sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Melhor Placa do Ano!
EFEMÉRIDEMarco Aneu Lucano (em latim Marcus Annaeus Lucanus), poeta romano, morreu em Roma no dia 30 de Abril de 65. Nascera em Córdova, na Hispânia, em 3 de Novembro de 39 d.C..
Apesar da sua curta vida, é considerado uma das figuras mais notáveis do período clássico latino. A sua juventude e a sua proficuidade, fizeram com que se destacasse entre os poetas da época. Restou da sua extensa obra apenas uma epopeia inacabada, a “Farsália”.
Duas antigas biografias de Lucano, feitas por Vacca e Suetónio, juntamente com as referências nos “Anais” de Tácito e numa das “Silvas” de Estácio, permitem uma reconstrução aproximada da sua vida. Lucano era neto de Séneca, o “Velho”, e cresceu sob a tutela do seu tio Séneca, o “Moço”. De família rica, depois dos primeiros estudos em Roma, pôde estudar retórica em Atenas, sendo educado filosoficamente na corrente “estóica” pelo tio.
Fez sucesso durante o reinado de Nero, tornando-se um dos amigos mais próximos do imperador. Em 60 d.C. ganhou um prémio, ao improvisar os poemas “Orfeu” e “Louvores a Nero”, na Nerónia - série de jogos quinquenais realizados em homenagem ao imperador. Durante esta época circularam também os primeiros três livros de seu poema épico “Farsália”, que contavam a história da guerra civil entre Júlio César e Pompeu.
Em determinada altura, por motivo não esclarecido, surgiu uma zanga entre Nero e Lucano. Dois relatos muito diferentes chegaram aos nossos dias. De acordo com o historiador Tácito, Nero teria ficado com inveja do sucesso de Lucano, tendo-o proibido de ler os seus poemas em público. Segundo Suetónio, Nero teria perdido o interesse por Lucano, ao que este respondeu escrevendo poemas insultuosos para o imperador.
Lucano fez depois parte da malograda conspiração de Caio Calpúrnio Pisão contra a vida de Nero. Ao ser descoberta a traição, foi obrigado a cometer suicídio, abrindo as veias. Ainda jovem, com 25 anos de idade, enquanto sangrava até à morte, Lucano teria recitado uns versos que tinha escrito, descrevendo a história de um soldado ferido e a morrer da mesma forma.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ilusionismo

EFEMÉRIDE – Jules Henri Poincaré, matemático, físico e filósofo francês, nasceu em Nancy no dia 29 de Abril de 1854. Faleceu em Paris, em 17 de Julho de 1912, em consequência de uma embolia ocorrida após uma cirurgia na próstata. Realizou trabalhos de grande importância em óptica e em cálculo infinitesimal.
Durante a infância, ficou gravemente doente com difteria, recebendo instrução de sua mãe. Em 1862 entrou no Liceu de Nancy, hoje transformado em Universidade e chamada Université Henri Poincaré. Ingressou depois na Escola Politécnica em 1873, continuou os seus estudos na Escola de Minas (1875) e doutorou-se em Matemática em 1879. Foi professor de matemática na Universidade de Caen e trabalhou no Ministério de Serviços Públicos. Foi depois nomeado professor na Sorbonne (1881), onde se manteve até à sua morte.
Antes de chegar aos trinta anos, desenvolveu o conceito de funções auto mórficas, que usou para resolver equações diferenciais lineares de segunda ordem com coeficientes algébricos. Em 1895 publicou “Analysis situs”, um tratado sistemático sobre topologia. No âmbito das matemáticas aplicadas, estudou numerosos problemas sobre óptica, electricidade, telegrafia, capilaridade, elasticidade, termodinâmica, mecânica quântica, teoria da relatividade e cosmologia.
No campo da mecânica elaborou diversos trabalhos sobre as teorias da luz e as ondas electromagnéticas e desenvolveu, juntamente com Hendrik Lorentz, a teoria da relatividade.
Entre os seus trabalhos mais importantes incluem-se os três volumes de “Os novos métodos da mecânica celeste”, publicados entre 1892 e 1899, e “Lições de mecânica celeste” em 1905. Também escreveu numerosas obras de divulgação científica que atingiram grande popularidade, como “Ciência e hipótese” (1902), “O valor da ciência” (1904) e “Ciência e método” (1908).
Interessou-se igualmente pela divulgação da matemática e da física, escrevendo vários trabalhos para o público leigo.
Em 1887, com 32 anos, Poincaré foi eleito para Academia Francesa de Ciências, tornando-se seu presidente em 1906.
Em 1887 ganhou a competição matemática de Oscar II, rei da Suécia, pela resolução do problema dos “três corpos”, referente ao movimento livre de múltiplos corpos em órbita.
Em 1893 juntou-se ao Bureau des Longitudes francês, o qual se ocupava da sincronização da hora no mundo. Em 1897 Poincaré apoiou uma proposta de decimalização das medidas circulares, entre elas o tempo e a longitude. Foi este trabalho que levou a considerar as questões que viriam a estabelecer os fusos horários e a sincronização do tempo entre corpos em movimento relativo.
Recebeu inúmeros prémios pela sua obra, incluindo a Legião de Honra Francesa, e foi indicado várias vezes como candidato ao Prémio Nobel de Física.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ainda se lembram? (invasão de campo no Letónia-Portugal)

EFEMÉRIDERicardo Artur de Araújo Pereira, humorista português, nasceu em Lisboa no dia 28 de Abril de 1974.
Filho de um piloto da TAP e de uma assistente de bordo, foi aluno de colégios de freiras vicentinas, franciscanos e jesuítas, até se licenciar em Comunicação Social e Cultural na Universidade Católica Portuguesa. Seguiu-se o trabalho como jornalista, na redacção do “Jornal de Letras, Artes e Ideias”.
Argumentista das “Produções Fictícias”, foi co-autor de “Herman 98” e “Herman 99” (RTP), de “O Programa da Maria” (SIC, 2001), de “Hermandifusão Portuguesa” (RDP), de “Felizes para Sempre” (Expresso) e de “As Crónicas de José Estebes” no Diário de Notícias.
Por volta de 2003, interpretou com Zé Diogo Quintela, Tiago Dores e Miguel Góis, várias rubricas do programa “O Perfeito Anormal”, na SIC Radical, e deu arranque ao projecto “Gato Fedorento” que viria a tornar-se uma referência do humor português. Em “Diz Que é Uma Espécie de Magazine”, devido ao último programa na RTP, Ricardo Araújo Pereira teve de responder em tribunal por um processo instaurado pelo presidente do F.C. Porto, Pinto da Costa. Orgulhou-se então de «ser um dos poucos benfiquistas a ganhar algo ao F.C. Porto nos últimos anos».
Contratado pela SIC, participou em 2009 no programa “Gato Fedorento: Esmiúça os Sufrágios” que teve enorme sucesso.
Escreve semanalmente no jornal “A Bola” e na revista "Visão". Tem um espaço na rádio TSF com o nome de “Governo Sombra”, programa que partilha com Pedro Mexia e João Miguel Tavares.
As personagens de Ricardo Araújo Pereira, que encontram eco na actualidade política, desportiva ou social, destacam-se pelos tiques que “saltam” para a rua e alimentam mesmo campanhas publicitárias com muito êxito.
É co-autor do livro “O Futebol é Isto Mesmo (ou então é outra coisa completamente diferente)” e do CD “O disco do Benfiquista”. Publicou duas compilações das suas melhores crónicas na revista Visão (“Boca do Inferno” e “Novas Crónicas da Boca do Inferno”).
Adaptou para o teatro, com Pedro Mexia, “Como Fazer Coisas com Palavras” do filósofo inglês John Austin, peça que também interpretou (Teatro São Luiz, 2008).

terça-feira, 27 de abril de 2010

EFEMÉRIDEEneida de Moraes, jornalista, escritora e pesquisadora brasileira, faleceu no Rio de Janeiro em 27 de Abril de 1971. Nascera em Belém no dia 23 de Outubro de 1904.
Era licenciada em odontologia, mas preferiu ao consultório a carreira de jornalista e de escritora. A paixão pelas letras levou-a a organizar grupos de escritores, para discutir literatura em vários pontos do Brasil. O ano de 1929 marcou a sua estreia como autora, com o livro de poesia “Terra Verde".
Nos anos 1930, participou activamente na vida política brasileira. Em 1932 filiou-se no Partido Comunista Brasileiro, sendo presa em 1935 e mandada para a “Casa de Correcção do Rio de Janeiro”, por causa da sua militância política. Graciliano Ramos imortalizou-a no livro “Memórias do Cárcere”.
Escreveu a “História do carnaval carioca”, a primeira grande obra sobre este tema, que estabeleceria as principais categorias do carnaval brasileiro. Foi a criadora do Baile do Pierrot, no Rio de Janeiro e em Belém.
A escola de samba do Rio de Janeiro “Acadêmicos do Salgueiro” escolheu-a como tema do seu enredo de 1984 (“Eneida, amor e fantasia”).
Outra escola de samba carioca, “Paraíso do Tuiuti”, homenageou-a no desfile de 2010 ("Eneida, o Pierrot está de volta”).
Salientam-se ainda os seguintes livros de crónicas de sua autoria: “O quarteirão, Paris e outros sonhos”, “Sujinho da terra”, “Cão da madrugada” e “Aruanda”.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Transfusões...

