sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

13 DE DEZEMBRO - HAZZA AL MANSOORI


EFEMÉRIDE Hazza Ali Abdan Khalfan Al Mansoori, primeiro astronauta dos Emirados Árabes Unidos, nasceu em Al Wathba no dia 13 de Dezembro de 1983.

Al Mansoori estudou no Khalifa bin Zayed Air College, a principal instituição de treino da Aeronáutica dos Emirados e formou-se em Aviação em 2004, passando a integrar a Força Aérea como piloto.

Foi enviado aos Estados Unidos para treinar em caças F-16 no Arizona e, ao voltar aos Emirados, tornou-se piloto deles.

Em 2017, foi um dos dois seleccionados entre 4022 candidatos para integrar o programa de astronautas dos Emirados Árabes Unidos após uma série de treinos no país e na Rússia, onde a sua formação como piloto militar o ajudou bastante a conseguir a vaga.

Junto com Sultan Al Neyadi, o outro seleccionado, foi enviado para o Centro de Treinos de Cosmonautas Yuri Gagarin na Cidade das Estrelas, perto de Moscovo, para o período de treinos para a missão à ISS. Em Abril de 2019, foi anunciado como o escolhido.

Depois de mais de 1 400 horas de treino e 90 cursos e após uma mudança de datas devido a um acidente com a Soyuz MS-10, que forçou um reordenamento do cronograma de voo de todos os tripulantes designados para as missões à ISS, ele foi ao espaço em 25 de Setembro de 2019 integrando a tripulação da Soyuz MS-15, com o comandante russo Oleg Skripochka e a engenheira de voo americana Jessica Meir, para uma permanência de uma semana na Estação Espacial Internacional. Levou consigo a bandeira dos Emirados e trinta sementes de árvores Al Ghafi em comemoração ao “Ano da Tolerância” no seu país, para serem plantadas através dos Emirados no seu retorno. Após uma semana em órbita na ISS, voltou em segurança em 3 de Outubro junto com a tripulação da Soyuz MS-12.

Hazza e Sultan terminaram cerca de 20 meses de treino geral na NASA no dia 8 de Maio de 2022.

Voando com o governo russo através de um acordo com os Emirados Árabes Unidos, a função de Hazza na Soyuz/ISS é chamada de participante do voo espacial em documentos e colectivas de imprensa da Roscosmos e NASA.

Mas como piloto militar e parte integrante do Centro Espacial Mohammed bin Rashid, ele é chamado «primeiro astronauta dos Emirados Árabes», «Astronaut Mission 1» ou «Zayed Ambition».

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

12 DE DEZEMBRO - JOSÉ VILLALONGA

EFEMÉRIDE - José Villalonga Llorente, treinador de futebol espanhol, nasceu em Córdova no dia 12 de Dezembro de 1919. Morreu em Madria, em 7 de Agosto de 1973.

Faleceu subitamente, vítima de ataque cardíaco, aos 53 anos.

Do seu palmarés faziam parte: com o Real Madrid CF - Copa Latina de 1955 e 1957; Campeonato Espanhol de 1955 e 1957; Copa dos Campeões de 1956 e 1957; e Pequena Taça do Mundo de 1956.

Com o C. Atlético de Madrid - Copa da Espanha de 1960 e 1961; e Taça dos Clubes Vencedores de Taças, 1962.

Com a Selecção de Espanha - a Taça da Europa   de 1 964.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

11 DE DEZEMBRO - JOAQUIM FERREIRA BOGALHO

EFEMÉRIDE - Joaquim Ferreira Bogalho, 20º presidente do SL Benfica, exercendo a presidência entre 1952 e 1957, nasceu em Chamiço no dia 11 de Dezembro de 1889. Morreu em 1 de Outubro de 1977.

Como obra mais marcante, destaca-se a construção do Estádio da Luz. Foi também determinante para a profissionalização do clube, que cimentaria o crescimento do Benfica enquanto clube profissional, criando as condições para o clube combater a hegemonia do Sporting CP e dar um salto qualitativo na década de 1960. É assim, um dos presidentes do clube mais importantes no historial benfiquista, tendo ficado conhecido como “o Homem do Estádio”.

Os sócios do clube atribuíram-lhe em 31 de Julho de 1938 a Águia de Ouro, na sequência do galardão de Sócio Honorário do Benfica.

Nascido em Chamiço, freguesia da Benedita, concelho de Alcobaça, era conhecido pela sua forte personalidade. Sempre que não concordava com as opções tomadas pelas direcções das quais fazia parte demitia-se, acabando sempre por ser convidado pelas futuras equipas directivas para voltar a integrar a estrutura do clube.

Começaria desde cedo a acompanhar a vida do Benfica regularmente como adepto, tornando-se depois sócio, chegando mesmo a ser guarda-redes do clube, na terceira categoria.

Dos campos, passou para os gabinetes, estreando-se nestas funções como vice-secretário da Direcção, em 1926. Além deste cargo, exerceu ainda funções como delegado da Direcção, representante do Benfica na Divisão de Honra da AF Lisboa, director-suplente do campo e tesoureiro (onde se notabilizou devido à sua grande capacidade para reestruturar as contas do Benfica).

Integrou várias comissões de futebol e fez parte da Comissão dos 25º e 28º Aniversários do clube, bem como da Comissão dos Estatutos e Regulamentos. Em Agosto de 1940, preside o Conselho Fiscal.

De 1948 a 1951 pertenceu ao Conselho Consultivo e Jurisdicional do clube, fazendo parte do grupo que elaborou o plano para angariação de fundos do novo campo em 1949. Dois anos depois, era relator do Conselho Fiscal. Presidiu em 1952 à Comissão para a Construção do Novo Parque de Jogos e, um ano depois, presidiu também à Comissão da Elaboração do Programa das Festas das Bodas de Oiro do Benfica. Em 1955, pertenceu à Comissão de Angariação de Fundos para a Construção da Piscina.

