domingo, 18 de abril de 2004

MANIFESTO AO POVO DO RIO DE JANEIRO

Amanhã, quando a gente abrir os jornais, as notícias vão se repetir: assaltos à mão armada, roubos de automóveis e sequestros na Linha Vermelha, na Linha Amarela, na Avenida Brasil, na rua Uranos, apenas para citar os lugares mais comuns.
Mais estudantes servirão de escudos para bandidos de toda espécie, já protegidos pela capa da impunidade, pela indiferença dos governantes e pela incapacidade de trabalho das polícias. Mulheres sozinhas ao volante e idosos em geral serão roubados em qualquer esquina, em qualquer sinal de trânsito, a qualquer hora do dia ou da noite.
Pessoas absolutamente inocentes serão baleadas ao acaso e assassinadas sem qualquer motivo.
Talvez uma ou outra notícia tristemente nova, dolorosamente nova. No mais, o Rio de Janeiro vai continuar vivendo o seu trivial de crimes, assassinatos, roubos, sequestros, impunidade e desleixo.
Ao ser entrevistados, o casal de governadores dará as mesmas respostas de sempre. Também sem nenhuma novidade. A continuar essa progressão de barbáries, o stock de respostas prontas e de desculpas esfarrapadas do casal governador vai esgotar.
Atitudes sérias, trabalho de verdade, sem verborreia e sem demagogia, lamento informar que não teremos nesses próximos quatro anos. Não se pode mesmo contar com o governo do Estado, mais interessado em defender amigos e preocupado apenas com questões políticas que nada acrescentam à vida de quem precisa continuar vivo nesse Rio de Janeiro.
A quem interessa se o 2o. Governador e secretário de segurança vai mudar de partido? A quem interessa saber se a governadora vai continuar ou vai mudar também? Em quê isso melhora ou piora a nossa vida?
Se não acreditamos mais em qualquer possibilidade de trabalho sério do casal governador, também não recorremos mais à polícia, porque ela nos causa tanto medo quanto os bandidos e também porque já perdeu o mínimo de respeito que ainda possuía. A polícia, quem diria, está sendo alvo público dos bandidos. Policiais são roubados à luz do dia, sem qualquer constrangimento.
A omissão do Prefeito é absolutamente inacreditável e incompreensível.
É claro que ele não é o responsável directo pela segurança da população, mas é uma voz que poderia sair em defesa do povo, ainda que só pelo sentimento de solidariedade. Mas há um museu que lhe tolda a visão, o raciocínio e a fala.
Portanto, cabe a nós mesmos cuidar das nossas frágeis vidas. Vamos continuar pagando todos os nossos impostos, vamos continuar vendo governadora, vice-governador, secretário de segurança, secretários e secretários de estado e seus incontáveis assessores andando de carros oficiais pra baixo e pra cima, com pose de autoridade. Mas é só.
Não esperem nada além de discursos cheios de lugares comuns e de evasivas. Do chefe da polícia civil, a frase preferida até já decorei. Ele sempre diz a mesma coisa: «este é um caso isolado».
Se nenhuma atitude concreta partir de nós mesmos, ninguém o fará por nós. E precisamos começar agora. Vamos escrever cartas e mais cartas aos jornais, às televisões, às emissoras de rádio. Vamos escrever à governadora, ao secretário da segurança, ao chefe da polícia, ao Prefeito, aos vereadores, aos deputados estaduais, aos deputados federais que dizem representar o Rio, aos senadores que foram eleitos pelo Rio. Vamos escrever ao ministro da Justiça e ao presidente Lula.
Vamos fazer abaixo-assinados, vamos colar adesivos nos nossos carros, vamos exibir faixas nas nossas janelas, nas portarias dos prédios, nos condomínios, onde quer que seja. Vamos fazer passeatas na porta do «palácio» da governadora; vamos exigir declarações públicas de vereadores, deputados e senadores.

(texto recebido da Rachel, uma amiga brasileira)

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