pelas coisas que imaginava, descobriu a ficção científica na revista “Stirring Science Stories”, encontrando aí uma saída para exteriorizar as suas angústias. Muitos dos seus livros misturam a pura ficção com acontecimentos autobiográficos.
Para conseguir manter um ritmo de trabalho rápido, tomava muitos medicamentos, que lhe provocavam depressões terríveis. Casou-se e divorciou-se várias vezes. A vida mundana não o atraía e começou a quase não sair de casa. Os assassinatos de Robert Kennedy e de Martin Luther King revoltaram-no e, partir daí, deixou mesmo de votar.
Em 1970 teve problemas com o fisco e a guerra do Vietname tornou-o triste e sombrio. Abriu a sua casa a drogados e a hippies de passagem e começou a drogar-se também, tendo momentos de delírio. Esta experiência levou-o a escrever “Substância morta”, publicado em 1977. Tentou, sem o conseguir, ser internado num hospital psiquiátrico. A sua casa foi assaltada e os seus pertences roubados ou destruídos. Todos os seus medos e paranóias ressurgiram e tão depressa acusava o FBI como o KGB de o quererem matar.
Tentou refazer a sua vida em Vancouver e fez uma tentativa de suicídio com tranquilizantes. Apaixonou-se várias vezes sem ser correspondido. Fundou um último lar, com uma jovem de dezoito anos.
Morreu em 1982, sem saber até que ponto a sua obra se ia tornar quase mítica. Publicou ao todo 36 romances e cinco recolhas de novelas.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEPero Vaz de Caminha, escritor português que se notabilizou nas funções de escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, morreu em Calecute, Índia, no dia 15 de Dezembro de 1500. Nascera no Porto em 1450.
Dono de apreciável cultura, foi cavaleiro das casas reais de D. Afonso V, de D. João II e de D. Manuel I.
Teria participado na batalha de Toro em 1475. No ano seguinte, herdou do pai o cargo de Mestre da Balança da Moeda, posição de responsabilidade naquela época. Em 1497 foi escolhido para redigir, na qualidade de Vereador, a “Constituição” da Câmara Municipal do Porto, a ser apresentada às Cortes de Lisboa.
Em 1500, foi nomeado escrivão da feitoria a ser erguida em Calecute, na Índia, razão pela qual se encontrava na nau principal da armada de Pedro Álvares Cabral, em Abril daquele mesmo ano, quando a mesma descobriu o Brasil. Caminha é o autor da “Carta ao Soberano”, datada de 1 de Maio, um dos três únicos testemunhos da descoberta (os outros dois são a “Relação do Piloto Anónimo” e a “Carta do Mestre João Farás”).
A Carta de Pero Vaz de Caminha é considerada a certidão de nascimento do Brasil embora, dado o segredo com que Portugal sempre envolveu os relatos sobre as suas descobertas, só fosse publicada no século XIX, pelo Padre Manuel Aires de Casal, na sua "Corografia Brasílica", Imprensa Régia, Rio de Janeiro, 1817.
Tradicionalmente, aceita-se como verdadeiro que Caminha pereceu em combate durante o ataque muçulmano à feitoria de Calecute, que estava ainda em construção, no final de 1500.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEBeatriz Costa, de seu verdadeiro nome Beatriz da Conceição, actriz de teatro e de cinema portuguesa, muito popular, carismática e sedutora de plateias, nasceu na Charneca do Milharado, Mafra, em 14 de Dezembro de 1907. Faleceu em Lisboa no dia 15 de Abril de 1996. Deixou para a posteridade a imagem de uma pessoa calorosa, maliciosa e irreverente - além do corte de cabelo que a tornava inconfundível.
Estreou-se no teatro de revista, aos quinze anos, como corista em “Chá e Torradas” (1923), seguindo depois em tournée para o Alentejo e Algarve. Antes, já tinha sido ajuntadeira e bordadeira, trabalhando em casa. No ano seguinte, actuou pela primeira vez no Teatro Maria Vitória na revista “Rés Vês”, tendo ingressado depois na companhia do Teatro Avenida. Estreou-se no mesmo ano, no Rio de Janeiro, onde foi felicitada pela imprensa e pelos espectadores, nomeadamente nas revistas “Fado Corrido” e “Tiro ao Alvo”.
De regresso a Lisboa (1925) ocupou um lugar de destaque em “Ditosa Pátria”, no Teatro da Trindade. Em Agosto do mesmo ano, a “Companhia do Trindade” seguiu para o Porto, apresentando-se no Teatro Sá da Bandeira.
Em Outubro de 1925, integrou uma Companhia de operetas sediada no Teatro São Luiz. De regresso à revista, esteve nos teatros Éden e Maria Vitória.
Em 1927 estreou-se no cinema, em pequenos papéis. Passou pelo Teatro Apolo e pela Companhia de Eva Stachino. Fez “Pó de Maio”, onde granjeou enorme popularidade.