De forma a fazer avançar um dos maiores projectos da história do clube, a construção de um estádio, candidatou-se à Presidência do Clube. Assumiu, assim a Presidência da Direcção do Benfica pela primeira vez, em 15 de Março de 1952, sendo sucessivamente reeleito em 31 de Janeiro de 1953, em 30 de Janeiro de 1955 e, finalmente, em 18 de Fevereiro de 1956.

Durante a sua presidência, começa por sanear as contas do clube de forma a conseguir dar asas ao seu sonho e tornar o Benfica num dos maiores clubes do Mundo, sendo responsável pela profissionalização do futebol. A sua obra mais marcante foi iniciada em 14 de Junho de 1953, dia em que dar-se-ia início à construção do Estádio da Luz. Para esta construção ser possível, mobilizou os adeptos de forma a angariar fundos, permitindo que o estádio fosse inaugurado em 1 de Dezembro de 1954.

No seguimento da profissionalização do clube, investiu em jogadores e contratou o treinador brasileiro Otto Glória para que este revolucionasse o futebol do Benfica. Daria apoio para que os jogadores se tornassem profissionais exclusivos ao serviço do clube, criou o Lar do Jogador e contratou jogadores como Costa Pereira, Coluna e Santana.

Ferreira Bogalho e Otto Glória viriam a tornar-se na base que cimentaria o crescimento do Benfica enquanto clube profissional e que ajudaria a que fossem criadas as condições necessárias para o salto qualitativo dado na década de 1960, onde o clube se sagrou bicampeão europeu.

Durante o seu percurso no clube, aos 38 anos de idade, ser-lhe-ia atribuída pelo clube o seu galardão máximo, a Águia de Ouro.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

10 DE DEZEMBRO - ANDRÉE DUPEYRON

EFEMÉRIDE - Andrée Dupeyron, aviadora francesa, duas vezes recordista mundial (1938 e 1949) em distância, com um voo directo sem escala de 4 360 km e 5 942 km, respectivamente, nasceu em Ivry-sur-Seine no dia 10 de Dezembro de 1902. Morreu em Mont-de-Marsan, em 22 de Julho de 1988.

Filha de um operário de Ivry-sur-Seine, aos 16 anos conheceu o seu futuro marido, o mecânico Gustave Dupeyron, natural de Gers. Apaixonado por mecânica, o casal rapidamente se interessou por aviões. Andrée obtém a licença de piloto turístico e, em seguida, a licença de piloto profissional.

Em Maio de 1938, Andrée Dupeyron bateu o recorde feminino de distância ininterrupta em linha recta. Viajou 4 360 km entre Oran na Argélia e Tel El Aham no Iraque. Esse recorde mundial faz dessa mãe de 36 anos, apelidada pela sua rapidez, de ‘A Mãe Voadora da Família’, uma heroína em todo o país e inspirou em 1944 (sob ocupação alemã) o filme “Le ciel est à vous” (“O céu é seu)”, de Jean Grémillon.

Onze anos depois, em 1949, ela fez o mesmo novamente ao tentar ligar Mont-de-Marsan em França a Jiwani na Índia. Andrée cobriu 5 932 km sozinha, após 31 h 23 min do voo.

Andrée foi piloto das Forças Aéreas da França Livre e madrinha de um esquadrão que ficou com o seu nome.

Durante o Inverno de 1944/1945, fez parte do grupo de pilotos mulheres recrutadas para o primeiro corpo de pilotos militares do sexo feminino. Foi certificada como piloto, com o posto de segundo-tenente e, em 1946, aluna piloto do Black Mountain Gliding Centre (França), única mulher em treinos e já famosa aviadora.

Recebeu os prémios: L’aéronautique, de 1938, e L’air et l’espace, de 1953.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

9 DE DEZEMBRO - JOHN CASSAVETES

EFEMÉRIDE - John Nicholas Cassavetes, actor e realizador norte-americano, nasceu em Nova Iorque, no dia 9 de Dezembro de 1929. Morreu em Los Angeles, em 3 de Fevereiro de 1989.

Frequentemente chamado de o «pai do cinema independente dos Estados Unidos», tornou-se uma referência no seu país por conta do seu estilo autoral e quase artesanal de trabalho, o qual incluía orçamento reduzido, produção independente e a mesma equipa de técnicos e actores - geralmente amigos do cineasta.

Como actor, é mais conhecido pela sua actuação em “Os 12 Condenados” e “O Bebé de Rosemary”.

Filho de imigrantes gregos, Nicholas John Cassavetes e Katherine Demetri, cresceu em Long Island e cursou o curso secundário na Blair Academy, de Nova Jérsei, antes de estudar na American Academy of Dramatic Arts. Após graduar-se em 1950, seguiu a actuar no teatro, fez pequenos papéis em filmes e começou a trabalhar na televisão, onde actuou na série “Alcoa Theatre”.

Durante aquele tempo, conheceu e casou-se com a actriz Gena Rowlands. Em 1956, Cassavetes começou a ensinar actuação teatral com palestras em Nova Iorque. Foi durante um seminário que surgiu em Cassavetes a ideia de escrever e dirigir um filme sobre a improvisação. Este foi “Shadows”, o seu filme de estreia, em 1959.

Cassavetes angariou recursos para a produção de seu filme junto de amigos e familiares. Não conseguindo distribuidores nos Estados Unidos, o jovem cineasta levou “Sombras” para a Europa, onde o filme foi contemplado com o Prémio da Crítica no Festival de Veneza. Distribuidores europeus lançaram o filme mais tarde.

