quinta-feira, 15 de abril de 2004

O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS

A palavra «Ocupante» tem quase sempre uma carga negativa: ocupante é aquele que ocupa. Na maioria das vezes – para não dizer sempre – fá-lo sem o acordo do ocupado, pesem embora as explicações dadas para justificar essa ocupação.
Quando se fala em «Colaboracionistas» não se pensa na boa colaboração, mas sim nos que colaboram com o Poder face aos mais desfavorecidos.
A palavra «Resistência» transporta-nos para momentos históricos em que, por vezes com o risco da própria vida, alguns resistiram (e outros continuam a resistir) às injustiças, às ditaduras e, em última análise, às ocupações. Todos os meios serão legítimos e os «maus» de hoje, virão a ser os heróis e os governantes de amanhã.
«Mentirosos» são todos aqueles que desvirtuam a verdade, deturpando-a, ocultando-a ou mentindo deliberadamente.
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Transportando estas definições para os acontecimentos no Iraque, veremos que a definição de «Ocupante» serve que nem uma luva aos Estados Unidos da América. Atacaram, invadiram e ocuparam sem que para isso tivessem sido chamados.
«Colaboracionistas» serão todos aqueles que, a todos os níveis, colaboraram e continuam a colaborar com o ocupante. Eles, também, sem terem sido chamados pelos próprios iraquianos.
Adaptam-se bem à noção de «Resistência» todos os actos que têm visado lembrar aos ocupantes e seus aliados que as suas terras não são aquelas.
«Mentirosos» são, finalmente, aqueles que afirmaram existir armas de destruição maciça no Iraque e que disseram haver ligações perversas entre Hussein e Bin Laden. Alguém acredita que os Estados Unidos, com todos os meios sofisticados de que dispõem, não sabiam o que iam encontrar no Iraque?
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Com o desmembramento da União Soviética, a América tornou-se no único grande árbitro mundial. Curiosamente, talvez porque se trata de um País relativamente novo, nas operações de «policiamento» por esse mundo fora, aliam os meios mais modernos e secretos, a outros dignos do Far-West. Lembremo-nos do baralho de cartas com as pessoas a capturar, das promessas de recompensa pela entrega de certas individualidades «vivas ou mortas» e da partilha de empreitadas para a reconstrução daquilo que destruíram.
Infelizmente, no meio de tudo isto, Portugal – através do seu Governo – não tem as mãos limpas. «Hélas» como diriam os franceses!

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