Formatação de Fátima de Souza (Bahia)
"Escrita - Acto Solitário, mas que se deve Partilhar" - Gabriel de Sousa *** "Quanto mais envelhecemos, mais precisamos de ter que fazer" - Voltaire *** "Homens de poucas palavras são os melhores" - Shakespeare *** "Um Banco é como um tipo que nos empresta o chapéu-de-chuva quando está sol e que o pede assim que começa a chover" - Mark Twain
terça-feira, 10 de junho de 2014
10 DE JUNHO - ANTÓNIO OLIVEIRA
EFEMÉRIDE
– António Luís Alves Ribeiro Oliveira, ex jogador, dirigente e
treinador de futebol, nasceu em Penafiel no dia 10 de Junho de 1952.
Iniciou-se
no FC Penafiel e, aos 13 anos, já treinava com os seniores, pois o clube
não tinha equipas juvenis. Com 15 anos, passou para as escolas de jovens do FC
do Porto. Ainda com a idade de júnior, aos 17 anos, passou a treinar com a
equipa principal, vindo a tornar-se uma das estrelas da equipa que, entretanto,
passara a ser dirigida por José Maria Pedroto.
Na
época 1977/78, o Porto conquistou o Título Nacional, depois de
ter estado 19 anos sem o conseguir. Nessa temporada, Oliveira alinhou em todos
os jogos, marcou 19 golos, foi eleito o Melhor Jogador do Ano e nomeado
capitão de equipa. Voltaria a ser o Melhor Jogador do Ano em 1981 e 1982.
Aos 26 anos, era já um futebolista conceituado na Europa e alvo da cobiça de
vários clubes, sendo contratado no Verão de 1978 pelo Real Bétis de
Sevilha e tornando-se o jogador mais bem pago do campeonato espanhol. A experiência,
porém, não foi bem sucedida e regressou ao Porto no início de 1979,
participando ainda na conquista de novo Título Nacional.
No
Verão de 1980, uma luta pelo poder dentro do Porto, opondo Pinto da
Costa ao então presidente Américo Sá, provocou uma grande instabilidade no
clube. Oliveira, saturado com a situação, deixou as Antas e ingressou no Penafiel,
a equipa da sua terra natal. No Penafiel, teve a sua primeira
experiência como treinador, função que acumulou com a de jogador. Esteve pouco
tempo nos penafidelenses pois, na temporada seguinte, foi para o Sporting CP,
onde voltou a ser apenas futebolista. Em Alvalade, conquistou mais um Título
Nacional e a Taça de Portugal (1981/82). Em Setembro de 1982, já com
a época em curso, assumiu as funções de treinador do Sporting,
mantendo-se também como jogador e conquistando a Super Taça Cândido de
Oliveira. Voltou depois à situação de “somente jogador”. Ganhou o Prémio
Stromp, categoria atleta profissional, em 1982.
Em
1985/86, já ao serviço do CS Marítimo, abandonou em definitivo a
carreira de jogador para passar a ser exclusivamente treinador. Fora entretanto
24 vezes internacional pela Selecção Portuguesa. Depois de ter treinado
o Marítimo, passou a ser o responsável pela Selecção de Esperanças de
Portugal, à frente da qual esteve duas temporadas.
Como
treinador, Oliveira passou ainda, sucessivamente, pelo Vitória de Guimarães,
Académica de Coimbra, Selecção de Portugal de Sub-21, Gil
Vicente e Sporting de Braga, até que – em 1994 – foi contratado para
seleccionador nacional. Em Novembro de 1995, qualificou Portugal para o Euro
1996 que se iria disputar em Inglaterra. Neste torneio, a Selecção
impressionou bem, com o seu bom futebol, e chegou aos quartos-de-final, sendo
eliminada pela República Checa (0-1).
Oliveira,
entretanto, regressou ao Porto como treinador e, nas duas épocas que ali
esteve (1996/97 e 1997/98), conquistou os dois Títulos Nacionais. Em
1997, ganhou ainda a Super Taça de Portugal e, em 1998, a Taça de Portugal.
A sua estadia nas Antas foi marcada por várias polémicas e acabou por sair do
clube. Regressou então ao Bétis mas, ao fim de poucos dias de trabalho,
alguns desentendimentos com o presidente levaram-no a abandonar o clube, ainda
antes da época começar.