Na sua segunda digressão pelo Brasil (1929), foi recebida com efusivas manifestações de admiração e carinho, tanto do público como da crítica. Foi então convidada por Procópio Ferreira, conhecido comediante do teatro brasileiro, para ficar a trabalhar no Rio de Janeiro, integrando o elenco da sua Companhia de comédias, mas a proposta não foi aceite.
De volta a Portugal, apareceu no documentário “Memória de uma Actriz” (com base nos artigos que escrevia para “O Século”, a contar episódios da sua carreira).
Em 1930 participou no filme “Lisboa, Crónica Anedótica”, de Leitão de Barros. No fim desse mesmo ano foi convidada pela Paramount, através de um contrato muito vantajoso, para protagonizar o filme “A Minha Noite de Núpcias”.
Foi contratada por Corina Freire para participar em várias revistas, que obtiveram grandes êxitos. Numa ida a Espanha, a convite da Casa da Imprensa de Badajoz, para uma festa no Teatro Lopez Ayola, teve grande sucesso.
Em 1933 a sua imagem imortalizou-se no filme “A Canção de Lisboa”, de Cotinelli Telmo, ao lado de António Silva e Vasco Santana.
Em 1937, juntamente com Vasco Santana, obteve a maioria dos votos dos cinéfilos portugueses, sendo eleitos “príncipes do cinema português”, protagonizando “A Aldeia da Roupa Branca”. Em 1939, aceitou novo convite para se apresentar no Brasil durante uma temporada, que se prolongou por uma década, a que chamou “os melhores anos da sua vida”. Actuou quase sempre no Casino de Urca, no Rio de Janeiro. Casou por essa época, com Edmundo Gregorian (poeta, escritor, escultor), de quem se divorciou dois anos depois.
Em 1949, regressou aos palcos de Lisboa numa revista, cujo título diz tudo sobre o mito que continuava a ser: “Ela aí está!. Aos 41 anos, repetia os êxitos de vinte anos atrás.
Ainda apareceu em revistas de sucesso como “Com Jeito Vai” mas, em 1960, despediu-se dos palcos com “Está Bonita a Brincadeira”.
Foi a partir dos anos 1960 que começou a viajar por todo o mundo, assistindo a festivais de teatro e a outros espectáculos. Conheceu personalidades como Salvador Dali, Pablo Picasso, Sophia Loren, Orson Welles, John Ford, Greta Garbo, Edith Piaf e o Rei Hassan II de Marrocos, entre muitas outras. Sobre Marlene Dietrich, disse um dia: «Foi minha amiga. Ela cozinhava, eu e a Greta Garbo lavávamos a louça».
Depois da Revolução dos Cravos, quando já vivia no Hotel Tivoli, onde habitou durante meio século até morrer, começou a publicar livros sobre a sua espantosa vida. Lendo-os, descobre-se que ela foi o «sol dos anos negros da ditadura», como afirmou a escritora Inês Pedrosa. Beatriz Costa, que aprendera a ler aos 13 anos e sozinha, seguindo a sua ambição de saber, começou a sua alfabetização à mesa do café "A Brasileira", rodeada por figuras como Almada Negreiros, Aquilino Ribeiro e Vitorino Nemésio.
Após o seu reaparecimento num espectáculo da “Casa da Imprensa”, que decorreu no Coliseu dos Recreios foi sistematicamente solicitada pelos órgãos de comunicação social e espantou-se com as óptimas reacções do público leitor em relação a essa outra faceta da sua vida - escrever.
Em 1977 foi editado um álbum que compilava vários dos seus sucessos musicais e que em 1996 seria reeditado com o título “Grande Marcha de Lisboa”. Apesar das muitas propostas para regressar aos palcos, preferiu ficar longe deles por considerar que o teatro de revista estava muito diferente do que tinha sido no seu tempo.
Muitos foram também os convites para programas de televisão, mas só veio a participar, como membro de júri, no concurso “Prata da Casa” (RTP), que visava lançar jovens no mundo do espectáculo.
Um grupo de jovens chegou a propor a sua candidatura simbólica nas eleições presidenciais de 1985, como meio de comemorar “O Ano Internacional da Juventude” do ano seguinte.
Morreu na manhã de 15 de Abril de 1996, aos 88 anos, com a serenidade que os deuses deviam conceder sempre a quem propaga alegria à sua volta. Está sepultada no cemitério da Malveira, cumprindo o seu último desejo.
Existe na sua região natal um Cineteatro com o seu nome e, na Malveira, o “Museu Popular Beatriz Costa”.
Além da sua prodigiosa actividade teatral, fez sete filmes e escreveu quatro livros. O seu sorriso único era capaz de derreter um “iceberg”. Para ela, a vida era um espectáculo imperdível - «uma brincadeira». «Era, fui e serei sempre uma criança contente», dizia. Os momentos de tristeza eram resolvidos de maneira simples: «Quando quero chorar, penso na minha vida sexual. Quando quero rir, também…».