EFEMÉRIDEAlexei Bueno, poeta brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro em 26 de Abril de 1963. Tem colaborado em diversos órgãos de imprensa no Brasil e no estrangeiro, é membro do PEN Clube do Brasil e foi, de 1999 a 2002, Director do Instituto Estadual do Património Cultural do Rio de Janeiro.
Organizou a “Obra completa de Augusto dos Anjos” (1994), a “Obra completa de Mário de Sá-Carneiro” (1995), a actualização da “Obra completa de Cruz e Sousa” (1995), a “Obra reunida de Olavo Bilac” (1996), a “Obra completa de Almada Negreiros” (1997) e uma nova edição da “Poesia completa e prosa de Vinicius de Moraes” (1998). Publicou uma edição comentada de “Os Lusíadas” (1993) e “Grandes poemas do Romantismo brasileiro” (1994).
Traduziu para português “As quimeras” de Gérard de Nerval, obra publicada no Brasil e em Portugal. Traduziu igualmente poemas de Poe, Mallarmé, Tasso e Leopardi, entre outros. Em 1998 publicou a primeira edição brasileira, prefaciada e anotada, da “História trágico-marítima” e uma edição dos “Sonetos de Camões”, além do ensaio introdutório e fixação do texto da “Jerusalém libertada” de Torquato Tasso.
Em 1999 organizou, com Alberto da Costa e Silva, a “Antologia da poesia portuguesa contemporânea - um panorama” e, no ano seguinte, publicou a edição remodelada e definitiva, conforme os originais deixados pelo autor, da “História das ruas do Rio” de Brasil Gerson.
Em 2002 organizou, a convite da UNESCO, a “Anthologie de la poésie romantique brésilienne” e a “Correspondência de Alphonsus de Guimaraens” para a Academia Brasileira de Letras. Em 2004 organizou a antologia “Poesía brasileira hoxe” para a Editorial Danú de Santiago de Compostela.
Entre os livros de sua autoria, salientam-se: “As escadas da torre” - 1984, “Poemas gregos” - 1985, “Nuctemeron” - 1987, “A decomposição de J. S. Bach e outros poemas” - 1989, “Magnificat” - 1990, “O Aleijadinho, roteiro cinematográfico” - 1991, “A chama inextinguível” - 1992, “Lucernário” - 1993, “A via estreita” - 1995, “A juventude dos deuses” - 1996 e “Entusiasmo”- 1997.

domingo, 25 de abril de 2010

EFEMÉRIDEManuel Augusto Contro Pinho Freire, cantor português, nasceu em Vagos no dia 25 de Abril de 1942.
Frequentou os Liceus de Ovar e Aveiro, chegando a estudar Engenharia em Coimbra e no Porto, sem todavia se licenciar.
Ingressou no Teatro Experimental do Porto em 1967. Estreou-se na música, no ano seguinte, com um disco que continha as canções “Dedicatória”, “Eles”, “Livre” e “Pedro Soldado”.
A sua obra não escapou à censura salazarista, vindo a ser proibidos os temas “Lutaremos meu amor”, “Trova”, “O sangue não dá flor” e “Trova do emigrante”. Apareceu na televisão no programa Zip-Zip, que foi uma pedrada no charco para a época (1969), onde interpretou “Pedra Filosofal”, um poema de António Gedeão, que lhe valeu o “Prémio da Imprensa” desse ano.
Manuel Freire musicou também poemas de José Gomes Ferreira, Fernando Assis Pacheco, Eduardo Olímpio, Sidónio Muralha e José Saramago.
Em 1971 lançou o disco “Dulcineia”. Em 1972 colaborou na banda sonora da longa-metragem de Alfredo Tropa, “Pedro Só”.
Editou, em 1973, o LP “De Viva Voz”, gravado ao vivo com José Afonso e José Jorge Letria. Recebeu também a colaboração de Luís Cília em “De volta” (1978).
Em 1986 o disco lançado pela central sindical CGTP-IN, “100 Anos de Maio”, incluiu a sua música “Cais das Tormentas”.
Em 1995 actuou na “Festa do Avante”, numa homenagem a Adriano Correia de Oliveira, onde foi acompanhado pela Brigada Victor Jara.
O poema “Lágrima de Preta” foi incluído na compilação “Sons de Todas as Cores” em 1997. Colaborou ainda no disco “Florestas Em Movimento” com Carlos Alberto Moniz, patrocinado pela Direcção Geral das Florestas, e em “Pelo sonho é que fomos”.
Em 1999 lançou o disco “As Canções Possíveis”, com poemas de José Saramago.
Em 2006 colaborou com José Jorge Letria e Vitorino num CD para crianças acerca da Revolução dos Cravos, intitulado “Abril, Abrilzinho”.
Em 2003 tornou-se presidente da direcção e administrador-delegado da Sociedade Portuguesa de Autores. Abandonou a administração em 2007, por motivos de saúde, mantendo-se como presidente.

sábado, 24 de abril de 2010

FALECEU A HISTÓRICA DO PCP SOFIA FERREIRA

Sofia Ferreira, figura histórica do PCP, que esteve presa com Álvaro Cunhal, faleceu no dia 22 último
.
O seu corpo esteve em câmara ardente na Capela do Cemitério do Alto de São João e o funeral realizou-se no dia seguinte, sendo o corpo cremado.
Sofia Ferreira faria 88 anos no próximo dia 1 de Maio, tendo-se filiado no PCP em 1945.
Na chegada a Lisboa, a seguir ao 25 de Abril de 1974, ao descer do avião que transportou a comitiva comunista entre Paris e Lisboa:
da esquerda para a direita, José Duarte, crítico de jazz e funcionário da TAP, Álvaro Cunhal, Domingos Abrantes e Sofia Ferreira. De boné, parcialmente encoberto, este vosso amigo, então com 35 anos…
EFEMÉRIDECassiano Viriato Branco, notável arquitecto português, faleceu em Lisboa no dia 24 de Abril de 1970. Nascera, igualmente em Lisboa, em 13 de Agosto de 1897.
Em 1919 passou com êxito os exames finais do antigo Curso Geral de Desenho da Escola de Belas Artes, condição para ser admitido no Curso de Arquitectura, que concluiria em 1926.
Foi considerado o expoente máximo da arquitectura moderna dos anos 1930, em Portugal, e o arquitecto mais brilhante da sua geração.
Em 1958, apoiou a candidatura do general Humberto Delgado à Presidência da República, o que levou à sua detenção pela PIDE.
Entre as obras mais emblemáticas de sua autoria, salientam-se: a Câmara Municipal da Sertã (1927), o Éden Teatro (Lisboa, 1932), o Hotel Vitória (Lisboa, 1934) actualmente sede do Partido Comunista Português, o Grande Hotel do Luso (1938), o Coliseu do Porto (1939), o Cinema Império (Lisboa, 1948) e o “Portugal dos Pequeninos” (Coimbra, 1961).
Morreu quatro anos antes da data libertadora do 25 de Abril de 1974.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

EFEMÉRIDE Michael Francis Moore, realizador e escritor norte-americano, nasceu em Flint, no Michingan, em 23 de Abril de 1954. É conhecido pela sua oposição às grandes corporações, à violência armada, à invasão do Iraque, à intervenção no Afeganistão e à hipocrisia dos políticos, sendo particularmente crítico em relação ao período em que George W. Bush foi Presidente.
Aos dezoito anos foi nomeado para o Conselho de Administração da sua escola, convertendo-se num dos mais jovens funcionários públicos dos Estados Unidos.
Aos vinte e dois anos fundou “The Flint Voice”, um dos diários alternativos mais respeitados do país, do qual foi editor durante dez anos. Nos anos 1980 foi autor, produtor, realizador e apresentador da série de televisão “TV Nation”, premiada com um Emmy.
Em 1989 vendeu todos os seus bens para realizar “Roger & Me”, um filme que narra a sua aventura pessoal para entrar em contacto com o presidente da General Motors, depois do encerramento de unidades fabris desta empresa, que lançou milhares de trabalhadores no desemprego. Nesse filme, já eram visíveis algumas das características que definiriam o seu modo de filmar determinadas realidades angustiantes, com uma dose de humor corrosivo que lhe cria tanto admiradores incondicionais como inimigos declarados.
Noutro documentário, “The Big One” (1999), divulgou ao público as manobras das grandes empresas e dos políticos insensíveis e indiferentes, obrigando a que a multinacional Nike deixasse de utilizar crianças como força de trabalho barata, na Indonésia.
Entre os seus filmes mais famosos estão “Fahrenheit 9/11” (2004), onde critica George Bush, e “Bowling for Columbine” (2002), em que aborda a obsessão pelas armas nos Estados Unidos da América, relacionando-a com o Massacre de Columbine, ocorrido numa escola.
Entre os prémios que já recebeu, salientam-se: o “Oscar de Melhor Documentário” (2002); o “Cesar de Melhor Filme Estrangeiro” (2002) e a “Palma de Ouro” no Festival de Cannes (2004).
Pelos seus ataques e denúncias, Michael Moore foi levado a tribunal 23 vezes que se saldaram por outras tantas absolvições.
Em 2007, com “SiCKO”, criticou o sistema de saúde norte-americano, em que 45 milhões de pessoas não estavam cobertas por seguros de doença e as outras tinham por vezes grandes dificuldades para se tratarem, em virtude das reticências das seguradoras em pagar os cuidados necessários. Quando das últimas Presidenciais nos Estados Unidos, apoiou obviamente Barack Obama.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