Esteve
quase dois anos sem trabalhar, mas – em Agosto de 2000 – voltou a orientar a Selecção
Portuguesa que se qualificou para o Mundial 2002. Nesta competição,
disputada na Coreia do Sul e no Japão, Portugal foi uma das grandes desilusões,
tendo sido eliminado pelos EUA e Coreia do Sul, o que levou ao afastamento de
António Oliveira que, em 2001, fora classificado em 9º lugar no Top 10 dos
Melhores Treinadores de Equipas Nacionais do Mundo.
No
início da época 2003/04, foi eleito presidente do Penafiel, tendo como
objectivo fazer regressar o clube ao primeiro escalão do futebol português, o
que conseguiu logo nessa época. Na época 2005/06, a equipa baixou de novo de
divisão e António Oliveira abandonou a direcção do clube.
Terminou
o curso de Direito, no regime pós-laboral, na Universidade Católica
do Porto, em Maio de 2010. Neste mesmo ano, tornou-se o 4º accionista
individual do Finibanco, com 5% das acções. Desde 2009, faz parte do
conselho de administração.
Como
treinador, António Oliveira está no Top 100 da 1ª década do século XXI, segundo
a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol,
surgindo ao lado de treinadores como José Mourinho, Arsène Wenger, Alex
Ferguson, Fábio Capello, Guus Hiddink e Vicente Del Bosque, apesar de só ter
estado no activo durante os três primeiros anos daquele decénio.
Ultimamente,
tem sido comentador na televisão e redactor semanal de um jornal desportivo. É accionista igualmente do FC do Porto
(11%).
segunda-feira, 9 de junho de 2014
9 DE JUNHO - DANIEL HEINSIUS
EFEMÉRIDE
– Daniel Heinsius, famoso filólogo holandês e uma das figuras marcantes do Século
de Ouro do seu país, nasceu em Gand no dia 9 de Junho de 1580. Morreu
em Haia, em 25 de Fevereiro de 1655.
Em
1596, sendo já conhecido por algumas das suas realizações, ingressou na Universidade
de Franeker para estudar Direito. Em 1598, mudou-se para Leyde. Com
os seus conhecimentos das línguas clássicas, ganhou o respeito dos maiores
académicos da Europa e foi convidado para trabalhar em várias instituições.
Leccionou Política, História, Poesia e Grego na Universidade
de Leyde. Em 1607, assumiu o cargo de responsável pela biblioteca da mesma
universidade. Dada a sua reputação, vários estados estrangeiros acenaram-lhe
com boas propostas, mas Heinsius preferiu sempre ficar na sua pátria.
Editou
vários clássicos gregos e latinos. Escreveu também “Como fazer uma tragédia”
(1611), uma versão pessoal e de fácil apreensão do que Aristóteles havia
escrito sobre o mesmo assunto.
Em
1609, imprimiu a sua primeira versão de “Discursos Latinos”. Várias
reedições foram feitas até à edição final em 1642, que compilava 35 discursos.
Em
1607/1608, escreveu a tragédia “O Massacre dos Inocentes”, que foi
publicada em 1632. Heinsius foi especialmente produtivo a escrever elogios,
os quais foram dedicados na sua maior parte a uma rapariga chamada Rossa.
Em
1601, já publicara – sob o pseudónimo Theocritus à Ganda – “Você
pergunta qual é o amor?”, o primeiro livro emblemático em holandês,
reeditado em 1606/1607 com o título “Emblemas do Amor”. Um segundo livro
emblemático, “Espelhos de mulheres ilustres”, foi publicado em 1606. Em
1616, reuniu e publicou os seus trabalhos de poesia holandesa, sob o título “Poemas
Neerlandeses”.
Foi
secretário no Sínodo de Dordrecht (1618/1619), em representação dos
Países Baixos. Posteriormente, focou mais a sua atenção na Teologia e
trabalhou no texto grego do “Novo Testamento”, cuja edição em holandês
foi preparada no período 1624/1633. Por esta época, escreveu igualmente um
longo poema didáctico chamado “No desprezo da morte”.
