É designado também como Franz
Fanon ou François Fanon e, posteriormente, conhecido como Ibrahim Frantz Fanon.
As suas obras tornaram-se
influentes nos campos dos estudos pós-coloniais, na teoria crítica e no
marxismo. Além de intelectual, Fanon era um radical político, pan-africanista e
humanista marxista, preocupado com a psicopatologia da colonização e as
consequências humanas, sociais e culturais da descolonização.
Durante o seu trabalho como
médico e psiquiatra, Fanon apoiou a Guerra de Independência da Argélia
em relação à França e foi membro da Frente de Libertação Nacional da Argélia.
Durante mais de cinco
décadas, a vida e obra de Frantz Fanon inspiraram movimentos de libertação
nacional e outras organizações políticas radicais na Palestina, Sri Lanka,
África do Sul e Estados Unidos.
Ele formulou um modelo para a
psicologia comunitária, acreditando que muitos pacientes com problemas de saúde
mental recuperariam se fossem integrados na sua família e comunidade, ao invés
de serem institucionalizados. Ajudou também a fundar o campo da psicoterapia
institucional enquanto trabalhava em Saint-Alban sob François Tosquelles e Jean
Oury.
Fanon publicou numerosos
livros, incluindo “Os Condenados da Terra” (1961). Este influente
trabalho centra-se naquilo que ele acreditava ser o papel necessário da
violência dos activistas na condução de lutas de descolonização.
Visto como o ‘pai’ do
nacionalismo africano, as suas obras foram inspiradas em mais de quatro décadas
de movimentos de libertação anticoloniais. Analisou as consequências
psicológicas da colonização, tanto para o colonizador como para o colonizado, e
o processo de descolonização, considerando os seus aspectos sociológicos,
filosóficos e psiquiátricos.
Era um dos filhos de Casimir
Fanon e Eléanore Médélice. Como o seu pai ocupava um cargo médio na
administração da Martinica, conseguiu ter acesso a boas escolas, inclusive
vindo a estudar no único colégio secundário da ilha, o Lycée Schoelcher.
No liceu, teve aulas com o poeta, também nascido na Martinica, Aimé Césaire,
que influenciaria bastante a sua obra.
Em 1943, deixou a Martinica e
juntou-se às tropas da França Livre na Segunda Guerra Mundial.
Foi um dos fundadores do
pensamento terceiro-mundista. Ele acusou a semelhança entre o totalitarismo de
direita e a ocupação na Argélia.
Fanon esteve na Argélia,
então colónia francesa, onde trabalhou como médico psiquiatra no hospital do
exército francês. Lá testemunhou as atrocidades da guerra de libertação travada
pela Frente de Libertação Nacional contra a dominação colonial francesa.
Diante da violência do processo colonial, Fanon uniu-se à resistência argelina,
participando posteriormente de maneira activa na política africana
pós-colonial.
Em Dezembro de 1960, depois
de circular por várias partes do continente africano fomentando a necessidade
de expandir a guerra de libertação a outros países, no auge de sua actuação
política, Fanon iniciou a escrita de um livro que problematizaria a relação da
revolução argelina com outros povos do Continente. No entanto, para sua
surpresa, é diagnosticado com leucemia e percebe, mediante os estágios em que a
medicina se encontrava, nesta época, que lhe restava pouco tempo de vida.
Iniciou, assim, a escrita
apressada do que sabidamente seria o seu livro, alterando o curso da escrita de
forma a sintetizar os seus acúmulos teóricos antes que o seu tempo esgotasse. É
neste contexto, que será escrito em questão de meses o famoso “Os Condenados
da Terra”.
Enquanto escrevia o livro e
revisava os trechos, chegou a voar para Itália a fim de encontrar Jean Paul
Sartre e Simone de Beauvoir, para encomendar a Sartre o Prefácio do seu
livro.
A influência de Sartre sobre
Fanon é bastante conhecida. Fanon admirava-o tanto que, na ocasião do memorável
encontro entre os dois, no Verão de 1961 em Roma, teria dito a Claude Lanzmann:
«Eu pagaria vinte mil francos para falar com Sartre da manhã à noite durante
quinze dias» (De Beauvoir, 2009, p. 437). Fanon se refere constantemente à
obra “Reflexões Sobre a Questão Judaica”, publicada por Sartre em 1943.
É importante frisar que
Sartre e Fanon foram dois intelectuais importantes no processo de
descolonização-contribuição referenciada através de textos relacionados com o
tema do colonialismo e também no envolvimento manifestado no engajamento
político de ambas as partes.
As suas contribuições passam
pelo estudo das inter-relações que se estabelecem no plano do pensamento e as
interconexões que ocorrem através de inúmeras razões, entre elas a existência
do colonialismo e as suas interconexões.
Fanon, ainda hoje, é um nome
central nos estudos culturais, pós-coloniais e afro-americanos, seja nos
Estados Unidos, na África ou na Europa. Fala-se muito de estudos fanonianos,
devido ao tal volume de estudos que têm a sua obra como objecto de reflexão.
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