Estudante de Arquitectura,
na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, Rui Mendes tornou-se actor
profissional em Dezembro de 1956, no Teatro do Gerifalto, companhia
fundada por António Manuel do Couto Viana e instalada no Teatro da Trindade.
A peça foi “A Ilha do Tesouro”, sob a direcção de Couto Viana.
Em 1961, abandonou a Arquitectura
quase no fim, indo em seguida cumprir o serviço militar. Mobilizado para a Guerra
Colonial, em Angola, só voltaria quatro anos depois, enveredando
definitivamente pela carreira teatral.
Integraria, entre outras
companhias (e além do Teatro do Gerifalto), a Empresa Vasco Morgado,
o Teatro Popular de Lisboa, o Teatro Moderno de Lisboa, o Teatro
Nacional Popular, o Grupo 4/Teatro Aberto - de que foi um dos
fundadores - o Teatro ABC, o Teatro Adóque - de que também foi
fundador – o Teatro da Cornucópia, o Teatro Nacional D. Maria II
e o Teatro da Malaposta.
Entre muitas interpretações
no teatro, salienta-se “A Tia de Charley” (1961), “Knack” (1967),
“À espera de Godot” (1968), “Amanhã digo-te por Música” (1969), “Saídas
da Casca” (1971), “Insulto ao Público” (1972), “O Círculo de Giz
Caucasiano” (1976), “O Judeu” (1981), “Super Silva” (1983), “A
Mulher do Campo” (1986), “A Escola das Mulheres” (1993), “O
Magnífico Reitor” (2001) e “A Vida de Galileu” de Bertolt Brecht,
que protagonizou em 2006.
Trabalhou com diversos
encenadores, como António Manuel Couto Viana, Francisco Ribeiro, Adolfo Gutkin,
Costa Ferreira, Fernando Gusmão, João Lourenço, João Mota, Luís Miguel Cintra,
Jorge Lavelli, Fernanda Alves e José Peixoto.
Desde 1975 dedicou-se
igualmente à encenação, tendo assinado entre outros trabalhos: “Três Irmãs”
de Tchekov (1988 - Teatro da Cornucópia), “Sonho de uma Noite de
Verão” de Shakespeare (1991 - Teatro da Malaposta), “Descendentes
de Kennedy” de Robert Patrick (1992 - Teatro da Malaposta), “A
Louca de Chaillot” de Jean Giraudoux (1995 - Teatro Nacional D. Maria II),
“Tio Vânia” de Tchekov (1998 - Teatro da Malaposta), “Picasso
e Einstein” de Steve Martin (2005 - Teatro da Trindade) e “Vermelho
Transparente” baseado na obra de Jorge Guimarães (2006 - Teatro Nacional
D. Maria II).
No cinema, surgiu em cerca de
20 películas, entre elas: “Raça”, de Augusto Fraga (1961); “Dom
Roberto”, de José Ernesto de Souza (1961); “O Meu Nome É...”, de
Fernando Matos Silva (1978); “Nem Pássaro nem Peixe”, de Solveig
Nordlund (1978); “Francisca”, de Manoel de Oliveira (1981); “Os
Abismos da Meia-Noite”, de António de Macedo (1983); “Paisagens Sem
Barcos”, de Lauro António (1983); “O Fim do Mundo”, de João Mário
Grilo (1992); “Paraíso Perdido”, de Alberto Seixas Santos (1995); e “O
Milagre Segundo Salomé”, de Mário Barroso (2004).
É a televisão que torna Rui
Mendes conhecido do grande publico. Ao longo de mais de 40 anos foi presença
assídua em diversas séries, novelas e telefilmes, sendo de salientar: “O
Caso Rosenberg” (1975), “Retalhos da Vida de Um Médico” (1979), “Uma
Cidade como a Nossa” (1980), “Origens” (1982) “Chuva na Areia”
(1984), “Duarte e Companhia” que protagonizou (1985/1989), “Um Amor
feliz” (1990), “O bando dos quatro” (1993), “Sim, Sr. Ministro”
(1996), “Alves dos Reis” (2000/2001), “Ajuste de Contas” (2000), “Ganância”
(2001), “Um Estranho em Casa” (2002) e “João Semana” (2005).
Participou ainda em “Gente Fina É Outra Coisa” (série) em 1982, no
episódio “Cantor de Ópera”.
A par da actividade como actor,
Rui Mendes trabalhou como cenógrafo e foi, durante duas décadas, professor da Escola
Superior de Teatro e Cinema (1980/ 2000).
Em 3 de Julho de 2020, foi
agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito.
Casou em Lisboa em 9 de
Agosto de 1979, com Maria José Junqueira Mendonça, de quem tem um filho e uma
filha.
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