Foi
ele quem criou o primeiro avião europeu mais pesado que o ar, motorizado e
tripulado, capaz de manter voo circular (de 1 km) controlado, incluindo descolagem
e aterragem autónomas, feito conseguido por Henry Farman em 13 de Janeiro de
1908, próximo de Paris, França.
Durante
a Primeira Guerra Mundial, a empresa fundada por Voisin, tornou-se a
maior produtora de aviões militares, notadamente o Voisin III. Depois da
Guerra, ele dedicou-se à produção de automóveis de luxo, sob o nome de Avions
Voisin.
O
seu irmão, Charles Voisin, dois anos mais jovem, foi o seu principal
companheiro de infância. Quando o seu pai abandonou a família, a mãe, Amélie,
mudou-se com eles para Neuville-sur-Saône, onde se instalaram perto da fábrica
do pai dela.
O
avô deles, Charles Forestier, cuidou da educação deles com rigor militar. Os
garotos também eram levados em expedições ao longo do rio, pescavam e já
construíam vários artefactos para brincar. Quando o avô morreu, Gabriel foi
enviado para a escola em Lyon, onde aprendeu desenho industrial, área na qual
obteve muito sucesso. Ele frequentemente retornava para casa e, no final do
século, os irmãos já haviam construído, entre outras coisas, um rifle, um barco
a vapor e um automóvel.
Gabriel
completou os estudos em Lyon em 1899 e empregou-se numa firma de arquitectura
de Paris, onde em 1900 teve contacto com o Avion III de Clément Ader,
que estava em exibição na Exposição Mundial de Paris.
Depois
de nove meses de serviço militar e de uma apresentação conduzida por Ferdinand
Ferber, uma das figuras proeminentes da aviação francesa da época, e de ter
sido por ele apresentado a Ernest Archdeacon, o maior promotor e patrocinador
da incipiente aviação francesa, Archdeacon contratou Gabriel para testar um
planador Wright que ele havia construído. Os testes ocorreram em Abril
de 1904, conseguindo alguns voos curtos. Depois disso, Archdeacon contratou
Voisin para construir um planador ligeiramente modificado. Esse modelo foi
testado em 26 de Março de 1905, mas no teste não tripulado sofreu uma falha
estrutural e caiu, não sendo reconstruído depois disso.
Gabriel
projectou um novo planador com flutuadores, com o qual voou com sucesso em 8 de
Junho de 1905 por cerca de 600 metros. Nessa época, Louis Blériot aproximou-se
de Gabriel e encomendou uma aeronave similar, mais tarde conhecida como Blériot
II. No entanto, nenhuma das duas aeronaves se mostrou confiável e ambas
fracassaram nas tentativas de voo subsequentes, numa delas quase matando
Gabriel afogado.
O
avião seguinte construído por Gabriel Voisin para Blériot, foi o Blériot III,
um biplano com motor Antoinette accionando duas hélices em configuração
de tração, resultado de uma discussão entre Voisin e Blériot e um
subsequente acordo entre ambos. Esse avião, assim como seu sucessor, o Blériot
IV, não tiveram sucesso, nem nos testes usando flutuadores nem usando trens
de aterragem com rodas, inclusive uma tentativa frustrada em Bagatelle, na
manhã de 12 Novembro de 1906, onde mais tarde naquele dia, Santos Dumont teve
sucesso ao voar com o seu 14 Bis por mais de 100 metros. Depois dessa
falha, Voisin e Blériot dissolveram a parceria, e Voisin fundou, em 1906, uma
companhia com o seu irmão Charles Voisin, para projectar e construir aviões, a Appareils
d’Aviation Les Frères Voisin, a primeira fábrica comercial de aviões do
Mundo.
Naquela
época, os aviadores europeus estavam envolvidos em competições para conseguir
voos de aeronaves mais pesadas que o ar. Até à demonstração feita por Wilbur
Wright em Le Mans (França) em Agosto de 1908, muitos não acreditavam nas suas
realizações e revindicações.
O
voo de Santos Dumont no seu 14-bis, em Novembro de 1906, foi o primeiro
voo de um avião motorizado, mais pesado que o ar, na Europa, tendo sido
observado, verificado e registrado oficialmente. Apesar da fama, tudo que o 14-bis
obteve foi um voo curto em linha recta. Ele não tinha potencial de ir além, e
foi rapidamente abandonado.
Dois
biplanos em configuração de impulsão praticamente idênticos, com motores Antoinette,
foram construídos pelos irmão Voisin para dois pioneiros da aviação: Leon
Delagrange entregue em Março de 1907 e para Henry Farman entregue em Outubro de
1907. Esse último, ficou conhecido como Voisin-Farman I, e foi pilotado
por Farman para vencer o Grand Prix d’Aviation de Archdeacon ao efectuar
um voo de 1 km em circuito fechado em 13 de Janeiro de 1908. Ambos, Farman e
Delagrange, ganharam fama com esses aviões, competindo entre si por recordes na
aviação. As máquinas Voisin ficaram bastante conhecidas como os
primeiros aviões bem-sucedidos da Europa.
Mais
tarde, Farman modificou e melhorou o biplano Voisin de forma
considerável. Ele eventualmente encerrou a sua cooperação com os irmãos Voisin
devido a um desentendimento, e começou a construir os seus próprios modelos,
que se tornaram um sucesso.
Os
irmãos Voisin continuaram expandindo a sua fábrica, resultando por exemplo no Canard
Voisin de 1911.
Gabriel
sofreu bastante com a morte do seu irmão Charles em 1912 num acidente de
automóvel, mas mesmo assim, continuou a expansão da fábrica, sob o novo nome de
Société Anonyme des Aéroplanes G. Voisin.
Depois
de 1912, a fábrica voltou à sua produção e venda para o sector militar. Quando
a Primeira Guerra teve início em 1914, Gabriel imediatamente foi
voluntário no Corpo Aéreo Francês. O Voisin III, um biplano biposto
em configuração de tracção, com um motor radial Salmson de 120 hp,
foi muito utilizado em missões de bombardeio e reconhecimento durante a Primeira
Guerra Mundial. Ele tinha uma estrutura leve em aço, e podia ficar
armazenado ao ar livre. O Voisin III foi construído em larga escala,
cerca de 1 000, entre 1914 e 1916, e foi vendido não apenas para o serviço
aérea francês, mas também para outros países aliados, incluindo a Rússia.
Depois
da Guerra, abalado pelo trauma do uso do seu avião mais avançado, o Voisin
III durante o conflito, aliado ao facto de a demanda por aviões civis estar
apenas a começar, Gabriel fundou em 1918, a empresa automobilística Avions
Voisin, e manteve-a até 1958.
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