domingo, 13 de dezembro de 2009


«MENINO DEUS A SORRIR»

1

Menino Deus a sorrir
É sinal da esperança
De vir um dia a sentir
Que o Mundo é da Criança!

2

Menino Deus a sorrir
Lembra como é bela a Terra
E que um dia há-de vir
Só com Paz e sem a Guerra. (a)

Gabriel de Sousa

(a) – Menção Honrosa no 14º Concurso Internacional de Quadras Natalícias – 2009 (Fuseta)
VAMOS CANTAR NATAL
(2009)

1

Vamos cantar cada dia
Um belo hino ao Natal,
P’ra viver com alegria
E esquecer todo o mal.

2

Cantar de modo profundo
Cada dia de Natal,
É tentar mudar o Mundo
E acabar com o Mal.
(a)

Gabriel de Sousa

(a) – Menção Honrosa no 14º Concurso Internacional de Quadras Natalícias – 2009 (Fuseta)
EFEMÉRIDED. Manuel I, 14º rei de Portugal, morreu em Lisboa no dia 13 de Dezembro de 1521. Nascera em Alcochete, em 31 de Maio de 1469.
Foi cognominado “O Venturoso”, pelos eventos felizes que o levaram ao trono e que ocorreram no seu reinado, sobretudo a descoberta do caminho marítimo para a Índia e a do Brasil. Foi o primeiro rei a assumir o título de “Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação da Arábia, Pérsia e Índia”.
D. Manuel I sucedeu ao seu primo direito D. João II (1495), de quem se tornara uma espécie de “filho adoptivo”, ascendendo ao trono em circunstâncias excepcionais.
Durante a infância e a juventude, assistiu às intrigas e conspirações entre a aristocracia e D. João II, muito cioso do poder. Alguns homens do seu círculo próximo foram mortos ou exilados, incluindo o seu irmão mais velho Diogo, Duque de Viseu, assassinado pelo próprio rei. Portanto, quando em 1493 recebeu uma ordem real para comparecer no paço, D. Manuel I deve ter ficado preocupado… O propósito de D. João II era, no entanto, o de o nomear herdeiro da coroa, depois da morte do seu filho Afonso de Portugal e das tentativas frustradas de legitimar o bastardo Jorge de Lencastre.
Aclamado em 1495, provou ser um sucessor à altura, apoiando os descobrimentos portugueses e o desenvolvimento dos monopólios comerciais. Durante o seu reinado, Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia (1498), Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil (1500), D. Francisco de Almeida tornou-se o primeiro vice-rei da Índia (1505) e o almirante D. Afonso de Albuquerque assegurou o controlo das rotas comerciais do Oceano Índico e Golfo Pérsico, conquistando igualmente para Portugal locais importantes como Malaca, Goa e Ormuz.
Foi também no seu reinado que se chegou à Gronelândia e à Terra Nova. O seu reinado decorreu portanto num contexto expansionista, já preparado aliás pelo seu antecessor.
Foi um rei teimoso, voluntarioso, autocrático e era detentor de um programa político coerente, posto em prática até ao seu mais ínfimo pormenor. Isto contribuiu para a constituição do Império Português, fazendo de Portugal um dos países mais ricos e poderosos da Europa. D. Manuel I utilizou a riqueza obtida pelo comércio para construir edifícios monumentais, no que se chamaria muito posteriormente “estilo manuelino”, de que são exemplo o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém. Atraiu cientistas para a corte de Lisboa e estabeleceu tratados comerciais e relações diplomáticas com a China e a Pérsia, além de realizar conquistas em Marrocos (Safim, Azamor e Agadir).
A sua completa consagração europeia deu-se com a aparatosa embaixada enviada em 1513 ao papa Leão X, com presentes magníficos como pedrarias, tecidos e jóias. Dos animais raros, destacavam-se um cavalo persa e um elefante, que executava várias habilidades. Outra das inúmeras novidades que encantaram os espíritos curiosos das cortes europeias da época terá sido um rinoceronte trazido das Índias.
Na vida política interna, D. Manuel I seguiu as pisadas de D. João II e tornou-se quase um rei absoluto. As cortes reuniram apenas três vezes durante o seu reinado de mais de vinte e cinco anos e sempre no paço de Lisboa. D. Manuel I dedicou-se à reforma dos tribunais e do sistema fiscal, adaptando-o ao progresso económico que Portugal então vivia.
Era um homem bastante religioso que investiu uma boa parte da fortuna do país na construção de igrejas e mosteiros, bem como patrocinando a evangelização das novas colónias através de missionários católicos.
O seu reinado ficará também lembrado, no entanto, pela perseguição feita a judeus e muçulmanos, particularmente nos anos de 1496 a 1498. Esta política foi tomada para agradar aos reis católicos, cumprindo uma das cláusulas do seu contrato de casamento com a herdeira de Espanha, Isabel de Aragão. Seguiram-se as conversões forçadas dos judeus e, depois, confiou ao seu embaixador em Roma a missão secreta de pedir ao papa, em 1515, a permissão para estabelecer a Inquisição em Portugal.
