sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

6 DE DEZEMBRO - FRANTZ FANON

EFEMÉRIDE - Frantz Omar Fanon, psiquiatra e filósofo político natural das Antilhas francesas, morreu em Bethesda no dia 6 de Dezembro de 1961. Nascera em Fort-de-France, na colónia francesa da Martinica, em 20 de Julho de 1925.

É designado também como Franz Fanon ou François Fanon e, posteriormente, conhecido como Ibrahim Frantz Fanon.

As suas obras tornaram-se influentes nos campos dos estudos pós-coloniais, na teoria crítica e no marxismo. Além de intelectual, Fanon era um radical político, pan-africanista e humanista marxista, preocupado com a psicopatologia da colonização e as consequências humanas, sociais e culturais da descolonização.

Durante o seu trabalho como médico e psiquiatra, Fanon apoiou a Guerra de Independência da Argélia em relação à França e foi membro da Frente de Libertação Nacional da Argélia.

Durante mais de cinco décadas, a vida e obra de Frantz Fanon inspiraram movimentos de libertação nacional e outras organizações políticas radicais na Palestina, Sri Lanka, África do Sul e Estados Unidos.

Ele formulou um modelo para a psicologia comunitária, acreditando que muitos pacientes com problemas de saúde mental recuperariam se fossem integrados na sua família e comunidade, ao invés de serem institucionalizados. Ajudou também a fundar o campo da psicoterapia institucional enquanto trabalhava em Saint-Alban sob François Tosquelles e Jean Oury.

Fanon publicou numerosos livros, incluindo “Os Condenados da Terra” (1961). Este influente trabalho centra-se naquilo que ele acreditava ser o papel necessário da violência dos activistas na condução de lutas de descolonização.

Visto como o ‘pai’ do nacionalismo africano, as suas obras foram inspiradas em mais de quatro décadas de movimentos de libertação anticoloniais. Analisou as consequências psicológicas da colonização, tanto para o colonizador como para o colonizado, e o processo de descolonização, considerando os seus aspectos sociológicos, filosóficos e psiquiátricos.

Era um dos filhos de Casimir Fanon e Eléanore Médélice. Como o seu pai ocupava um cargo médio na administração da Martinica, conseguiu ter acesso a boas escolas, inclusive vindo a estudar no único colégio secundário da ilha, o Lycée Schoelcher. No liceu, teve aulas com o poeta, também nascido na Martinica, Aimé Césaire, que influenciaria bastante a sua obra.

Em 1943, deixou a Martinica e juntou-se às tropas da França Livre na Segunda Guerra Mundial.

Foi um dos fundadores do pensamento terceiro-mundista. Ele acusou a semelhança entre o totalitarismo de direita e a ocupação na Argélia.

Fanon esteve na Argélia, então colónia francesa, onde trabalhou como médico psiquiatra no hospital do exército francês. Lá testemunhou as atrocidades da guerra de libertação travada pela Frente de Libertação Nacional contra a dominação colonial francesa. Diante da violência do processo colonial, Fanon uniu-se à resistência argelina, participando posteriormente de maneira activa na política africana pós-colonial.

Em Dezembro de 1960, depois de circular por várias partes do continente africano fomentando a necessidade de expandir a guerra de libertação a outros países, no auge de sua actuação política, Fanon iniciou a escrita de um livro que problematizaria a relação da revolução argelina com outros povos do Continente. No entanto, para sua surpresa, é diagnosticado com leucemia e percebe, mediante os estágios em que a medicina se encontrava, nesta época, que lhe restava pouco tempo de vida.

Iniciou, assim, a escrita apressada do que sabidamente seria o seu livro, alterando o curso da escrita de forma a sintetizar os seus acúmulos teóricos antes que o seu tempo esgotasse. É neste contexto, que será escrito em questão de meses o famoso “Os Condenados da Terra”.

Enquanto escrevia o livro e revisava os trechos, chegou a voar para Itália a fim de encontrar Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, para encomendar a Sartre o Prefácio do seu livro.

A influência de Sartre sobre Fanon é bastante conhecida. Fanon admirava-o tanto que, na ocasião do memorável encontro entre os dois, no Verão de 1961 em Roma, teria dito a Claude Lanzmann: «Eu pagaria vinte mil francos para falar com Sartre da manhã à noite durante quinze dias» (De Beauvoir, 2009, p. 437). Fanon se refere constantemente à obra “Reflexões Sobre a Questão Judaica”, publicada por Sartre em 1943.

É importante frisar que Sartre e Fanon foram dois intelectuais importantes no processo de descolonização-contribuição referenciada através de textos relacionados com o tema do colonialismo e também no envolvimento manifestado no engajamento político de ambas as partes.

As suas contribuições passam pelo estudo das inter-relações que se estabelecem no plano do pensamento e as interconexões que ocorrem através de inúmeras razões, entre elas a existência do colonialismo e as suas interconexões.

Fanon, ainda hoje, é um nome central nos estudos culturais, pós-coloniais e afro-americanos, seja nos Estados Unidos, na África ou na Europa. Fala-se muito de estudos fanonianos, devido ao tal volume de estudos que têm a sua obra como objecto de reflexão.

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