Nos
últimos anos de vida e após a viuvez, tornou-se cada vez mais solitário e
amargurado. Deixou de leccionar em 1647, falecendo oito anos depois.
domingo, 8 de junho de 2014
8 DE JUNHO - SANTIAGO BERNABÉU
EFEMÉRIDE
– Santiago Bernabéu Yeste, futebolista, dirigente desportivo e
empresário espanhol, nasceu em Almansa no dia 8 de Junho de 1895. Morreu em
Madrid, em 2 de Junho de 1978.
A sua carreira como jogador decorreu sempre no Real
Madrid CF. Depois, tornou-se presidente do clube, sendo considerado o maior
presidente da história do Real Madrid. Combateu ao lado dos franquistas
durante a Guerra Civil Espanhola.
A
família mudou-se para Madrid quando ele era ainda muito jovem. Em 1909, começou
a jogar nos juniores do clube madrileno. Em 1912, com apenas 17 anos, passou a
integrar a equipa profissional. Jogava como atacante, tendo marcado cerca de
200 golos e sendo durante vários anos capitão de equipa. Deixou de jogar em
1927.
Continuou
a ser associado do clube. Em 1936, ao começar a Guerra Civil Espanhola e
em decorrência dela, o futebol profissional deixou de ser jogado em Espanha. Durante
a guerra, Bernabéu lutou com os franquistas contra os republicanos.
Fez também parte das forças de Franco, que invadiram a Catalunha.
No
fim da Guerra Civil, o Real Madrid ficou totalmente
desestruturado e prestes a falir. Durante a guerra, vários dirigentes e
funcionários do clube tinham morrido ou desaparecido. Até troféus de antigas
conquistas do clube foram roubados.
Durante
vários meses, Bernabéu procurou entrar em contacto com ex-dirigentes e
ex-jogadores, que tinham sobrevivido à guerra, para reorganizar o clube.
Conseguindo jogadores, o Real Madrid renasceu, sendo Bernabéu um dos
principais dirigentes.
Alguns
anos depois, em 1943, numa partida contra o FC Barcelona, houve um duro
confronto entre as duas torcidas. Por decisão do governo, os presidentes dos
dois clubes foram obrigados a deixar os cargos. No Real Madrid, saiu
Antonio Santos Peralba, sendo Bernabéu eleito por unanimidade para lhe suceder.
O Real
Madrid ainda estava muito abaixo da estrutura de outros clubes como o Barcelona.
Bernabéu começou a dinamizar todos os sectores e, em 1947, fez construir o Estádio
Chamartin, que era o maior da época. Foi inaugurado com um jogo entre o
clube da casa e o CF “Os Belenenses” de Lisboa. Nessa grande
reestruturação, passaram pelo Real Madrid importantes jogadores, como Di
Stefano, Gento, Kopa, Puskás,
Pirri, Camacho, del Bosque e muitos outros. Os madrilenos só não conseguiram
contratar o romeno Nicolae Dobrin porque
Ceauşescu, o presidente da
Roménia, a isso se opôs, afirmando: «Dobrin é um bem nacional inalienável e
nunca jogará num país fascista».
Em
1955, juntamente com Gustav Sebes, criou um torneio com base na Taça Latina.
Ao longo dos tempos, este torneio teve sucesso e tornou-se na Liga dos
Campeões Europeus, hoje administrada pela UEFA.
Como
presidente do Real Madrid, Bernabéu conseguiu diversos títulos de grande
importância: uma Taça Intercontinental, 6 Taças da Europa, 16 Campeonatos
Espanhóis, e 6 Taças de Espanha.
Bernabéu
foi presidente até falecer, tendo feito do Real Madrid um dos clubes
mais prestigiados da Europa. Em sua homenagem, o estádio do clube foi rebaptizado
com o seu nome em 1955, sendo considerado um estádio “5 estrelas” pela UEFA
e um dos maiores estádios do mundo.
sábado, 7 de junho de 2014
7 DE JUNHO - TRATADO DE TORDESILHAS
EFEMÉRIDE
– O Tratado de Tordesilhas, assinado na povoação castelhana com o mesmo nome em
7 de Junho de 1494, foi um tratado celebrado entre os Reinos de Portugal e de
Espanha, para dividir as terras «descobertas e por descobrir». Este
tratado surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa
espanhola resultantes da viagem de Cristóvão Colombo que, um ano e meio antes,
chegara ao chamado Novo Mundo, reclamando-o oficialmente para a rainha Isabel,
a Católica.