Na cultura, D. Manuel I procedeu à reforma dos Estudos Gerais, criando novos planos educativos e concedendo bolsas de estudo. Na sua corte surgiu também Gil Vicente, o pai do teatro português.
D. Manuel I encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDE Yasujirō Ozu, realizador de cinema japonês, nasceu em Tóquio no dia 12 de Dezembro de 1903. Faleceu em Kamakma, de doença cancerosa, em 12 de Dezembro de 1963, precisamente no dia em que completava sessenta anos de idade.
Filho de um comerciante, foi educado no colégio interno “Ujisenda”, em Matsusaka, não tendo sido um aluno particularmente bem sucedido. Desde cedo se interessou mais pelo cinema e aproveitava o tempo para ver o máximo de filmes que podia, sobretudo os realizados em Hollywood. Trabalhou um breve período como “professor” primário, antes de voltar a Tóquio, em 1923, para trabalhar na companhia cinematográfica Shōchiku Kinema. Começou como assistente de fotografia e de realização. Três anos depois, dirigiu o seu primeiro filme, “A espada da penitência”. Ao todo, realizaria mais 53 filmes.
Em 1937, numa época em que os estúdios demonstravam algum descontentamento com o insucesso comercial dos filmes de Ozu, apesar dos louvores e prémios com que a crítica o celebrava, foi recrutado para o exército como cabo de infantaria, estando vinte meses na China. A sua experiência militar levou-o a escrever um extenso diário onde se inspiraria mais tarde para fazer guiões cinematográficos. O primeiro filme realizado por Ozu, após o regresso ao Japão, foi um sucesso de bilheteira e junto da crítica. Em 1943 foi, de novo, alistado no exército para realizar um filme de propaganda política em Singapura, onde passou grande parte do seu tempo a ver filmes norte-americanos confiscados pelo exército. O seu filme preferido era a obra-prima de Orson Welles “Citizen Kane”. Acabou por ser feito prisioneiro, só regressando ao Japão em 1946.
Ozu começou por realizar comédias, antes de se dedicar a obras com maiores preocupações sociais. Os temas recorrentes nos seus filmes são a velhice, o conflito entre gerações, a nostalgia, a solidão e a inevitabilidade da decadência.
Os seus filmes só tiveram uma recepção mais favorável a partir do final da década de 1940, com películas como “Primavera tardia”, “ Viagem a Tóquio”, considerada a sua obra-prima, “O gosto do saké”, “Primavera prematura”, “Ervas flutuantes” e “Dia de Outono”. O seu último filme foi “A rotina tem o seu encanto” (1962).
Yasujirō Ozu era considerado excêntrico e perfeccionista. Foi relutante em aceitar a revolução do cinema sonoro (o seu primeiro filme com som foi "Filho único" em 1936). O primeiro filme a cores foi também tardio: “Flores do equinócio” em 1958.
Para além do cinema, os seus únicos centros de interesse eram a literatura, a pintura, a música e a bebida. Influenciou realizadores de vários pontos do globo. Em Portugal, João Botelho inspirou-se no seu filme “Viagem a Tóquio”, para realizar “Um adeus português”.
EFEMÉRIDEAlexander Issaiévich Soljenitsyne, escritor, dramaturgo, historiador e dissidente russo, nasceu em Kislovodsk no dia 11 de Dezembro de 1918. Faleceu em Moscovo, vítima de insuficiência cardíaca aguda, em 3 de Agosto de 2008.
Era filho de um oficial do exército do Czar, que morreu num acidente de caça antes dele nascer. O avô materno tinha adquirido uma grande propriedade na região de Kuban, nos sopés da grande cadeia de montanhas do Cáucaso, que foi confiscada depois da Revolução Russa. A mãe, de origem ucraniana, teve de lutar arduamente pela sobrevivência e manter em segredo as ligações do pai com o antigo regime.
Alexander mostrou, desde criança, tendências literárias e científicas que a mãe tentava incentivar como podia. Estudou matemática na Universidade Estatal de Rostov, ao mesmo tempo que cursava por correspondência Filosofia e Literatura. Durante a Segunda Guerra Mundial participou em acções importantes, como comandante de uma companhia de artilharia do Exército Soviético, obtendo a patente de capitão e sendo condecorado por duas vezes. Algumas semanas antes do encerramento do conflito, foi preso por fazer críticas a Estaline, nomeadamente o facto dele não ter negociado um compromisso com Hitler para atenuar o sofrimento da Rússia. Foi condenado a oito anos em campos de trabalhos forçados. Destas experiências surgiria o livro “O Primeiro Círculo”, publicado no estrangeiro em 1968.
