quarta-feira, 29 de julho de 2009

EFEMÉRIDE Herbert Marcuse, influente sociólogo e filósofo alemão, naturalizado norte-americano, pertencente à Escola de Frankfurt, faleceu em Starnberg (Baviera) no dia 29 de Julho de 1979. Nascera em Berlim, em 19 de Julho de 1898.
A família era constituída por judeus assimilados. Membro do Partido Social-Democrata entre 1917 e 1918, participou num Conselho de Soldados durante a revolução berlinense de 1919, abandonando o partido depois do assassinato de Karl Liebknecht e de Rosa Luxemburgo. Estudou filosofia, primeiro em Berlim e depois em Freiburg, onde também se dedicou à literatura alemã contemporânea e complementarmente à economia política. Em 1924 "descobriu" o livro “Ser e Tempo” de Heidegger, com quem viria a estudar em 1928. Em 1933 exilou-se em Genebra e depois nos Estados Unidos em virtude da ascensão nazi no seu país.
Todos os filósofos que tinham participado até então na formação de Marcuse tiveram a sua importância muito diminuída quando foram editadas as obras da juventude de Karl Marx em 1932. Marcuse foi um dos primeiros a interpretar criticamente os “Manuscritos Economico-filosóficos” de Marx e «pensava encontrar neles um fundamento filosófico da economia política no sentido de uma teoria da revolução». Para ele, já não era necessário recorrer a Heidegger para fundamentar filosoficamente o marxismo, já que encontrava no próprio Marx a possibilidade dessa fundamentação.
Em 1933 foi admitido no Instituto de Pesquisas Sociais, que seria mais tarde associado à Escola de Frankfurt. Em 1950 os colaboradores do Instituto regressaram à Alemanha, mas Marcuse decidiu permanecer nos Estados Unidos onde pensou, escreveu e leccionou em várias universidades.
Marcuse preocupava-se com o desenvolvimento descontrolado da tecnologia, o racionalismo dominante nas sociedades modernas, os movimentos repressivos das liberdades individuais e o aniquilamento da Razão. O proletariado iria ser substituído por aqueles a quem a sociedade moderna não permitia a ascensão, pelos miseráveis a quem o bem-estar geral não chegava, pelas minorias raciais e pelos imigrantes.
Marcuse retomou de Hegel duas noções capitais, a ideia de “Razão” e da “Negatividade”. A Razão é a faculdade humana que se manifesta no uso completo feito pelo homem das suas possibilidades. Não se pode compreender a “possibilidade” longe do conceito de “necessidade”. A necessidade dirige-nos para certas coisas cuja falta sentimos. Se queremos um apartamento mas não temos dinheiro para o comprar, o objecto da nossa necessidade é o apartamento e a medida da nossa possibilidade é o dinheiro que nos falta.
No livro “Ideologia da Sociedade Industrial”, Marcuse repetiu a crítica ao racionalismo da sociedade moderna e tentou ao mesmo tempo esboçar o caminho que poderia afastar-nos dele. O caminho seria a contestação da sociedade pelos "marginais" que a sociedade desprezava ou não conseguia beneficiar. O desenvolvimento extremo da tecnologia deveria vir a ter, segundo Marx e Marcuse, efeitos revolucionários. O problema da sociedade moderna seria a invasão da mentalidade mercantilista e quantificadora em todos os domínios do pensamento.
Em 1955, em “Eros e civilização”, adoptou uma leitura marxista de Freud, criticando o revisionismo neo-freudiano.
Engendrou o conceito da «sublimação não repressiva» e denunciou o carácter desumano e irracional do princípio do rendimento, que é fundado na resignação, na falsificação dos instintos e na repressão das potencialidades humanas.
Em 1964 escreveu “O Homem unidimensional” que foi publicado em França em 1968 e se tornou um pouco a bandeira teórica da revolta estudantil do “Maio de 68”. Viajou então pela Europa e fez múltiplas conferências e discussões com os estudantes. Nos anos 1960/1970 Marcuse tornou-se um dos mais célebres intelectuais da época. Morreu aos 81 anos durante uma estadia na Alemanha.

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