Júlio Dinis era filho de José
Joaquim Gomes Coelho (1802/1885), cirurgião, natural de Ovar, e de Ana
Constança Potter Pereira Gomes Coelho (1801/1845), de ascendência
anglo-irlandesa, e vitimada pela tuberculose pulmonar quando Júlio Dinis
contava apenas seis anos de idade. Eram seus avós paternos José Gomes Coelho e
Rosa Rodrigues, de Ovar, maternos António Pereira Lopes e Maria Potter, do
Porto.
Foi educado sob os moldes da
burguesia britânica, da qual assimilou os costumes e valores.
Frequentou a escola primária
em Miragaia. Aos catorze anos de idade, em 1853, concluiu o curso preparatório
do liceu. Matriculou-se na Escola Politécnica, tendo, em seguida,
transitado para a Escola Médico-Cirúrgica do Porto, cujo curso completou
em 27 de Julho de 1861, com alta classificação.
Posteriormente, a sua saúde
foi-se agravando, pelo que foi obrigado a recolher-se em Ovar e depois na
Madeira, e a interromper a possibilidade de exercer a sua profissão.
Durante esses tempos,
dedica-se à literatura. Mais tarde (1867), foi incluído como demonstrador e
lente substituto no corpo docente de uma Escola.
Já então sofria da doença da
tuberculose pelo que, esperançado em encontrar cura no ambiente mais salutar da
província, se transferiu temporariamente para Grijó e posteriormente para Ovar,
para casa de uma sua tia, Rosa Zagalo Gomes Coelho, que vivia no Largo dos
Campos. E foi ainda esperançado numa cura de ares, que esteve duas vezes na
ilha da Madeira, além de outras peregrinações que terá feito através do país.
Simplesmente, o mal de Júlio Dinis não tinha cura. E com quase trinta e dois
anos apenas, morria aquele que foi o mais «suave e terno romancista
português, cronista de afectos puros, paixões simples, prosa limpa». De
resto, essa terrível doença, que já havia vitimado a mãe e a avó materna, em
1845, foi a causa da morte de quase todos os seus oito irmãos (excepto António
Ladislao de Souza Gomes Coelho casado com Anna Dyonísia Ladislau de Souza Gomes
Coelho, que emigraram para o Brasil e tiveram ampla descendência a partir de
Capivari e Piracicaba, estado de São Paulo).
O romance «As Pupilas do
Senhor Reitor» foi publicado em 1867 em livro (depois de ter sido publicado
em folhetins no “Jornal do Porto” em 1866), tendo sido desde então
várias vezes representado, cinematizado e televisionado sob a forma de
adaptações. Um ano antes, tinha sido dado a público “Uma Família Inglesa”
e, em 1870, veio a público “Serões da Província”.
No ano do seu falecimento,
com apenas 31 anos de idade, publicou-se o romance “Os Fidalgos da Casa
Mourisca”. Só depois da sua morte se publicaram “Inéditos” e “Esparsos”,
em dois volumes, assim como as suas “Poesias”, dadas à estampa entre
1873 e 1874.
Encontra-se sepultado num
jazigo de família com o número 58, no cemitério privado da Ordem Terceira de
S. Francisco, dentro do Cemitério de Agramonte.
Foi o criador do romance
campesino e as suas personagens, tiradas, na sua maioria, de pessoas com quem
viveu ou contactou na vida real, estão imbuídas de tanta naturalidade que
muitas delas nos são ainda hoje familiares. É o caso da tia Doroteia, de “A
Morgadinha dos Canaviais”, inspirada por sua tia, em casa de quem viveu, ondo
se refugiou em Ovar, ou de Jenny, para a qual recebeu inspiração da sua prima e
madrinha, Rita de Cássia Pinto Coelho.
Júlio Dinis viu sempre o
mundo pelo prisma da fraternidade, do optimismo, dos sentimentos sadios do amor
e da esperança. Quanto à forma, é considerado um escritor de transição entre o romantismo
e o realismo.
Além deste pseudónimo, Júlio
Dinis usou também o de Diana de Aveleda, com que assinou pequenas
narrativas ingénuas como “Os Novelos da Tia Filomena” e o “Espólio do
Senhor Cipriano”, publicados em 1862 e 1863, respectivamente. Foi com este
pseudónimo que se iniciou nas andanças das letras, tendo, com ele, assinado
também pequenas crónicas no “Diário do Porto”.
Ao nível das publicações
periódicas, também se encontram colaborações suas nas revistas “Semana de
Lisboa” (1893/1895) e “Serões” (1901/1911).
A casa onde Júlio Dinis
nasceu foi demolida com a abertura da Rua Nova da Alfândega, e aquela onde
morreu, deu lugar à construção de uma casa de espectáculos cinematográficos.
Homenagens: 71 localidades de
Portugal possuem uma ou mais artérias com o nome de Júlio Dinis; Maternidade
Júlio Dinis - Instituição hospitalar no Porto, dedicada à prestação de
cuidados de saúde à mulher e à criança; tem um monumento, no Porto, a sua
cidade natal; a Escola Básica Júlio Dinis, Gondomar, foi inaugurada em
13 de Novembro de 2015, com o intuito de preservar e homenagear o autor; e a Escola
EB 2,3 Júlio Dinis, Grijó, Vila Nova De Gaia- homenageia o escritor que
morou nessa vila.
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