Foi eleita deputada ao Parlamento Português
pelo partido LIVRE em Outubro de 2019. Três dias após perder a confiança
política do partido, em 3 de Fevereiro de 2020, passou à condição de «deputada
não-inscrita».
Vive em Portugal desde 1990, tendo dupla
nacionalidade, portuguesa e guineense. É licenciada em História Moderna e
Contemporânea - vertente de Gestão de Bens Culturais, mestre em Estudos
do Desenvolvimento e doutorada em Estudos Sociais pelo ISCTE-IUL.
Ao lado de Welket Bungué, Joacine Katar Moreira
estreou-se como actriz no filme “Mudança” (2020), realizado por um cineasta
guineense.
Em Maio de 2021, Joacine lançou o livro “Matchundadi:
Género, Performance e Violência Política na Guiné-Bissau (Documenta)”,
que tem por base a sua tese de doutoramento. O livro coloca a luz sobre a
dominação dos conceitos tradicionais de masculinidade na vida política e social
da Guiné-Bissau.
Foi membro do Grupo de Contacto do LIVRE
e cabeça-de-lista por este partido no círculo de Lisboa, nas eleições
legislativas portuguesas de 2019, tendo sido eleita deputada. Foi a primeira
deputada eleita pelo LIVRE na história do partido e uma de três mulheres
negras eleitas para a Assembleia da República em 2019, juntamente com
Romualda Fernandes (pelo Partido Socialista) e Beatriz Dias (pelo Bloco
de Esquerda), XIV Legislatura daquela câmara.
Em 3 Fevereiro de 2020, passou a deputada não-inscrita,
após lhe ter sido retirada a confiança política por parte da Assembleia do
LIVRE três dias antes.
Durante a campanha e após a eleição como deputada em
2019, Joacine Moreira foi alvo de várias campanhas de desinformação e difamação
em redes sociais, sobretudo em páginas ligadas ao partido CHEGA, que
acumularam milhares de partilhas e instigaram uma torrente de mensagens de
ódio, racismo e xenofobia.
Entre as várias alegações falsas, foi dito que Joacine
não teria nacionalidade portuguesa (e que teria mesmo entrado ilegalmente em
Portugal), pelo que não poderia assumir o mandato - apesar de viver em Portugal
desde os oito anos e possuir dupla nacionalidade, portuguesa e guineense, não
havendo qualquer obstáculo ao mandato parlamentar.
Outra alegação falsa era a de que teria tirado o curso
«à custa do contribuinte português»; no entanto, financiou a sua
frequência na universidade com vários empregos em simultâneo.
Foi ainda ventilado que a candidata recém-eleita teria
brandido uma bandeira da Guiné-Bissau durante os festejos, numa violação do
artigo 11º da Constituição da República Portuguesa, ainda que este apenas
determine a bandeira de Portugal, sem qualquer proibição em relação à exibição
de bandeiras de outros países em festejos eleitorais. Ademais, Joacine Moreira
não ergueu qualquer bandeira das várias visíveis na imagens veiculadas.
Foi ainda erroneamente alegado que a gaguez da
candidata seria falsa, ou exagerada para efeitos de mediatismo - ainda que esta
condição seja comprovadamente muito anterior ao início da sua carreira
política.
Joacine Katar Moreira continuou a ser alvo de diversos
ataques orgânicos veiculados em redes sociais, durante e após o conflito com o
partido que a elegera.
Em 31 de Janeiro de 2020, após diversos
desentendimentos com o partido, que tinham culminado com a deputada a acusar o LIVRE
de mentiras, perseguições e de usar a sua condição de mulher negra para obter
subvenções, o partido decidiu retirar-lhe a confiança política. Três dias
depois, passou a deputada não-inscrita.
O porta-voz do Grupo de Contacto, o órgão
dirigente do LIVRE, garantiu que esta decisão resultava da
irresponsabilidade de Joacine: «Não fomos nós que nos divorciámos de
Joacine. Foi a deputada que se divorciou de nós logo após as eleições». O
partido garantiu, contudo, que continuaria a defender Joacine de ataques
racistas, fascistas e sexistas de alguns sectores da sociedade portuguesa.
Apesar da prevista passagem de Joacine Moreira à
condição de independente, a subvenção ao partido Livre permanecerá
intacta, enquanto o montante atribuído à deputada para o apoio ao trabalho
parlamentar diminuiu de 117 mil euros para 57 mil euros anuais (valores de
2020).
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