sábado, 1 de abril de 2023

1 DE ABRIL - OCTÁVIO PATO

EFEMÉRIDE - Octávio Floriano Rodrigues Pato, dirigente comunista português, nasceu em Vila Franca de Xira no dia 1 de Abril de 1925. Morreu em Lisboa, em 19 de Fevereiro de 1999.

Filho de João Floriano Baptista Pato e de Maria Rodrigues Pato, teve como irmãos Abel e Carlos Alberto, todos oposicionistas ao Estado Novo e militantes comunistas.

Aos 14 anos de idade, começou a trabalhar na indústria do calçado, como empregado de uma sapataria.

Com um grupo de jovens de Vila Franca de Xira criou um jornal, escrito e distribuído à mão, em papel quadriculado, com o título “Querer é Poder”. O jornal foi um dia lido pelo seu irmão Carlos, que estava ligado ao Partido Comunista Português, e que o mostrou a Dias Lourenço, responsável pela organização local do partido em Vila Franca. Daí até entrar na Federação da Juventude Comunista Portuguesa passou menos de um ano. Tinha então 15 anos de idade.

Pouco depois, em 1940, e com a libertação de um grande número de militantes, entre os quais Álvaro Cunhal, Militão Ribeiro, Sérgio Vilarigues e Joaquim Pires Jorge, entre outros, iniciou-se a Reorganização de 1940-1941 em que, pela primeira vez na vida clandestina do partido, «se criou um Comité Central, uma direcção colectiva e um forte grupo de revolucionários profissionais». Octávio Pato passou a fazer parte do Comité Local de Vila Franca de Xira e do Comité Regional do Baixo Ribatejo.

Na região de Vila Franca, participou activamente na organização das greves de Maio de 1944. Esta acção, que incluiu milhares de trabalhadores, resultou de um trabalho que «levou meses, orientado para a mobilização das classes trabalhadoras, envolvendo a distribuição de milhares de manifestos feitos clandestinamente». Diria, em 1976: «Tive de facto uma participação intensa, quer na preparação e organização, quer no desencadeamento da greve (…). Ocupei-me de aspectos relacionados com a greve, designadamente no que respeitava à mobilização dos trabalhadores assalariados agrícolas das lezírias do Tejo (…). Essa greve constituiu para mim uma riquíssima experiência em todos os aspectos. Deram-se nessa altura centenas de prisões, concentrando as forças repressivas, na praça de touros de Vila Franca, mais de um milhar de grevistas presos».  

Mais de um ano passado sobre as greves de 8 e 9 de Maio de 1944, entrou na clandestinidade. Em 1946, foi escolhido pelo PCP para representar o partido como membro fundador do MUD Juvenil (Movimento de Unidade Democrática Juvenil).

Integrou depois a direcção da organização regional de Lisboa do PCP e, em 1949, foi eleito para o Comité Central como membro suplente. Em 1951, passa a membro efectivo. Entre as tarefas que lhe foram designadas destacam-se as de controlar as tipografias clandestinas centrais do partido, bem como trabalhar nas Direcções Regionais de Lisboa, do Norte e do Sul, assim como na redacção do jornal “Avante!”.

Em Dezembro de 1961, foi capturado pela PIDE, no mesmo dia que, embora em lugares diferentes, foi presa a sua companheira Albina Fernandes e os filhos de ambos, de 2 e 6 anos.

Foi condenado a 8 anos e meio de cadeia, indefinitivamente prorrogáveis por «medidas de segurança». Durante esse período foi espancado e torturado, impedido de dormir durante 18 dias e noites seguidos, recusando-se a responder a quaisquer perguntas.

De seguida, foi mantido incomunicável durante mais de 3 meses. Foi espancado no decorrer do próprio julgamento no tribunal Plenário de Lisboa, em que foi defendido, sem consequência, por Mário Soares. Foi condenado a 8 anos e meio de prisão, com «medidas de segurança».

Suicidou-se a sua companheira Albina Fernandes, em resultado da degradação da sua saúde psicológica em função dos maus-tratos infligidos pela PIDE durante os 6 anos que esteve presa, morte da qual a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos acusaria o presidente do Conselho Marcelo Caetano através de telegrama. Foi assim, por via de um movimento de solidariedade nacional e internacional, que Octávio Pato foi finalmente libertado nesse ano de 1970. Após a sua libertação, esteve alguns meses em Vila Franca de Xira, regressando de novo à clandestinidade. Pouco tempo depois, foi chamado ao Secretariado e à Comissão Executiva do Partido, ficando a seu cargo, entre outras tarefas, a redacção do jornal “Avante!”.

Depois do 25 de Abril, foi deputado e presidente do grupo parlamentar do PCP na Assembleia Constituinte, candidato à Presidência da República em 1976 e deputado à Assembleia da República.

Pouco depois do dia 25 de Abril de 1974, Octávio Pato apareceu na Cova da Moura, para falar com o general Spínola, como primeiro dirigente comunista a apresentar-se pelo partido, num momento em que Álvaro Cunhal ainda não tinha regressado do exílio.

Faleceu em Fevereiro de 1999, vítima de doença prolongada.

Fora condecorado pela França, com a Comenda da Ordem Nacional do Mérito (28 de Janeiro de 1991).

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