O
tratado definia como linha de demarcação o meridiano norte-sul 370 léguas a
oeste da ilha de Santo Antão no arquipélago de Cabo Verde. Esta linha estava
situada a meio caminho entre estas ilhas (então portuguesas) e as ilhas das
Caraíbas descobertas por Colombo. Os territórios a leste deste meridiano
pertenceriam a Portugal e os territórios a oeste, a Espanha. O tratado foi
ratificado pela Espanha em Julho e por Portugal em Setembro (1494).
Os
originais do tratado estão conservados no Arquivo General das Índias em
Sevilha e no Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Lisboa.
No
contexto das relações internacionais, a assinatura do Tratado de Tordesilhas
ocorreu num momento de transição entre a hegemonia do Papado, poder até então
universalista, e a afirmação do poder singular e secular dos monarcas
nacionais, uma das muitas facetas da transição da Idade Média para a Idade
Moderna.
As
outras potências marítimas europeias, como a França, a Inglaterra e a Holanda,
tiveram de acatar a recusa de qualquer direito sobre as novas terras, vendo-se
obrigadas a recorrer à pirataria e ao contrabando para aproveitarem as riquezas
do Novo Mundo.
O
Tratado de Tordesilhas deu lugar a muitos contenciosos entre Espanha e Portugal
e à assinatura de novos tratados, acabando por se tornar caduco quando as citadas
potências (França, Reino Unido e Países Baixos) conseguiram dispor de frotas
navais suficientemente fortes para contrariar as proibições luso-espanholas.
sexta-feira, 6 de junho de 2014
CONTO OU PREMONIÇÃO?
MEMÓRIA PERDIDA
À
medida que se aproximava a data da reforma, Ricardo Pereira ficava mais
ansioso. Ia poder, finalmente, fazer aquilo que lhe apetecesse, ia ter tempo
para se divertir e para viajar. Para viver!
Estava
quase a completar os sessenta e cinco anos e cada idade, como é comum dizer-se,
tem os seus encantos. Era agora um homem mais calmo, mais compreensivo, mais
experiente e mais maduro.
O
grande dia chegou. Fizeram-lhe uma festa, ofereceram-lhe uma prenda e ouviram-se
lindos discursos. Assim deixava o “mundo”, que fora o seu durante tantos e
tantos anos. Subira na profissão, degrau a degrau, sempre a pulso, tendo
atingido o cume da carreira alguns anos antes de partir. Agora, punha ponto
final numa longa vida de trabalho.
Ao
voltar para casa naquela noite, sentia uma mistura de sentimentos, em que
predominava já a saudade de tantos momentos que não se repetiriam mais. As
“grandes férias” iam começar. Afinal, era o que nos últimos meses mais tinha
desejado!
Os
primeiros tempos foram uma festa. Teve tempo para fazer muitas coisas que antes
não fazia. Voltou a ler bons livros e a ter tempo para escrever. Fez uma longa
viagem ao Oriente com Lurdes, a sua companheira de mais de trinta anos. Visitou
a Coreia do Sul, o Vietname, Hong-Kong e voltou a Macau, onde estivera quando o
território ainda era administrado pelos portugueses.
Deu
muitos passeios pelo país, sobretudo pelo interior norte, que praticamente não
conhecia. Tinha, em suma, mais tempo para si. Quase se poderia dizer que tinha
todo o tempo do mundo. Isto, porém, levava a que reparasse em certos pormenores
que, se ainda estivesse no activo, nem teria tempo para observar nem para
sentir.
Quem
disse que cada idade tem os seus encantos, esqueceu-se decerto que os anos
trazem sobretudo os desencantos. Os músculos tornam-se flácidos, impedindo
esforços que se faziam antes com facilidade. Os ossos tornam-se frágeis e tem
de se ter muito cuidado, evitando movimentos bruscos. A visão enfraquece e
vê-se cada vez pior, apesar do uso dos óculos. A princípio ainda se faz um
esforço para, por exemplo, ler as bulas dos medicamentos. Depois, desiste-se ou
usa-se uma lupa. A audição começa a piorar. Pede-se às pessoas para repetir,
mas elas muitas vezes demonstram o seu enfado. A pouco e pouco, olha-se para os
lábios, não se ouve e sorri-se, sem compreender muitas das vezes o que os
interlocutores estão a dizer.
