EFEMÉRIDE – Thomas Chatterton, poeta britânico, suicidou-se em 24 de Agosto de 1770, três meses antes de completar dezoito anos. Nascera em Bristol no dia 20 de Novembro de 1752. Ficou conhecido pelos seus poemas elaborados em estilo medieval.
Quando Thomas nasceu, já o pai tinha morrido. Começou muito cedo a tornar-se notado por não ser uma criança vulgar. Detestava brincar e passava horas em meditações, abstracções e choros, sendo considerado quase «um atrasado mental». A sua mãe, no entanto, reconheceu que se tratava justamente do oposto e ensinou-o a ler com a ajuda de uma Bíblia. Chatterton entusiasmou-se então pelas leituras, sobretudo de poesias vernáculas de escritores da idade média, interessando-se igualmente por heráldica, história, astronomia e teologia. Logo revelou também o seu talento para escrever e, aos onze anos, já colaborava no “Bristol Journal”.
Um oleiro prometeu-lhe uma bola em barro com uma inscrição à sua escolha. Quando esperava que Thomas lhe indicasse uma frase banal, ele pediu-lhe para que pintasse «um anjo com uma trombeta, para anunciar o seu nome ao Mundo».
Em 1768 publicou o poema “Elinoure and Juga”, dizendo que o autor era um monge do século XV chamado Thomas Rowley. Na realidade a poesia era sua, mas ele manteve a farsa “explicando” que tinha descoberto o manuscrito numa Igreja de Bristol. A obra teve sucesso e Chatterton publicou então “An Excelente Balade of Charitie e outros poemas de Rowley”, sem nunca assumir a sua autoria.
Em 1770 mudou-se para Londres com a intenção de dedicar a vida inteiramente à poesia e ao jornalismo. Escreveu algumas sátiras políticas, tanto em prosa como em verso, e ganhou notoriedade por ser capaz de imitar qualquer estilo literário. O talento não foi suficiente porém para lhe trazer o sucesso imediato que a sua ambição exigia. Vendo outras composições suas serem rejeitadas para publicação, sem meios de subsistência nem esperança num futuro melhor, envenenou-se com arsénico após ter passado alguns dias com fome. Tinha apenas dezassete anos.
Após a sua morte, o pseudónimo “Thomas Rowley” adquiriu credibilidade e tudo o que Chatterton escrevera foi publicado em 1777, com prefácio de um perito que acreditava na sua autenticidade. Rowley (que nunca existiu) chegou a aparecer como poeta medieval numa “História da Poesia Inglesa” em 1778. Chatterton só foi universalmente reconhecido como “inventor” do monge Rowley no século XIX. Os seus papéis, diversos recortes de jornais e o restante espólio pessoal estão actualmente no Museu Britânico.
Julga-se que a adopção de um pseudónimo e a invenção de uma falsa identidade foram um modo encontrado por Chatterton para ser “levado a sério, apesar da sua pouca idade”.
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