EFEMÉRIDEKaká, de seu verdadeiro nome Ricardo Izecson dos Santos Leite, futebolista brasileiro actualmente a jogar no Real Madrid, nasceu em Brasília no dia 22 de Abril de 1982.
Em 2007, recebeu a “Bola de Ouro”, à frente de Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e Drogba, e foi considerado o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA. Kaká tem sido convocado regularmente para a Selecção Brasileira.
Criado em São Paulo, teve uma infância privilegiada, mas isso não impediu que passasse por um momento difícil: aos dezoito anos, numa piscina, sofreu uma fractura da coluna, lesão que quase o deixou paralisado e que poderia ter inviabilizado a sua carreira de futebolista.
Estreou-se como profissional em 2001, contra o Botafogo, na final do Torneio Rio - São Paulo, jogo ganho por 2-1 pelo São Paulo. Entrou no decorrer do jogo e fez os dois golos aos 34 e 36 do segundo tempo.
Foi chamado à Selecção Brasileira no ano seguinte e convocado para os Mundiais de 2002. Foi campeão mundial, embora tendo jogado apenas 19 minutos contra a Costa Rica.
Em 2003 começou a receber convites para jogar na Europa. Embora tivesse uma proposta de 12 milhões de euros do Chelsea, Kaká preferiu o Milan AC, recém Campeão Europeu e com “ambiente brasileiro” (nele jogavam Dida, Cafu, Roque Júnior, Serginho, Rivaldo e Leonardo), numa transacção inicialmente programada para o Verão seguinte, mas apressada justamente pelo interesse do clube inglês.
A transferência de Kaká para o clube de Milão foi fechada por 8,5 milhões de euros, valor que foi considerado muito baixo pela torcida milanesa e pelos jornalistas desportivos, além de ter sido ridicularizado pelo presidente do Milan AC, Silvio Berlusconi, que baptizou a contratação de Kaká como “preço de amendoins”. Chegou para ser “reservista” mas, surpreendendo tudo e todos, transformou-se no principal astro da equipa.
Tornou-se o primeiro jogador latino-americano a fazer parte da campanha publicitária mundial da Adidas. Foi aos Mundiais de 2006, em que o Brasil foi eliminado pela França.
Começou a ser assediado pelo Real Madrid (100 milhões de euros), ao mesmo tempo que se confirmava como a principal estrela do Milan AC, após a saída de Shevchenko. Conquistou a Liga dos Campeões em que foi o melhor marcador.
Recusou mais uma tentadora proposta de 113 milhões de euros, do Manchester City, embora desta vez pressionado pelos próprios dirigentes do Milan AC e por parte da família. Teria sido a mais cara transferência do futebol mundial, mas decidiu permanecer no Milan AC, ajudando-o a voltar a classificar-se para a Liga dos Campeões do ano seguinte. Especulações na imprensa davam como certa a sua transferência para o Real Madrid, mas isso só veio a verificar-se em Junho de 2009, com valores estimados em 67,2 milhões de euros para um contrato de seis anos.
A sua chegada ao Real Madrid, pouco tempo depois da eleição de Florentino Pérez para a presidência do clube, marcou o regresso dos merengues à era galáctica (em que Pérez era também o presidente), sensação intensificada com a contratação, dois dias depois, de Cristiano Ronaldo na maior transferência de todos os tempos. Kaká anunciou que recusava a honra de ter o nº 5 de Zidane na camisola, pois desejava dissociar-se da imagem de ser sucessor do famoso jogador francês. Foi assim que ficou até hoje com a camisola nº 8.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

EFEMÉRIDEAnthony Quinn, de seu verdadeiro nome Antonio Rodolfo Oaxaca Quinn, notável actor norte-americano, nasceu em Chihuahua, no México, em 21 de Abril de 1915. Faleceu em Boston, no dia 3 de Junho de 2001.
Teve uma infância difícil mas feliz, em habitações pobres de Los Angeles, onde um estúpido acidente o obrigou a uma operação à língua. Recebeu lições de dicção de Katherine Hamill, que o iniciou nas artes dramáticas.
Pai de treze filhos, naturalizou-se cidadão dos Estados Unidos nos anos 1940. Antes de iniciar a sua carreira como actor, trabalhou como açougueiro e boxeur. Chegou também a estudar arquitectura.
Tomando gosto pela comédia, respondeu a um anúncio e entrou em vários filmes secundários. Em 1942 entrou para a Century Fox. Cansado de filmes de índios e de cowboys, tornou-se freelancer em 1945, não pertencendo a nenhum Estúdio mas aderindo a projectos mais ambiciosos.
A sua carreira intensificou-se e, juntamente com a família, instalou-se em Nova Iorque. Depois de várias peças teatrais na Broadway, o realizador Elia Kazan convidou-o para integrar o “Actors Studio”.
Após ter substituído Marlon Brando em “Um Eléctrico Chamado Desejo”, foi convidado para “Viva Zapata!” (1953), que constituiu um marco na sua brilhante carreira e lhe deu o primeiro Oscar. Passou a filmar uma média de seis filmes por ano, tornando-se uma vedeta internacional ao actuar igualmente na Europa, onde vários realizadores não hesitaram em lhe dar papéis principais.
Foi o vencedor do Oscar que mais filmes fez ao lado de outros vencedores de oscars: 46 no total, sendo 28 com actores e 18 com actrizes vencedoras do prémio. Possui uma estrela no Passeio da Fama no Hollywood Boulevard.
Anthony Quinn foi um actor com papéis muito diversificados, caracterizando-se por representar personalidades famosas, como Barrabás e o magnata grego Onassis. De entre outros gregos que interpretou, saliente-se o seu papel mais carismático: Zorba. Foi igualmente esquimó (“Sangue sobre a neve”, 1960) e toureiro (“Sangue e Areia”, 1941).
No filme “A Vigésima Quinta Hora”, que demonstra o absurdo das ideias nazis, fez o papel de um romeno católico que foi preso como judeu, cigano e revoltoso, mas que seria afinal o modelo perfeito da genética ariana. Ainda interpretou papéis de índio norte-americano, de um mexicano condenado ao linchamento (“Consciências Mortas”) e de um mafioso italiano. A sua versatilidade em cena e a sua extensa carreira fizeram dele um dos maiores actores do cinema mundial.
Foi nomeado várias vezes para o Oscar, recebendo dois: “Viva Zapata!” (1953) e “A vida apaixonante de Vincent van Gogh” (1956). Entre muitos outros galardões, ganhou o “Prémio Cecil B. DeMille” em 1987.
Depois de ter feito cerca de 250 filmes, abandonou o cinema para se dedicar à pintura e à escultura, participando em várias exposições. Publicou a sua autobiografia em 1972.

terça-feira, 20 de abril de 2010

EFEMÉRIDERosa Maria de Bettencourt Rodrigues Lobato de Faria, escritora e actriz portuguesa, nasceu em Lisboa no dia 20 de Abril de 1932. Faleceu, também em Lisboa, no dia 2 de Fevereiro de 2010, vítima de uma anemia grave.
Filha de um oficial da Marinha, Rosa Lobato de Faria cresceu entre Lisboa e Alpalhão, no Alentejo.
Foi locutora na RTP na década de 1960. Enveredou pela representação ao participar, na televisão, em várias séries (1987 - “Cobardias”, 1988 - “A Mala de Cartão”, 1992 - “Crónica do Tempo”, 1992 - “Os Melhores Anos”), sitcoms (1987 - “Humor de Perdição”, 1990 - “Nem o Pai Morre Nem a Gente Almoça”, 2002 - “A Minha Sogra é uma Bruxa”, 2006 - “Aqui Não Há Quem Viva” e telenovelas (1982 - “Vila Faia”, 1983 - “Origens”, 2004 - “Só Gosto de Ti”, 2005 - “Ninguém como Tu”).
Assinou os argumentos de “Humor de Perdição” (1987), “Passerelle” (1988), “Pisca-Pisca” (1989), “Nem o Pai Morre Nem a Gente Almoça” (1990), “Telhados de Vidro” (1994) e “Tudo ao Molho e Fé em Deus” (1995).
Como romancista, publicou “O Pranto de Lúcifer” (1995), “Os Pássaros de Seda” (1996), “Os Três Casamentos de Camila” (1997), “Romance de Cordélia” (1998), “O Prenúncio das Águas” (1999), galardoado com o Prémio Máxima de Literatura em 2000, “A Trança de Inês” (2001), “O Sétimo Véu” (2003), “Os Linhos da Avó” (2004), “A Flor do Sal” (2005) e “Esquinas do Tempo” (2008). Em co-autoria, participou nos livros “Os Novos Mistérios da Estrada de Sintra” e “Código d'Avintes”. Tem livros seus traduzidos na Alemanha e em França. Publicou também vários contos infantis.
Na poesia, escreveu “A Gaveta de Baixo”, um longo poema inédito até 1999, acompanhado de aguarelas de Oliveira Tavares, estando o resto da sua obra reunida no volume “Poemas Escolhidos e Dispersos” (1997).
No teatro é autora das peças “A Hora do Gato”, “Sete Anos - Esquemas de um Casamento” e “A Severa”.
É a letrista que, a par de José Carlos Ary dos Santos, continua como a mais bem sucedida no Festival RTP da Canção, tendo obtido quatro vezes o primeiro lugar.
Experimentou o cinema, sob a direcção de João Botelho, em “Tráfico” (1998) e “A Mulher Que Acreditava Ser Presidente dos Estados Unidos da América” (2003), de Lauro António, em “Paisagem Sem Barcos” (1983) e “O Vestido Cor de Fogo” (1986) e de Monique Rutler, em “Jogo de Mão” (1984).
Projectava publicar um novo romance em 2010. Não sendo uma feminista militante, tinha uma personalidade forte, tendo ajudado a alterar a imagem da mulher em Portugal nos últimos 50 anos.
Quando do seu falecimento, o Ministério da Cultura destacou, em comunicado, que Rosa Lobato Faria nos deixou um legado artístico que atesta bem a sua grande criatividade e extrema sensibilidade.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

