sábado, 3 de novembro de 2018

3 DE NOVEMBRO - HERBERTO JOSÉ DE SOUZA


EFEMÉRIDE - Herberto José de Souza, conhecido por Betinho, sociólogo e activista dos direitos humanos brasileiro, nasceu em Bocaiúva no dia 3 de Novembro de 1935. Morreu no Rio de Janeiro em 9 de Agosto de 1997. Concebeu e dedicou-se ao projecto Acção da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida.
Betinho nasceu no norte de Minas Gerais e, com os seus dois irmãos - o cartunista Henfil e o músico Chico Mário, herdou da mãe a hemofilia. Desde a infância, sofreu com outros problemas, como a tuberculose. Foi criado em ambientes inusitados: a penitenciária e a funerária, onde o pai trabalhava. A sua formação teve grande influência dos padres dominicanos, com os quais travou contacto na década de 1950. Integrou a JEC (Juventude Estudantil Católica) e a JUC (Juventude Universitária Católica). Foi um dos fundadores, em 1962, da AP (Acção Popular), juntamente com outros líderes estudantis. Licenciou-se em Sociologia na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (1962). Durante o governo de João Goulart, assessorou o MEC, chefiou a Assessoria do ministro Paulo de Tarso Santos e defendeu as reformas de base, sobretudo a reforma agrária.
Com o golpe militar, em 1964, mobilizou-se contra a ditadura, sem nunca esquecer as causas sociais. Com o aumento da repressão, foi obrigado a exilar-se no Chile, em 1971. Ali, assessorou Salvador Allende, até à sua deposição em 1973. Conseguiu escapar do golpe de Pinochet, refugiando-se na embaixada panamiana. Posteriormente, morou no Canadá e no México. Durante esse período, foram reforçadas as suas convicções sobre a democracia - que ele julgava ser incompatível com o sistema capitalista.
Foi homenageado como «o irmão do Henfil» na canção “O Bêbado e a Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, gravada por Elis Regina na época da Campanha pela Amnistia aos presos e exilados políticos. Amnistiado em 1979, voltou ao Brasil.
Em 1981, juntamente com os economistas Carlos Afonso e Marcos Arruda, fundou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Económicas e passou a dedicar-se à luta pela reforma agrária, sendo um dos seus principais articuladores. Nesse sentido, conseguiu reunir - em 1990 - milhares de pessoas no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, em manifestação pela causa.
Betinho também integrou as forças que resultaram no impeachment do presidente da República Fernando Collor de Mello. O projecto pelo qual se imortalizou foi, provavelmente, a Acção da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, movimento a favor dos pobres e excluídos.
Em 1986, descobriu ter contraído o vírus da SIDA, numa das transfusões de sangue a que era obrigado a submeter-se periodicamente devido à hemofilia. Na sua vida pública, esse facto repercutiu-se na criação de movimentos de defesa dos direitos dos portadores do vírus. Com outros membros da sociedade civil, fundou e presidiu até à sua morte a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. Dois dos seus irmãos, Henfil e Chico Mário, morreram em 1988 em consequência da mesma doença. Mesmo assim, não deixou de estar activo até ao final da sua vida, dizendo que a sua condição de soropositivo o forçava a «comemorar a vida todas as manhãs». Morreu em 1997, bastante debilitado.
Em Agosto de 2010, a Comissão de Amnistia concedeu à família de Betinho uma indeminização mensal, além de um montante retroactivo, em razão da perseguição política sofrida por ele, durante a ditadura militar, comprovada por documentos encontrados nos arquivos do antigo DOPS (polícia política).

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