EFEMÉRIDE – Jerónimo Osório da Fonseca, humanista e teólogo português, morreu em Tavira no dia 20 de Agosto de 1580. Nascera em Lisboa no ano de 1506. Publicou várias obras, entre as quais se destacam “De Nobilitate Civile Et Christiana” (1542), “De Gloria” (1549), “De Justitia Coelesti” (1564) e “De Vera Sapientia” (1578).
Pertencia a uma antiquíssima família espanhola, cujo ramo português foi fundado por Martim Ozores, que se exilou em Portugal, no reinado de Fernando I de Castela, devido à hostilidade deste rei para com ele.
Impedido (por ser ainda criança) de acompanhar o pai que fora colocado como ouvidor-geral na Índia Portuguesa, Jerónimo e o irmão ficaram em Lisboa onde foram educados pela mãe. Francisca Gil Gouveia enviou Jerónimo, aos 13 anos, para Salamanca, grande centro de cultura e ciências, onde aprendeu latim e grego. Aqui, e já com 16 anos, iniciou o estudo de Direito Civil por indicação do pai, então já regressado da Índia. Recorrendo a uma forte disciplina metodológica, ele conseguiu conciliar o estudo de Direito com o dos autores gregos e romanos.
Enquanto aguardava autorização para ingressar na Ordem Militar de São João, entregou-se ao estudo da religião. Decidiu dedicar-se por inteiro a Deus e, depois de ter feito o voto de castidade em Salamanca, regressou a Portugal. Com 19 anos, foi para Paris com a finalidade de se dedicar ao estudo da Dialéctica de Aristóteles e da Filosofia Natural. Atingiu então grande prestígio, sendo conhecido como “o filósofo de Paris”.
Amigo de Inácio de Loyola, influenciou D. João III na decisão de aceitar a Companhia de Jesus em Portugal. Fez estudos em Teologia Cristã e os seus conhecimentos da língua hebraica permitiam-lhe ler as obras dos Santos Padres. Em 1537, D. João III nomeou-o professor da Sagrada Escritura na Universidade de Coimbra.
Mais tarde, foi para Bolonha onde se manteve alguns anos, vivendo sempre de forma muito recatada. Nesta cidade, começou a escrever os “Tratados da Nobreza Civil e Cristã”, que dedicou ao príncipe D. Luís, de cujo filho (D. António, Prior do Crato) foi educador.
Quando da morte de D. Luís, retirou-se para uma pequena aldeia do interior. Homem pouco ambicioso, pediu que a Igreja de Tavares, que lhe fora entregue pelo príncipe D. Luís, fosse cedida a outra pessoa, por considerar que cada pastor devia deter apenas um templo.
Nomeado bispo de Silves, manteve sempre uma grande ligação com os pobres, facultando aos interessados a possibilidade de estudar as línguas clássicas e distribuindo esmolas e comida aos mais necessitados. Ajudava também os lavradores e era amado pelos pobres, praticando a justiça com equidade e lutando contra a corrupção dos costumes.
Foi encarregado pelo cardeal D. Henrique de secundar D. Sebastião I na governação do reino. Homem muito piedoso, extraordinário defensor da fé cristã, excelente teólogo, subordinou sempre os seus interesses aos da Pátria e da Verdade.
O conhecimento directo da sua obra, que incluiu escritos filosóficos, teológicos, políticos e históricos, tornou-se uma fonte de grande interesse para um melhor conhecimento da época em que foi escrita.
Os seus livros foram publicados e apreciados em vários países, alguns tendo tido edições sucessivas ainda no século XVI. Jerónimo Osório foi um humanista que soube associar a clarividência cristã ao interesse pelos problemas sociopolíticos do seu tempo. Neste sentido, foi também um político e um contra-reformista, como se pode ver pelo conteúdo das suas obras de cariz histórico, pedagógico e de exegese bíblica.
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