Embora o público norte-americano tenha desprezado “Sombras”, a obra chamou a atenção dos estúdios de Hollywood. Assim, Cassavetes mudou-se e produziu dois filmes para Hollywood, no começo da década de 1960: “A Canção da Esperança” (1961) e “Minha Esperança É Você” (1963). Neste último, um desentendimento com um produtor levou Cassavetes a desistir do cinema dos grandes estúdios e foi o passo definitivo para se tornar um realizador independente.

Paralelamente à carreira de cineasta, Cassavetes actuou em filmes como “Os 12 Condenados” (de Robert Aldrich, 1967, pelo qual recebeu a nomeação para o Oscar de Melhor Actor coadjuvante) e “O Bebéde Rosemary” (de Roman Polanski, 1968). Outras notáveis aparições incluem “The Killers” (de Donald Siegel, 1964) e “A Fúria” (de Brian DePalma, 1978).

O seu filme seguinte como director (e sua segunda obra independente) foi “Faces”, filme que teve no elenco a esposa Gene Rowlands. Adaptado de uma peça teatral do próprio cineasta, “Faces” relatava a lenta desintegração de um casamento e recebeu três nomeações para os Oscars - Melhor Guião Original, Melhor Actor coadjuvante (para Seymour Cassel, que acompanharia Cassavetes em outras produções do cineasta) e Melhor Actriz coadjuvante (para Lynn Carlin).

A seguir, viriam “Husbands”, de 1970, o qual estrelaram Cassavetes, Peter Falk e Ben Gazzara, outro actor que acompanharia o cineasta nas suas produções. No ano seguinte, foi lançado “Tempo de Amar” (ou “Assim falou o amor”), com Gene Rowlands e Seymour Cassel no elenco.

As suas três obras-primas durante os anos 1970 foram produções independentes. “Uma Mulher sob Influência”, de 1974, no qual Gena Rowlands actuou de modo brilhante como uma problemática incompreendida dona de casa de classe média-baixa norte-americana. Ela recebeu uma nomeação para o Oscar de Melhor Actriz, enquanto Cassavetes foi nomeado para ao Prémio de Melhor Director.

Ben Gazzara protagonizou o dono de um clube de strip em “A Morte de um Apostador Chinês”, de 1976. Em “Noite de Estreia”, de 1977, Gena Rowlands, John Cassavetes e Ben Gazzara encontraram-se (Peter Falk aparece no final do filme num papel não creditado). Rowlands fez o papel de uma actriz em crise por ter visto uma das suas fãs morrer, ao mesmo tempo que lida com uma complicada produção teatral na qual ela se sente insegura de interpretar um papel complexo em que não consegue identificar-se. Por este papel, Rowands recebeu uma nomeação para o Globo de Ouro como Melhor Actriz - Drama em 1978.

Um de seus filmes mais populares foi “Glória”, de 1980, estrelado por Rowlands que recebeu a sua segunda nomeação para o Oscar. Quatro anos depois, Cassavetes dirige “Amantes”, obra em que actua também com Rowlands, o último de ambos juntos. E “Um Grande Problema”, de 1986, seria o último filme do realizador.

Cassavetes faleceu de cirrose hepática em 1989, aos 59 anos, deixando a esposa Gene Rowlands e três filhos. Um deles, Nick Cassavetes, seguiu os passos do pai como actor e director.

Foi sepultado no Westwood Village Memorial Park Cemetery.

domingo, 8 de dezembro de 2024

8 DE DEZEMBRO - ANTÓNIO FERREIRA

EFEMÉRIDE - António da Rocha Cunha Ferreira, realizador de cinema português, nasceu em Coimbra no dia 8 de Dezembro de 1970.

Programador informático até 1990, ingressou em 1994 no Curso de Realização da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Em 1996, mudou-se para Berlim e aí estudou na Academia de Cinema e Televisão (Deutsche Film- und Fernsehakademie Berlin -DFFB).

Em 2000, a sua curta-metragem “Respirar - Debaixo D’Água” foi seleccionada para o Festival de Cannes, tendo ganho diversos prémios internacionais, entre os quais, um a Alexandre Pinto, o Prémio de Melhor Actor no Festival de Cinema Independente de Nova Iorque desse ano.

Esquece Tudo o que Te Disse”, de 2002, foi a primeira longa-metragem de António Ferreira.

Numa incursão pelo meio musical, assinou a realização do registo da actuação dos Humanos no Coliseu dos Recreios, denominado “Humanos ao Vivo no Coliseu dos Recreios de Lisboa” (2005), que viria a ser parte integrante do lançamento de “Humanos ao Vivo”.

Em 2006, realizou o documentário “Humanos - A Vida em Variações” consequência do trabalho que realizou ao longo de um ano com os músicos que adaptaram as canções nunca editadas de António Variações e que também seria incluído no “Humanos ao Vivo”.

Inspirado na canção popular portuguesa “Laurindinha”, António Ferreira realizou uma curta-metragem de 15 minutos intitulada “Deus Não Quis” (2007), que subverte a letra original da canção, mostrando o seu lado mais obscuro, revelando o apelo perverso desta aos homens para combaterem na guerra.

Em 2010, estreia aquela que será a sua segunda longa-metragem, “Embargo”, uma adaptação do conto homónimo de José Saramago, retirado do livro de contos intitulado “Objecto Quase”.

Em 2011, encena a sua primeira peça de teatro “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant” de Fassbinder, para o Teatro Nacional D. Maria II, protagonizada pela actriz Custódia Gallego.