Em 1950 foi transferido para um “campo especial” em Ekibastuz, no Cazaquistão, onde trabalhou como pedreiro, mineiro e metalúrgico. Esta época inspiraria o livro “Um Dia na Vida de Ivan Denisovich”, publicado em 1962 na revista soviética “Novy Mir”, graças à intervenção pessoal de Nikita Khrouchtchev. Enquanto esteve neste "campo" foi-lhe retirado um tumor que só seria considerado canceroso no ano seguinte. Esteve próximo da morte, mas acabou por receber tratamento adequado em Tashkent, no Uzbequistão, tendo sido curado. Estes acontecimentos estiveram na base do livro “O Pavilhão dos Cancerosos”.
Foi reabilitado em 1956 e, ao mesmo tempo que leccionava em escolas secundárias durante o dia, passava as noites a escrever com secretismo.
Recebeu o Prémio Nobel de Literatura em 1970 e foi expulso da União Soviética por razões políticas em 1974.
Viveu vários anos na Suíça, emigrando depois para os Estados Unidos. Concedeu então muitas entrevistas e fez vários discursos, chegando a fazer uma conferência sobre a situação mundial no Senado Americano. O Ocidente descobria nele um homem ortodoxo conservador, mas profundamente crítico da sociedade de consumo.
Quando da “Glanost”, promovida por Mikhaïl Gorbatchev, Soljenitsyne reconquistou a cidadania soviética. “O Arquipélago Gulag” foi publicado na URSS em 1989 e ele regressou à Rússia em 1994. Ganhou a Medalha de Ouro Lomonossov em 1998.
A sua personalidade era de tal modo confusa e controversa que, durante a sua carreira literária, foi acusado sucessivamente (ou simultaneamente) de ser nacionalista, czarista, ultra ortodoxo, anti-semita ou favorável a Israel, traidor, cúmplice da Gestapo, da CIA, da Maçonaria e mesmo do KGB. As suas posições foram várias vezes criticadas por outros dissidentes soviéticos. Exprimiu-se por exemplo a favor das ditaduras militares de Franco e de Pinochet, o que não abona muito a favor da clareza dos seus ideais.
Em 2007, o presidente Putine homenageou-o, entregando-lhe o Prémio do Estado. Morreu aos 89 anos, tendo sido o seu funeral retransmitido pela televisão russa.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEEmily Elizabeth Dickinson, poetisa norte-americana, nasceu em Amherst, no Massachusetts, em 10 de Dezembro de 1830. Morreu na mesma localidade em 15 de Maio de 1886.
Proveniente de uma família abastada, Emily teve uma boa formação escolar, chegando a cursar durante um ano o “South Hadley Female Seminary”. Abandonou o seminário após se recusar, publicamente, a declarar a sua fé. Quando acabou os estudos voltou para casa dos pais para cuidar deles.
Em torno de Emily construiu-se o mito de ter uma personalidade solitária, de tal modo que a denominavam de “a grande reclusa”. É de assinalar, porém, que este seu comportamento se coadunava com o modelo de conduta feminina que era apregoado no Massachusetts dos anos 1800. Emily só em raros momentos deixou a sua vida de reclusa. Apenas viajou duas vezes - uma para Filadélfia, com a finalidade de consultar um oftalmologista, e outra para Washington e Boston. Foi numa destas viagens que Emily conheceu dois homens que influenciariam a sua vida e inspiração poética: Charles Wadsworth e Thomas Higginson.
Emily conheceu Charles Wadsworth, um padre de 41 anos, na sua viagem para Filadélfia. Alguns críticos acreditam mesmo que Wadsworth seria o alvo de grande parte dos poemas de amor que ela escreveu.
Foi só por volta do ano 1858 que Emily deu a conhecer os seus primeiros poemas, através de livros produzidos e encadernados à mão, divulgados num âmbito muito restrito.
Foi intensa a sua produção de 1860 até 1870, em que compôs centenas de poemas por ano. Em 1862, enviou quatro poemas ao crítico Thomas Higginson que, não compreendendo inteiramente a sua poesia, a desaconselhou de os publicar.
A partir de 1864, surpreendida por graves problemas de visão, abrandou um pouco o ritmo da escrita.
Uma curiosidade na obra de Emily Dickinson é que, apesar de ter escrito cerca de 1800 poemas e quase 1000 cartas, não chegou a publicar nenhum livro convencional enquanto viveu. Toda a sua obra foi descoberta pela irmã, que a compilou e publicou postumamente (1955), sendo então reconhecida e aclamada pelos críticos. É hoje considerada, juntamente com Walt Whitman, como fazendo parte dos melhores poetas americanos do século XIX.
Actualmente a casa onde ela nasceu e viveu, "The Homestead", está aberta ao público todos os anos, no período de Março a Dezembro.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


