Os irmãos Lumière são
frequentemente referidos como os pais do cinema.
Louis e Auguste eram filhos e
colaboradores do industrial Antoine Lumière, fotógrafo e fabricante de
películas fotográficas, proprietário da Fábrica Lumière (Usine
Lumière), instalada na cidade francesa de Lyon. Antoine reformou-se em
1892, deixando a fábrica entregue aos filhos.
O cinematógrafo era uma
máquina de filmar e projector de cinema, invento que lhes tem sido atribuído mas
que na verdade foi inventado por Léon Bouly no ano de 1892, o qual teria
perdido o registo dassa patente, sendo então de novo registado pelos irmãos Lumière
em 13 de Fevereiro de 1895.
São considerados os
inventores da Sétima Arte junto com Georges Méliès, também francês,
sendo este visto como o pai do cinema de ficção. Louis e Auguste eram ambos
engenheiros. Auguste ocupava-se da gerência da fábrica, fundada pelo pai.
Dedicaram-se à actividade cinematográfica produzindo alguns documentários
curtos, destinados à promoção do invento, embora acreditassem que o
cinematógrafo fosse apenas um instrumento científico sem futuro comercial.
Casaram-se com duas irmãs e moravam todos na mesma mansão.
A primeira projecção pública
de apresentação do invento, com a exibição da curta-metragem “La Sortie de
l’usine Lumière à Lyon”, ocorreu em 28 de Dezembro de 1895 na primeira sala
de cinema do mundo, o L’Eden Théâtre, que ainda existe, situado em La
Ciotat, no sudeste da França. Contudo, a verdadeira divulgação do
cinematógrafo, com boa publicidade e entradas pagas, teve lugar em Paris, no Grand
Café, situado no Boulevard des Capucines. O programa incluía dez
filmes. A sessão foi inaugurada com a projecção de “La Sortie de l’usine
Lumière à Lyon” (“A Saída da Fábrica Lumière em Lyon”). Méliès
esteve presente e interessou-se logo pela exploração do aparelho.
Os irmãos Lumière fizeram uma
digressão com o cinematógrafo, em 1896, visitando Bombaim, Londres e Nova
Iorque. As imagens em movimento tiveram uma forte influência na cultura popular
da época: “L’Arrivée d’un train en gare de la Ciotat” (“Chegada de um
Comboio à Estação da Ciotat”), filmes de actualidades, “Le Déjeuner de
Bébé” (“O Almoço do Bebé”) e outros, incluindo alguns dos primeiros
esboços cómicos, como “L’Arroseur Arrosé” (“O Regador Regado”).
Os irmãos Lumière
desenvolveram também o primeiro processo de fotografia colorida, o autocromo
(‘autochrome’’), a placa fotográfica seca, em 1896, a fotografia em
relevo (1920), o cinema em relevo (1935), a chamada “’Cruz de Malta”’,
um sistema que permite que uma bobina de filme desfile por intermitência.
Louis assumiu claramente a
sua ideologia política mostrando ser um admirador de Benito Mussolini, a quem
enviou, em 22 de Março de 1935, uma fotografia sua com uma dedicatória em que
referia «a expressão da minha mais profunda admiração».
Num catálogo do Grupo de
Universitários Fascistas, invoca a França e a Itália exaltando a «amizade
que une ambos os nossos países e que uma comunidade de origem não pode deixar
de projectar no futuro».
No que toca ao estado das
coisas no seu país, declarou o seguinte, no “Le Petit Comtois”, em 15 de
Novembro de 1940: «Seria um grave erro recusar o regime de colaboração de
que falou o marechal Pétain nas suas admiráveis mensagens. Auguste Lumière, o
meu irmão, nas páginas em que exalta o prestígio incomparável, a coragem
indomável, o ardor juvenil do marechal Pétain e o seu sentido das realidades
que devem salvar a pátria, escreveu: ‘Para que a era tão desejada de concórdia
europeia sobrevenha, é evidentemente preciso que as condições impostas pelo
vencedor não deixem nenhum fermento de hostilidade irredutível contra si. Mas
ninguém poderá alcançar esse objectivo melhor que o nosso admirável chefe de
Estado, auxiliado por Pierre Laval, que tantas provas nos deu já da sua
clarividência, da sua habilidade e da sua devoção aos verdadeiros interesses do
país’. Vejo as coisas da mesma maneira. Faço minha esta declaração,
inteiramente».
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