Em 2012, realiza o filme “Posfácio nas Confecções Canhão”, no âmbito de Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012.

Em 2018, realiza o filme “Pedro e Inês”, uma adaptação do romance “A Trança de Inês” de Rosa Lobato de Faria.

É membro fundador da Academia Portuguesa de Cinema e da Associação de Produtores de Cinema e Audiovisual (APCA). É membro da APACI - Associação de Cineastas Paulistas.

Dirige a produtora Persona Non Grata Pictures sediada no Brasil e em Portugal, com a qual produz ficção e documentários dos mais diversos realizadores.

sábado, 7 de dezembro de 2024

7 DE DEZEMBRO - ARY DOS SANTOS

EFEMÉRIDE - José Carlos Pereira Ary dos Santos, poeta e declamador português, nasceu em Lisboa, São Sebastião da Pedreira, no dia 7 de Dezembro de 1937. Morreu em Lisboa, Santiago, em 18 de Janeiro de 1984.

Ficou na História da música portuguesa por ter escrito os poemas de 4 canções vencedoras do Festival RTP da Canção e apuradas para representarem Portugal no Festival Eurovisão da Canção: “Desfolhada Portuguesa” (1969), com interpretação de Simone de Oliveira, “Menina do Alto da Serra” (1971), interpretada por Tonicha, “Tourada” (1973), interpretada por Fernando Tordo e “Portugal no Coração” (1977), interpretada pelo grupo Os Amigos. Além disso, assinala-se ainda a sua importante colaboração como letrista de fados e/ou canções interpretados por Amália Rodrigues e Carlos do Carmo.

De uma família da alta burguesia de origens aristocratas, era filho do médico Carlos Ary dos Santos e de sua esposa Maria Bárbara de Miranda e Castro Pereira da Silva. Irmão germano de Maria do Rosário de Castro Pereira Ary dos Santos, Maria Isabel Pereira Ary dos Santos e de Diogo António Pereira Ary dos Santos, e irmão consanguíneo de Ana Maria Granger Ary dos Santos.

O seu avô paterno foi o prof. dr. Carlos Ary dos Santos, docente na Faculdade de Medicina de Lisboa e autor de diversos ensaios na sua área profissional, bem como, sobre numismática e medalhística.

Ary dos Santos iniciou a sua instrução no Colégio Infante Sagres, em Lisboa, mas, tendo sido expulso por mau comportamento, passou para o colégio jesuíta Nun’Álvares, em Caldas da Saúde, Santo Tirso. Mais tarde, regressou aos estudos em Lisboa, no Colégio São João de Brito, onde foi um dos primeiros estudantes.

Após a morte da mãe, viu publicados, pela mão de familiares, alguns dos seus poemas. Tinha 14 anos e viria a rejeitar esse livro, que considerava de fraca qualidade. O poeta eminente revelaria as suas qualidades em 1954, ao ser incluído na “Antologia do Prémio Almeida Garrett”.

Pela mesma altura, incompatibilizado com o pai pela homossexualidade do poeta, abandonou a casa da família. Para seu sustento económico exerceu as mais variadas actividades, desde vender máquinas para pastilhas elásticas a empregado numa empresa de publicidade. Frequentou as Faculdades de Direito e Letras, mas nunca acabou os cursos.

A sua estreia literária efectiva deu-se com a publicação de “A Liturgia do Sangue” (1963).

Em 1969, aderiu ao Partido Comunista Português, com o qual participou activamente nas sessões de poesia do então intitulado Canto Livre Perseguido.

Através da música chegará ao grande público, concorrendo, por mais de uma vez, ao Festival RTP da Canção, sob pseudónimo, como exigia o regulamento. Classificar-se-ia em primeiro lugar com as canções “Desfolhada Portuguesa” (1969), com interpretação de Simone de Oliveira, “Menina do Alto da Serra” (1971), interpretada por Tonicha, “Tourada” (1973), interpretada por Fernando Tordo e “Portugal no Coração” (1977), interpretada pelo grupo Os Amigos.

Com Fernando Tordo, escreve mais de 100 poemas para canções do músico e o duo Tordo/Ary continua a ser, até hoje, um dos mais profícuos da História da Música Portuguesa.

São de sua autoria canções intemporais, como “Tourada”, “Estrela da Tarde”, “Cavalo à Solta”, “Lisboa Menina e Moça”, “O amigo que eu canto”, “Café”, “Dizer Que Sim à Vida”, “Rock Chock” e “Meu amigo está longe”.

Estas canções foram interpretadas por cantores como Fernando Tordo, Carlos do Carmo, Mariza, Amália Rodrigues, Mafalda Arnauth e Paulo de Carvalho. Alguns dos maiores sucessos deste último, como “Os Putos”, “Lisboa Menina e Moça” e “Quando Um Homem Quiser” foram com poemas de Ary dos Santos. Também Carlos do Carmo cantou “Lisboa, menina e moça”, “Os putos”, e outras letras de Ary, sendo de destacar o seu álbum antológico “Um homem na cidade”, composto por 12 temas, todos com letra do poeta, aliados a um conjunto de composições inovadoras; entre eles, além de “Um homem na cidade”, refiram-se “Fado do Campo Grande”, “Nova feira da ladra”, “Namorados de Lisboa”, “Fado varina” ou “Balada para uma velhinha”.

Além dessas, “Estrela da tarde”, “Menor/Maior”, “Sonata de Outono” ou “Novo fado alegre” são igualmente temas de referência na carreira do fadista, escritas por Ary dos Santos.

Após o 25 de Abril, torna-se um activo dinamizador cultural da esquerda, percorrendo o país de lés a lés. No Verão Quente de 1975, juntamente com militantes da UDP e de outras forças radicais, envolveu-se no assalto à Embaixada de Espanha, em Lisboa.