SONHOS & VIDAS
(quadras)

1

Há tanta gente sofrida
Passando o tempo a sonhar:
- Há tantos sonhos na vida,
Muitos por realizar.

2

Para manter a esperança
Todos temos que sonhar:
- Fazê-lo desde criança
Até a vida acabar!

3

Nós vivemos e sonhamos
Alegrando nossas vidas,
Mas cada vez que acordamos
Achamos causas perdidas…


Gabriel de Sousa
EFEMÉRIDEJoão Baptista da Silva Leitão de Almeida, mais tarde visconde de Almeida Garrett, escritor e dramaturgo romântico, poeta, orador, Par do Reino, ministro e secretário de Estado honorário português, morreu em Lisboa no dia 9 de Dezembro de 1854, vítima de doença cancerosa. Nascera no Porto em 4 de Fevereiro de 1799.
Grande impulsionador do teatro em Portugal e uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.
Na adolescência, viveu nos Açores (Ilha Terceira), quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal. Foi educado pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra. Em 1816 foi para Coimbra, onde se matriculou no curso de Direito. Em 1821 publicou “O Retrato de Vénus”, trabalho que fez com que lhe pusessem um processo por ser considerado «materialista, ateu e imoral». Foi também neste ano que ele e sua família passaram a usar o apelido de Almeida Garrett.
Participou na revolução liberal de 1820, exilando-se depois em Inglaterra (1823) após a “Vilafrancada”. Antes, casara-se com Luísa Midosi, uma jovem de apenas catorze anos. Foi em Inglaterra que tomou contacto com o movimento romântico, descobrindo Shakespeare, Walter Scott e outros autores. Visitou também castelos feudais, ruínas de igrejas e abadias góticas, vivências que se reflectiram na sua obra posterior.
Em 1824, pôde partir para França e, nessa viagem, escreveu o muitíssimo conhecido Camões (1825) e Dona Branca (1826), não tão conhecido mas não menos importante, poemas geralmente considerados como as primeiras obras da literatura romântica em Portugal. Em 1826 regressou a Portugal, dedicando-se ao jornalismo e fundando e dirigindo o jornal diário “O Português” (1826-1827) e o semanário “O Cronista” (1827).
Foi obrigado a abandonar novamente o País em 1828, com o regresso do Rei absolutista D. Miguel. Exilado em Inglaterra, publicou “Adozinda”.
Juntamente com Alexandre Herculano e Joaquim António de Aguiar, tomou parte no Desembarque do Mindelo e no Cerco do Porto em 1832 e 1833.
A vitória do Liberalismo permitiu-lhe instalar-se de novo em Portugal, após curta estadia em Bruxelas como cônsul-geral e encarregado de negócios, onde leu Schiller, Goethe e Herder. Em Portugal exerceu cargos políticos, distinguindo-se nos anos 30 e 40 como um dos melhores oradores nacionais. Foram também de sua iniciativa a criação da Inspecção-Geral dos Teatros, do Panteão Nacional e do Teatro Normal (actualmente Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa). Mais do que construir um teatro, Garrett procurou porém renovar a produção dramática nacional segundo os cânones já vigentes no estrangeiro.
Almeida Garrett afastou-se da vida política até 1852. Contudo, em 1850, subscreveu, com mais de 50 personalidades, um protesto contra a proposta sobre a liberdade de imprensa, mais conhecida pela “lei das rolhas”.
A vida de Garrett foi tão apaixonante quanto a sua obra. Após os períodos revolucionários, distinguiu-se como o tipo perfeito de dândi, tornando-se árbitro de elegâncias e príncipe dos salões mundanos. Foi um homem de muitos amores, uma espécie de “homem fatal”.
Por decreto do Rei D. Pedro V de Portugal (Junho de 1851) foi feito Visconde de Almeida Garrett. Em 1852 ocupou, por poucos dias, a pasta dos Negócios Estrangeiros no governo presidido pelo Duque de Saldanha.
No século XIX e em boa parte do século XX, a obra literária de Garrett foi considerada como uma das mais geniais da língua portuguesa, apenas inferior à de Camões. A crítica do século XX (sobretudo João Gaspar Simões) veio questionar esta apreciação. No entanto, a obra de Garrett conservará para sempre o seu lugar na história da literatura portuguesa, pelas inovações que a ela trouxe e que abriram novos rumos aos autores que se lhe seguiram. Garrett merece ser considerado o autor mais representativo do romantismo em Portugal.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEHorácio Flaco (em latim, Quintus Horatius Flaccus), poeta lírico e satírico latino (além de filósofo), um dos maiores poetas da Roma Antiga, nasceu em Venúsia, no sul de Itália, em 8 de Dezembro de 65 a.C.. Morreu em Roma no dia 27 de Novembro de 8 a.C..
