Considerado
um aliado próximo do presidente do país, Nino Vieira, serviu como ministro da Administração
Territorial no seu governo e estava a concorrer como candidato na eleição
presidencial de Junho de 2009 quando foi morto por forças de segurança,
supostamente porque estaria envolvido numa tentativa de golpe de Estado.
Dabó
era um cantor e um jornalista antes de entrar para a política. Como chefe da
segurança pessoal do presidente Kumba Yalá, anunciou, em Fevereiro de 2001, que
uma trama para assassinar o presidente depois de seu retorno de tratamentos
médicos em Portugal, «fomentada por uma guerra etno-rreligiosa», havia
sido frustrada, e os seus responsáveis presos.
Pouco
tempo depois, Yalá demitiu Dabó do seu cargo, em 27 de Fevereiro de 2001, sem
qualquer explicação. Em 2002, Dabó passou a ser funcionário do ministério do Interior
do país.
Dabó
era um membro de longa data do partido governante no país, o Partido
Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e era um
aliado íntimo do presidente Vieira. Foi indicado para secretário de Estado
da Ordem Pública em 9 de Novembro de 2005, cargo que ocupou até que
Mamadu Saico Djalo foi indicado para substituí-lo, em 28 de Julho de 2006; na
sequência, tornou-se conselheiro de Informações de Vieira, no fim de
Novembro de 2006.
Quando
um governo formado por uma aliança tripartidária hostil a Vieira subiu ao
poder, no meio de Abril de 2007, Dabó foi incluído no governo como ministro da Administração
Interna; era o único ministro naquele governo a ser considerado aliado de
Vieira, que o demitiu do cargo em Outubro de 2007 (segundo algumas teorias,
devido a pressões dos líderes de oposição e autoridades militares).
Após
a eleição parlamentar de Novembro de 2008, Dabó reassumiu um cargo no governo,
desta vez como ministro da Administração Territorial, em 7 de Janeiro de
2009.
Vieira
foi assassinado por membros das forças armadas do país em 2 de Março de 2009;
os soldados mataram-no em retaliação por uma explosão anterior que matara o
chefe de gabinete Batista Tagme Na Waie - que tinha uma longa e violenta rixa
com Vieira. Ninguém foi responsabilizado pela morte e uma eleição presidencial
para escolher um novo mandatário foi marcada para 28 de Junho. Dabó renunciou
ao seu cargo no PAIGC e, como ministro em meados de Maio de 2009 e
lançou-se como candidato independente na eleição, cuja campanha ele iniciaria
em 6 de Junho.
Os
seus partidários dizem que, entre as 3h30 e 4 da madrugada (horário local e
GMT), em 5 de Junho de 2009, um grupo de cerca de 30 soldados uniformizados e
armados teria chegado à casa de Dabó e exigido vê-lo. Os soldados teriam então
aberto o seu caminho a tiros até o quarto de Dabó, onde ele estava deitado com
a sua esposa, ferindo membros da equipa de seis homens que fazia a sua
segurança. Os soldados teriam então disparado contra Dabó diversas vezes,
matando-o instantaneamente. De acordo com a Agence France-Presse, uma «fonte
médica» teria informado que Dabó apresentava três ferimentos causados
por balas de AK-47, no abdómen e um na cabeça, todos provocados por
disparos feitos a queima-roupa.
As
autoridades de Guiné-Bissau apresentavam uma versão diferente dos factos
ocorridos, afirmando que Dabó teria morrido durante uma troca de tiros, ao
resistir à sua prisão, por uma suposta tentativa de golpe de Estado. O
ex-ministro da Defesa Hélder Proença também teria sido morto, numa
estrada entre Bula e Bissau, juntamente com o seu motorista e um guarda-costas.
Diversos outros políticos do PAIGC foram detidos pelas forças de
segurança do país, como parte da investigação a respeito do suposto golpe. O serviço
de inteligência estatal da Guiné-Bissau afirmou que as intenções do golpe eram
«eliminar fisicamente o chefe das forças armadas, derrubar o chefe de Estado
interino e dissolver a Assembleia Nacional».
O
jornalista Jean Gomis, citado pela BBC, afirmou que Dabó teria sido
morto sob ordens de líderes militares, que temiam serem culpados pelo
assassinato do presidente, se Dabó vencesse a eleição. Analistas consultados
pela agência de notícias Reuters declararam que, caso um vácuo de poder
se instaurasse no país, cartéis de droga latino-americanos poderiam expandir a
sua influência no país, que serve como um porto estratégico para a remessa de
cocaína à Europa. O secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon
afirmou que estava «preocupado com o surgimento de um padrão de assassinatos
de personalidades de alto escalão na Guiné-Bissau», e enfatizou «a
importância e a urgência de se conduzir uma investigação rigorosa, transparente
e digna de crédito sobre as circunstâncias destes assassinatos».
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