Autor de mais de seiscentos poemas para canções, Ary dos Santos fez no meio muitos amigos. Gravou, ele próprio, textos ou poemas de e com muitos outros autores e intérpretes.

Notabilizou-se também como declamador, tendo gravado um duplo álbum contendo “O Sermão de Santo António aos Peixes”, do Padre António Vieira. À data da sua morte, tinha em preparação um livro de poemas intitulado “As Palavras das Cantigas”, onde era seu propósito reunir os melhores poemas dos últimos quinze anos, e um outro intitulado “Estrada da Luz - Rua da Saudade”, que pretendia ser uma autobiografia romanceada.

Homem de personalidade forte e de apetites excessivos, grande fumador e bebedor, acabaria por adoecer de cirrose, vindo a falecer com apenas 47 anos, em Janeiro de 1984, na sua casa na Rua da Saudade, em Alfama, Lisboa. Instituiu como seu herdeiro universal o Partido Comunista Português.

Homossexual assumido, a sua orientação sexual foi a causa principal da sua saída de casa com apenas 16 anos, e de começar a trabalhar nessa idade para se sustentar.

Ary dos Santos deixou poucos textos sobre a temática LGBTI, que fossem explícitos. Um raro exemplo é o poema “Meu Amigo Está Longe”. O amigo que estava longe era um soldado de quem Ary dos Santos gostava e que tinha partido para a guerra do Ultramar.

O seu nome foi dado a um largo do Bairro de Alfama, descerrando-se uma lápide evocativa na fachada da sua casa, na Rua da Saudade, onde viveu praticamente toda a sua vida.

Ainda em 1984, foi lançada a obra “VIII Sonetos de Ary dos Santos”, com um estudo sobre o autor de Manuel Gusmão e planeamento gráfico de Rogério Ribeiro, no decorrer de uma sessão na Sociedade Portuguesa de Autores, da qual o autor era membro.

Em 1988, Fernando Tordo editou o disco “O Menino Ary dos Santos”, com os poemas escritos por Ary dos Santos na sua infância.

Em 2009, Mafalda Arnauth, Susana Félix, Viviane e Luanda Cozetti deram voz ao álbum de tributo “Rua da Saudade - canções de Ary dos Santos”.

Hoje, o poeta do povo é reconhecido por todos e todos conhecem José Carlos Ary dos Santos, pois a sua obra permanece na memória de todos e, surpreendentemente, muitos dos seus poemas continuam actualizados. Todos os grandes cantores o interpretaram e ainda hoje surgem boas vozes a cantá-lo na perfeição. Desde Fernando Tordo, Simone de Oliveira, Tonicha, Paulo de Carvalho, Carlos do Carmo, Amália Rodrigues, Maria Armanda, Teresa Silva Carvalho, Vasco Rafael, entre outros, até aos mais recentes como Susana Félix, Viviane, Mário Barradas, Vanessa Silva e Katia Guerreiro.

Em 4 de Outubro de 2004, foi feito grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique a título póstumo.

No dia 4 de Junho de 2016, foi inaugurada em Sacavém (Loures) a Biblioteca Municipal Ary dos Santos.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

6 DE DEZEMBRO - FRANTZ FANON

EFEMÉRIDE - Frantz Omar Fanon, psiquiatra e filósofo político natural das Antilhas francesas, morreu em Bethesda no dia 6 de Dezembro de 1961. Nascera em Fort-de-France, na colónia francesa da Martinica, em 20 de Julho de 1925.

É designado também como Franz Fanon ou François Fanon e, posteriormente, conhecido como Ibrahim Frantz Fanon.

As suas obras tornaram-se influentes nos campos dos estudos pós-coloniais, na teoria crítica e no marxismo. Além de intelectual, Fanon era um radical político, pan-africanista e humanista marxista, preocupado com a psicopatologia da colonização e as consequências humanas, sociais e culturais da descolonização.

Durante o seu trabalho como médico e psiquiatra, Fanon apoiou a Guerra de Independência da Argélia em relação à França e foi membro da Frente de Libertação Nacional da Argélia.

Durante mais de cinco décadas, a vida e obra de Frantz Fanon inspiraram movimentos de libertação nacional e outras organizações políticas radicais na Palestina, Sri Lanka, África do Sul e Estados Unidos.

Ele formulou um modelo para a psicologia comunitária, acreditando que muitos pacientes com problemas de saúde mental recuperariam se fossem integrados na sua família e comunidade, ao invés de serem institucionalizados. Ajudou também a fundar o campo da psicoterapia institucional enquanto trabalhava em Saint-Alban sob François Tosquelles e Jean Oury.

Fanon publicou numerosos livros, incluindo “Os Condenados da Terra” (1961). Este influente trabalho centra-se naquilo que ele acreditava ser o papel necessário da violência dos activistas na condução de lutas de descolonização.

Visto como o ‘pai’ do nacionalismo africano, as suas obras foram inspiradas em mais de quatro décadas de movimentos de libertação anticoloniais. Analisou as consequências psicológicas da colonização, tanto para o colonizador como para o colonizado, e o processo de descolonização, considerando os seus aspectos sociológicos, filosóficos e psiquiátricos.

Era um dos filhos de Casimir Fanon e Eléanore Médélice. Como o seu pai ocupava um cargo médio na administração da Martinica, conseguiu ter acesso a boas escolas, inclusive vindo a estudar no único colégio secundário da ilha, o Lycée Schoelcher. No liceu, teve aulas com o poeta, também nascido na Martinica, Aimé Césaire, que influenciaria bastante a sua obra.

