segunda-feira, 31 de maio de 2004

POEMAS COM HISTÓRIA:

Escrevi este poema acerca da Liberdade no período eufórico que se seguiu ao 25 de Abril. Trabalhava numa companhia francesa em que o ambiente de trabalho era óptimo. Os representantes da entidade patronal exultavam quase tanto como nós com o fim da ditadura. Recordavam-se de momentos idênticos quando foram libertados da ocupação alemã.
O meu Chefe Administrativo (contabilidade e pessoal) tinha sido sindicalista. Mostrei-lhe o que escrevera. Entusiasmou-se e logo ali se ofereceu para traduzir para francês. Eu disse-lhe que iria publicar o poema e a tradução. Ele aquiesceu, mas pediu-me para não utilizar o seu nome. Disse-me que em certos meios (companhia e sindicatos) o facto dele estar ligado à Poesia poderia ser mal visto. Ele mesmo já tinha obra publicada, mas assinada com pseudónimo. Assim nasceu a tradução de «Jacques Lami»...
Recebi dele muita compreensão e vários ensinamentos a nível sindical. O que não seria tarefa fácil para ele, apanhado entre dois fogos: por um lado a entidade patronal, por outro os trabalhadores. Anos mais tarde também eu me questionei sobre esta dupla função de Quadro e de Sindicalista. Julgo, também eu, ter cumprido os meus deveres e ter ganho seguramente uma maior noção de responsabilidades e de bom senso.
- Obrigado Jacques Robert! É este o seu verdadeiro nome, desvendado agora passados que são cerca de trinta anos.


TEU NOME

Menina de olhos tristes,
flor por vezes envenenada.
Em teu nome se mata,
por teu nome se morre.
Podem espezinhar tuas nove letras ...
que eu as transformarei em pétalas.
Podem calar minha boca
e cortar minhas mãos
que eu com os dentes te escreverei.
Nome criado para ser honrado,
não te deixarei morrer
porque a minha mão não treme
e o meu querer jamais há-de vacilar.

TON NOM

Demoiselle aux yeux tristes,
Fleur souventes fois empoisonnée.
En ton nom l’on tue,
Pour ton nom l’on meurt.
En viendraient-ils à piétiner tes neuf lettres
Que moi je les transformerais en pétales !
Tenteraient-ils de me fermer la bouche,
De me couper les mains :
Que moi je t’écrirais avec mes dents !
Nom crée pour être honoré,
Je ne te laisserai pas mourir
Parce que ma main ne tremble pas
Et que mon vouloir jamais n’hésite !

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