É considerado um dos maiores
compositores e musicólogos portugueses do século XX.
Apenas com 14 anos, começou a
trabalhar como pianista no Cine-Teatro de Tomar, procedendo ele próprio
aos «arranjos» dos trechos que interpretava, tocando peças de Debussy e de
compositores russos contemporâneos. Na época, competiam em Tomar as duas bandas
rivais: Gualdim Pais e a Nabantina.
Em 1923, frequentou o Curso
Superior do Conservatório de Lisboa, tendo como professores: Adriano Meira
(Curso Superior de Piano), Tomás Borba (Composição) e Luís de
Freitas Branco (Ciências Musicais); em 1927, frequentou a Classe de
Virtuosidade, onde tem como professor Mestre Vianna da Motta (antigo aluno
de Liszt), considerado o maior pianista português de todos os tempos.
Em 1928, frequentaria também
o curso de Ciências Históricas e Filosóficas na Faculdade de Letras
de Lisboa, que viria a abandonar em 1931, em protesto contra a repressão a
uma greve académica.
Entretanto, funda em Tomar o
semanário republicano “A Acção”.
Em 1931, no dia em que
concluiu, com a mais alta classificação, as provas de concurso para Professor
de Solfejo e Piano do Conservatório Nacional, é preso pela polícia
política, encerrado no Aljube e, a seguir, desterrado para Alpiarça.
Em 1934, concorreu a uma
bolsa de estudo, na área da música, para Paris. Ganhou o concurso, mas a
decisão do Júri foi anulada por ordem da polícia política.
Em Setembro de 1935, é de
novo preso e enviado para o Forte de Caxias.
Em 1937, é libertado e parte
para França por conta própria, aproveitando para ampliar os seus conhecimentos
musicais, estudando Composição e Orquestração com Koechlin.
Em 1939, recusa a
nacionalidade francesa, sendo forçado a regressar a Portugal.
Em 1940, é-lhe proposto
dirigir os Serviços de Música da Emissora Nacional. Não chega a tomar
posse do cargo porque recusa assinar a declaração de «repúdio activo do
comunismo e de todas as ideias subversivas» que, então, era exigida a todos os
funcionários públicos.
Em 1945, integra o Movimento
de Unidade Democrática (MUD), do qual virá a ser dirigente. No
âmbito das actividades do MUD, Fernando Lopes-Graça cria o Coro do
Grupo Dramático Lisbonense, mais tarde Coro da Academia dos Amadores de
Música; após a sua morte, o coro foi renomeado Coro Lopes-Graça da
Academia de Amadores de Música como forma de homenagem. As Canções
Regionais Portuguesas e as Canções Heróicas são cantadas pelo Coro
por todo o país. Adere ao Partido Comunista Português em 1948.
A repressão por parte do
regime cresce e acentua-se: na década de cinquenta, as orquestras nacionais são
proibidas de interpretar obras de Fernando Lopes-Graça; os direitos de autor
são-lhe roubados; é-lhe anulado o diploma de professor do ensino particular; é
obrigado a abandonar a Academia dos Amadores de Música, à qual só
regressa em 1972. A sua ficha criminal por motivos políticos na Polícia
Internacional e de Defesa do Estado revelada após a Revolução dos Cravos
é composta por largas dezenas de páginas de espionagem diária do seu dia a dia.
É autor de uma vasta obra
literária incidente em reflexões sobre a música portuguesa e a música do seu
tempo, mas maior ainda é a sua obra musical, da qual são assinaláveis os
concertos para piano e orquestra, as inúmeras obras corais de inspiração folclórica
nacional, o Requiem pelas Vítimas do Fascismo (1979), o concerto para
violoncelo encomendado e estreado por Rostropovich, e a vastíssima obra para
piano, nomeadamente as seis sonatas que constituem um marco na história da
música pianística portuguesa do século XX.
Em 9 de Abril de 1981 é feito
grande-oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e a 2 de Fevereiro
de 1987 é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Em 1988, recebeu um
Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Aveiro.
O compositor doou por
testamento o seu arquivo à Câmara Municipal de Cascais. Conserva-se e
pode ser consultado na Casa Verdades de Faria-Museu da Música
Portuguesa (Monte Estoril).
Hoje em dia, existe uma
escola com o seu nome, situada na Parede, a Escola Secundária Fernando Lopes
Graça.
Na Associação Académica de
Coimbra, os ensaios do Coro Misto da Universidade de Coimbra são
realizados na sala que tem o nome deste grande maestro.
Em Tomar, a casa onde nasceu
o compositor foi transformada no Museu Fernando Lopes-Graça para
homenagear a sua obra e o seu exemplo cívico.
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