Gustav tornou-se notado pelos
crimes que cometeu enquanto servia como segurança no comando do campo de
concentração de Sobibór e por diversas acções durante a Operação Reinhardt,
onde mais de 200 mil pessoas foram mortas.
Era chamado «a besta»
pelos sobreviventes do Holocausto com quem teve contacto e ficou
conhecido entre os prisioneiros judeus pelo seu sadismo.
Wagner nasceu na cidade de
Viena, capital do Império Austro-Húngaro. Ele juntou-se ao Partido Nazi
em 1931 como membro número 443 217. Após ser preso por agitação política, fugiu
para a Alemanha, onde se alistou na Sturmabteilung (SA) e depois
na Schutzstaffel (SS) no final dos anos 1930.
Em 1940, trabalhou no
programa de eutanásia Aktion T4, em Hartheim, desempenhando funções
administrativas. Pelo seu trabalho, acabou sendo transferido para o campo de
concentração de Sobibor, em Março de 1942. Logo ascendeu ao posto de
subcomandante, sob a liderança do capitão Franz Stangl.
Gustav cuidava da burocracia
do processo de selecção da chegada dos prisioneiros ao campo de Sobibor, seleccionando
aqueles que seriam enviados para trabalho forçado e os que seriam enviados para
as câmaras de gás. Mais do que qualquer outro oficial em Sobibor, Wagner
interagia directamente com os prisioneiros. Ele supervisionava o dia a dia e a
rotina dos aprisionados e logo ganhou reconhecimento como um dos oficiais mais
brutais da SS local. Sobreviventes do campo descreviam-no como um sádico
de sangue frio.
Moshe Bahir, um dos
prisioneiros que sobreviveu à guerra, descreveu Gustav Wagner como uma «besta
selvagem» e com uma sede para matar, não fazendo distinção entre homens,
mulheres e crianças. Erich Bauer, um oficial alemão da SS, disse que
ouviu, numa conversa entre Karl Frenzel, Franz Stangl e Gustav Wagner, que o
total de prisioneiros judeus mortos nas câmaras de gás em Sobibor tinha sido de
350 mil. Segundo Bauer, os três expressaram pesar com o facto de que o total de
pessoas assassinadas em Sobibor havia sido menor do que em Bełżec e Treblinka.
Durante o encerramento de
Sobibor, em Outubro de 1943, Gustav supervisionou a destruição do campo feita
por um grupo de prisioneiros. Uma vez que o trabalho foi completado, Gustav
matou todos os trabalhadores remanescentes.
Segundo Heinrich Himmler,
Gustav Wagner foi um dos melhores oficiais ao serviço da Operação Reinhardt.
Em 1944, foi transferido para Itália, onde supervisionou o transporte de
milhares de judeus locais para campos de concentração.
Em 1945, com a queda do Terceiro
Reich, Gustav tornou-se um fugitivo procurado, junto com outros oficiais
nazis.
Foi julgado em absentia,
sendo condenado à morte por crimes contra a humanidade. Contudo, ele fugiu,
junto com Franz Stangl, para o Brasil.
Gustav conseguiu escapar
graças ao Collegio Teutonico di Santa Maria dell’Anima, um grupo de
clérigos conectados com o Vaticano que ajudavam nazis fugitivos a emigrar para
fora da Europa.
Gustav recebeu um visto de
permanência e um passaporte, sob o nome de “Günther Mendel”, do governo
brasileiro.
Ele viveu vários anos sem ser
incomodado até ser exposto por Simon Wiesenthal, um caçador de nazis e
sobrevivente do Holocausto, com o auxílio do jornalista brasileiro Mário
Chimanovitch.
As autoridades brasileiras
prenderam-no em 30 de Maio de 1978 e a sua identidade foi verificada por um
outro sobrevivente do Holocausto, Stanislaw Szmajner.
Os governos de Israel,
Áustria, Polónia e Alemanha Ocidental exigiram a extradição de Wagner, mas o
procurador-geral brasileiro, Henrique Fonseca de Araújo, acatou apenas o pedido
alemão com condições. Henrique Fonseca é pai do antigo ministro de Relações Exteriores
do Brasil, o ex-chanceler Ernesto Araújo.
Em Junho de 1979, o Supremo
Tribunal Federal rejeitou os pedidos de extradição por maioria, existindo
votos favoráveis à extradição de Wagner para a Alemanha pelos ministros Xavier
de Albuquerque e Cordeiro Guerra.
Em 1979, numa entrevista para
a BBC, Gustav Wagner não expressou nenhum remorso pelos seus crimes,
afirmando que trabalhar nos campos de concentração era «apenas mais um
trabalho».
Em 3 de Outubro de 1980,
Gustav Wagner foi encontrado morto com uma faca cravada no peito, em São Paulo.
De acordo com o seu advogado, Wagner cometeu suicídio. Alguns, contudo,
acreditam que ele foi assassinado. Muitos pensaram que foi o próprio Stanislaw
Szmajner, mas o mesmo estava em Goiás junto com a esposa sem sair da cidade. De
acordo com Argemiro Godoi, que foi a última pessoa que o encontrou vivo, Wagner
estava completamente paranóico com uma faca na mão com impressão que os judeus
estavam chegando ali e foi encontrado morto sozinho no banheiro, por Argemiro e
a sua esposa, onde havia furos causados pela mesma faca que Wagner estava a
usar. Comprovando assim que a morte de Gustav Franz Wagner foi por suicídio.
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