quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

5 DE FEVEREIRO - GABRIEL VOISIN

EFEMÉRIDE - Gabriel Voisin, pioneiro da aviação e empresário francês, nasceu em Belleville-sur-Saône no dia 5 de Fevereiro de 1880. Morreu em Saône-et-Loire, em 25 de Dezembro de 1973.

Foi ele quem criou o primeiro avião europeu mais pesado que o ar, motorizado e tripulado, capaz de manter voo circular (de 1 km) controlado, incluindo descolagem e aterragem autónomas, feito conseguido por Henry Farman em 13 de Janeiro de 1908, próximo de Paris, França.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a empresa fundada por Voisin, tornou-se a maior produtora de aviões militares, notadamente o Voisin III. Depois da Guerra, ele dedicou-se à produção de automóveis de luxo, sob o nome de Avions Voisin.

O seu irmão, Charles Voisin, dois anos mais jovem, foi o seu principal companheiro de infância. Quando o seu pai abandonou a família, a mãe, Amélie, mudou-se com eles para Neuville-sur-Saône, onde se instalaram perto da fábrica do pai dela.

O avô deles, Charles Forestier, cuidou da educação deles com rigor militar. Os garotos também eram levados em expedições ao longo do rio, pescavam e já construíam vários artefactos para brincar. Quando o avô morreu, Gabriel foi enviado para a escola em Lyon, onde aprendeu desenho industrial, área na qual obteve muito sucesso. Ele frequentemente retornava para casa e, no final do século, os irmãos já haviam construído, entre outras coisas, um rifle, um barco a vapor e um automóvel.

Gabriel completou os estudos em Lyon em 1899 e empregou-se numa firma de arquitectura de Paris, onde em 1900 teve contacto com o Avion III de Clément Ader, que estava em exibição na Exposição Mundial de Paris.

Depois de nove meses de serviço militar e de uma apresentação conduzida por Ferdinand Ferber, uma das figuras proeminentes da aviação francesa da época, e de ter sido por ele apresentado a Ernest Archdeacon, o maior promotor e patrocinador da incipiente aviação francesa, Archdeacon contratou Gabriel para testar um planador Wright que ele havia construído. Os testes ocorreram em Abril de 1904, conseguindo alguns voos curtos. Depois disso, Archdeacon contratou Voisin para construir um planador ligeiramente modificado. Esse modelo foi testado em 26 de Março de 1905, mas no teste não tripulado sofreu uma falha estrutural e caiu, não sendo reconstruído depois disso.

Gabriel projectou um novo planador com flutuadores, com o qual voou com sucesso em 8 de Junho de 1905 por cerca de 600 metros. Nessa época, Louis Blériot aproximou-se de Gabriel e encomendou uma aeronave similar, mais tarde conhecida como Blériot II. No entanto, nenhuma das duas aeronaves se mostrou confiável e ambas fracassaram nas tentativas de voo subsequentes, numa delas quase matando Gabriel afogado.

O avião seguinte construído por Gabriel Voisin para Blériot, foi o Blériot III, um biplano com motor Antoinette accionando duas hélices em configuração de tração, resultado de uma discussão entre Voisin e Blériot e um subsequente acordo entre ambos. Esse avião, assim como seu sucessor, o Blériot IV, não tiveram sucesso, nem nos testes usando flutuadores nem usando trens de aterragem com rodas, inclusive uma tentativa frustrada em Bagatelle, na manhã de 12 Novembro de 1906, onde mais tarde naquele dia, Santos Dumont teve sucesso ao voar com o seu 14 Bis por mais de 100 metros. Depois dessa falha, Voisin e Blériot dissolveram a parceria, e Voisin fundou, em 1906, uma companhia com o seu irmão Charles Voisin, para projectar e construir aviões, a Appareils d’Aviation Les Frères Voisin, a primeira fábrica comercial de aviões do Mundo.

Naquela época, os aviadores europeus estavam envolvidos em competições para conseguir voos de aeronaves mais pesadas que o ar. Até à demonstração feita por Wilbur Wright em Le Mans (França) em Agosto de 1908, muitos não acreditavam nas suas realizações e revindicações.

O voo de Santos Dumont no seu 14-bis, em Novembro de 1906, foi o primeiro voo de um avião motorizado, mais pesado que o ar, na Europa, tendo sido observado, verificado e registrado oficialmente. Apesar da fama, tudo que o 14-bis obteve foi um voo curto em linha recta. Ele não tinha potencial de ir além, e foi rapidamente abandonado.

Dois biplanos em configuração de impulsão praticamente idênticos, com motores Antoinette, foram construídos pelos irmão Voisin para dois pioneiros da aviação: Leon Delagrange entregue em Março de 1907 e para Henry Farman entregue em Outubro de 1907. Esse último, ficou conhecido como Voisin-Farman I, e foi pilotado por Farman para vencer o Grand Prix d’Aviation de Archdeacon ao efectuar um voo de 1 km em circuito fechado em 13 de Janeiro de 1908. Ambos, Farman e Delagrange, ganharam fama com esses aviões, competindo entre si por recordes na aviação. As máquinas Voisin ficaram bastante conhecidas como os primeiros aviões bem-sucedidos da Europa.

Mais tarde, Farman modificou e melhorou o biplano Voisin de forma considerável. Ele eventualmente encerrou a sua cooperação com os irmãos Voisin devido a um desentendimento, e começou a construir os seus próprios modelos, que se tornaram um sucesso.

Os irmãos Voisin continuaram expandindo a sua fábrica, resultando por exemplo no Canard Voisin de 1911.

Gabriel sofreu bastante com a morte do seu irmão Charles em 1912 num acidente de automóvel, mas mesmo assim, continuou a expansão da fábrica, sob o novo nome de Société Anonyme des Aéroplanes G. Voisin.

Depois de 1912, a fábrica voltou à sua produção e venda para o sector militar. Quando a Primeira Guerra teve início em 1914, Gabriel imediatamente foi voluntário no Corpo Aéreo Francês. O Voisin III, um biplano biposto em configuração de tracção, com um motor radial Salmson de 120 hp, foi muito utilizado em missões de bombardeio e reconhecimento durante a Primeira Guerra Mundial. Ele tinha uma estrutura leve em aço, e podia ficar armazenado ao ar livre. O Voisin III foi construído em larga escala, cerca de 1 000, entre 1914 e 1916, e foi vendido não apenas para o serviço aérea francês, mas também para outros países aliados, incluindo a Rússia.

Depois da Guerra, abalado pelo trauma do uso do seu avião mais avançado, o Voisin III durante o conflito, aliado ao facto de a demanda por aviões civis estar apenas a começar, Gabriel fundou em 1918, a empresa automobilística Avions Voisin, e manteve-a até 1958.

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