Entre as suas características literárias, destaca-se a importância que dava ao presente, sem demonstrar muita preocupação quanto ao futuro. Pelo reconhecimento da brevidade da vida, essa era a forma de Horácio pensar, uma ideia muito semelhante aos pensamentos do filósofo grego Epicuro. Outro ponto a destacar era a ideia de bem aproveitar cada momento antes da morte, como o amor e outras questões sociais. Horácio foi um dos primeiros homens da Humanidade a acreditar na vida após a morte.
Filho de um escravo libertado, recebeu uma óptima educação, tendo em conta as suas origens sociais. Os estudos literários, iniciados em Roma, foram completados depois em Atenas, onde estudou filosofia.
Envolveu-se em lutas políticas e aceitou com entusiasmo o assassinato de Júlio César. Depois de Brutus ter formado um exército para batalhar em Filipos (42 a.C.), recebeu deste uma legião para comandar. Apesar da derrota obtida na batalha, pôde voltar mais tarde a Roma em virtude de uma amnistia.
Horácio perdera, no entanto, o que lhe restava dos bens do pai, entretanto falecido. Teve que trabalhar em Roma como escriba, o que lhe permitiu poder divulgar os seus primeiros poemas, que lhe trouxeram a amizade de outro poeta romano - Virgílio. Este apresentou Horácio ao ministro do imperador Augusto, Caio Mecenas, que - apreciando as qualidades e o talento de Horácio - se tornou amigo do poeta e o incluiu nos círculos literários. Graças à amizade entre Horácio e Mecenas, o poeta pôde conseguir a sua ascensão, visitando frequentemente o palácio imperial e tornando-se mesmo amigo do imperador. Horácio foi o primeiro escritor profissional de Roma, tendo recusado aliás o lugar de secretário particular do imperador, para se poder dedicar inteiramente à literatura. Faleceu pouco tempo depois da morte de Mecenas, ficando conhecido como o “Deus da Poesia”.
As “Odes”, publicadas em 23 ou 22 a.C. (três primeiros livros) e em 12 ou 7 a.C. (quarto livro), eram por si comparadas orgulhosamente às Pirâmides do Egipto… Só esta obra contém 3038 versos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDE António Alçada Baptista, advogado, jornalista e escritor português, faleceu em Lisboa no dia 7 de Dezembro de 2008. Nascera na Covilhã, em 29 de Janeiro de 1927.
Licenciado em Direito, António Alçada Baptista dedicou-se mais à literatura do que à advocacia, que só exerceu entre 1950 e 1957.
De 1957 a 1972 foi director da “Moraes Editora” e um dos fundadores da revista “O Tempo e o Modo” que marcou várias gerações.
A sua dedicação à língua portuguesa valeu-lhe uma nomeação para adido cultural de Portugal no Brasil. Foi condecorado com a Ordem de Santiago, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo (1983) e com a Grã-Cruz da Ordem do Infante (1995).
A escrita de Alçada Baptista caracteriza-se por narrativas ficcionadas e memórias pessoais, mostrando as preocupações interiores do ser humano. Os afectos e a mulher são elementos principais nas suas obras, que se repartem por ensaios, crónicas, novelas e romances. Deixou uma imagem de defensor da liberdade e dos direitos do homem.
Com “Peregrinação Interior - Reflexões sobre Deus” (1971) e "Peregrinação Interior II - O Anjo da Esperança" (1982), obteve a unanimidade da crítica e do público. A sua escrita foi influenciada pelo cristianismo e por pensadores como Emmanuel Mounier e Teillard de Chardin.
Funcionário da Secretaria de Estado da Cultura desde 1978, dirigiu os trabalhos da criação do Instituto Português do Livro, a que presidiu entre 1979 e 1985.
Era sócio da Academia Brasileira de Letras, da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, sendo também presidente da Comissão de Avaliação do Mérito Cultural e administrador da Fundação Oriente.
Segundo o poeta Manuel Alegre, Alçada Baptista era uma figura multifacetada, com uma cultura vastíssima, e um homem muito afectuoso, tendo tido um papel importante no estreitamento das relações entre Portugal e o Brasil e com os países africanos de língua oficial portuguesa.
Quando do seu desaparecimento, o jornalista Baptista Bastos recordou que «conversando com Alçada Baptista, assistia-se a um festival de memórias. Era uma pessoa muito conversadora e terna. Talvez dos poucos escritores portugueses que não tinham inimigos, tal era a sua generosidade».