EFEMÉRIDE - Roberto Carlos Braga, cantor e compositor brasileiro, nasceu em Cachoeiro de Itapemirim no dia 19 de Abril de 1941. Ele é o cantor brasileiro que mais discos vendeu (acima de 120 milhões de cópias no mundo inteiro).
Aprendeu a tocar violão e piano ainda criança, a princípio com sua mãe e, posteriormente, no Conservatório Musical de Cachoeiro de Itapemirim.
Incentivado pela mãe, cantou pela primeira vez em público num programa infantil da Rádio Cachoeiro, aos nove anos. Como prémio pelo primeiro lugar, recebeu uma caixa de bombons. Tornou-se então presença assídua do programa, todos os domingos.
Aos seis anos, foi atropelado por uma locomotiva a vapor e a sua perna direita teve de ser amputada até pouco abaixo do joelho. Usou muletas até aos 15 anos, idade em que colocou a sua primeira prótese.
Na segunda metade dos anos 1950, mudou-se para Niterói. Seguindo a tendência juvenil da época, interessou-se pelo rock, passando a ouvir frequentemente Elvis Presley.
Em 1957 formou o seu primeiro conjunto musical (“The Sputniks”). Conheceu então Erasmo Carlos, que se tornaria o seu maior parceiro musical.
A carreira a solo de Roberto foi iniciada tempos mais tarde, actuando no Hotel Plaza, em Copacabana, cantando samba-canção e bossa nova. Passou a apresentar-se com frequência em clubes e festas. Foi convidado para actuar no programa musical “Clube do Rock” da TV Tupi. Gravou alguns discos e iniciou oficialmente a sua carreira.
Roberto Carlos insistiu na música jovem da época e, em 1962, lançou “Splish Splash” e “Parei na Contramão”, que se tornaram grandes sucessos. No ano seguinte, o cantor esteve novamente nos Top-Ten, com a canção "O Calhambeque".
Começou a apresentar o programa “Jovem Guarda” em 1965, na TV Record, que o consagrou como um dos primeiros jovens ídolos da cultura brasileira. Em 1967 publicou o LP “Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura”, banda sonora do filme homónimo, lançado no ano seguinte e que constituiu um grande sucesso de bilheteira. Ainda nesse ano, Roberto Carlos fez em Cannes (França) os primeiros espectáculos no estrangeiro, participando em alguns festivais de Música Popular Brasileira. Em 1968 tornou-se no primeiro e único brasileiro a vencer o Festival de San Remo, com a canção “Canzone Per Te” .
A mudança de estilo do cantor surgiria em 1969, em que passou a dar primazia ao romantismo. Entretanto, foi lançado o filme “Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa”, segunda película de Roberto Farias e novo êxito de bilheteira.
A partir da década de 1970 e com o fim da Jovem Guarda, Roberto Carlos veria o seu prestígio consolidado como intérprete romântico, no Brasil e no estrangeiro (Estados Unidos, Europa e América Latina). Várias das suas canções foram gravadas por artistas como Julio Iglesias e Ray Conniff. Em 1970 fez uma temporada de shows no “Canecão”. No ano seguinte, o filme “Roberto Carlos a 300 km por Hora” teve também grande sucesso.
O álbum “Roberto Carlos” (1972) foi primeiro LP a atingir a marca de um milhão de cópias vendidas. Em 1974 a Rede Globo exibiu um “especial” do cantor, que obteve um enorme índice de audiência, repetido depois em cada final de ano.
Além de álbuns que vendiam mais de 1 milhão de cópias por ano, os shows de Roberto Carlos eram também disputadíssimos e, em 1978, o cantor percorreu o país durante seis meses, sempre com lotações esgotadas.
Quando visitou o México em 1979, o papa João Paulo II foi saudado com a sua canção “Amigo”, cantada por um coro de crianças. O evento foi transmitido ao vivo para centenas de milhões de pessoas no mundo inteiro.
Em 1981 fez várias tournées internacionais e gravou o primeiro disco em inglês - outros seriam lançados em espanhol, italiano e francês.
Em 1982 recebeu da editora CBS o “Prémio Globo de Cristal”, oferecido aos artistas que ultrapassam a marca dos cinco milhões de discos vendidos fora do país de origem. Ainda naquele ano, Maria Bethânia participou do seu álbum anual, no dueto “Amiga”. Era a primeira vez que o cantor convidava um outro artista para participar em gravações suas.
Ganhou em 1988 o “Grammy de Melhor Cantor Latino-americano”. Durante a década de 1990, o sucesso de Roberto Carlos prosseguiu, tanto a nível nacional como internacional. Em 1994 conseguiu bater os Beatles em vendas na América Latina (mais de 70 milhões de discos).
Em 1995 casou-se com a pedagoga Maria Rita Simões Braga, a quem foi diagnosticado um cancro três anos mais tarde. Em 1999, o agravamento do estado de saúde de Maria Rita, seguido da sua morte em Dezembro desse ano, fez com que o cantor deixasse de apresentar o tradicional “especial de fim de ano” na “Rede Globo”.
Depois de um período de reclusão, Roberto Carlos retomou a sua carreira com a tournée “Amor Sem Limite”, começada no Recife, em Novembro de 2000.
Em 2001 recebeu inúmeras homenagens pelo seu 60º aniversário. Em comemoração dos 90 anos do “bondinho do Pão de Açúcar", o cantor actuou para 200 mil pessoas no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
No final de 2003, foi publicado “Pra sempre”, álbum dedicado inteiramente a Maria Rita. Com nove canções inéditas, o disco incluía “Acróstico”, cujas primeiras letras dos versos formam a frase “Maria Rita meu amor”.
Após iniciar tratamento terapêutico, reconheceu publicamente sofrer de transtorno obsessivo compulsivo, síndrome que o levava a um comportamento excessivamente supersticioso e o fez retirar do seu repertório algumas canções famosas, como por exemplo “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”.
Em 2009, o cantor iniciou a sua tournée de “50 anos de carreira” com um show na sua cidade natal. O show contou com a cobertura de toda a comunicação social brasileira e, inclusivamente, de um canal de televisão português.
Em Abril de 2009, realizou-se o show “Elas Cantam Roberto - DIVAS”, no Theatro Municipal de São Paulo, em homenagem à sua carreira. O show contou com a participação de grandes cantoras como Adriana Calcanhoto, Alcione, Ana Carolina, Daniela Mercury, Fafá de Belém e Ivete Sangalo, entre outras.

domingo, 18 de abril de 2010

EFEMÉRIDEAdelino Manuel Lopes Amaro da Costa, político português, nasceu em Algés no dia 18 de Abril de 1943. Faleceu em Camarate, em 4 de Dezembro de 1980.
Engenheiro Civil, licenciado pelo Instituto Superior Técnico em 1966, foi director do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministro da Educação Nacional, Veiga Simão. Fez o serviço militar na Marinha.
Após a Revolução dos Cravos, influenciado pela Democracia Cristã, foi um dos fundadores do Centro Democrático Social, actual CDS-PP, sendo o seu primeiro secretário-geral. Foi deputado à Assembleia Constituinte entre 1975 e 1976 e deputado à Assembleia da República até 1980, tendo desempenhado ainda funções de presidente do grupo parlamentar do seu partido.
Em 1978 ajudou a celebrar o acordo político que viabilizou o 2º governo constitucional, dirigido por Mário Soares, e que teve a participação de membros do seu partido como Sá Machado e Rui Pena.
Após a vitória da “Aliança Democrática” (PPD, PPM e CDS) nas legislativas de 1980, foi-lhe atribuída a pasta da Defesa Nacional, tornando-se assim o primeiro civil a assumir o cargo de Ministro da Defesa, após o 25 de Abril de 1974.
Morreu num desastre de avião, assim como a sua esposa, o então Primeiro-ministro Sá Carneiro e a companheira deste Snu Abecassis, quando se dirigiam para o Porto para participar num comício de apoio a Soares Carneiro, o seu candidato para as presidenciais desse ano. A queda do avião Cessna foi considerada pelas instituições do estado e pelo sistema jurídico português como um acidente, mas algumas das várias comissões parlamentares de inquérito consideraram o acontecimento como um atentado.

sábado, 17 de abril de 2010

EFEMÉRIDE Aimé Fernand David Césaire, poeta e político francês, faleceu em Fort-de-France no dia 17 de Abril de 2008. Nascera em Basse-Pointe, na Martinica, em 26 de Junho de 1913. Foi um dos fundadores do Movimento Literário da Negritude e foi um anticolonialista resoluto. A sua obra está marcada pela defesa das raízes africanas. Foi Presidente da Câmara de Fort-de-France durante 56 anos, entre 1945 e 2001.
Aimé Césaire tinha sete irmãos e era filho de um funcionário público e de uma costureira. O avô tinha sido o primeiro professor negro na Martinica e a avó, contrariamente a muitas mulheres da sua geração, sabia ler e escrever, tendo podido assim ensinar os netos, mesmo antes de eles entrarem na escola.
De 1919 a 1924, frequentou a escola primária de Basse-Pointe, obtendo depois uma bolsa para o Liceu Victor Schoelcher em Fort-de-France. Em 1931 foi para Paris, como bolseiro do governo francês, ingressando no Liceu Louis-le-Grand onde, logo no primeiro dia, encontrou Léopold Sédar Senghor, poeta e futuro Presidente do Senegal, de quem se tornou amigo por toda a vida.
Em Setembro de 1934, juntamente com outros estudantes das Antilhas, das Guianas e também com alguns Africanos, fundou o jornal “L'Étudiant noir”. Foi nas páginas desta publicação que apareceu pela primeira vez o termo “Negritude”. Este conceito, forjado por Aimé Césaire em reacção à opressão cultural do sistema colonial francês, visava rejeitar o projecto francês de assimilação cultural e promover a África e a sua cultura.
Em 1935 entrou na “École Normale Supérieure”, só voltando à sua terra natal em 1939, já licenciado, casado e com alguns poemas e ensaios publicados.
Foi ensinar precisamente no mesmo liceu onde tinha estudado. A actividade cultural na Martinica era obra de elites, que privilegiavam as referências que chegavam de França. Em reacção a esta situação, o casal Césaire, ajudado por outros intelectuais locais, fundou em 1941 a revista “Trópicos”. A Segunda Guerra Mundial ia ter porém importantes reflexos na Martinica, onde foi instaurado um regime repressivo. A censura perseguiu a revista que só seria publicada, e com dificuldade, até 1943.
O conflito mundial marcou igualmente a passagem na Martinica do poeta André Breton, que descobriu a poesia de Césaire através do “Caderno de um regresso ao país natal”. Em 1944 “As armas miraculosas” marcaram a adesão de Aimé Césaire ao surrealismo.
O seu pensamento e a sua poesia influenciaram não só escritores francófonos, mas também outros intelectuais africanos e negros americanos, todos em luta contra o colonialismo e a aculturação.
Em 1945 foi eleito Presidente da Câmara, com o apoio dos comunistas que viam nele o símbolo da renovação. Simultaneamente foi eleito deputado, mandato que conservou sem interrupção até 1993.
Em 1947 fundou a revista “Presença Africana". Em 1950 publicou o “Discurso sobre o colonialismo”, em que comparou o nazismo ao colonialismo e que, 44 anos mais tarde, faria parte do programa do Bacharelato Literário Francês.
Aimé Césaire retirou-se da vida política em 2001, mas será sempre lembrado como uma personalidade incontornável da história da Martinica. É considerado um dos maiores poetas de língua francesa do século XX.
Teve funerais nacionais, com a presença do Presidente da República Francesa e de muitas personalidades de renome.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

