Durante a Segunda Guerra
Mundial, o pai apresentou-se como voluntário para combater os alemães, que tinham
invadido o território soviético. Desta forma, Valentin teve uma fase difícil na
sua infância, com a ausência do pai e obrigado a interromper os estudos durante
o período da ocupação alemã.
No entanto, após a libertação da
Kharkov pelo Exército Vermelho, regressou aos estudos. Após o conflito,
Valentin Bondarenko desenvolveu ainda uma predilecção por histórias da aviação
militar, considerando vários pilotos soviéticos, que se haviam destacado na
guerra, como os seus heróis.
Antes mesmo de ser adulto,
começou a ter aulas de voo num aeroclube. Posteriormente, ingressou na Força
Aérea Soviética. A sua carreira na aviação militar foi promissora e atingiu
o posto de tenente, aos 19 anos de idade, depois de se casar com uma estudante
de enfermagem chamada Galina Semenovna Rykova, com quem teve um filho,
Aleksandr, no mesmo ano.
Em 28 de Abril de 1960, logo após
chegar ao posto de tenente sénior da Força Aérea, foi escolhido para
fazer parte da primeira turma de cosmonautas do seu país. Era então o mais
jovem integrante do grupo e o mais jovem ser humano do sexo masculino a ser
escolhido para ir ao espaço (o recorde para o ser humano mais jovem escolhido
para viajar ao espaço cabia à soviética Tatyana Kuznetsova, que na época de sua
selecção contava apenas 20 anos de idade; porém, ela retirou-se da turma de
cosmonautas, em 1969, sem nunca ter participado num voo espacial).
Logo que foi escolhido como
cosmonauta-candidato, Bondarenko passou a realizar os todos e exames da praxe.
Um deles consistia em encerrar o cosmonauta numa câmara à prova de som, por um
período de vários dias. A finalidade era observar as reacções físicas e
psicológicas do futuro cosmonauta na situação de isolamento, enquanto vários
testes eram efectuados. Para reproduzir com a maior realidade possível as
situações encontradas num voo espacial, a atmosfera interna da câmara era de
oxigénio puro sob alta pressão.
No dia 13 de Março de 1961,
Bondarenko entrou na câmara e iniciaram-se os seus testes e exames. Depois de completar
dez dias de isolamento, no dia 23, foi anunciado que ele seria finalmente
retirado do interior da câmara, concluindo com êxito os seus testes.
Cerca de uma hora antes do
horário estipulado para a sua saída da câmara, Bondarenko retirou, - por conta
própria - alguns eléctrodos afixados na sua pele, destinados à obtenção de
dados. Em seguida, tomou a iniciativa de limpar do resto a substância adesiva
dos eléctrodos, esfregando algodão humedecido com álcool sobre a sua pele. Ao acabar
de se limpar, inadvertidamente lançou o algodão utilizado numa direcção
qualquer e ele caíra sobre uma chapa eléctrica. O algodão incendiou-se e, sob o
efeito da atmosfera de oxigénio puro sob alta pressão, as chamas imediatamente
alastraram no ambiente, atingindo as roupas de Bondarenko. Ele não conseguiu
apagar o fogo a tempo e foi engolfado por chamas de grandes proporções. Uma
equipa veio imediatamente em seu socorro, mas somente conseguiram abrir a
escotilha da câmara após vários minutos. Bondarenko foi levado ainda com vida
para um hospital, mas faleceu algumas horas depois.
O governo impediu que qualquer
notícia a respeito do acidente de Valentin Bondarenko fosse divulgada. O jovem cosmonauta
foi sepultado alguns dias depois, na sua cidade natal, mas foi dito apenas que
era um oficial da força aérea que morrera num acidente.
Na década de 1980, quando
começaram a surgir rumores da sua morte, o governo ainda a negou durante algum
tempo. Somente em 1986, por ocasião do aniversário do voo espacial pioneiro de
Iuri Gagarin, é que, finalmente, um artigo foi publicado, no jornal “Izvestia”,
descrevendo com detalhes o acidente que o vitimara. Imediatamente, o nome de
Bondarenko foi elevado, em todo o mundo, à categoria de cosmonauta, sendo
considerado um herói por todo o povo soviético e o primeiro mártir da Era
Espacial. Foi ainda homenageado, com o seu nome dado a uma cratera lunar.
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