O
corpo, pouco a pouco, deforma-se e fica semeado de sinais, manchas e verrugas.
A coluna ressente-se com as mudanças de tempo. As doenças aparecem. É todo um
catálogo!
Assiste-se
ao desaparecimento de familiares e amigos. E não só. Ao morrer alguém, logo
comparamos a idade do “infeliz” com a nossa.
Tentamos
adivinhar, a medo, como será a nossa despedida. Como será “isto”, depois de
partirmos.
Ricardo,
que tantas vezes maldissera a vida absorvente que levava e que não lhe deixava
tempo sequer para a família, começou a desejar que a vida voltasse para trás.
Como se sabe, porém, nunca ninguém o conseguiu, nem jamais o conseguirá.
Certo
dia, Ricardo foi ao centro da cidade e, chegado lá, andou a ver montras e
esqueceu-se completamente do que tinha ido lá fazer. Curiosamente, de manhã,
tinha dito a sua mulher que iria marcar uma consulta no médico, pois achava que
andava muito desmemoriado, tendo dificuldade em se lembrar de nomes, sobretudo
de pessoas, no meio de uma conversa. Só reparou que tinha ido e vindo sem
tratar de nada, quando já estava de regresso a casa. Voltou no dia seguinte.
Tinha
ido a mais médicos durante estes quase três anos de reforma, do que durante o
resto de toda a sua vida, mas agora andava mesmo preocupado, pois notava sinais
de que algo não corria bem. Por vezes faltava-lhe vocabulário, tanto a falar
como a escrever. Tinha dificuldade em se concentrar, repetindo vezes sem conta alguns
rituais. Fazia determinadas tarefas e logo de seguida ficava na dúvida se as já
tinha feito.
No
dia marcado, foi ao médico que, atendendo à sua idade e aos sintomas referidos,
o aconselhou a consultar um psiquiatra.
###
- Senhor Pereira, embora eu não o possa
afirmar de modo inquestionável, parece-me detectar em si os primeiros sintomas
de uma doença de que já terá ouvido falar. Já é conhecida há mais de cem anos, mas
agora fala-se mais porque as pessoas vivem mais tempo…
- ?
- Refiro-me à doença de Alzheimer!
- Segundo tenho ouvido dizer não há nada a
fazer.
- Há sim! Sempre se pode fazer alguma coisa
mas, realmente, esta doença é como a idade, não se pode parar. Vai fazer umas
análises e vários exames que vou requisitar e depois se verá. Para já, continue
a manter-se em actividade permanente, não só física mas sobretudo mental! Leia,
escreva. Faça passatempos.
- Assim farei, senhor Doutor.
###
Logo
que chegou a casa, Ricardo ligou o computador e foi consultar a Internet, onde encontrou muita
informação.
A doença de Alzheimer consiste, grosso modo, na morte das células
cerebrais e na consequente atrofia do cérebro. É progressiva, irreversível e
com causas e tratamentos ainda desconhecidos. Começa por atingir a memória e,
progressivamente, atinge todas as outras funções mentais, levando à perda da
autonomia dos doentes. Em fase terminal, provoca a incapacidade de realizar as
tarefas mais primárias, os pacientes deixando mesmo de reconhecer as pessoas
mais chegadas.
O
único modo de diagnosticar a doença, com segurança, seria o exame do tecido
cerebral, obtido através de uma biopsia.
«Ao princípio, observam-se pequenos
esquecimentos, perdas de memória, normalmente aceites pelos familiares como
parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente.
Os pacientes tornam-se confusos e, por vezes, agressivos, passando a apresentar
alterações da personalidade, com distúrbios de conduta. Acabam por não
reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a
um espelho».
Ricardo
ficou ainda mais aterrorizado com o que tinha lido e resolveu não contar nada à
mulher, para não a preocupar, antes de saber o resultado das análises e exames
que o médico lhe mandara fazer.
Os
auxiliares de diagnóstico requisitados pelo Dr. Silveira vieram confirmar, na
medida do possível, o que ele tinha previsto. Receitou-lhe vários remédios,
renovou o conselho de manter a mente em actividade e pediu-lhe para marcar uma
nova consulta quando acabassem os medicamentos.