EFEMÉRIDEAntónio Lopes Ribeiro, cineasta português, nasceu em Lisboa no dia 16 de Abril de 1908, numa família que cedo lhe incutiu o gosto pela cultura. Faleceu na mesma cidade, em 14 de Abril de 1995.
Irmão do actor “Ribeirinho”, começou a dedicar-se à crítica cinematográfica desde os 17 anos de idade, nos jornais “Sempre Fixe” e “Diário de Lisboa”. Era uma estreia mundial, pois não havia nenhum jornal diário no mundo com uma página inteiramente dedicada ao cinema. Fundaria, mais tarde, diversas revistas dedicadas à “Sétima Arte”. Aos vinte anos estreou-se como realizador, com o documentário “Bailando ao Sol”.
Em 1929, visitou vários estúdios europeus, conhecendo em Moscovo dois dos maiores realizadores de todos os tempos: Serguei Eisenstein e Dziga Vertov. De regresso a Lisboa, voltou a colocar-se atrás das câmaras, desta vez para dirigir as cenas portuguesas de um filme alemão intitulado “A Menina Endiabrada”.
De 1940 a 1970, parte da sua obra cinematográfica foi dedicada a actos oficiais do Estado Novo, sendo por isso chamado o “cineasta do regime”.
António Lopes Ribeiro destacou-se também como produtor de cinema, jornalista desportivo, argumentista, profissional de televisão, da rádio e figura do teatro. Foi um cinéfilo dos pés à cabeça, passando por quase todos os sectores do cinema. Para ele, um filme não tinha segredos. Procurava fazer películas, que contassem histórias portuguesas. Sobre ele poderá dizer-se, no mínimo, que abriu uma janela ao cinema português. Foi director na Emissora Nacional e ali manteve um programa de jazz.
Produziu filmes como “Aniki-Bóbó” de Manoel de Oliveira e “O Pátio das Cantigas” realizado pelo seu irmão Francisco Ribeiro. Quase ao mesmo tempo, realizou “O Pai Tirano”, uma das melhores comédias alguma vez feitas em Portugal.
António Lopes Ribeiro gostava dos grandes clássicos da literatura portuguesa e adaptou alguns. O primeiro foi “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco, que teve grande sucesso. Em 1950 levou ao ecrã a obra de Almeida Garrett “Frei Luís de Sousa”. Na década de 1950, o cinema português entrou em crise, financeira e criativa. António Lopes Ribeiro apenas conseguiu fazer documentários. Só voltou a fazer uma longa-metragem passados dez anos, “O Primo Basílio”, adaptação do romance homónimo de Eça de Queirós. Foi um verdadeiro fracasso. Nunca mais voltou a fazer cinema.
Em 1957 começou a fazer televisão, apresentando o “Museu do Cinema”. Foi um êxito. A forma apaixonada como eram apresentados os filmes antigos cativou uma geração de jovens espectadores. Após o 25 de Abril de 1974, António Lopes Ribeiro teve de abandonar o programa. Foi o preço a pagar pelos filmes que realizara sobre o regime de Salazar. Regressou em 1982, para mais uma série do “Museu do Cinema”.
A sua obra durou até aos nossos dias. Os seus filmes podem estar ultrapassados, mas continuam a ter um encanto especial. Podemos agradecer portanto a este homem inteligente e culto algumas das mais belas imagens do cinema português.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

EFEMÉRIDEFernando Luís de Oliveira Pessa, o jornalista português com maior longevidade, nasceu em Vera Cruz (Aveiro) no dia 15 de Abril de 1902. Faleceu em Lisboa, no Hospital Curry Cabral, em 29 de Abril de 2002.
Viveu em Aveiro até aos dois anos. Foi depois para Penela, vila do distrito de Coimbra, onde recebeu a instrução primária. Fez o exame da 4ª classe em 1911, em Coimbra, onde viveu até 1921.
Concluídos os estudos secundários, em que se preparou para os exames de admissão à “Escola de Guerra”, tentou o ingresso na carreira militar como oficial de Cavalaria. Porém, como resultado da Primeira Guerra Mundial, havia oficiais em excesso e só era admitido quem estivesse a frequentar o Colégio Militar de Lisboa.
Antes de se decidir pela carreira de jornalista, trabalhou numa companhia de seguros e num banco. Em 1926 foi trabalhar numa seguradora no Brasil, regressando a Portugal em 1934.
Candidatou-se à recém criada Emissora Nacional, tendo ficado classificado em segundo lugar, iniciando uma carreira em que nunca tinha pensado. Com uma semana de rádio, Pessa fez a sua primeira reportagem: a cobertura de um festival de acrobacia aérea na antiga Porcalhota, actual Amadora.
Após quatro anos na Emissora Nacional, foi convidado para a BBC, em Londres. Começou por trabalhar, com sotaque, na secção brasileira e, só quando um colega português adoeceu, é que foi chamado para ler o noticiário. Foi neste ambiente que sofreu os bombardeamentos alemães sobre Londres e se profissionalizou e notabilizou como correspondente durante a Segunda Guerra Mundial. A censura e a restrição das liberdades, impostas pela ditadura salazarista, contribuíram imenso para o aumento da popularidade das transmissões da BBC em português.
Conheceu em Londres a sua futura esposa, uma brasileira de ascendência inglesa e norte-americana. Casou-se em 1947, num novo regresso a Portugal. A reentrada na Emissora Nacional foi-lhe vedada por influência do regime, sendo forçado a voltar ao ramo dos seguros. Nesta época fez igualmente dobragens de filmes e documentários, nomeadamente em “O Último Temporal - Cheias do Tejo” e “Portugal já faz automóveis” do cineasta Manoel de Oliveira.
Realizou a primeira emissão em directo da RTP, em 7 de Março de 1957, na Feira Popular de Lisboa. Só entrou no entanto para os quadros da RTP em 1 de Janeiro de 1976, quase com 74 anos. Foi nas suas pequenas reportagens (“Bilhetes Postais”) sobre situações do quotidiano, principalmente em Lisboa, que a expressão «E esta, hein?» se tornou muito popular.
Pelo seu trabalho como correspondente na Segunda Guerra Mundial, Fernando Pessa foi distinguido com a Ordem do Império Britânico. Em Portugal, no dia 10 de Junho de 1981, o Presidente da República atribuiu-lhe o título de Comendador.
Só se reformou com a idade de 93 anos, tendo falecido dias depois de completar os cem anos de vida. A Agência France Presse, ao noticiar a sua morte, apelidou-o de «decano mundial dos jornalistas».
Junto ao Fórum Lisboa (antigo Cinema Roma) existe um jardim com o seu nome, homenagem ao jornalista que tinha a sua residência na Avenida de Roma, justamente em frente desse cinema, e na qual dava os seus passeios de bicicleta até bem perto dos 99 anos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Mudam os tempos...

Primeiro voo do F358

EFEMÉRIDEJosé Júlio Sousa Pinto, pintor português, faleceu na Bretanha, em França, no dia 14 de Abril de 1939. Nascera em Angra do Heroísmo, nos Açores, em 15 de Setembro de 1856.
Filho de pais continentais, viveu na Terceira, em Santa Maria e em São Miguel até aos catorze anos. Nessa altura, foi viver para o Porto, onde estudou na Academia Portuense de Belas Artes, sendo discípulo de Soares dos Reis. Obteve uma bolsa de três anos para estudar em Paris (1880), onde frequentou a “École des Beaux-Arts”.
Começou a expor regularmente em vários “Salões" de Paris (de 1881 a 1912) e em Lisboa, na “Sociedade Promotora de Belas Artes” (1887), no “Grupo de Leão” (1885-1888) e em exposições individuais (de 1911 a 1929). Radicou-se até ao fim da sua vida na Bretanha, tendo recebido a Legião de Honra Francesa.
A sua arte evoluiu para a representação de paisagens, camponeses e usos bretões e portugueses, com grande sucesso tanto em Portugal como em França. A célebre revista francesa “Illustration” reproduziu grade parte das suas obras.
Participou em várias exposições de renome, de que se salientam: “Exposição Universal de Paris” de 1889, “Exposição do Rio de Janeiro” (1895 e 1908) e “Grémio Artístico” onde, em 1898, recebeu a Medalha de Honra.
Ninguém, melhor do que ele, soube estabelecer a ligação entre a Escola Portuguesa e a École de Paris. A sua obra está representada em Museus de Nice, de Amiens e do Luxemburgo, na Pinacoteca de Parma, no Museu do Chiado em Lisboa e em muitas colecções particulares. O seu quadro “Les ramasseurs de pommes de terre” (1898) está exposto em Paris no Musée d'Orsay.

terça-feira, 13 de abril de 2010

EFEMÉRIDEA “Declaração Conjunta do Governo da República Portuguesa e do Governo da República Popular da China sobre a Questão de Macau”, tratado internacional bilateral, foi assinado em Pequim no dia 13 de Abril de 1987, por Cavaco Silva, na qualidade de Chefe do Governo Português, e por Zhao Ziyang, na qualidade de Chefe do Governo Chinês. Foi depositada na ONU por ambas as partes.
Esta Declaração Conjunta estabeleceu que Macau era um “território chinês sob administração portuguesa” e que a transferência de soberania de Macau para a República Popular da China se efectuaria em 20 de Dezembro de 1999. Após a transferência de soberania, Macau passaria a ser uma Região Administrativa Especial chinesa. Neste acordo bilateral, ficaram estabelecidos uma série de compromissos entre Portugal e a China, entre os quais a garantia de um elevado grau de autonomia e a conservação de várias especificidades durante 50 anos. Isto incluía a conservação do seu próprio sistema social, fiscal e económico-financeiro (de carácter capitalista, que difere do sistema socialista da RPC); dos direitos, dos deveres e das liberdades dos seus cidadãos; da sua própria moeda (pataca), do seu próprio sistema de controlo de imigração e de fronteiras e a sua própria polícia. Isto significa que a Declaração Conjunta continua a produzir efeitos até ao final do referido período de cinquenta anos, não se esgotando portanto com o acto de consumação da transferência de soberania de Portugal para a China.
Há ainda a garantia de que todos os oficiais e dirigentes políticos de Macau são habitantes permanentes de Macau e não pessoas e oficiais do aparelho político-administrativo da República Popular da China. Ficou ainda especificado que o poder público está separado, tal como na maioria dos sistemas políticos, em três órgãos distintos: o executivo, o legislativo e o judicial.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

