Notabilizou-se nos anos 1960 e 19770 na
área do entretenimento musical, mais notadamente no rock, que descobriu ser uma
mina de ouro na década de 1960, como empresário audaz e agressivo nos
negócios, e que durante uma época foi o mais bem-sucedido e conhecido
empresário musical do mundo, por ter, como contratados, algumas das maiores
bandas de rock de todos os tempos, como The Beatles e The Rolling
Stones.
O estilo de empreendedor brilhante e persuasivo, porém
sem medidas, de Klein valeu-lhe processos de quase todos os seus contratados,
de quem fez aquisições e assumiu o controlo de trabalhos após conseguir para
eles contratos extremamente vantajosos com as suas gravadoras, além de ter sido
investigado, julgado, condenado e cumprido pena por crime de informação
privilegiada e fraude em investimentos financeiros.
Sofria de Mal de Alzheimer, e faleceu em 2009,
na sua casa em Nova Iorque.
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Filho de um açougueiro de origem judaica-húngara de
Nova Jérsei, Klein tinha excelente memória para aritmética e trabalhou em
diversos pequenos empregos na adolescência, enquanto estudava à noite. Nos anos
1950, ele cuidava dos livros-de-caixa de diversos artistas e fez
auditorias para gravadoras de Nova Iorque.
Começou um pequeno negócio neste ramo em 1957, em
sociedade com a sua esposa Betty, até conhecer numa festa de casamento o cantor
de sucesso entre as adolescentes americanas Bobby Darin, de quem após alguma
conversa, achou que a sua gravadora estava-lhe devendo direitos de venda. Com a
concordância de Darin, Klein fez uma auditoria nas suas contas e, de posse dos
números, envolveu-se numa discussão legal com a gravadora do artista,
entregando no fim da disputa um cheque de US$100 mil dólares em direitos não
pagos ao atónito Darin.
A partir deste dia e pelo resto da sua carreira, Allen
Klein passou a ser recomendado como agente entre os artistas do rock e a ser
temido e odiado pelas suas gravadoras.
Em 1965, quando os Stones explodiam nas paradas
mundiais e se tornavam os grandes rivais dos também britânicos The Beatles,
a maior banda do mundo na época, Andrew Loog Oldham, seu empresário desde o
início da carreira, afogava-se em drogas e ficava incapacitado de continuar
gerindo os negócios do grupo.
Mick Jagger, que é formado em Economia,
impressionado com o talento de Klein para o negócio e o resultado conseguido
por ele com outros artistas, contratou-o para empresariar a banda e
chegou a indicá-lo para Paul McCartney. Entretanto, com o tempo, Jagger começou
a duvidar da probidade de Klein e em 1968 demitiu-o, levando os Stones a
criar o seu próprio selo e gerirem o seu próprio trabalho a partir de
1970, não sem antes Klein conseguir os direitos da maioria das músicas gravadas
pelo grupo antes de 1971.
Em 1969, a Apple Corps Ltd, empresa fundada
pelos Beatles para cuidar de seus negócios, estava completamente
desestruturada economicamente e em vias de falência depois da morte de Brian
Epstein, o cérebro por trás do grupo, que cuidava dos contratos e da
contabilidade da banda. Numa entrevista neste ano, John Lennon declarou que
eles estariam quebrados em seis meses se as coisas continuassem como estavam.
Klein então procurou Lennon e numa conversa
impressionou o músico pelos seus conhecimentos dos meandros do negócio e pelo seu
jeito de homem das ruas, simples no linguajar e sem a afectação do pai de Linda
Eastman, namorada de McCartney e outro pretendente ao cargo de empresário dos Beatles,
atitudes estas que o tornaram simpático ao beatle. Lennon então
convenceu George Harrison e Ringo Starr a apoiarem a escolha de Klein, mesmo
contra a vontade de Paul McCartney, que nunca colocou a sua assinatura no contrato
entre a banda e o empresário.
Este desacordo sobre o escolhido para ser o novo
empresário dos Beatles, aliado a uma década de ressentimentos internos,
desconfianças mútuas e inseguranças emocionais e de poder entre eles, foi um
dos factores chave para o fim do grupo um ano depois.
Com a péssima situação financeira da Apple,
Klein propôs ao grupo trabalhar sob percentagem de lucros e, em pouco tempo,
começou a mostrar o seu estilo empresarial e de administração: renegociou os
rendimentos do grupo com a EMI, gravadora detentora da maior parte do
catálogo musical dos Fab Four, conseguindo para eles a mais alta
percentagem EM na venda de discos da época; por outro lado, o seu estilo
abrasivo de negociação e administração causou a maior demissão em massa entre
os profissionais que viviam em volta do grupo, na Apple e fora dela.
Os seus métodos agressivos deram resultado,
recuperando as finanças da empresa e dos integrantes do grupo. Entretanto,
apesar do sucesso de Klein, McCartney continuou desconfiando dele e viria a
processar os três companheiros em 1971, após o fim da banda, pelo que ele
considerou a causa de um «divórcio» entre ele e os Beatles.
As relações profissionais de Klein com John, George e
Ringo viriam a durar até 1979.
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