domingo, 6 de julho de 2014

6 DE JULHO - JOAQUÍN RODRIGO



EFEMÉRIDEJoaquín Rodrigo Vidre, compositor e pianista espanhol, morreu em Madrid no dia 6 de Julho de 1999. Nascera em Sagunto, em 22 de Novembro de 1901. Apesar de cego desde os 4 anos, teve uma carreira de sucesso e é considerado um dos compositores que mais popularizou a guitarra na música clássica do século XX. O seu “Concerto de Aranjuez” é um dos expoentes máximos da música espanhola.
Em 1905, Sagunto foi atingida por um surto de difteria que causou a morte de muitas crianças. Joaquín Rodrigo sobreviveu, tendo porém perdido totalmente a visão. O compositor comentaria mais tarde, sem amargura, que provavelmente fora esse facto que o tinha conduzido à música.
A família mudou-se para Valência, onde ele ingressou numa escola especial para meninos cegos a fim de encetar a sua formação. Rapidamente, mostrou grande apetência pela literatura e pela música. A família assistia a peças teatrais musicadas, mas o jovem Rodrigo sentia-se particularmente atraído pela música que acompanhava as representações. A partir daí, empenhou-se em ter aulas de música com professores do Conservatório de Valência.
De Rafael Ibañes, indicado pela família para o acompanhar como secretário e copista, Rodrigo diria um dia: «Rafael emprestou-me os olhos que eu não tenho e, através dele, conheci obras da literatura espanhola e trabalhos filosóficos, ensaios, estudos e monografias variadas».
No princípio dos anos 1920, Joaquín Rodrigo já era um excelente pianista e um estudante de composição familiarizado com as correntes vanguardistas mais importantes do mundo da arte. As suas primeiras composições foram escritas em pequenas formas musicais. A primeira obra para grande orquestra, “Juglares”, foi elaborada em 1924.
Em 1927, mudou-se para Paris, porque a capital francesa era – desde o princípio do século – um núcleo cultural muito importante para os escritores, pintores e músicos espanhóis. Estudou na École Normale de Musique durante cinco anos. Ao chegar a Paris, Rodrigo e Rafael Ibañez, seu amigo e secretário, tinham-se hospedado na casa do pintor Francisco Povo, que o apresentou a numerosos artistas, músicos e editores, entre eles Manuel de Falla de quem se tornou grande amigo.
Conheceu entretanto a pianista turca Victoria Kamhi, com quem se casou em 1933. Ela foi uma das influências mais decisivas na sua vida. Apesar de ser uma pianista excelente, decidiu abandonar a carreira profissional para se dedicar exclusivamente ao marido. O domínio de vários idiomas e um largo conhecimento das culturas europeias fizeram de Victoria a sua companheira ideal.
Instalaram-se em Valência. Rodrigo recebeu o Prémio do Círculo de Belas Artes de Valência por uma das suas composições. Graças ao apoio de Manuel de Falla, obteve uma bolsa de estudos que lhe permitiu voltar a Paris, onde continuou a compor, assistindo também a aulas de mestres franceses.
O casal Rodrigo deslocou-se depois à Áustria para comentar o Festival de Salzburgo, como correspondentes oficiais da revista “Le monde musical” e do diário “Las províncias”.
Depois de obter uma extensão da bolsa de estudos, decidiu – no começo de Junho de 1936 – partir um tempo para a Alemanha. Começou entretanto a Guerra Civil Espanhola. Os três anos seguintes foram talvez os mais difíceis na vida de Joaquín e Victoria, porque durante esse tempo a bolsa de estudos não foi renovada. Decidiram dar aulas de espanhol e música, no quarto do asilo para cegos de Friburgo, onde foram acolhidos como “refugiados espanhóis”.
Em 1938, foi convidado a dar aulas durante o Verão na Universidade de Santander, que acabara de abrir as portas. De regresso a Paris, num almoço com o guitarrista Regino Sainz de la Maza e com o marquês de Bolarque, concordou com a ideia de escrever um concerto para guitarra. Este trabalho viria a ser o “Concerto de Aranjuez”.
Em 1939, Rodrigo recebeu uma carta de Manuel de Falla em que este lhe propunha o lugar de professor de Música na Universidade de Granada ou na Universidade de Sevilha. Por outro lado, foi-lhe oferecido igualmente um lugar no Departamento de Música da Rádio Nacional. Como o casal se queria estabelecer na capital espanhola, optaram pela segunda oferta. Voltaram assim a Espanha em Setembro de 1939, dois dias antes de começar a Segunda Guerra Mundial. Traziam consigo o manuscrito completo do “Concerto de Aranjuez”.
Em 1942, começou a trabalhar como crítico musical dos jornais “Pueblo”, “Marca” e “Madrid”. As comemorações nacionais de 1948 dedicadas a Miguel de Cervantes inspiraram-no a criar uma das suas obras mais importantes, sobre um texto de “Don Quixote”: “Ausencias de Dulcinea”, que viria a receber o Prémio Cervantes.
Em 1951, entrou para a Real Academia de Belas Artes de San Fernando. Dois anos depois, foi eleito vice-presidente da secção espanhola da Sociedade Internacional de Música Contemporânea. Em 1954, compôs – para o célebre guitarrista Andrés Segóvia – a “Fantasia para un gentilhombre”, para guitarra e orquestra, que se estreou no ano seguinte em São Francisco (EUA), na sua presença. Durante todos estes anos, foram numerosos os prémios e honraria que recebeu, tanto em Espanha como em diversos países estrangeiros.
Em 1963, mudou-se durante um ano para Porto Rico, onde regeu um curso de História da Música, na Universidade de Rios Piedras.
Muitos concertos, recitais e festivais dedicados às suas composições começaram a correr mundo, tornando-o uma das figuras mais representativas da música clássica contemporânea. Foi doutorado honoris causa por várias universidades. Em 1991, o rei Juan Carlos I concedeu-lhe o título de marquês dos Jardins de Aranjuez. Em 1996, foi-lhe atribuída outra grande honra – o Prémio Príncipe das Astúrias, «pela extraordinária contribuição para a música espanhola e a sua projecção universal».
Em Julho de 1997, faleceu a sua esposa, companheira inseparável e colaboradora incansável. Joaquín Rodrigo morreria dois anos depois.

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