quarta-feira, 27 de novembro de 2024

27 DE NOVEMBRO - FERNANDO LOPES-GRAÇA

EFEMÉRIDE - Fernando Lopes-Graça, compositor, musicólogo, pianista, maestro, professor, investigador, teórico, crítico de arte e militante do Partido Comunista Português, morreu na Parede, Cascais, no dia 27 de Novembro de 1994. Nascera em Tomar, em 17 de Dezembro de 1906.

É considerado um dos maiores compositores e musicólogos portugueses do século XX.

Apenas com 14 anos, começou a trabalhar como pianista no Cine-Teatro de Tomar, procedendo ele próprio aos «arranjos» dos trechos que interpretava, tocando peças de Debussy e de compositores russos contemporâneos. Na época, competiam em Tomar as duas bandas rivais: Gualdim Pais e a Nabantina.

Em 1923, frequentou o Curso Superior do Conservatório de Lisboa, tendo como professores: Adriano Meira (Curso Superior de Piano), Tomás Borba (Composição) e Luís de Freitas Branco (Ciências Musicais); em 1927, frequentou a Classe de Virtuosidade, onde tem como professor Mestre Vianna da Motta (antigo aluno de Liszt), considerado o maior pianista português de todos os tempos.

Em 1928, frequentaria também o curso de Ciências Históricas e Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa, que viria a abandonar em 1931, em protesto contra a repressão a uma greve académica.

Entretanto, funda em Tomar o semanário republicano “A Acção”.

Em 1931, no dia em que concluiu, com a mais alta classificação, as provas de concurso para Professor de Solfejo e Piano do Conservatório Nacional, é preso pela polícia política, encerrado no Aljube e, a seguir, desterrado para Alpiarça.

Em 1934, concorreu a uma bolsa de estudo, na área da música, para Paris. Ganhou o concurso, mas a decisão do Júri foi anulada por ordem da polícia política.

Em Setembro de 1935, é de novo preso e enviado para o Forte de Caxias.

Em 1937, é libertado e parte para França por conta própria, aproveitando para ampliar os seus conhecimentos musicais, estudando Composição e Orquestração com Koechlin.

Em 1939, recusa a nacionalidade francesa, sendo forçado a regressar a Portugal.

Em 1940, é-lhe proposto dirigir os Serviços de Música da Emissora Nacional. Não chega a tomar posse do cargo porque recusa assinar a declaração de «repúdio activo do comunismo e de todas as ideias subversivas» que, então, era exigida a todos os funcionários públicos.

Em 1945, integra o Movimento de Unidade Democrática (MUD), do qual virá a ser dirigente. No âmbito das actividades do MUD, Fernando Lopes-Graça cria o Coro do Grupo Dramático Lisbonense, mais tarde Coro da Academia dos Amadores de Música; após a sua morte, o coro foi renomeado Coro Lopes-Graça da Academia de Amadores de Música como forma de homenagem. As Canções Regionais Portuguesas e as Canções Heróicas são cantadas pelo Coro por todo o país. Adere ao Partido Comunista Português em 1948.

A repressão por parte do regime cresce e acentua-se: na década de cinquenta, as orquestras nacionais são proibidas de interpretar obras de Fernando Lopes-Graça; os direitos de autor são-lhe roubados; é-lhe anulado o diploma de professor do ensino particular; é obrigado a abandonar a Academia dos Amadores de Música, à qual só regressa em 1972. A sua ficha criminal por motivos políticos na Polícia Internacional e de Defesa do Estado revelada após a Revolução dos Cravos é composta por largas dezenas de páginas de espionagem diária do seu dia a dia.

É autor de uma vasta obra literária incidente em reflexões sobre a música portuguesa e a música do seu tempo, mas maior ainda é a sua obra musical, da qual são assinaláveis os concertos para piano e orquestra, as inúmeras obras corais de inspiração folclórica nacional, o Requiem pelas Vítimas do Fascismo (1979), o concerto para violoncelo encomendado e estreado por Rostropovich, e a vastíssima obra para piano, nomeadamente as seis sonatas que constituem um marco na história da música pianística portuguesa do século XX.

Em 9 de Abril de 1981 é feito grande-oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e a 2 de Fevereiro de 1987 é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Em 1988, recebeu um Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Aveiro.

O compositor doou por testamento o seu arquivo à Câmara Municipal de Cascais. Conserva-se e pode ser consultado na Casa Verdades de Faria-Museu da Música Portuguesa (Monte Estoril).

Hoje em dia, existe uma escola com o seu nome, situada na Parede, a Escola Secundária Fernando Lopes Graça.

Na Associação Académica de Coimbra, os ensaios do Coro Misto da Universidade de Coimbra são realizados na sala que tem o nome deste grande maestro.

Em Tomar, a casa onde nasceu o compositor foi transformada no Museu Fernando Lopes-Graça para homenagear a sua obra e o seu exemplo cívico.

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