Filho do desembargador Baltasar
da Nóbrega e sobrinho de um chanceler-mor do Reino, Manuel da Nóbrega estudou
durante quatro anos na Universidade de Salamanca e transferiu-se depois para
a Universidade de Coimbra, bacharelando-se em Direito Canónico e Filosofia
em 1541.
Estimulado pelo seu mestre,
chegou a inscrever-se para Lente (professor) da Universidade, fez prova escrita,
mas, na leitura do trabalho ao auditório, percebeu-se ser gago. O defeito na
fala impediu-o de ser nomeado professor da Universidade.
Aos 27 anos, foi ordenado pela Companhia
de Jesus. Viajou por Portugal, Galiza e pelo resto de Espanha, na pregação
do Evangelho. Foi surpreendido com um convite do rei dom João III, embarcando
na armada de Tomé de Sousa (1549).
Chegaram à Bahia em 29 de Março
de 1549 e, celebrada a primeira missa, ter-se-ia voltado para os seus
auxiliares e dito: «Esta terra é a nossa empresa». Ao serviço da Coroa,
com a missão de se dedicar à catequese dos indígenas na colonização do Brasil.
Assim que aportou, deu início ao
trabalho de catequese dos indígenas, desenvolvendo uma intensa campanha contra
a antropofagia existente entre os nativos e, ao mesmo tempo, combatendo a sua
exploração pelo homem branco.
Participou na fundação das
cidades de Salvador e do Rio de Janeiro e também na luta contra os franceses,
como conselheiro de Mem de Sá. O seu maior mérito, além de constantes viagens
por toda a costa, de São Vicente a Pernambuco, foi estimular a conquista do
interior, ultrapassando e penetrando além da Serra do Mar. Foi o primeiro a dar
o exemplo, ao subir ao planalto de Piratininga, para fundar a vila de São Paulo
que viria a ser o ponto de penetração para o sertão e de expansão do território
brasileiro. A pequena aldeia dos jesuítas tornar-se-ia a mais populosa cidade
do hemisfério sul.
Segundo Henrique dos Santos em “Aventura
Feliz”, Nóbrega visitou pela primeira vez o planalto de Piratininga em
companhia do padre Manuel de Paiva, primo de João Ramalho, e do irmão António
Rodrigues. Na companhia de André Ramalho, filho de João Ramalho, percorreu os
campos à procura do local onde viria a fundar a casa e escola dos Jesuítas.
Escolheu o topo da colina chamada Piratininga, localizada entre os rios
Piratininga (também chamado Tamanduateí) e Anhangabaú. Era um local próximo da
aldeia de Inhapambuçu, chefiada por Tibiriçá.
A primeira missa foi ali rezada
por Nóbrega em 29 de Agosto de 1553. Na última semana de Janeiro de 1554,
Nóbrega voltou à colina de Piratininga. No dia 25 de Janeiro, dia em que se
comemora a conversão de Paulo ao cristianismo, celebrou uma missa no local e
decidiu mudar o nome do colégio e casa dos jesuítas de “Piratininga”
para “São Paulo”.
Juntou-se em 1563 a José de
Anchieta, desembarcado no Brasil como noviço em 1553, no trabalho de
pacificação dos Tamoios em Iperoig, que retiraram apoio aos invasores
franceses, finalmente derrotados.
Foi Nóbrega quem solicitou ao rei
de Portugal, dom João III, a criação da primeira diocese no Brasil. Em
consequência desse pedido, dom Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo do
Brasil, foi enviado para Salvador.
Em 1558, convenceu o governador
Mem de Sá a baixar “leis de protecção aos índios”, impedindo a sua
escravização. Foi nomeado primeiro provincial (líder) da Companhia de Jesus
no Brasil, mas, faltando-lhe a saúde, foi substituído pelo padre Luís da Grã.
Manuel da Nóbrega faleceu aos 53
anos de idade.
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