EFEMÉRIDEChico Anysio, de seu verdadeiro nome Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, humorista, actor, escritor, compositor e pintor brasileiro, nasceu em Maranguape no dia 12 de Abril de 1931. Celebrizou-se pelos seus inúmeros programas humorísticos na Rede Globo, com quem tem contrato até 2012.
Chico Anysio mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, quando tinha seis anos de idade. Iniciou-se na Rádio Guanabara, onde exerceu várias funções como actor, comentarista de futebol, etc. Trabalhou, na década de 1950, nas rádios “Mayrink Veiga”, “Clube de Pernambuco” e “Clube do Brasil”. Escreveu também diálogos e, por vezes, actuou como actor em filmes da “Atlântida Cinematográfica”.
Ao lado de Chacrinha, é considerado um dos maiores nomes de todos os tempos da televisão do Brasil. Trabalhou com as maiores figuras do humor brasileiro, na rádio e na televisão, como Paulo Gracindo, Jô Soares, Renato Agildo Ribeiro, Ivon Curi, entre muitos outros.
Na TV Rio estreou em 1957 “Noite de Gala”. Em 1959 lançou o programa “Só Tem Tantã”, mais tarde chamado de “Chico Total”. Além de escrever e interpretar os seus próprios textos na rádio, televisão e cinema, sempre com humor fino e inteligente, aventurou-se também e com êxito pelo jornalismo desportivo, teatro, literatura e pintura, além de ter composto e gravado canções, muitas delas utilizadas nos seus próprios programas e espectáculos teatrais.
Desde 1968 que se encontra ligado à Rede Globo, onde conseguiu o status de estrela num casting que contava com os artistas mais famosos do Brasil.
Em 2005 fez uma participação no “Sítio do Picapau Amarelo” e, recentemente, entrou na telenovela “Sinhá Moça”. Tem oito filhos, dos quais um adoptivo, tendo casado quatro vezes.

domingo, 11 de abril de 2010

EFEMÉRIDEArmando Cortez, actor português, faleceu em Lisboa no dia 11 de Abril de 2002. Nascera, também na capital portuguesa, em 23 de Junho de 1928.
Actor teatral desde 1946, interpretou numerosos autores, em peças como “Coéforas” de Ésquilo, “O Traído Imaginário” de Molière, “Rei Lear” de Shakespeare, “A Cantora Careca” de Ionesco, “À Espera de Godot” de Samuel Beckett, “Humilhados e Ofendidos” de Dostoievski, “Albergue Nocturno” de Maximo Gorki e “Schweky na Segunda Guerra Mundial” de Brecht. Dirigiu o musical “Annie” de Thomas Meehan para o Teatro Maria Matos (1983).
Tornou-se um dos mais importantes actores da televisão portuguesa, ao interpretar várias peças de teatro (“A Sapateira Prodigiosa” de Lorca, “A Importância de Ser Leal” de Oscar Wilde, “A Cova de Salamanca” de Miguel de Cervantes e “Português, Escritor, 45 Anos de Idade” de Bernardo Santareno). Mais tarde participou em séries e novelas muito populares (“Chuva na Areia”, “Passerelle”, “Lá em Casa Tudo Bem”, “Nem o Pai Morre Nem a Gente Almoça”, “Cinzas”, “Roseira Brava”, “Filhos do Vento”, “Vidas de Sal”, “Terra Mãe”, “Alves dos Reis” e “O Processo dos Távoras”).
No cinema participou em cerca de dez películas, entre elas “O Dinheiro dos Pobres” de Artur Semedo (1956), “O Cerco” de António da Cunha Telles (1958), “Sem Sombra de Pecado” de Fonseca e Costa (1982), “O Desejado” de Paulo Rocha (1986), “Passagem por Lisboa” de Eduardo Geada (1992) e “Das Tripas Coração” de Joaquim Pinto (1992).
Agraciado com o Grande Oficialato da “Ordem do Infante D. Henrique” (2000), foi co-fundador da Casa do Artista, sociedade de apoio aos artistas, juntamente com Raul Solnado.
Morreu aos 73 anos, vítima de paragem cardiorespiratória. Foi casado com a actriz Fernanda Borsatti (1950/1959) e com a também actriz Manuela Maria (1966/2002).

sábado, 10 de abril de 2010

EFEMÉRIDE Cora Coralina, de seu verdadeiro nome Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, poetisa e contista brasileira, faleceu em Goiânia no dia 10 de Abril de 1985. Nascera na cidade de Goiás em 20 de Agosto de 1889.
Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos e alheia a estilos literários, produziu uma obra poética rica em temas do quotidiano do interior brasileiro, em particular das zonas históricas de Goiás.
Filha de um desembargador nomeado por D. Pedro II, nasceu e foi criada nas margens do rio Vermelho, numa casa comprada pela família no século XIX, quando o seu avô ainda era criança. Estima-se que essa casa tenha sido construída em meados do século XVIII, tendo sido uma das primeiras edificações da antiga Vila Boa de Goiás.
Começou a escrever os primeiros textos aos catorze anos, publicando-os nos jornais locais apesar da sua pouca escolaridade. Escreveu nessa fase o seu primeiro conto, “Tragédia na Roça”.
Casou-se em 1910 com um advogado, com quem se mudou, no ano seguinte, para o interior de São Paulo. Viveria neste Estado durante quarenta e cinco anos, mudando-se para a capital em 1924. Ali chegada, teve que permanecer algumas semanas trancada num hotel, uma vez que os revolucionários de 1924 tinham paralisado a cidade. Em 1930 assistiu à chegada de Getúlio Vargas.
Após a morte do marido, começou a vender livros. Posteriormente mudou-se para Penápolis, no interior do estado, onde passou a produzir e vender linguiça caseira e banha de porco. Mudou-se depois para Andradina, até que, em 1956, voltou para Goiás.
Quando completou cinquenta anos de idade, a poetisa dizia estar a passar por uma profunda transformação interior, a qual definiria mais tarde como “a perda do medo”. Nesta fase assumiu o pseudónimo que escolhera muitos anos atrás.
Os elementos folclóricos, que faziam parte do quotidiano de Cora Coralina, serviram de inspiração para que aquela frágil mulher se tornasse dona de uma voz inigualável e a sua poesia atingisse um nível de qualidade literária jamais alcançado até aí por nenhum outro poeta do Centro Oeste brasileiro.
Cora nunca deixou de escrever poemas relacionados com a sua história pessoal, com a cidade em que nascera e com o ambiente em que fora criada. Utilizando palavras poderosas, escrevia com simplicidade e o seu desconhecimento das regras gramaticais contribuiu para que a sua escrita desse prioridade ao conteúdo em detrimento da forma.
Chegou a gravar um LP declamando algumas das suas poesias, gravação que ainda hoje pode ser encontrado em formato CD.
Foi depois da sua poesia ser conhecida por Carlos Drummond de Andrade, que Cora Coralina passou a ser admirada por todo o Brasil.
O seu primeiro livro “Poemas dos Becos de Goiás” foi publicado pela Editora José Olympio em 1965, quando a poetisa já tinha 75 anos. Ali estão reunidos os poemas que consagraram o estilo da autora e a transformaram numa das maiores poetisas de Língua Portuguesa do século XX.
Em 1976 escreveu “Meu Livro de Cordel” e em 1983 lançou “Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha”.
Cora Coralina foi eleita “Intelectual do Ano” e contemplada com o “Prémio Juca Pato” da União Brasileira dos Escritores em 1983, dois anos antes de falecer. A sua casa de Goiás está transformada num Museu, que homenageia a história e a obra da escritora.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

EFEMÉRIDE Jean-Paul Belmondo, actor de teatro e de cinema e uma das grandes vedetas da cinematografia francesa, nasceu em Neuilly-sur-Seine no dia 9 de Abril de 1933.
Filho do famoso escultor de origem siciliana Paul Belmondo e da pintora Madeleine Belmondo, ele é também conhecido como Bébel.
Indisciplinado, não foi muito atraído pelos estudos, mas desenvolveu uma grande paixão pelo boxe, pelo futebol, por automóveis e pelo ciclismo. Pensou mesmo em tornar-se boxeur profissional, mas desistiu após alguns combates como amador.
Começou a representar aos 17 anos de idade, interpretando “A Bela Adormecida” para doentes de hospitais parisienses. Em 1952 conseguiu o ingresso no Conservatório de Paris.
Iniciou a sua carreira no cinema em 1958, depois de ter feito várias representações teatrais. A sua primeira grande performance foi em “À bout de soufflé” de Jean-Luc Godard (1960), que o tornou um dos grandes actores da “Nova Vaga”.
Em 1964 esteve no Brasil, para filmar “O Homem do Rio”, no qual aparece a então recém-fundada Brasília, uma relíquia histórica da nova capital.
Em cinquenta anos de carreira atraiu às salas de espectáculos perto de 130 milhões de espectadores. Trabalhou com grandes realizadores franceses, como Jean-Luc Godard e Claude Chabrol, e também com realizadores internacionais, como Vittorio De Sica e John Huston. Muitos dos seus filmes tornaram-se clássicos do cinema francês.
Diga-se por curiosidade que, nos filmes de Belmondo, nunca foram utilizados “duplos”, mesmo nas cenas mais perigosas.
Em 2001 esteve hospitalizado durante duas semanas, devido a um acidente vascular cerebral, mas recuperou de forma excelente.
Em 2007 recebeu a Comenda da Legião de Honra. É membro da Academia dos Desportos. Quase retirado do cinema por problemas de saúde, ainda voltou a actuar em 2008 no filme “Um Homem e o seu Cão”.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

EFEMÉRIDESonja Henie, campeã de patinagem artística e actriz de cinema norueguesa, nasceu em Oslo no dia 8 de Abril de 1912. Faleceu num avião entre Paris e Oslo, em 12 de Outubro de 1969, vítima de leucemia.
Ganhou dez Campeonatos Mundiais (de 1927 a 1936), recorde ainda não batido, venceu seis Campeonatos Europeus consecutivos (1931/1936) e triunfou nos Jogos Olímpicos de Inverno em 1928, 1932 e 1936. Sonja tinha já concorrido nas Olimpíadas de 1924, terminando em 8º lugar com apenas onze anos de idade.
Foi a primeira patinadora a apresentar-se com uma saia curta em competição. Era também uma jogadora de ténis bem dotada.
Depois das Olimpíadas de 1936, em Garmisch-Partenkirchen, retirou-se do desporto amador e começou uma carreira profissional como patinadora e actriz de cinema. Apresentou-se sobretudo nos Estados Unidos, mas também participou em duas galas triunfais na Noruega, em 1953 e 1955.
Em 1939 publicou a sua autobiografia, revista e reeditada em 1954. Em 1941 tornou-se cidadã norte-americana.
Retirou-se da vida artística em 1958, com o filme “Hello, London”. Era uma das mulheres mais ricas da sua época. Casou-se três vezes. Ela e o último marido estão enterrados no cimo de uma colina, situada junto do “Centro de Arte Henie-Onstad”.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