Ricardo
chegou a casa e contou tudo, finalmente, à sua companheira, acrescentando:
- Dizem que a doença se desenvolve muito
lentamente, até nos tornarmos completamente dependentes. Não sei o que o futuro
me reserva, nem sei bem como tudo isso irá acontecer, mas desde já te digo que
não quero chegar a esse ponto!
- Tem calma, Ricardo. Devias ter-me contado
antes, pois para mim é também difícil receber a notícia assim de chofre. Temos
enfrentado tantas situações menos boas…
E os
dias começaram a escorrer por entre os dedos, como se fossem areia, com a
doença a desenvolver-se de forma insidiosa e quase sem darem por isso.
Ricardo
bem tentava ocupar o seu tempo, sobretudo a escrever, utilizando o computador
adquirido quando se reformara.
Pouco
a pouco, no entanto, começou a ter dificuldades em executar certas actividades
manuais, sentindo-se ainda mais desajeitado do que já era antes. Custava-lhe
fazer contas, guardava coisas em sítios de que depois não se lembrava. Tinha o
pavor de perder objectos. Irritava-se com facilidade. Hesitava muito, antes de
tomar alguma decisão. Cada vez tinha maiores dificuldades em se recordar de
certos nomes, mas agora já nem fazia esforço para os relembrar.
Passaram-se
meses, alguns anos. Já sentia pouco interesse por aquilo que o rodeava, evitava
sair pois ao afastar-se, tinha dificuldade em regressar a casa, faltando-lhe o
sentido de orientação.
Sentia
que Lurdes o andava sempre a vigiar, qual anjo-da-guarda, mas isso irritava-o.
Algumas vezes saía e esquecia-se das chaves dentro de casa, sendo obrigado a
esperar pelo regresso da mulher, para poder entrar.
Continuava
a escrever, mas por vezes tinha de pedir ajuda, pois já não conseguia
lembrar-se de certas funções do processador de texto. Procurava as letras, uma
a uma, já sem aqueles reflexos que o levavam antes a escrever rapidamente,
embora só com dois dedos.
Sentia-se
perdido no turbilhão da vida e, nos poucos momentos de relativa normalidade,
olhava-se de fora e via-se a viver num verdadeiro inferno. Ou seria o
purgatório, estando o inferno ainda para chegar?
Lurdes, ao acordar de noite, estranhou não sentir o
marido a seu lado. Acendeu a luz da mesinha de cabeceira e constatou que,
efectivamente, ele não estava. Levantou-se de um salto e dirigiu-se para a casa
de banho, que tinha a luz acesa. Também não estava. Assustada, abriu a porta do
escritório.
Ricardo
estava debruçado, inerte, sobre o teclado do computador. Na mão esquerda, um papel amarrotado com o
nome de um medicamento que tomava para dormir e com a indicação de que deveria
tomá-lo antes de se deitar. Na mão direita, um frasco desse mesmo medicamento,
aberto e já sem nenhum comprimido.
Lurdes
soltou um grito de angústia e, ao acariciar nervosamente a cabeça do marido,
activou o ecrã do monitor, onde pôde ler: «Etsa vdia asism nao persta… amo te mas vou pratir…».
Apesar
das letras trocadas, ela tudo entendeu e, de joelhos, chorou convulsivamente,
continuando a acariciar Ricardo. Veio-lhe à memória o dia do casamento e o
padre dizendo «…até que a morte vos
separe…».
Gabriel de Sousa
NB – 3º Prémio no X Concurso Literário Algarve – Brasil / 2007 – Clube da Simpatia – Olhão
6 DE JUNHO - V. C. ANDREWS
EFEMÉRIDE
– V. C. Andrews, de seu verdadeiro nome Cleo Virginia Ethel
Andrews, escritora norte-americana, nasceu em Portsmouth no dia 6 de Junho de
1923. Morreu em
Virginia Beach,
em 19 de Dezembro de 1986. Um estúpido acidente, ocorrido quando tinha apenas 15
anos de idade, condenou-a a viver numa cadeira de rodas.
Retratista
e desenhadora de moda nos primeiros anos da sua vida profissional, publicou o
primeiro livro em 1972. No entanto, foi em 1979 que se tornou famosa, ao lançar
o romance “Flores Cativas”.
