EFEMÉRIDE – Naguib Mahfouz, escritor egípcio, autor de novelas, de romances e de guiões de cinema, primeiro árabe a receber o Prémio Nobel de Literatura em 1988, morreu no Cairo no dia 30 de Agosto de 2006. Nascera também na capital egípcia em 11 de Dezembro de 1911.
Começou a escrever aos dezassete anos, publicando os seus primeiros escritos em revistas literárias dos anos 1930. Em 1934 licenciou-se em Filosofia na Universidade do Cairo. Entre 1939 e 1944 publicou as primeiras três novelas, todas com enredos passados na época faraónica. Só a partir de 1956 iniciou a abordagem de temas da sociedade árabe contemporânea.
Os seus romances mais conhecidos são “Miramar” (1967) e os três livros que compõem as 1500 páginas de "A Trilogia do Cairo" (1956-1957), onde cada um deles tem o nome de um bairro da capital e retrata a vida de três gerações de famílias, entre a Primeira Guerra Mundial e o golpe militar de 1952 que derrubou a monarquia.
Atravessou um período em que, através dos seus livros, fez críticas implícitas às derivas autoritárias do presidente egípcio Nasser. Uma dessas obras foi publicada em folhetins no diário Al-Ahram. O escritor foi criticado e os seus livros proibidos. Estes acontecimentos, porém, fizeram aumentar a sua reputação e não afectaram em nada a sua carreira, tendo vindo mesmo a ocupar lugares de relevo nas estruturas culturais do Estado.
Manteve sempre uma grande produtividade literária, com várias novelas publicadas na imprensa, agrupadas depois em livros, e cerca de um romance por ano.
Por ter declarado o seu apoio ao presidente Sadat, quando da assinatura do Tratado entre o Egipto e Israel em 1979 (apesar de também afirmar a sua solidariedade para com os palestinos), os seus livros foram proibidos em vários países árabes.
Durante a “polémica dos Versículos Satânicos" expressou publicamente o seu apoio ao escritor Salman Rushdie.
Em 1994, quando saía de sua casa, foi esfaqueado no pescoço por dois fanáticos islamitas que, durante o julgamento, afirmaram nunca terem lido uma linha das obras de Naguib Mahfouz. O escritor ficou paralisado da mão direita e deixou de escrever, passando a ditar os seus textos.
Em 16 de Julho de 2006 foi hospitalizado devido a problemas pulmonares e renais, tendo falecido no mês seguinte. O seu funeral foi transmitido em directo pela televisão egípcia.
As obras de Mahfouz encontram-se traduzidas em dezenas de línguas e cerca de metade foi adaptada ao cinema.
Eis algumas declarações proferidas após a sua morte: «Ele fez renascer a cultura e a literatura árabes através do Mundo» - Hosni Moubarak; «Com ele, desaparece uma figura da literatura mundial e um homem da paz, da tolerância e do diálogo» - Jacques Chirac; «A sua obra fará conhecer o Egipto, que ele amava, a várias gerações de leitores da América e do Mundo inteiro» - George e Laura Bush; Ao mesmo tempo, um site extremista, na Internet, criticava as homenagens que eram prestadas ao escritor, escrevendo : «Que ele vá para o Inferno; pedimos a Deus que lhe dê o castigo máximo» …
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