Em 1943, deixou a Martinica e juntou-se às tropas da França Livre na Segunda Guerra Mundial.

Foi um dos fundadores do pensamento terceiro-mundista. Ele acusou a semelhança entre o totalitarismo de direita e a ocupação na Argélia.

Fanon esteve na Argélia, então colónia francesa, onde trabalhou como médico psiquiatra no hospital do exército francês. Lá testemunhou as atrocidades da guerra de libertação travada pela Frente de Libertação Nacional contra a dominação colonial francesa. Diante da violência do processo colonial, Fanon uniu-se à resistência argelina, participando posteriormente de maneira activa na política africana pós-colonial.

Em Dezembro de 1960, depois de circular por várias partes do continente africano fomentando a necessidade de expandir a guerra de libertação a outros países, no auge de sua actuação política, Fanon iniciou a escrita de um livro que problematizaria a relação da revolução argelina com outros povos do Continente. No entanto, para sua surpresa, é diagnosticado com leucemia e percebe, mediante os estágios em que a medicina se encontrava, nesta época, que lhe restava pouco tempo de vida.

Iniciou, assim, a escrita apressada do que sabidamente seria o seu livro, alterando o curso da escrita de forma a sintetizar os seus acúmulos teóricos antes que o seu tempo esgotasse. É neste contexto, que será escrito em questão de meses o famoso “Os Condenados da Terra”.

Enquanto escrevia o livro e revisava os trechos, chegou a voar para Itália a fim de encontrar Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, para encomendar a Sartre o Prefácio do seu livro.

A influência de Sartre sobre Fanon é bastante conhecida. Fanon admirava-o tanto que, na ocasião do memorável encontro entre os dois, no Verão de 1961 em Roma, teria dito a Claude Lanzmann: «Eu pagaria vinte mil francos para falar com Sartre da manhã à noite durante quinze dias» (De Beauvoir, 2009, p. 437). Fanon se refere constantemente à obra “Reflexões Sobre a Questão Judaica”, publicada por Sartre em 1943.

É importante frisar que Sartre e Fanon foram dois intelectuais importantes no processo de descolonização-contribuição referenciada através de textos relacionados com o tema do colonialismo e também no envolvimento manifestado no engajamento político de ambas as partes.

As suas contribuições passam pelo estudo das inter-relações que se estabelecem no plano do pensamento e as interconexões que ocorrem através de inúmeras razões, entre elas a existência do colonialismo e as suas interconexões.

Fanon, ainda hoje, é um nome central nos estudos culturais, pós-coloniais e afro-americanos, seja nos Estados Unidos, na África ou na Europa. Fala-se muito de estudos fanonianos, devido ao tal volume de estudos que têm a sua obra como objecto de reflexão.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

5 DE DEZEMBRO - JUGDERDEMIDIYN GURRAGCHA

EFEMÉRIDE - Jugderdemidiyn Gurragcha, primeiro cosmonauta mongol, o segundo asiático no espaço e ministro da Defesa da Mongólia entre 2000 e 2004, nasceu em Gurvan-Bulak no dia 5 de Dezembro de 1947.

Gurragcha formou-se em Engenharia Aeroespacial em Ulan Bator, capital mongol, e entrou para a força aérea do país, fazendo carreira até ao posto de major-general.

Seleccionado para o programa espacial soviético Intercosmos, junto com outros oficiais de países satélites da antiga União Soviética, Gurragcha subiu ao espaço em 22 de Março de 1981, a bordo da Soyuz 39, junto com o soviético Vladimir Dzhanibekov, para uma missão de sete dias em órbita da Terra, na estação espacial Salyut 6, onde realizaram diversas experiências científicas em gravidade zero.

Após o seu voo e antes de se tornar ministro da Defesa mongol em 2000, trabalhou como chefe de um instituto científico de Ulan Bator.

Em 1997, após o fim da era comunista na Mongólia, o banimento da proibição de sobrenomes aos cidadãos mongóis e sem conseguir descobrir qual era seu nome original de família, Gurragcha escolheu Sansar como seu novo sobrenome, que em mongol significa ‘cosmos’.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

4 DE DEZEMBRO - ERWIN VON WITZLEBEN

EFEMÉRIDE - Erwin von Witzleben, marechal de campo do exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial, nasceu em Breslau, Império alemão, no dia 4 de Dezembro de 1881. Morreu em Berlim, em 8 de Agosto de 1944.

Ingressou no exército em 1901, e nele permaneceu até à sua morte, quando foi executado pelos nazis por envolvimento no atentado à bomba contra Hitler, na Toca do Lobo.

Na carreira militar, começou como segundo-tenente do 7º Regimento de Granadeiros. Com o início da Primeira Guerra, tornou-se ajudante da 19ª Brigada de Reserva.

Em Outubro de 1914, ganhou a patente de capitão e chefe de companhia no Regimento de Infantaria nº 6. Nesse mesmo regimento, tornou-se comandante de batalhão e combateu em Verdun, Champagne e Flandres, entre outras regiões.

Após ser seriamente ferido, recebeu a Cruz de Ferro, de primeira e segunda classe. Em Abril de 1917, Witzleben assumiu o comando de um batalhão e, no ano seguinte, tornou-se oficial-general do Estado-Maior da 121ª Divisão de Infantaria, onde viu o fim do conflito.

Após a guerra, permaneceu no Reichswehr, que então só tinha 100 mil militares, como estipulado pelo Tratado de Versalhes.

Witzleben ascendeu de forma linear na carreira, chegando ao posto de major em 1923, coronel em 1931, major-general em 1934, general em 1936, general-coronel em 1939 e, em 1940, juntamente com 12 outros generais, tornou-se marechal.