domingo, 6 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEEstêvão Amarante Carvalho da Silva, empresário, actor e cantor português, faleceu no Porto em 6 de Dezembro de 1951. Nascera em Lisboa no dia 9 de Janeiro de 1894.
Desde criança, começou a revelar talento em operetas, revistas e comédias musicadas. Actuou em teatros desmontáveis de feiras, nos arredores de Lisboa, até se consagrar em salas de teatro e de cinema, interpretando figuras de características populares.
Órfão de pai, viu-se obrigado a ajudar ao sustento da família. Deu os primeiros passos no palco, quando foi preciso uma criança para um papel secundário da peça “A Viagem de Suzete” (1900). Durante algum tempo limitou-se a papéis de miúdo, que lhe criaram popularidade junto do público e que, em 1906, chamaram a atenção do empresário Luís Galhardo, que o convidou para a sua primeira revista “P'rá Frente”, onde cantou o grande êxito popular “Toma lá cerejas”. Tinha 17 anos e, dois anos depois, a opereta “Viúva-alegre” seria escrita já à sua medida.
Com uma excelente voz e um talento multifacetado de actor, Amarante tornou-se rapidamente num caso de sucesso, quer na revista, onde aperfeiçoou os seus dotes de comediante, quer na opereta.
Depois de uma tournée pelo Brasil, voltou a Lisboa em 1918 criando a “Companhia Satanela /Amarante”, de parceria com a vedeta italiana e sua esposa Luísa Satanela. Quando a companhia apostou na revista “Água-Pé” (1927), foi um êxito estrondoso com mais de um ano em cena. Esta revista, juntamente com “O novo mundo”, onde criou “O fado do ganga”, terão sido os pontos máximos da sua carreira. Separou-se da mulher em 1930, o que foi mal visto pelo público que o votou ao ostracismo.
Em 1936, em “Feira de Agosto”, onde demonstrava a sua antipatia por Salazar, interpretou um número de revista contra o ditador: “Tiroliroliro, ai, ai, ai, este santinho não cai!”. O êxito voltou a ser tremendo e o povo, farto de Salazar, aplaudiu!
De 1941 a 1942, integrou o elenco da “Companhia de Amélia Rey Colaço/Robles Monteiro”, no Teatro Nacional D. Maria II, reconciliando-se com o público. Em 1943, criou com grande sucesso o “Fado do Marialva”, na revista “Fora dos eixos”.
Participou nos filmes portugueses “Lisboa, Crónica Anedótica” (1930), “A Minha Noite de Núpcias” (filmado em Paris, para a Paramount, em 1930), “Maria Papoila” (1937), “Feitiço do Império” (1940), “É Perigoso debruçar-se” (1946), “O Hóspede do Quarto 13” (1946), “O Grande Elias” (1950) e “Madragoa” (1951).
A sua boa estrela começara no entanto a empalidecer. Morreu subitamente, aos 57 anos, justamente quando se preparava para almoçar, no Porto, a convite de Hermínia Silva e do seu marido. Estava a actuar então na capital nortenha, numa revista com esta famosa fadista.
A notícia da sua morte causou profunda emoção em todo o País, pois o actor gozava ainda de grande popularidade. Para trás, ficavam interpretações inscritas para sempre na história do teatro português.

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