Filho de imigrantes irlandeses, Braddock foi criado na
pequena North Bergen no vizinho Estado de Nova Jérsei. Braddock tornou-se um
pugilista profissional em 1926, já tardiamente, aos 21 anos de idade. Não
obstante, os seus primeiros anos de carreira foram arrasadores, tendo acumulado
um cartel favorável de 33 vitórias, 6 empates e 4 derrotas em apenas três anos,
culminando com uma imponente vitória por KO contra Tuffy Griffiths, em apenas
dois rounds, já no final de 1928.
Logo no princípio de 1929, Braddock tornou a provar o seu
valor ao pôr KO o ex-campeão mundial dos meios-pesados Jimmy Slattery, o que
finalmente lhe rendeu uma chance de disputar o título mundial dos meios-pesados
contra o campeão Tommy Loughran. Quatro meses mais tarde, o sonho de tornar-se
campeão mundial por pouco não se tornou uma realidade, quando Braddock acabou
sendo derrotado por Loughran na pontuação dos jurados, numa luta acirrada que
durou longos quinze assaltos.
Deprimido após esse duro revés e com a sua mão direita
fracturada durante o embate contra Loughran, a carreira de Braddock entrou em
abrupto declínio. Nos seus 33 combates seguintes, Braddock acumulou 11
vitórias, 2 empates e 20 derrotas.
Vivendo em extrema pobreza após a Crise de 1929
e com a sua carreira de pugilista já não compensando financeiramente, Braddock
viu-se obrigado a abandonar os ringues temporariamente e começou a trabalhar
como estivador. Em virtude de suas recorrentes lesões na mão direita, Braddock
passou a utilizar-se mais da sua mão esquerda ao carregar peso na sua jornada
como estivador, o que gradualmente acabou tornando a sua mão esquerda mais
forte do que a direita.
Em meados de 1934, Braddock recebeu um convite com
apenas dois dias de antecedência para combater contra o promissor John “Corn”
Griffin. Após ir à lona primeiro, Braddock devolveu a queda ainda no mesmo
round. Griffin teve muitas dificuldades para levantar-se e, mas conseguiu
resistir ao resto do segundo assalto. No entanto, a luta não passaria do
terceiro, quando para espanto geral o árbitro precisou intervir ante a
passividade de Griffin, declarando assim Braddock o vencedor do confronto.
Nos seus dois combates subsequentes, Braddock voltou a surpreender
todos quando tornou a vencer o futuro campeão mundial dos meios-pesados John
Henry Lewis e depois o conceituadíssimo postulante ao título mundial dos
pesos-pesados Art Lasky. O retorno espantoso de Braddock aos ringues enfim
rendeu-lhe uma chance de disputar o título mundial dos pesos pesados contra o
temível Max Baer.
Baer faria a sua primeira defesa de título mundial e os
seus agentes escolheram a dedo Braddock como seu oponente, que para eles não
passava de um pugilista assalariado que seria uma presa fácil para o campeão.
As bolsas de apostas indicavam o mesmo, pagando 10-1 na mais que improvável
vitória de Braddock.
Assim sendo, em meados de 1935, Max Baer e James
Braddock subiram ao ringue pela disputa do título mundial dos pesos-pesados. O
campeão iniciou a luta de forma displicente, deixando Braddock pontuar por
vários rounds seguidos, acreditando poder dar um fim ao combate quando bem
entendesse. Contudo, já mais para o fim da luta, quando Baer começou a desferir
os seus potentes golpes, este foi surpreendido com a extrema tenacidade do seu
oponente. Braddock suportou bravamente aos ataques do campeão, enquanto seguia
a revidar com os seus próprios golpes. Ao término dos quinze rounds previstos,
os jurados apontaram de forma unânime uma vitória a favor do desafiante,
estabelecendo assim uma das maiores zebras na história do boxe de todos os
tempos.
Após o inacreditável resultado do duelo entre Baer e
Braddock, o escritor Damon Runyon imortalizou o apelido de “Cinderella Man”
ao acentuar as origens humildes de Braddock e a sua ascensão até o topo, tal
qual o conto de fadas.
Uma vez detentor do título mundial dos pesos-pesados,
James Braddock chegou a ter um combate agendado contra o alemão e ex-campeão
mundial Max Schmeling previsto para acontecer em fins de 1936. No entanto, o
embate teve de ser cancelado por causa de uma suposta lesão na mão do campeão
durante os treinos. A partir de então, um imbróglio judicial sucedeu quando uma
luta entre Braddock e Joe Louis foi anunciada para acontecer em Chicago no
transcorrer de 1937. A Comissão Atlética do Estado de Nova Iorque então
intercedeu judicialmente, proibindo Braddock de realizar essa luta contra Louis
por já se ter comprometido previamente em defender o seu título no Madison
Square Garden contra Schmeling. Uma nova data para o duelo entre Braddock e
Schmeling foi agendado para meados de 1937, mas teve de ser cancelado novamente
ante a recusa de Braddock, que preferiu o combate contra Louis em virtude de
uma premiação supostamente mais vantajosa. No final das contas, a batalha
judicial foi perdida pela Comissão Atlética do Estado de Nova Iorque e
uma luta entre James Braddock e Joe Louis foi finalmente marcada para ocorrer
no final de 1937.
O embate entre Braddock e Louis iniciou com uma troca
incessante de golpes entre os dois adversários, que culminou com Louis indo à
lona após sofrer um uppercut de direita no queixo logo no primeiro
assalto. Recuperando-se rapidamente da queda, Louis passou a lutar mais
sabiamente e dominou o resto de todo o combate. Vendo o seu pupilo extremamente
machucado, o técnico de Braddock quis interromper a luta no intervalo entre o
sétimo e o oitavo rounds, mas Braddock convenceu-o a deixá-lo seguir lutando
somente para enfim ser posto KO logo em seguida com uma rápida combinação de
golpes de Louis.
Após perder o seu título mundial, Braddock despediu-se
dos ringues no início de 1938 com uma vitória dividida nos pontos sobre o galês
Tommy Farr. Braddock faleceu em 1974, aos 69 anos de idade.
Em 2001, James J. Braddock foi incluído na Galeria
dos melhores boxeurs de todos os tempos, que hoje estão imortalizados no International
Boxing Hall of Fame.
Pouco tempo depois, em 2005, um filme sobre a sua vida
foi lançado nos cinemas com o título de “Cinderella Man- A Luta Pela
Esperança”. Dirigido por Ron Howard e estrelado pelo premiado Russell Crowe
no papel de James Braddock, o filme recebeu críticas positivas.
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