EFEMÉRIDEWilliam Wordsworth, o maior poeta romântico inglês, que juntamente com S. T. Coleridge ajudou a lançar o romantismo na literatura inglesa com a publicação das “Baladas Líricas”, nasceu em Cockermouth no dia 7 de Abril de 1770. Morreu em Rydal Mount, em 23 de Abril de 1850, vítima de pleurisia.
O pai, apesar de raramente presente, ensinou poesia a William, confiando-lhe mesmo a sua própria biblioteca. Algumas vezes, passava períodos com os parentes de sua mãe, em Penrith, onde era influenciado pelos pântanos e paisagens, assim como pelo tratamento rude, em especial dos avós e de um tio, cujas hostilidades o amarguravam a ponto de pensar no suicídio.
Após a morte da mãe, em 1778, o pai mandou-o para a “Hawkshead Grammar School”. Wordsworth estreou-se na literatura em 1787, ao publicar um soneto no “The European Magazine”. No mesmo ano, começou a estudar em Cambridge no “St John's College” e formou-se em Artes quatro anos depois. Voltou a Hawkshead, nas suas duas primeiras férias de Verão, nas quais aproveitava para fazer passeios e caminhar pela natureza. Entre os anos de 1790 e 1792, viajou através da Europa, visitando os Alpes, França, Suíça e Itália.
Em 1791 converteu-se ao ideal revolucionário francês, entrando para movimentos republicanos. Em 1793, devido às tensões entre o seu país e a França, voltou para Inglaterra.
Entre 1798/1805 trabalhou num poema autobiográfico mais tarde intitulado “The Prelude”, que só seria publicado postumamente e é considerado a sua obra-prima. Escreveu também uma série de poemas, hoje famosos, incluindo “The Lucy poems”.
Em 1793, recebeu uma pequena herança do pai e publicou, cinco anos mais tarde, juntamente com Coleridge, “Baladas Líricas”, que foram republicadas em 1800, marcando o início do romantismo em Inglaterra. Esta segunda edição cita apenas Wordsworth como autor e inclui um prefácio. Nele, que é chamado “o manifesto do romantismo inglês”, Wordsworth apelida os poemas de “experimentais” e declara guerra à artificialidade da poesia inglesa do século XVIII, defendendo o uso da linguagem coloquial, da valorização do quotidiano e da simplicidade. Este prefácio é considerado a obra central do início da literatura romântica. Uma quarta e última edição das “Lyrical Ballads” foi publicada em 1805.
Alguns críticos modernos reconhecem um declínio na obra de Wordsworth, por volta de 1810, precisamente no meio da sua vida.

terça-feira, 6 de abril de 2010

EFEMÉRIDEAnton Geesink, de seu verdadeiro nome Antonius Johannes Geesink, ex-judoca holandês e único não japonês, ainda vivo, portador do 10º Dan, nasceu em Utrecht no dia 6 de Abril de 1934.
Participou pela primeira vez nos Campeonatos Europeus em 1951, ganhando a medalha de prata, e conquistou a de ouro no ano seguinte.
Nos primeiros Campeonatos Mundiais, organizados em Tóquio (1956), obteve a medalha de bronze, atrás de dois nipónicos.
O Judo não fazendo parte ainda do programa olímpico, Geesink procurou participar nos J. O. na luta greco-romana. Venceu o campeonato nacional holandês e foi seleccionado para os Jogos de Roma (1960). Não pôde todavia competir, em razão do seu estatuto profissional: sendo professor de judo, foi equiparado a um desportista profissional pelo C.I.O..
Com 1,98 m de altura e 130 kg de peso, Geesink tornou-se no primeiro judoca a bater um japonês em Campeonatos do Mundo e a sagrar-se campeão (3ª edição realizada em Paris em 1961).
Surpreendeu o mundo durante os Jogos Olímpicos de 1964, em Tóquio, quando o judo foi modalidade olímpica pela primeira vez, ao ganhar a medalha de ouro na classe aberta (sem limite de peso), contra o japonês Akio Kaminaga.
Entre os seus títulos contam-se os Campeonatos Mundiais de 1961 (Paris) e 1965 (Rio de Janeiro), 21 títulos de Campeão Europeu e 17 de Campeão da Holanda. Anton Geesink treinava seis horas por dia.
Recebeu a “Ordem do Tesouro da Felicidade Sagrada” do governo japonês. A cidade de Utrecht tem uma rua com o seu nome, justamente aquela onde ele mora. Faz parte do Comité Internacional Olímpico desde 1987.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

EFEMÉRIDEHoward Robard Hughes, Jr., aviador, construtor aeronáutico, produtor/realizador de cinema e um dos homens mais ricos do mundo, morreu em Houston no dia 5 de Abril de 1976. Nascera em Humble, no Texas, em 24 de Dezembro de 1905. Ficou famoso por bater recordes mundiais de aviação, por construir aviões, por produzir o filme “Hell's Angels” e por se ter tornado dono de uma das maiores empresas aéreas norte-americanas, a TWA.
Howard foi um estudante muito dotado, com interesse especial por matemática, voos e mecânica. Cresceu influenciado e superprotegido pela mãe, que padecia de misofobia, o que a levava a isolar o filho de todos os germes ambientais, tendo um medo terrível de contágios.
Aos onze anos construiu uma bicicleta motorizada, um sistema de interfones e um aparelho de rádio com o qual comunicava com navios. Apaixonado pela aviação, teve as suas primeiras aulas de pilotagem aos catorze anos.
A mãe de Howard morreu em 1922, devido a complicações com uma gravidez extra-uterina, e o pai faleceu dois anos depois com um enfarte. Após ficar órfão, Howard tomou o controlo da companhia do pai em Houston, a “Hughes Tool Company”.
Em 1925 Hughes abandonou a Universidade Rice em Houston, casou-se e mudou-se para Hollywood, onde pretendia produzir filmes. Financiou três filmes de qualidade variável, vindo posteriormente a realizar um épico sobre pilotos da Royal Air Force na 1ª Guerra Mundial chamado "Hell's Angels". O filme custou 3,8 milhões de dólares, um autêntico recorde na época. Lançado em 1930, teve um enorme sucesso, estabelecendo recordes de bilheteira, o que não chegou todavia para recuperar o dinheiro dispendido.
Howard manteve a esposa isolada em casa, até que decidiram divorciar-se. A sua vida amorosa foi bastante agitada, tendo relações com estrelas de Hollywood como Ava Gardner, Katherine Hepburn, Ginger Rogers, Joan Crawford, Bette Davis, Olivia de Havilland, Lana Turner, Rita Hayworth, Janet Leigh e Elizabeth Taylor. Durante estes anos, Hughes manteve a sua paixão pelos aviões e, tal como acontecia com a indústria cinematográfica, também a indústria de aviação começava a firmar-se no Sul da Califórnia, um autêntico centro para novas tecnologias.
Howard, além de pilotar aviões, desenvolveu em 1935 o primeiro avião, o “Hughes H-1 Racer”, para a sua empresa “Hughes Aircraft Corporation”. O primeiro voo de Hughes com o H-1 foi um sucesso, batendo o recorde mundial de velocidade com 566 km/h. Em 1937 viajou de Los Angeles para Newark em 7 horas e 28 minutos, um novo recorde de costa-a-costa. Ainda no mesmo ano foi eleito "melhor aviador do mundo", ao conquistar o “Harmon International Trophy”. No ano seguinte, estabeleceu um novo recorde, desta vez ao viajar à volta do mundo em 3 dias 19 horas e 17 minutos, a bordo do Lockheed L-14 Super Electra Spirit of J&B. Durante esta viagem bateu também o anterior recorde de Charles Lindbergh entre Nova Iorque e Paris, fazendo-o em metade do tempo. Hughes atingia assim o topo da sua carreira e da sua popularidade.
Os anos da 2ª Guerra Mundial foram frustrantes para ele. Desenvolveu dois projectos para uso do exército americano. O avião espião XF-11 e o avião de carga Hércules. Ao testar o primeiro XF-11, Hughes quase ia morrendo ao cair com o avião perto de Beverly Hills.
O seu projecto mais famoso talvez tenha sido o H-4 Hércules: ao construir este gigantesco hidroavião, Hughes bateu mais um recorde, o do hidroavião com maior envergadura da história. Foi idealizado para ser usado na Segunda Guerra Mundial, como meio de transporte de tropas e equipamento através do Atlântico, para evitar as perdas causadas pelos submarinos alemães. Só foi completado porém depois do fim da guerra, voando apenas uma vez em Long Beach Harbor em 1947.
Em 1939 Hughes comprou 15 milhões de dólares em acções da TWA, tomando o controlo desta companhia. Ao entrar no mercado das companhias aéreas, Hughes contratou a “Lockheed Corporation” para desenvolver um novo avião comercial, o “Constellation”. Quando este aparelho foi finalizado, comprou 40 aviões.
Em 1956 adquiriu 63 Convair 800. Embora extremamente rico, Hughes teve que abandonar o controlo da TWA. Em 1966, um tribunal federal dos Estados Unidos forçou-o a vender as suas acções, devido a conflitos de interesses entre a TWA e sua própria companhia aérea (Hughes Aircraft). A venda da sua parte da TWA deu-lhe um lucro de 547 milhões de dólares. Durante os anos 1970, Hughes voltou ao negócio das companhias aéreas, comprando a companhia aérea “Air West” e posteriormente mudou-lhe o nome para “Hughes Airwest”.
As últimas três décadas da sua vida não foram porém famosas. Desde 1944, Hughes começara a ter um comportamento alarmante e uma fobia aos germes, o que o levou a um esgotamento nervoso. O seu medo dos germes ficou pior devido ao vício das drogas, entre as quais a Codeína (originalmente receitada para o alívio das dores provocadas pelas lesões sofridas no desastre de avião ocorrido anos antes) e o Valium. A obsessão com os germes, herdada da mãe, foi-se agravando ao longo dos anos. Desde o início da década de 1940, exigia a todos os que entrassem em contacto com as mesmas coisas que ele, o uso de luvas brancas. Em 1958 sofreu um segundo esgotamento.
As suas empresas começaram a sofrer um declínio. Em 1966 ainda comprou alguns canais de televisão e uma série de casinos em Las Vegas.
O seu comportamento era cada vez mais irracional e apesar de ter muitos momentos de lucidez, a sua saúde física tornou-se precária. Hughes passou o último capítulo da sua vida em Las Vegas e no México, física e mentalmente doente, absolutamente sozinho no mundo, se não se contar com os médicos e com os guarda-costas que o «protegiam da máfia». Sempre acamado, visionava filmes, vivia nu e não cortava a barba, nem o cabelo nem as unhas. Dirigia a totalidade dos seus negócios por telex e pelo telefone. O seu poder político seria tal que era considerado o homem mais poderoso do Mundo, aquele que poderia ditar as suas vontades a homens como John Kennedy, Lyndon Johnson ou Richard Nixon.
Em 5 de Abril de 1976 faleceu, após um dia em coma, vítima de paragem cardíaca ocorrida num avião que o transportava de Acapulco a Houston, para tratamento médico. Tinha perdido 10 cm de altura e pesava apenas 47 kg, estando de tal forma transfigurado que teve de ser identificado pelas impressões digitais e pelo testemunho do pessoal.
As décadas áureas da sua vida tiveram, em 2004, o tratamento adequado com o filme "O Aviador", de Martin Scorsese, com Leonardo Di Caprio no papel de Howard Hughes.