Oponente de Hitler e do Regime Nazi, Witzleben por diversas vezes se opôs publicamente aos nazis.

Em 1934, juntou-se a militares como Erich von Manstein, Wilhelm Ritter von Leeb e Gerd von Rundstedt, para exigir a investigação do assassinato de Kurt von Schleicher, na Noite das facas longas.

Em 1938, quando von Fritsch foi destituído do Comando do Exército por acusações de homossexualidade, Witzleben passou a externar a sua indignação e a pensar na possibilidade de um golpe militar contra Hitler.

A Gestapo, polícia política dos nazis, tomou conhecimento das suas posições, forçando Wiztleben a afastar-s do serviço activo.

Com o início da Segunda Guerra, Witzleben foi reconvocado e assumiu o comando do 1º Exército, estacionado no Oeste.

Na batalha da França, a sua unidade ficou subordinada ao Grupo de Exércitos D, que atacou a porção norte da Linha Maginot, onde quebrou a linha de defesa e rendeu diversas divisões. Após a invasão, foi nomeado comandante-em-chefe do Oeste, mas saiu logo depois por motivos de saúde - embora algumas fontes indiquem que ele se retirou por críticas ao regime nazi após a invasão da Rússia, com a Operação Barbarossa.

Integrou o grupo da resistência alemã e, em 1944, Witzleben foi a figura chave da tentativa de assassinar Hitler no atentado de 20 de Julho, na Toca do Lobo, planeado por Claus von Stauffenberg. Como marechal-de-campo, ele assumiria o Comando Supremo de todas as forças militares.

Com o fracasso do golpe, Witzleben foi preso em Berlim, em 20 de Julho de 1944, quando se preparava para assumir o comando das tropas dos conspiradores. Foi, então, expulso do Exército por uma Corte marcial estabelecida para julgar os militares envolvidos no golpe.

Em 7 de Agosto de 1944, Witzleben foi condenado pelo juiz nazi Roland Freisler à pena de morte. As palavras finais de Witzleben, dirigida a Freisler, foram: «Você pode entregar-nos ao carrasco, mas dentro de três meses o povo alemão amargurado e quebrado, apresentará contas e arrastará os senhores pela lama das ruas!».

No dia seguinte, na prisão de Plötzensee, em Berlim, morreu enforcado com uma corda de piano, sendo a execução filmada para posterior projecção para Hitler.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

ARY DOS SANTOPS - Dois Poemas

3 DE DEZEMBRO - ALFREDO PIMENTA

EFEMÉRIDE - Alfredo Augusto Lopes Pimenta, historiador e escritor português, nasceu em Guimarães no dia 3 de Dezembro de 1882. Morreu em Lisboa, em 15 de Outubro de 1950.

Alfredo Pimenta, filho de Manuel José Lopes Pimenta e de Silvina Rosa, nasceu na Casa de Penouços, São Mamede de Aldão.

Em 1890, a viver em Braga com os pais, frequentou o Colégio Académico de Guadalupe.

Em 1893, regressou a Guimarães e estuda no Colégio de São Nicolau. Em 1910, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e foi professor no Liceu Passos Manuel em Lisboa, entre 1911 e 1913. A partir deste ano, exerceu funções no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, do qual seria director de 1949 a 1951.

Em 22 de Dezembro de 1931, tornou-se director do Arquivo Municipal de Guimarães. Foi sócio fundador do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia, em 1953, e da Academia Portuguesa da História, em 1937.

Inicialmente militante anarquista, passou para o republicanismo. Depois da instauração da República, adere ao Partido Republicano Evolucionista.

Em 1915, surgiu como colaborador da revista “Nação Portuguesa”, órgão de filosofia política do Integralismo Lusitano e acaba por se tornar militante monárquico, sendo um destacado doutrinador.

Esta passagem para o monarquismo deu-se logo após o golpe de 14 de Maio de 1915, que derrubou o governo de Pimenta de Castro, apoiado pelos evolucionistas. Converteu-se depois ao catolicismo. Chegou a propor uma conciliação entre as teses de Auguste Comte e o neotomismo.

Fundou o movimento Acção Tradicionalista Portuguesa, com a sua revista “Acção realista” em 1923, que lhe passaria a dar o nome, rompendo ideologicamente com o Integralismo Lusitano, a que nunca chegara formalmente a pertencer.

Virá depois a assumir-se como salazarista, e elogia o fascismo e o nazismo. Depois da Segunda Guerra Mundial, faz uma denúncia das perseguições aos nazis, insinuando a existência de campos de concentração entre os Aliados.

Foi colaborador do “A Voz”, onde defendeu a restauração da monarquia, mas como uma espécie de coroamento do Estado Novo, contrastando com a época em que escreveu “Mentira Monarchica”, em 1906.

Ao longo da sua vida, também colaborou em diversas publicações periódicas, nomeadamente nas revistas “Arte & vida” (1904/1906), “Luz e Vida” (1905), “Ideia Nacional” (1915), “Contemporânea” (1926) e “Feira da Ladra” (1929/1943); no jornal “A republica portugueza” (1910/1911); e na “Revista de Arqueologia” (1932/1938).

Foi um teórico político e historiador reputado, sendo que a sua obra mais perdurável se situou no campo da história, sobretudo na Idade Média.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

2 DE DEZEMBRO - EDMOND ROSTAND

EFEMÉRIDE - Edmond Eugène Alexis Rostand, poeta e dramaturgo francês, morreu em Paris no dia 2 de Dezembro de 1918. Nascera em Marselha, em 1 de Abril de 1868.

A sua fama deve-se, sobretudo, à autoria da conhecida peça “Cyrano de Bergerac”. Edmond é pai do biólogo Jean Rostand.

