Nascido
na Ilha de São Miguel (Açores, era filho do combatente liberal Fernando de
Quental Solar do Ramalho e de sua esposa Ana Guilhermina da Maia. O casal teve
sete filhos, sendo Antero o quarto, numa família onde proliferavam as mortes
prematuras e a loucura.
Durante
a sua vida, Antero de Quental dedicou-se à poesia, à filosofia e à política.
Deu início aos seus estudos na cidade natal, mudando-se para Coimbra aos 16
anos, ali estudando Direito e manifestando as primeiras ideias
socialistas. Fundou em Coimbra a Sociedade do Raio, que pretendia
renovar o país pela literatura.
Em
1861, publicou os seus primeiros sonetos. Quatro anos depois, publicou as “Odes
Modernas”, influenciadas pelo socialismo experimental de Proudhon,
enaltecendo a revolução.
Nesse
mesmo ano, iniciou a “Questão Coimbrã”, em que Antero e outros poetas
foram atacados por António Feliciano de Castilho, por instigarem a revolução
intelectual. Como resposta, Antero publicou os opúsculos “Bom Senso e Bom
Gosto”, carta ao Exmo. Sr. António Feliciano de Castilho, e “A Dignidade
das Letras e as Literaturas Oficiais”.
Ainda
em 1866, mudou-se para Lisboa, onde experimentou a vida de operário,
trabalhando como tipógrafo, profissão que exerceu também em Paris, entre Janeiro
e Fevereiro de 1867.
Em
1868, regressou a Lisboa, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte,
entre outros, Eça de Queirós, Abílio Guerra Junqueiro e Ramalho Ortigão.
Foi
um dos fundadores do Partido Socialista Português.
De
1869, data a sua viagem à América, com partida do Porto, a bordo do patacho Carolina,
do seu amigo algarvio Joaquim de Almeida Negrão; sabe-se que visitou primeiro
Halifax, no Canadá, e depois Nova Iorque, onde permaneceu cerca de um mês.
Desta viagem, que terá sido atribulada, não ficou nenhum testemunho da autoria
de Antero, mas apenas os relatos feitos anos depois por Joaquim Negrão, que
alguns hoje consideram parcialmente desmemoriados ou fantasistas.
Em
1870, fundou em Lisboa o jornal “A República - Jornal da Democracia
Portuguesa”, com Oliveira Martins.
Em
1871, encontramo-lo a reunir-se em Lisboa com delegados da Associação
Internacional dos Trabalhadores (AIT) para apresentar as ideias
anarquistas. Os primeiros contactos com os emissários espanhóis da Internacional
são feitos através de José Fontana, Antero de Quental e Jaime Batalha Reis.
Este último escreve nas suas memórias que os encontros políticos permitiram a
entrada de Portugal na Primeira Internacional. José Fontana, desconfiado
que a polícia estava a observar os seus movimentos, acabou por propor que as
futuras reuniões fossem realizadas na privacidade de um barco no rio Tejo.
Nessa
altura, em Maio do mesmo ano, igualmente participa numa conferência Iberista
e aí apresenta um polémico discurso em que tenta explicar as razões do atraso
português, e do espanhol, desde o século XVII.
Nos
finais de 1871, vai elaborar o panfleto “O que é a Internacional?” que é
alvo de uma tradução para o castelhano pela Comissão de Propaganda do
Conselho Local da Federação Madrilena e publicada em 1872 em Espanha.
Antero
de Quental, juntamente com José Fontana, em 1872, passou a editar o jornal
socialista “O Pensamento Social”.
Colaborou
igualmente em diversas outras publicações periódicas, nomeadamente: “A
Esperança” (1865/1866), “Renascença” (1878/1879) e “O Pantheon”
(1880/1881). A título póstumo, encontramos textos de Antero de Quental,
publicados em “Branco e Negro” (1896/1898), “Contemporânea” (1915/1926),
“A imprensa” (1885/1891), “O Thalassa” (1913/1915), no periódico “O
Azeitonense” (1919/1920).
Em
1873, herdou uma quantia considerável de dinheiro, o que lhe permitiu viver dos
rendimentos dessa fortuna. Em 1874, com tuberculose, descansou por um ano, mas
em 1875, fez a reedição das “Odes Modernas”.
Em
1879, mudou-se para o Porto e, em 1886, publicou aquela que é considerada pelos
críticos como a sua melhor obra poética, “Sonetos Completos”, com
características autobiográficas e simbolistas.
Em
1880, adoptou as duas filhas do seu amigo Germano Meireles, que falecera em
1877.
Em
Setembro de 1881 foi, por razões de saúde e a conselho do seu médico, viver em
Vila do Conde, onde residiu até Maio de 1891, com pequenos intervalos nos
Açores e em Lisboa. O período em Vila do Conde foi considerado pelo poeta o
melhor da sua vida: «Aqui as praias são amplas e belas, e por elas me
passeio ou me estendo ao sol com a voluptuosidade que só conhecem os poetas e
os lagartos adoradores da luz».
Em
1886, foram publicados os “Sonetos Completos”, coligidos e prefaciados
por Oliveira Martins.
Entre
Março e Outubro de 1887, permaneceu nos Açores, voltando depois a Vila do
Conde. Devido a essa sua estadia, foi fundado nesta cidade, em 1995, o Centro
de Estudos Anterianos.
Em
1890, devido à reacção nacional contra o ultimato inglês, de 11 de Janeiro,
aceitou presidir à Liga Patriótica do Norte, mas a existência da Liga
foi efémera. Quando regressou a Lisboa, em Maio de 1891, instalou-se em casa da
irmã, Ana de Quental. Portador de distúrbio bipolar, nesse momento o seu estado
de depressão era permanente. Após um mês, em Junho de 1891, regressou a Ponta
Delgada, cometendo suicídio no dia 11 de Setembro de 1891, com dois tiros, num
banco de jardim junto ao Convento de Nossa Senhora da Esperança, onde
está na parede a palavra «Esperança», no Campo de São Francisco,
cerca das 20h00.
Os
seus restos mortais encontram-se sepultados no Cemitério de São Joaquim,
em Ponta Delgada.
Foi
impressa uma nota de Portugal com a sua imagem.
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