É uma figura cimeira do
pensamento português do seu tempo. O
pseudónimo Bruno (do nome de Giordano Bruno) e Sampaio Bruno ficaram
para a posteridade. É considerado o fundador da Filosofia Portuguesa.
O pai era maçom e
proprietário de uma padaria, na Rua do Bonjardim, no Porto, que o filho viria a
herdar.
O racionalismo deísta e as
ideias liberais foram as influências dominantes na formação do seu pensamento.
Combatente pelo ideário republicano, Sampaio Bruno integraria o Directório
do Partido Republicano Português - PRP.
Fundou vários semanários
portuenses (“O Democrata”, “O Norte Republicano”) bem como o
diário “A Discussão” e colaborou nas revistas “Galeria Republicana”
(1882/1883) e “Serões” (1901/1911).
Com Antero de Quental e
Basílio Teles, elaborou os estatutos da Liga Patriótica do Norte, no
seguimento do ultimato britânico de 1890.
Participou na malograda Revolta
Republicana de 31 de Janeiro de 1891, de cujo Manifesto foi
redactor, exilando-se depois em Paris com João Chagas.
Em França, sofreu a
influência de uma série de personalidades, como o futuro pioneiro da aviação
Santos Dumont, os socialistas Benoît Malon e Jules Guesde, e os poetas Paul
Verlaine e António Nobre.
A depressão que o afectou no
exílio parisiense pode ter contribuído para encaminhar a sua pesquisa no
sentido do misticismo e do esoterismo, mergulhando na literatura gnóstica de
inspiração judaica, na cabala e na ideologia maçónica.
Regressando a Portugal em
1893, publicou então as “Notas do Exílio”. Em 1898, publicou “O
Brasil Mental”, em que desenvolveu a sua crítica ao positivismo comteano
iniciado vinte anos antes. Nessa obra afirmava a dado passo: «Carece-se de
uma filosofia mais inexacta e menos terrestre».
Em 1902, ano em que também
publicou “A Ideia de Deus”, teve uma grave desavença com Afonso Costa,
abandonando então definitivamente a militância no PRP, mas continuando
como publicista ligado a um republicanismo independente e crítico, que
pretendia aprender com os erros da República Brasileira.
Em 1909, foi nomeado director
da Biblioteca Pública Municipal do Porto, cargo que manteve após a Proclamação
da República (Revolução de 5 de Outubro de 1910), até à sua morte
precoce em 1915, no seguimento de uma intervenção cirúrgica tardia a uma hidrocele.
O seu pensamento filosófico,
de crescentes contornos esotéricos (revelados nomeadamente nas notas críticas
sobre as profecias de Bandarra - Porto, 1901 - e na obra “O Encoberto”,
de 1904) e em afastamento progressivo do racionalismo da juventude, conservaria,
porém, sempre os traços deístas, anticlericais, progressistas na esfera social,
que recebeu da forte componente iluminista na sua formação.
O pensamento de Sampaio Bruno
influenciaria profundamente Fernando Pessoa, que ainda chegou a corresponder-se
com o intelectual portuense, enviando-lhe em 1915 o primeiro número do “Orfeu”,
pedindo-lhe uma opinião.
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