quarta-feira, 20 de abril de 2022

20 DE ABRIL - ALZIRA COSTA

EFEMÉRIDE - Alzira Costa, republicana e benemérita portuguesa, nasceu em Oliveira do Hospital no dia 20 de Abril de 1875. Morreu em Lisboa, em 21 de Fevereiro de 1970. Era casada com o advogado, professor universitário, político, dirigente do Partido Republicano Português e posteriormente do Partido Democrático, Afonso Costa.

Alzira de Jesus Coelho de Campos de Barros Mendes de Abreu e Costa era filha de Albano Mendes de Abreu, médico, natural de Oliveira do Hospital, e de Maria Emília de Barros Coelho e Campos, natural de Farminhão e irmã do general António de Almeida Coelho e Campos e do escritor Luís de Campos.

Era a primeira filha do casal, sendo irmã mais velha do escritor, bacharel em direito, político, director geral do Supremo Tribunal de Justiça e comendador da Ordem Militar de Cristo, José de Barros Mendes de Abreu e do advogado António de Barros Mendes de Abreu, sendo tia da bailarina e coreógrafa Margarida von Hoffmann de Abreu e de Maria Helena von Hoffmann de Abreu, professora de piano e pioneira do ioga no país, casada com João de Freitas Branco, filho do compositor Luís de Freitas Branco. Era ainda avó da activista feminista e militante socialista Maria Alzira Lemos, trisavó da actriz Catarina Wallenstein e tia-trisavó de Sofia Sá da Bandeira.

Com 17 anos de idade, em 15 de Setembro de 1892 casou-se com Afonso Costa, natural de Seia, então com 21 anos e estudante do 4º ano de Direito, na Sé Nova de Coimbra.

Do seu casamento, nasceram quatro filhos, Sebastião, tenente do Exército Português condecorado cavaleiro pela Ordem de Cristo em 1919, Maria Emília, Afonso e Fernando de Barros Abreu e Costa.

Inseparável do seu marido, ainda antes da implantação da República Portuguesa a 5 de Outubro de 1910, Alzira Costa mudou-se com a sua família de Coimbra para Lisboa, onde Afonso Costa se tornou num dos principais dirigentes do Partido Republicano Português. Posteriormente, ele foi chamado a integrar o Governo Provisório da República, tendo desempenhado o cargo de ministro da Justiça e legislado a lei da separação do estado e das igrejas, a criação do registo civil, a lei do divórcio, a lei de protecção dos filhos, a legalização das comunidades religiosas não católicas e a privatização dos bens da Igreja Católica, entre muitas outras medidas, ou ainda como ministro das Finanças, tendo obtido o feito de conter o défice público e equilibrar as contas públicas, tornando-se mais tarde líder e fundador do Partido Democrático.

Durante esse período, Alzira Costa conviveu com várias figuras ilustres da sociedade cultural e política portuguesa, travou amizade com várias sufragistas e republicanas da primeira vaga do feminismo português e actuou em vários movimentos de beneficência e de combate às desigualdades sociais.

Em 1916, com a participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial e a consequente mobilização de homens para o Corpo Expedicionário Português, aderiu ao movimento de beneficência feminino e de apelo ao esforço de guerra, criado pela Primeira Dama Elzira Dantas Machado, a Cruzada das Mulheres Portuguesas, tornando-se numa das suas principais impulsionadoras.

Eleita presidente do Instituto Clínico,  então criado, fundou a Comissão de Hospitalização, órgão responsável pelo internamento e tratamento médico dado aos soldados feridos e mutilados na frente de combate em Flandres, instalou o Hospital Médico-Cirúrgico, dirigido pelo médico Francisco Gentil, no antigo Colégio Jesuíta de Campolide em Lisboa, equipado com 1200 camas e dez especialidades de medicina, possuindo várias salas de cirurgia, laboratórios e uma farmácia, e ainda recomendou e organizou a instalação do Hospital Militar Português no Hotel-Casino de Hendaia, dirigido pelo médico Sílvio Rebelo.

Ultrapassando tempos conturbados, após o seu marido ter sido preso no Porto durante o golpe de estado de Dezembro de 1917 e libertado do Forte de Nossa Senhora da Graça em Elvas, após o assassinato de Sidónio Pais, com o fim da guerra, em 1919, Alzira Costa partiu para França, onde o seu marido presidiu a delegação portuguesa na Conferência de Paz de Paris, somente regressando a Portugal em 1921.

Vivendo alternadamente, entre Lisboa e a Serra da Estrela, onde possuía a residência de família, conhecida como Vila Alzira, entre 1922 e 1925, acompanhou o seu marido nas várias delegações em que este participou no estrangeiro, no âmbito da Sociedade das Nações.

Em 1926, após o Golpe de Estado de 28 de Maio, sendo o seu marido um forte opositor da ditadura militar de Óscar Carmona e do regime do Estado Novo, dirigido por António de Oliveira Salazar, Afonso e Alzira Costa exilaram-se em Paris, organizando a resistência republicana no estrangeiro através da Liga de Defesa da República e da Frente Popular Portuguesa.

Regressava ocasionalmente a Portugal, para visitar a sua família e sem o seu marido, correndo este o risco de ser preso ao entrar em território nacional, Alzira Costa somente regressou definitivamente a Portugal após a morte de Afonso Costa, em 11 de Maio de 1937.

Faleceu com 94 anos de idade.

Sem comentários:

Arquivo do blogue

Acerca de mim

A minha foto
- Lisboa, Portugal
Aposentado da Aviação Comercial, gosto de escrever nas horas livres que - agora - são muitas mais...