Descendente de um prefeito de Marselha, Alexis Rostand Joseph (1769/1854), Edmond Rostand nasceu numa família rica, sendo filho do economista Eugène Rostand.

Em 1880, o pai levou a família, Edmond, sua mãe e dois primos ao elegante spa Bagnères-de-Luchon. Instalado inicialmente no chalet Spont, em seguida, na villa Devalz, eles então construíram a Villa Julia, próximo do Casino. Edmond Rostand vive 22 anos em Luchon, que inspirou as suas primeiras obras.

Diplomado em Direito, nunca exerceu a profissão e, desde o início da faculdade, frequentou as rodas literárias, conhecendo aí o seu grande amor, a poetisa Rosemonde Etiennette Gérard, autora do livro “As Flautas”.

Em 1888, Rostand escreveu a sua primeira obra, a peça “Le Gant Rouge” (“A Luva Vermelha”) e, em 1890, casou com Rosemonde.

Em 1891, escreveu a peça “Les Musardises” (“Divagações”) e, em 1893, “Les Deux Pierrots”, mas apenas em 1894 conseguiu a fama, com a peça “Les Romanesques” (“Os Românticos”), encenada pela Comédie-Française.

As suas peças seguintes, “La Princesse Lointaine” (“A Princesa Longínqua”), La Samaritaine” (“A Samaritana”) e “L’Aiglon” (“O Filhote de Águia”) foram interpretados, na época, por Sarah Bernhardt, considerada a maior actriz de teatro do seu tempo.

A sua obra máxima, a peça “Cyrano de Bergerac”, que estreou com estrondoso sucesso em 1897, em Paris, no Théàtre de la Porte-Saint-Martin, também foi encenada por Sarah, mas apenas em Londres, em 1901.

A peça “Cyrano de Bergerac” transformou Rostand num verdadeiro ídolo do público francês, tornando-o membro da Academia Francesa, em 1904.

Vítima de uma pneumonia, porém, ele retirou-se em Cambo-les-Bains, na região basca, onde viveu durante nove anos, discretamente. Só voltou aos palcos em 1910, com “Chantecler”, a história de um galo que acredita que é o seu canto que faz nascer o dia.

Rostand ainda escreveu uma última peça, “La Dernière Nuit de Don Juan” (“A Última Noite de Don Juan”), que ficou incompleta, mas foi aos palcos em 1921, três anos após a sua morte.

Rostand escolheu para as suas peças temas típicos do romantismo, apesar de os ideais românticos, na época, já estarem ultrapassados, em função do realismo. Na sua peça “A Princesa Longínqua”, inspirou-se na Idade Média, no caso uma história de amor entre um trovador, Rudel, e uma princesa, Melisandre. Também buscou inspiração romântica na religião cristã, com a peça “A Samaritana”, e histórica, em “O Filhote de Águia”, que relatava a tentativa do filho de Napoleão, o duque de Reichstadt, em recriar o império do pai.

Para escrever “Cyrano de Bergerac”, Rostand inspirou-se no poeta e filósofo assim chamado, que viveu entre 1619 e 1655, um questionador dos intelectuais do seu tempo. A obra, segundo a tradição romântica, foi escrita em versos, e consta que Rostand trabalhava tão febrilmente que chegava a compor 250 versos num único dia.

Muitos críticos, quando Rostand escreveu a sua peça “Chantecler”, chegaram a defender que ela foi um final infeliz para uma carreira que se notabilizou e se imortalizou com uma única obra: “Cyrano de Bergerac”.

domingo, 1 de dezembro de 2024

1 DE DEZEMBRO - JULINHO

EFEMÉRIDE - Julinho, de seu nome completo Júlio Correia da Silva, jogador de futebol português que actuava como atacante, nasceu em Ramalde no dia 1 de Dezembro de 1919. Morreu em Lisboa, em 18 de Março de 2010.

Ao longo de 13 temporadas, acumulou 166 jogos e marcou 170 golos na Primeira Liga, principalmente no SL Benfica, onde conquistou seis grandes títulos.

Julinho iniciou a sua carreira no Boavista FC, estreando-se na equipa principal com apenas 15 anos e aí permanecendo até 1940. Após uma breve passagem pelo Académico FC, chamou a atenção do Benfica, que o contratou em 1942, apesar das melhores ofertas do FC Porto.

No Benfica, passou a fazer parte da linha ofensiva do clube, que incluía Mário Rui, Espírito Santo, Rogério “Pipi” e Arsénio, baptizados de “Os Cinco Diabos Vermelhos”.

Fez a sua estreia em 11 de Outubro de 1942 contra o Atlético CP e nas oito temporadas seguintes marcou mais de 150 golos, para ajudar o clube a conquistar três títulos da Liga.

Ele participou no 12-2 frente ao Porto, em 7 de Fevereiro de 1943, quando marcou quatro gloso, e na vitória de 7–2 sobre o Sporting CP em 28 de Abril de 1946. Vitória de 13–1 contra a AD Sanjoanense em 27 de Abril de 1947, uma das maiores vitórias de todos os tempos na Primeira Liga. Já na casa dos ‘trinta’, marcou o golo da vitória contra o FC Girondins de Bordeaux na final da Taça Latina de 18 de Junho de 1950 e fez a sua última aparição pelo Benfica em 8 de Março de 1953 contra o FC Barreirense.

Com 205 golos marcados em duzentos jogos, ele permanece como o sétimo maior goleador da história do Benfica.

Julinho foi internacional apenas uma vez por Portugal, com uma derrota por 2-0 frente à Espanha em 21 de Março de 1948 em Madrid. 

Do seu palmarés fazem parte ainda 2 Taças de Portugal.

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