quinta-feira, 3 de outubro de 2024

3 DE OUTUBRO - GUSTAV WAGNER

EFEMÉRIDE - Gustav Franz Wagner, oficial austríaco da SS nazi, morreu em   São Paulo no dia 3 de Outubro de 1980. Nascera em Viena, em 18 de Julho de 1911.

Gustav tornou-se notado pelos crimes que cometeu enquanto servia como segurança no comando do campo de concentração de Sobibór e por diversas acções durante a Operação Reinhardt, onde mais de 200 mil pessoas foram mortas.

Era chamado «a besta» pelos sobreviventes do Holocausto com quem teve contacto e ficou conhecido entre os prisioneiros judeus pelo seu sadismo.

Wagner nasceu na cidade de Viena, capital do Império Austro-Húngaro. Ele juntou-se ao Partido Nazi em 1931 como membro número 443 217. Após ser preso por agitação política, fugiu para a Alemanha, onde se alistou na Sturmabteilung (SA) e depois na Schutzstaffel (SS) no final dos anos 1930.

Em 1940, trabalhou no programa de eutanásia Aktion T4, em Hartheim, desempenhando funções administrativas. Pelo seu trabalho, acabou sendo transferido para o campo de concentração de Sobibor, em Março de 1942. Logo ascendeu ao posto de subcomandante, sob a liderança do capitão Franz Stangl.

Gustav cuidava da burocracia do processo de selecção da chegada dos prisioneiros ao campo de Sobibor, seleccionando aqueles que seriam enviados para trabalho forçado e os que seriam enviados para as câmaras de gás. Mais do que qualquer outro oficial em Sobibor, Wagner interagia directamente com os prisioneiros. Ele supervisionava o dia a dia e a rotina dos aprisionados e logo ganhou reconhecimento como um dos oficiais mais brutais da SS local. Sobreviventes do campo descreviam-no como um sádico de sangue frio.

Moshe Bahir, um dos prisioneiros que sobreviveu à guerra, descreveu Gustav Wagner como uma «besta selvagem» e com uma sede para matar, não fazendo distinção entre homens, mulheres e crianças. Erich Bauer, um oficial alemão da SS, disse que ouviu, numa conversa entre Karl Frenzel, Franz Stangl e Gustav Wagner, que o total de prisioneiros judeus mortos nas câmaras de gás em Sobibor tinha sido de 350 mil. Segundo Bauer, os três expressaram pesar com o facto de que o total de pessoas assassinadas em Sobibor havia sido menor do que em Bełżec e Treblinka.

Durante o encerramento de Sobibor, em Outubro de 1943, Gustav supervisionou a destruição do campo feita por um grupo de prisioneiros. Uma vez que o trabalho foi completado, Gustav matou todos os trabalhadores remanescentes.

Segundo Heinrich Himmler, Gustav Wagner foi um dos melhores oficiais ao serviço da Operação Reinhardt. Em 1944, foi transferido para Itália, onde supervisionou o transporte de milhares de judeus locais para campos de concentração.

Em 1945, com a queda do Terceiro Reich, Gustav tornou-se um fugitivo procurado, junto com outros oficiais nazis.

Foi julgado em absentia, sendo condenado à morte por crimes contra a humanidade. Contudo, ele fugiu, junto com Franz Stangl, para o Brasil.

Gustav conseguiu escapar graças ao Collegio Teutonico di Santa Maria dell’Anima, um grupo de clérigos conectados com o Vaticano que ajudavam nazis fugitivos a emigrar para fora da Europa.

Gustav recebeu um visto de permanência e um passaporte, sob o nome de “Günther Mendel”, do governo brasileiro.

Ele viveu vários anos sem ser incomodado até ser exposto por Simon Wiesenthal, um caçador de nazis e sobrevivente do Holocausto, com o auxílio do jornalista brasileiro Mário Chimanovitch.

As autoridades brasileiras prenderam-no em 30 de Maio de 1978 e a sua identidade foi verificada por um outro sobrevivente do Holocausto, Stanislaw Szmajner.

Os governos de Israel, Áustria, Polónia e Alemanha Ocidental exigiram a extradição de Wagner, mas o procurador-geral brasileiro, Henrique Fonseca de Araújo, acatou apenas o pedido alemão com condições. Henrique Fonseca é pai do antigo ministro de Relações Exteriores do Brasil, o ex-chanceler Ernesto Araújo.

Em Junho de 1979, o Supremo Tribunal Federal rejeitou os pedidos de extradição por maioria, existindo votos favoráveis à extradição de Wagner para a Alemanha pelos ministros Xavier de Albuquerque e Cordeiro Guerra.

Em 1979, numa entrevista para a BBC, Gustav Wagner não expressou nenhum remorso pelos seus crimes, afirmando que trabalhar nos campos de concentração era «apenas mais um trabalho».

Em 3 de Outubro de 1980, Gustav Wagner foi encontrado morto com uma faca cravada no peito, em São Paulo. De acordo com o seu advogado, Wagner cometeu suicídio. Alguns, contudo, acreditam que ele foi assassinado. Muitos pensaram que foi o próprio Stanislaw Szmajner, mas o mesmo estava em Goiás junto com a esposa sem sair da cidade. De acordo com Argemiro Godoi, que foi a última pessoa que o encontrou vivo, Wagner estava completamente paranóico com uma faca na mão com impressão que os judeus estavam chegando ali e foi encontrado morto sozinho no banheiro, por Argemiro e a sua esposa, onde havia furos causados pela mesma faca que Wagner estava a usar. Comprovando assim que a morte de Gustav Franz Wagner foi por suicídio.

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