domingo, 4 de abril de 2010

EFEMÉRIDE – Fernando José Salgueiro Maia, militar português, um dos símbolos mais puros do 25 de Abril 1974, faleceu em Santarém no dia 4 de Abril de 1992. Nascera em Castelo de Vide, em 1 de Julho de 1944.
Salgueiro Maia, como se tornou conhecido, foi um dos capitães do Exército Português que liderou as forças militares durante a Revolução dos Cravos, com a finalidade de pôr termo à ditadura. Filho de um ferroviário, frequentou a escola primária em São Torcato, Coruche, mudando-se mais tarde para Tomar, vindo a concluir o ensino secundário no Liceu Nacional de Leiria. Licenciou-se em Ciências Políticas e Sociais, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, já depois da revolução.
Em Outubro de 1964, ingressou na Academia Militar e, dois anos mais tarde, foi colocado na Escola Prática de Cavalaria em Santarém, para frequentar o tirocínio. Em 1968 foi integrado numa Companhia de Comandos e partiu para o Norte de Moçambique, em plena Guerra Colonial. Foi promovido a Capitão em 1970, embarcando no ano seguinte para a Guiné. Só regressou a Portugal em 1973, voltando à EPC.
Por esta época iniciaram-se as reuniões clandestinas do Movimento das Forças Armadas e Salgueiro Maia, como Delegado de Cavalaria, integrou a Comissão Coordenadora. Depois do 16 de Março de 1974 e do “levantamento das Caldas”, foi Salgueiro Maia, em 25 de Abril desse ano, quem comandou a coluna de blindados que, vinda de Santarém, montou o cerco aos ministérios do Terreiro do Paço forçando, já no final da tarde, a rendição de Marcello Caetano, no Quartel do Carmo, que entregou a pasta do governo a António de Spínola. Salgueiro Maia escoltou Marcello Caetano ao avião que o transportou para o exílio no Brasil.
Durante os acontecimentos de 25 de Novembro de 1975 saiu da EPC, comandando um grupo de carros às ordens do Presidente da República. Seria depois transferido para os Açores, só voltando a Santarém em 1979, onde ficou a comandar o Presídio Militar de Santa Margarida. Em 1984 regressou à EPC.
Em 1983 recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade; em 1992, a título póstumo, foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem da Torre e Espada e em 2007 a Medalha de Ouro de Santarém. Recusou, ao longo dos anos, ser membro do Conselho da Revolução, adido militar numa embaixada à sua escolha, governador civil de Santarém ou pertencer à Casa Militar da Presidência da República. Foi promovido a Major em 1981.
Em 1989 foi-lhe diagnosticada uma doença cancerosa que, apesar das intervenções cirúrgicas nos anos seguintes, lhe causaria a morte no começo de Abril de 1992.
Na madrugada de 25 de Abril de 1974, dirigira-se assim aos militares na parada «Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui». Todos os 240 homens que ouviram estas palavras, ditas da forma serena mas firme, tão característica de Salgueiro Maia, formaram de imediato à sua frente, seguindo depois para Lisboa.
O seu papel na queda da ditadura é bem retratado no filme “Capitães de Abril” de Maria de Medeiros (2000).

sábado, 3 de abril de 2010

Namoro inesperado... Só para sorrir...

EFEMÉRIDEAristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches, diplomata português, faleceu em Lisboa no dia 3 de Abril de 1954. Nascera em Cabanas de Viriato, em 19 de Julho de 1885. Cônsul de Portugal em Bordéus quando da invasão da França pela Alemanha nazi, ele desafiou ordens expressas do Ministro dos Negócios Estrangeiros, António de Oliveira Salazar (cargo ocupado em acumulação com a chefia do Governo) e concedeu 30 mil vistos de entrada em Portugal a refugiados de todas as nacionalidades que desejavam fugir de França. Aristides de Sousa Mendes salvou assim do Holocausto milhares de pessoas.
Aristides instalara-se em Lisboa em 1907, após se ter licenciado em Direito na Universidade de Coimbra, enveredando então pela carreira diplomática. Ocupou diversas delegações consulares portuguesas pelo mundo fora, entre elas: Zanzibar, Brasil e Estados Unidos da América.
Em 1929 foi nomeado Cônsul-geral em Antuérpia, cargo que ocupou até 1938. O seu empenho na promoção da imagem de Portugal não passara despercebido. Foi condecorado por duas vezes por Leopoldo III, rei da Bélgica, que o fez oficial da Ordem de Leopoldo e comendador da Ordem da Coroa, a mais alta condecoração belga. Durante o período em que viveu na Bélgica, conviveu com personalidades ilustres, entre as quais o escritor Maurice Maeterlinck, Prémio Nobel da Literatura, e o cientista Albert Einstein, Prémio Nobel da Física.
Depois de quase dez anos de serviço na Bélgica, Salazar nomeou-o Cônsul em Bordéus, lugar que ainda ocupava quando deflagrou a Segunda Guerra Mundial e as tropas de Hitler avançaram rapidamente sobre a França.
Através de uma circular, Salazar ordenou aos cônsules portugueses espalhados pelo mundo que recusassem conceder vistos às seguintes categorias de pessoas: «estrangeiros de nacionalidade indefinida, contestada ou em litígio; apátridas; judeus…».
Entretanto, o governo francês refugiou-se temporariamente em Bordéus, fugindo de Paris antes da chegada das tropas alemãs. Milhares de refugiados, que fugiam do avanço nazi, dirigiram-se igualmente para aquela cidade. Muitos deles afluíram ao consulado português, desejando obter um visto de entrada em Portugal ou para os Estados Unidos.
Em Junho de 1940, Aristides decidiu conceder vistos a todos os que o pedissem: «A partir de agora, darei vistos a toda a gente, já não há nacionalidades, raça ou religião». Com a ajuda dos filhos, de sobrinhos e do rabino Kruger, carimbou passaportes e assinou vistos. Confrontado com os primeiros avisos de Lisboa, terá dito: «Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus».
Visto que Salazar tomara medidas contra ele, Aristides continuou a sua actividade em Baiona, de 20 a 23 de Junho, no escritório de um vice-cônsul estupefacto e mesmo na presença de dois funcionários fiéis a Salazar. Em 22 de Junho de 1940, a França pediu um armistício à Alemanha nazi. Mesmo a caminho de Hendaye, Aristides continuou a emitir vistos para os refugiados que se cruzavam com ele a caminho da fronteira, apesar de Salazar o ter demitido em 23 de Junho das suas funções de cônsul.
Em 8 de Julho de 1940, Aristides, de volta a Portugal, foi punido pelo governo de Salazar, que o privou das suas funções por um ano, diminuindo em metade o seu salário, antes de o reformar. Para além disso, Sousa Mendes perdeu o direito de exercer a profissão de advogado. A sua carta de condução, emitida no estrangeiro, também lhe foi retirada.
O cônsul demitido e a sua família, bastante numerosa, sobreviveram graças à solidariedade da comunidade judaica de Lisboa, que facilitou a alguns dos seus filhos os estudos nos Estados Unidos. Dois deles, aliás, participaram no desembarque da Normandia.
Ele frequentava, juntamente com familiares, a cantina da assistência judaica internacional.
Em 1945 Salazar felicitou-o hipocritamente por Portugal ter ajudado os refugiados, recusando-se no entanto a reintegrar Sousa Mendes no corpo diplomático.
A sua miséria viria a ser ainda maior: venda de bens, morte da esposa em 1948 e emigração dos filhos, com uma excepção. Aristides de Sousa Mendes faleceu muito pobre, no Hospital dos Franciscanos em Lisboa. Não possuindo um fato próprio, foi enterrado com um hábito franciscano.
Em 1966, o Memorial do Holocausto, situado em Jerusalém, prestou-lhe homenagem atribuindo-lhe o título de “Justo entre as nações”. Já em 1961, haviam sido plantadas vinte árvores em sua memória nos terrenos do Museu Yad Vashem.
Em 1987, dezassete anos após a morte de Salazar, a República Portuguesa iniciou o processo de reabilitação de Aristides de Sousa Mendes, condecorando-o com a Ordem da Liberdade. A sua família recebeu desculpas públicas.
Em 1994 o presidente português Mário Soares descerrou em Bordéus um busto em sua homenagem e uma placa comemorativa colocada no prédio em que funcionava o consulado em 1940.
Em 1995 a Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses criou um prémio anual com o seu nome. Em 1998 a República Portuguesa, na prossecução do processo de reabilitação oficial da memória de Aristides de Sousa Mendes, condecorou-o com a Cruz de Mérito a título póstumo.
Em Viena de Áustria, no Vienna International Center, onde estão sediados diversos organismos da ONU, como a Agência Internacional de Energia Atómica, existe um grande passeio pedonal com o nome do ex-diplomata português, denominado “Aristides de Sousa Mendes Promenade”.

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