Morreu
no fim de 1986, vítima de cancro no peito. Deixou numerosos rascunhos de
romances, que permitiram a publicação de várias obras póstumas.
Apesar
de ter iniciado a sua carreira literária muito tardiamente, foram vendidos mais
de 32 milhões de exemplares dos seus livros. Foi traduzida em dezasseis
línguas.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
NO DIA MUNDIAL DA CRIANÇA
AS CRIANÇAS E O FUTURO
Ao ver crianças brincando,
Alegram-se os sentimentos:
- É ver a Terra girando
Em perpétuos movimentos.
Um sorriso bem rasgado
Em lábios de criança
É o sinal desejado
Dum amanhã de esperança.
Aperta-se o coração,
Nem vinho faz esquecer:
- Tanta criança sem pão
E tanta gente a sofrer!
Ao olhar uma criança,
eu descubro - bem no fundo -
Um oceano de esperança
para transformar o Mundo.
Gabriel de Sousa
NB: 4º
Prémio no Concurso de Quadras “Dia
Mundial da Criança” – 2014 (Borba)
5 DE JUNHO - FERNANDO MEIRA
EFEMÉRIDE
– Fernando José da Silva Freitas Meira, ex-futebolista português,
nasceu em Guimarães no dia 5 de Junho de 1978.
Jogou
no Vitória SC de Guimarães (1995/98), no FC de Felgueiras
(1998/99) e novamente no Guimarães (1999/2000), antes de ingressar no SL
e Benfica, onde jogou de 2000
a 2002.
Foi
contratado seguidamente pelo VfB Stuttgart da Alemanha (2002/08), Galatasaray
SK da Turquia (2008/09), FC Zenith de São Petersburgo (2009/11) e Real
Saragoza S.A.D. de Espanha (2011/12).
Foi
capitão de equipa do Estugarda, clube com o qual ganhou o Campeonato
Alemão de 2007. Em 2008, venceu a Super Taça da Turquia pelo Galatasaray.
Dois anos depois, ganhou o Campeonato Russo com o Zenith,
vencendo igualmente a Taça da Rússia.
Representou
a Selecção de Portugal nos Mundiais de 2006 e nos Europeus de
2008. No final da temporada de 2012, devido a várias lesões sofridas
durante a época, decidiu abandonar o futebol, sem realizar o seu sonho que era
acabar a carreira em Guimarães.
Como curiosidade, diga-se que Fernando Meira festejou a
vitória no Campeonato da Alemanha com um cachecol do Guimarães ao
pescoço.
quarta-feira, 4 de junho de 2014
4 DE JUNHO - ROBERT JACOBSEN
EFEMÉRIDE
– Robert Julius Tommy Jacobsen, escultor e pintor dinamarquês, um dos
mais importantes artistas dinamarqueses do século XX, nasceu em Copenhaga no
dia 4 de Junho de 1912. Morreu em Taagelund, em 26 de Janeiro de 1993. Nunca seguiu estudos artísticos.
Depois
da Segunda Guerra Mundial, viveu em França (1947 a 1969), onde fez
várias esculturas em
ferro. Organizou a sua primeira exposição em 1950, tendo
recebido o Grande Prémio da Bienal de Veneza em 1966.
Em
1969, regressou ao seu país, mudando-se para Taagelund. De 1976 a 1985, ensinou na Academia
Real de Arte em
Copenhaga. De 1986
a 1991, trabalhou com Jean Clareboudt na criação de uma
escultura no Parque Tørskind Gravel Pit.
Jacobsen
teve contactos com o grupo artístico CoBrA, mas nunca foi seu membro. O
prémio dinamarquês Robert foi criado em sua homenagem. Existe também uma
fundação com o seu nome. Uma grande estátua, que o representa, está colocada em
frente da gare de comboios da capital dinamarquesa.
Obras
suas estão expostas em vários museus europeus e, igualmente, no Brasil e nos
Estados Unidos.
terça-feira, 3 de junho de 2014
3 DE JUNHO - JOÃO AGUIAR
EFEMÉRIDE
– João Casimiro Namorado de Aguiar, jornalista e escritor
português, morreu em Lisboa no dia 3 de Junho de 2010, vítima de cancro.
Nascera, igualmente em Lisboa, em 28 de Outubro de 1943.
Passou
grande parte da infância na Beira, em Moçambique. Licenciou-se
em Jornalismo na Universidade Livre de Bruxelas, tendo trabalhado
nos Centros de Turismo de Portugal em Bruxelas e Amesterdão. Regressou a
Portugal em 1976, para se dedicar ao jornalismo.
Trabalhou
para a RTP (onde iniciou a sua carreira em 1963) e para diversos diários
e semanários como: “Diário de Notícias”, “A Luta”, “Diário
Popular”, “O País” e “Sábado”. Em 1981, foi nomeado assessor
de imprensa do então ministro da Qualidade de Vida. Colaborou
regularmente na revista mensal “Superinteressante”, sendo membro do seu Conselho
Consultivo. Foi ainda colaborador da revista “TempoLivre”.
Entre
1983 e 2008, publicou cerca de 25 livros, entre os quais dois infanto-juvenis.
O seu primeiro romance, “A Voz dos Deuses”, é uma ficção histórica cuja
personagem central é Viriato. João Aguiar cultivava o romance histórico. O seu
último livro foi publicado em 2008, com o título “O Priorado do Cifrão”.
Criou
duas séries de televisão para o público mais jovem: “Sebastião e os Mundos
Secretos” e o “Bando dos Quatro”, no qual ele próprio figurava como
a personagem Tio João.
Numa
autobiografia irónica que escreveu para o “Jornal de Letras” em 2005,
João Aguiar concluía: «A minha vida não dava um livro, e ainda bem. Em
compensação, o facto de os meus livros darem uma vida – boa ou má, não importa
para o caso –, esse facto devo-o, em grande parte, aos momentos de não-glória
que acabo de relatar. E estou-lhes muito grato».
Ficou
por publicar um livro, em que ele esteve empenhado nos últimos tempos de vida,
sobre a Revolta Popular de 1383, que levou o Mestre de Avis, futuro D.
João I, ao trono, obra que não chegou a ser concluída.
segunda-feira, 2 de junho de 2014
2 DE JUNHO - CHARLIE WATTS
EFEMÉRIDE
– Charlie Watts, de seu verdadeiro nome Charles Robert Watts, músico
britânico, nasceu em Wembley no dia 2 de Junho de 1941. Entrou para os Rolling
Stones como baterista em 1963, lugar que ocupa até hoje. Participou em
todos os discos da banda, conjuntamente com Mick Jagger, Keith Richards e
Ronnie Wood. É considerado um dos maiores bateristas dos últimos 40 anos.
Cresceu
em Islington, onde o pai era empregado dos Caminhos de Ferro Britânicos.
Estudou artes gráficas na Tyler's Croft Secondary Modern School, ingressando
depois na Harrow School Of Art.
Em
1961, tocou num grupo amador, os “Blues Incorporated” de Alexis Korner e
Cyril Davies, que agregava numerosos músicos de passagem, entre os quais Mick
Jagger.
Para
ganhar a vida, Charlie era paralelamente desenhador numa agência publicitária.
Entrou depois, como profissional, para os Rolling Stones, substituindo Mick
Avory.
Taciturno
e tranquilo, Watts ficou sempre distante da turbulência do grupo. Bill Wyman,
grande cronista dos Rolling Stones, assegura que nunca lhe conheceu
hábitos de drogas nem outra mulher que não fosse a esposa Shirley Shieffield,
com quem casou em Outubro de 1965. Quando das tournées que fazem, descontrai-se
desenhando os quartos dos hotéis onde fica depois de cada concerto.
Musicalmente,
sente-se atraído pelo jazz, o seu primeiro amor. Gravou dez discos a solo. Em
1971, assegurou a parte rítmica do álbum “London Sessions” de
Howlin'Wolf, para o qual tocou igualmente Eric Clapton, entre outros. Editou
uma pequena obra de desenhos consagrada a Charlie Parker.
Muito
respeitado pelos outros membros do grupo, Watts tem direito a uma ovação
particular em cada show dos Stones. No final de um concerto em Altamont
(1969), foi aplaudido durante 32 minutos e 9 segundos, um recorde ainda por
bater, ao que se saiba.
Em
virtude da paixão de sua esposa por cavalos, Charlie Watts tornou-se também
criador de puros-sangues árabes (coudelaria Halsdon).
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